Feliz natal, Ruivinha escrita por GiuuhChan


Capítulo 1
One Shot


Notas iniciais do capítulo

espero que gostem o/



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Feliz natal, dizem por aí, mas talvez eles estejam enganados. Acordei quando os primeiros raios de sol tocaram meu rosto. Um aroma estranho, porém bom, entrava em minhas narinas. Parecia uma mistura de chocolate com jujuba, apesar de não ser tão forte nem sequer enjoativo, era um cheiro que eu poderia sentir pra sempre. Não, espera, eu conheço esse cheiro. Não não não eu não disse que sentiria pra sempre é um cheiro horrível ta legal? Abri os olhos bruscamente. Cheiro de Sieghart. Por que eu to sentindo o cheiro dele? Quando minha visão se acostumou com a claridade, pude ver melhor e perceber a camisa do moreno posta sobre meu corpo como se fosse um cobertor.

Comecei a me lembrar da noite anterior. Não, mente dos infernos, nada do que vocês estão pensando. Eca, argh. Devo ter dormido no sofá, achei que não houvesse mais ninguém no QG. Me enganei, pelo visto. Dobrei a camisa no intuito de devolvê-la depois. Tomei banho e vesti uma roupa simples para o frio que fazia. Meias pretas, uma saia jeans, blusa simples branca e por cima uma blusa de mangas compridas vermelha, que praticamente me engolia de tão grande. Tanto faz, eu gosto. Calcei minhas botas e fui até o quarto do imortal, com a camisa em mãos. Ele não estava no quarto, porta aberta. Ótimo, vou só deixar em cima da cama e sair e... Não, não parece certo. O papel e a caneta em cima da mesa de canto me deram uma ideia que seria mais fácil que agradecer pessoalmente pelo menos. Eu estava escrevendo o último “o” do Obrigado quando me assustei com batidas na porta.

– Sabia que é proibido entrar sem permissão, ruivinha? – Virei-me pronta pra responder e vi um Sieghart sorrindo encostado na parede. Um Sieghart menos vestido que o esperado. Ele usava apenas uma calça de moletom preta. Elesis para, para Elesis, para de olhar, virei o rosto bruscamente.

–Você por acaso é proibido de usar camisa? – Perguntei, com tom irritado.

– Não, mas você ta com a minha. – Respondeu, risonho.

– Tu só tem uma blusa? –perguntei irônica.

– Queria vestir essa –ele deu de ombros. –De nada viu? – Ele disse, esperando o agradecimento que não veio. Mostrei o papel. Ele riu.

– Baka.

–Hey Baka, como sabia que a blusa era minha? –ele perguntou. Pega de surpresa. Eu sei lá.

–Não m-me chame d-de b-baka, BAKA! –mais gaguejei que falei.

–Responde, Baka –Ele disse, divertido.

–E-eu já vi você com ela e...

–É nova. –Ele disse

–Mas ontem quando você foi me buscar eu vi e...

–Mas você tava dormindo, então ou você ta mentindo ou fingiu que tava dormindo só pra eu te carregar.

–Isso aí eu tava com preguiça e...

–Então a ruivinha gosta tanto de sentir meu corpo contra o dela que finge pra eu poder carregar? Não sabia que eu era tão gostoso assim. Uma dica da próxima vez se você me falar a verdade quando eu colocar você na cama e pedir eu durmo com você. E talvez mais algumas coisas –Ele sorria de canto. IDIOTA!!! Corei. Corei profundamente e ele se divertia com a situação.

–S-seu cheiro... –eu sussurrei.

–O que?

–Seu cheiro, satisfeito? Eu sabia que a blusa era sua pelo cheiro. –Ele riu, mas desviei os olhos e fui em direção à porta do quarto, quando senti algo. ALGUÉM me abraçando por trás me impedindo de sair.

–E é bom? –Ele sussurrou perto do meu ouvido. Arrepios. Malditos arrepios.

–O que? –Perguntei, irritada, tentando soltar-me do abraço.

–Meu cheiro que você tanto conhece a ponto de reconhecer.

–Eu sei lá, Sieghart me solta!

–Não sabe, ruivinha?

–Não!!

–Então descobre e me fala –Ele disse, e sem me dar tempo de resposta virou-me de frente para ele e me abraçou, de forma que prendeu meus braços e meu rosto ficou na direção de seu pescoço.

–Me soltaa! Sieghart!

–Responde, prometo que solto. –Suspirei. E instintivamente acabei inalando seu cheiro. Era bom. Muito. Mas eu não quero admitir.

–N-nã...

–E por favor a verdade ruivinha –Ele disse.

–Ta, ta. É bom. Satisfeito?

–Sim. –Ele riu, e me soltou. Meu corpo protestou, minha boca não, e eu andei praticamente corri para a porta.

–BAKA –Gritei, ele riu, e bati a porta.

~mais tarde, naquele mesmo dia de natal.

