Back to Neverland escrita por Chloe Spiegelman
Fui colocada numa pedra e mais rápido do que um beija- flor bate suas asas ele desamarrava o nó da sacola para que eu pudesse me libertar.
– Ah Wendy ! eu senti tantas saudades de você eu sabia que você iria voltar ! Eu sabia ! eu... - ele fez uma cara de espanto ao me ver. - Você não é a Wendy ! - ele sacou a pequena espada - Quem é você ?
– Jenny. M-meu nome é Jenny. - Eu estava de olhos arregalados de medo. Ninguém nunca havia me empunhado uma lâmina. - Eu sou a filha da Wendy.
A aparência dele continuava igual como minha mãe contava. Jovem, olhos curiosos e verdes, um nariz perfeitamente arrebitado, pele clara e um cabelo moreno avermelhado, orelhas pontudas e dedos rápidos e agitados. O chapéu com uma pena comprida vermelha, a roupa era feita de plantas, (mas a primeira vista, parecia tecido.) e os pés em um sapato pontudo. Se ele não voasse e não fosse alto, eu acreditaria que ele seria um elfo.
– Filha ? - ele parecia não acreditar no que eu acabara de dizer. - Não ! A Wendy é uma menina perdida !
– Não Peter. Ela cresceu. - eu tentava olhar para ele enquanto ele pegava algumas mechas do meu cabelo, me examinando como se fosse um objeto encontrado. - Ela é minha mãe.
– Não ! é impossível ! - agora ele negava a si mesmo - Só se passaram alguns dias ! Não pode ser ! Não pode ser ! Ela não pode ter crescido tanto assim ! - ele passava a mão no rosto como se tivesse acabado de bater a cabeça bem forte na parede - Ela não pode ser uma adulta ! Adultos são maus ! Ela não é má !
– Não Peter. Ela não é má. Ela conta histórias ! Todas as noites. - eu sorri tentando animá-lo - Histórias sobre você.
– Sobre mim ?! - ele parecia muito feliz - Ela não se esqueceu de mim ?!
– Não. Ela conta suas histórias todas as noites. Antes de dormir.
– E eu sou um menino legal ? Eu sempre venço no final não é ? Eu sei que sim ! - ele estava flutuando deitado como numa rede enquanto pensava nas histórias de minha mãe - E você sabe contar as histórias ? Você gosta delas ?
– Gosto. É, acho que sei sim.
– Então venha Jenny ! - ele se levantou animado e começou a apontar para a ilha - Venha conhecer os meninos perdidos ! Eles sentiram tanta falta das histórias ! Eles vão adorar te conhecer ! você é quase a nossa Wendy ! - então ele me encarou - Vamos ! Você não sabe voar ?
Talvez para ele, eu fosse como a minha mãe. Mas eu queria ir para casa. Eu queria ver o meu pai. Se eu ficasse muito tempo talvez nunca mais os veria novamente. Eu tinha que ir; mas talvez uma história não matasse ninguém afinal, havia poucos meninos perdidos nas histórias da minha mãe. Talvez cinco ou seis. Eu contaria a história e iria de volta para casa. E minha mãe disse que voar era fácil. Era apenas manter o pensamento positivo. Mas eu não sabia voar.
– Não, eu não sei voar.
– Você só precisa de fé e confiança !
Pensei no que ele acabara de dizer, mas não consegui. Pensei no que minha mãe disse. O mesmo resultado.
– Como eu sou burro ! E pó mágico. - ele assobiou e a pequena fada loira apareceu em seu ombro. Espalhando um pó dourado em seu ombro.
– Sininho !
Ele sorriu e cochichou a ela, e ela me encheu de pó dourado. Eu parecia o sol.
– Bom trabalho Tilin-tim ! Vamos Jenny ?
– Peter, prometa-me que só vou contar algumas histórias e você me levará para casa. Eu quero voltar para casa.
– Eu prometo. Dou minha palavra de menino perdido. - ele inspirou fundo e cuspiu na mão, e em seguida a estendeu para mim. E me encarou sorrindo. Olhou novamente para mão e a limpou. - Me desculpe, você é uma menina ! - então ele tirou o chapéu como minha mãe ensinou o meu irmãozinho a fazer.
Ele com certeza aprendeu isso com a minha mãe. E nesse momento eu senti saudade do Danny, da mamãe e do papai. Eu havia brigado com meu irmão, mas acabei esquecendo que ele tem três anos e disse que Peter não existia. O que não era verdade. Ele existia sim.
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