Fred & Mali escrita por NandaHerades


Capítulo 1
Fred & Mali - História Completa


Notas iniciais do capítulo

A ideia inicial era um capítulo para Mali e outro para Fred, mas os textos são curtos e o site não aceita.



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♥Fred & Mali

Mali

Eu era a garota mais estudiosa da classe. E havia uma parte minha que tentava ser popular, mas isso não era fácil. Minha escola ficava no subúrbio e minha casa também. Os garotos daqui são ignoráveis, a maioria vive tentando provar que são os mais pegadores. Mas havia um garoto, talvez o mais pegador de todos, que fazia meu coração disparar, o nome dele era Fred. Eu sei que meu coração é idiota, mas ele tem razão às vezes. Eu nunca fui muito boa no amor, nos últimos anos todos os garotos que namorei me largaram. Minha personalidade não é suportada por eles, na verdade, por ninguém.

Fred

Lá estava ela. Assistindo a aula como se fosse à única coisa importante do universo. Eu achava isso admirável em uma garota, apesar de nos últimos tempos eu ter desprezado as qualidades mentais e preferido às físicas. Mas com ela é totalmente diferente, eu não conseguia parar de pensar em Mali.

Mali

Trabalho em dupla, mais um problema para mim. Só tenho uma colega e ela já tinha suas amizades — só me procurava para pegar respostas dos exercícios — com quem eu faria esse trabalho? O professor anotou os nomes dos alunos no quadro e formava duplas a partir das indicações de preferência. Eu faria sozinha, estava decidido. Mas alguém disse meu nome.

—Mali — era Fred.

Eu olhei para ele com a expressão de dúvida.

Fred

Eu a escolhi. Nem pretendia fazer esse trabalho, mas não podia perder a oportunidade de ficar com ela uma tarde. Mali me olhou como se fosse me matar. Nem liguei. Fui até ela.

—Na sua casa ou na minha? — eu perguntei despreocupado.

— Na minha — ela disse a voz doce que só ela tem.

Assim que a aula terminou, eu e ela nos encontramos. Fomos em silêncio por aproximadamente meia hora.

Mali

Minha casa estava bem a nossa frente. Abri o portão e nós entramos. Minha tia fazia o almoço e meu irmão estava no sofá assistindo TV. Fomos direto para meu quarto.

—Pretendo fazer esse trabalho — eu disse.

—Eu também — ele respondeu.

Nem almoçamos. A tarde toda foi para pesquisar e montar o trabalho. Quando me dei contar já era noite.

Fred

Eu nunca iria embora se ela deixasse. Ficar com Mali era muito bom, ela era engraçada e inteligente. Não falava besteiras como as outras garotas. Um trabalho chato com ela se transformava em algo bom. Já era noite e eu nem havia almoçado, mas nada importava. Terminamos nosso trabalho.

—Pronto — ela disse — Terminamos. Agora você pode ir.

Não queria ir. Não sei o que aconteceu comigo e o motivo para eu estar tão apaixonado por uma garota que nem me dá bola.

—Mali, eu... — fui interrompido por um grito de dor, era o irmão dela.

Mali saiu correndo e disse para eu ficar no quarto.

Mali

Meu irmão. Sai correndo até chegar a ele. Jonathan estava caído do lado de fora de casa. Onde estava minha tia?

—Jonathan... Você tá bem? — faltava pouco para eu chorar.

—Eu estava olhando o céu e cai. Não se preocupe — ele sorria.

Entrei em casa para pegar a cadeira de rodas. Fred me olhou sem entender, ele estava na sala, desobedeceu minha ordem. Ele me seguiu até meu irmão e ajudou-me colocá-lo na cadeira.

Fred

O irmão dela, que aparentava ter uns 10 anos, estava no chão. Colocamos ele na cadeira de rodas e depois levamos ele para o quarto, onde foi dormir. Mali estava triste, pude perceber pelo seu olhar.

— Ele nunca faz isso — ela disse tentando explicar a situação.

— Não precisa se explicar — eu queria abraçá-la. E foi isso que fiz. Ficamos abraçados por minutos. E assim que nos soltamos a beijei.