Eu estava assistindo um filme qualquer desses que são tão comuns no fim de ano quanto Roberto Carlos. Todos os outros membros tinham partido para suas casas, cada um deles iria passar seu natal onde costumava passar. Feliz Natal. Feliz natal. Feliz... Natal era pra ser um dia feliz, dizem por aí, dia de passar com a família. Nessa época, no ano passado, éramos apenas eu, a Lire e a Arme, que foram pra casa. A própria Lothos tirou férias, e eu preferi ficar no QG. Para onde eu iria afinal? Esse ano eu esperava o mesmo, mas tinha um tal imortal na cozinha que dizia o contrário. Todos os outros já haviam ido.

Fui tirada de meus pensamentos por um Sieghart idiota que pulou por cima do sofá, caindo sobre ele e me assustando, o folgado deitou a cabeça no meu colo.

–Sai, baka! –Eu disse, ele ignorou.

–Hey, ruivinha, vem comigo? Quero te mostrar uma coisa? –Curiosidade.

–Que coisa?

–Só vai saber se vier –Ele sorriu. Merda.

–M-mas eu to assistindo, poxa. –Ele olhou pra mim, olhou pra TV, olhou pra minha cara com descrença sobre. –Quié? Um clássico, patinho feio especial de natal poxa!

–Aaaaa qual é, ta brincando vaaaamo. –Ele fez cara de cachorro pidão. Merda²

–TA! Vou só calçar a bota. –Me calcei e fui seguindo Sieghart, que “coisa” seria essa?

Fizemos uma longa caminhada pela floresta, brincando com nossas pegadas na neve.

–Chegamos –Mas o que? Não podia ta falando sério.

– Uma montanha? Sério? –Perguntei.

–Hmm, tem razão, ainda não. –E ele começou a escalar uma rocha alta. –Vem –Ele estendeu a mão, eu peguei e fui seguindo-o. Chegamos ao topo depois de um tempo, Sieghart correu na minha frente até perto de um penhasco.

Eu o segui novamente, e meu queixo caiu. Ele riu satisfeito. À nossa frente, estava a vista mais linda que já vi. Um pouco ao lado, longe, uma cachoeira estava congelada na descida, não sabia que era possível, e o rio parecia um vidro, de lá de cima dava pra ver congeladas as algas de todas as cores dentro dele, acima de nós a lua aparecia e era refletida na cachoeira que como um prisma refletia a luz para todos os lados. Ao longe, dava pra ver a cidade da altura que estávamos, e as luzes coloridas de natal.

–Siegh, é lindo!

–É mesmo, não é? –Ele falou, deliciando-se com a visão tanto quanto eu.

–Hey, ruivinha –Ele chamou. Olhei para ele e o vi tirar um medalhão prateado com um símbolo em vermelho no meio. –Tenho uma coisa pra você. –Ele disse, veio até onde eu estava e colocou o medalhão no meu pescoço.

– É lindo –Ele sorriu.

–Esse medalhão pertenceu à família Sieghart por gerações de guerreiros, dizem ser um medalhão da sorte ou algo assim, são valores que tínhamos, o medalhão passa para o outro membro por 40 anos, e depois disso, se não foi passado para uma nova geração, ele volta ao dono original ou o mais próximo dele, que, nos últimos 600 anos, tem sido eu. Ele não me pertence mais, ruivinha. É seu. –Olhei para o pingente novamente, ele de uma maneira estranha me fazia sentir bem. Sieghart sorriu, não o sorriso irônico de sempre, um meio sorriso. – Ele era do seu pai, pequena. – Ele disse, num tom que parecia cuidadoso, como quem queria dar um jeito de dizer isso sem me deixar triste. Não deixou, eu estava feliz, era como se meu pai estivesse comigo, por menor que fosse o sentido dessa essência dele. Sorri, olhando de volta do pingente para o imortal. Eu o abracei, e ele prontamente retribuiu, como quem esperava por isso, ou queria, e puxou meu corpo mais para perto do seu, não deixando espaço entre nós. Encostei minha cabeça em seu ombro, eu me sentia bem ali, eu não queria que ele se afastasse, que fosse embora.

–Siegh – sussurrei depois de algum tempo. Ele apenas afastou-se um pouco, o suficiente para poder olhar nos meus olhos, mas não soltando-me do abraço. Corei e desviei um pouco, me sinto estranha quando olham pra mim assim, ele riu. Voltei meus olhos aos dele novamente. Sorri. – Obrigada. – Ele sorriu e seus olhos pareciam brilhar mais que o normal.

– Feliz natal, minha ruivinha – Ele disse, limpando uma lágrima solitária já quase seca em minha bochecha. Não soltou meu rosto, pelo contrário, puxou-o suavemente para perto do seu encostando minha testa com a sua. Fechei meus olhos sentindo a respiração quente dele. Não dissemos nada. Mais próximo. Mas aquele não era um silêncio desconfortável. Mais próximo. Era um silêncio que falava por nós. E ele selou nossos lábios.

Feliz natal, dizem por aí. E talvez tenham razão.


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Notas finais do capítulo

Feliz natal, minna, espero que tenham gostado :3