Mali

Ele me beijou. E eu tive a sensação de que meu coração pararia. Nos separamos e estávamos a centímetros de distância, podia sentir sua respiração. Mas isso era errado, Fred não tinha boa fama e ele podia está me usando para aumentar sua reputação. Afastei-me.

— Não acho isso certo — eu disse me virando.

— O quê? Eu gostar de você? — eu não via seu rosto, mas podia sentir sinceridade... Ou não.

— Tem outras garotas para você se aproveitar — eu gosto dele... Saco!

— Vou embora — ele disse. Quando me dei conta ele já estava na rua.

Fred

Não poderia ter sido pior nossa conversa. Nunca fui rejeitado e agora a única garota que eu realmente gosto diz —nas entrelinhas— que não me quer. Andei até minha casa, que por sinal fica bem distante da casa dela.

Ficar pensando em uma garota não é bom. Passar a noite inteira sonhando com Mali não facilitou meu pé na bunda... Sonhando com o sorriso, com o cabelo, com a inteligência, tudo que pertencia a ela. A garota dos meus sonhos, aquela que roubou meu humilde coração.

Mali

Meu irmão dormia feito pedra e eu passei a noite acordada pensando. Como Fred podia ser tão detestável e adorável ao mesmo tempo? Será que ele gostava de mim?

Amanheceu e eu parecia um zumbi. Minha tia estava fazendo café e tentava explicar que não era culpa dela Jonathan ter caído. Eu entendi. Meu irmão estava deitado no sofá vendo Bob Esponja.

Fui para a escola atrasada, pretendia pegar o segundo horário, assim não teria tempo de conversar com Fred. Mas não podia evitá-lo para sempre. Entrei na sala e fui para meu lugar.

Fred

Ela estava lá. Atrasada pela primeira vez. Observei-a se sentando e pegando o caderno para anotar a matéria. Pensei no que aconteceu no dia anterior e como o beijo dela era bom. Peguei o meu caderno, escrevi um bilhete, amassei-o em formato de bolinha e joguei em direção a mesa dela. Caiu em seu colo, a princípio ela não parecia interessada em abrir, mas não houve jeito de evitar.

Quando terminou de ler ela olhou em minha direção e percebendo que eu olhava também se virou rapidamente. Eu ri.

Mali

Encontre-me perto do banheiro, esse era o bilhete dele. Não, eu não iria. Eu não posso ir. Mas meu corpo implorava para ir. Eu fui. Pedi a professora autorização e quando me dei conta estava ansiosa para ele chegar. Minha respiração estava acelerada, minhas pernas não obedeciam. Ele chegou. Demorou um pouco.

—Tenho que me desculpar pelo que aconteceu ontem — ele falava rápido e até gaguejava. Eu ria por dentro.

— Não precisa— eu vi sua expressão mudar, parecia alívio — Obrigada por ajudar meu irmão.

Fred

Ela não parecia está chateada ou com raiva. Isso fez eu me sentir muito feliz. Ouvi agradecendo pelo seu irmão, mas minha cabeça vagava.

—Não precisa — eu disse e ela sorriu — Porque está sorrindo?

— Você é engraçado — ela entrou no banheiro feminino. Eu fui atrás — Ei! Você não pode entrar aqui.

— Não se preocupe. Eu já entrei muitas vezes aqui — sua expressão endureceu.

— Ah! Eu entendo — ela saiu do banheiro e voltou para sala.

Como eu sou idiota.

Mali

Ele estava me usando. Que raiva!

Era isso que eu devia esperar. Quem sou eu? A garota nerd da sala, aquela que não arruma nenhum namorado descolado, que sofre com a família problemática. E ele era o gostosão da escola, o pegador, o arrasa corações. Eu não iria sofrer.

O horário estava no fim. Faltavam cinco minutos para o intervalo, graças a Deus!

A professora veio até minha mesa para falar pessoalmente.

— Mali. Todos os anos nós fazemos um mural com fotos dos alunos que conseguiram vaga na universidade e nessa sala só tem você — ela parecia lamentar a falta de interesse dos outros alunos — Você se importa?

Eu neguei com a cabeça. Ela sorriu e voltou para sua mesa para fazer chamada. Fiquei pensando, como sempre, viajando nos meus sonhos em uma universidade.

— Alguém viu o Fred? — perguntou a professora.

Uma garota que eu não gostava muito disse:

— Eu o vi com a Mali perto do banheiro — o tom de voz dela era de desprezo. E eu senti meu rosto queimar de vergonha. Todos riram do que a garota disse e eu me senti humilhada. O sinal do intervalo tocou e eu sai correndo para a biblioteca.

Fred

Não voltei para sala, procurei um lugar tranquilo para ficar. O que eu havia dito para Mali parecia maldoso até para mim. Eu não tinha a intenção, mas saiu com tanta naturalidade. Ela nunca iria me perdoar. Eu era mestre em magoar as pessoas que amava... Eu amava Mali.

O sinal do intervalo tocou, adeus tranquilidade. Ouvi algumas garotas da classe entrando na biblioteca conversando. Não sou bisbilhoteiro, mas eu ouvi o nome de Mali, então me escondi atrás de uma estante e escutei:

— Essa Mali é uma idiota — eu queria matar Elisa, ela era uma das garotas que aumentaram minha reputação — Ela achou mesmo que o Fred se importava com ela, é isso que ele sempre faz... — como ela sabia de Mali e eu? Não me segurei e fui falar com ela.

— O que você está falando? — elas se assustaram.

— Ouvindo minha conversa, Fred? — Elisa cruzou os braços.

— O que você estava falando de Mali? — minha voz estava dura.

— Só estou comentando como ela é burra em cair na sua conversa, você não tem vergonha? A garota foi humilhada por sua causa — ela pegou a mão de sua amiga e saiu da biblioteca.

Humilhada?

Mali

Chorei. Não por ter sido humilhada, mas por ter acreditado em Fred. Procurei um lugar vazio na biblioteca e peguei meu exemplar de Orgulho e Preconceito para ler. Meus olhos ardiam por causa das lágrimas e eu tremia de raiva. Vi a garota que me humilhou entrando com uma amiga, eu tinha certeza que elas falavam de mim e de como eu sou burra.

Não aguentava mais. Guardei o livro — eu não o li — e sentei-me no espaço entre duas prateleiras. Abaixei minha cabeça e chorei. Não havia ninguém para me criticar, só eu mesma. Ouvi passos em minha direção. Mas de repente o silêncio, alguém estava parado em minha frente.

— Você tá bem? — era Fred.

Fred

Encontrei-a chorando no fundo da biblioteca e meu coração se entristeceu. Não podia imaginar que alguém faria mal a ela, muito menos eu. Assim que perguntei se estava bem ela levantou a cabeça. Seu rosto estava inchado de tanto chorar. Agachei-me em frente a ela e segurei seu braço.

—Não chore — eu olhava nos olhos dela. Senti meus braços sendo empurrados.

— Então vá embora! — ela me empurrou com força e eu cai.

Levantei-me e andei sem olhar para trás.

— Espere — ela disse. Quando me dei conta ela estava de pé na minha frente — Porque você fez isso? — ela chorava mais.

— Eu não quis te magoar... Eu gosto de você! — eu disse. Ela secou as lágrimas.

Mali

Ele diz que gosta de mim. Eu não sei se é verdade... A única coisa que sei é que também gosto dele e não estaria chorando se não fosse verdade.

— Não sei se acredito... Eu preciso de um tempo para pensar — ele sorriu e me abraçou. Eu não queria soltar.

— Pense o tempo que quiser, eu estarei te esperando — ele me soltou, beijou minha testa e foi embora.

Eu queria ficar com ele.

Fred

Ela gostava de mim. Ela não pediria um tempo para pensar se fosse me dispensar depois. Sentia como se estivesse nas nuvens. Eu podia até ver o rosto dela no mural... Pera aí era uma foto dela sorrindo lindamente. No mural que parabenizava os alunos que iam para a faculdade. Peguei a foto e guardei na minha carteira.

Mali

Fui para casa alegando está passando mal. No caminho pensei no que diria para Fred. Minha tia estava arrumando Jonathan para sair, meu irmão parecia feliz. Assim que entrei ela se assustou com a hora, mas não questionou o motivo de ter chegado cedo.

— Seu irmão e eu vamos visitar seus pais — ela disse com a intenção de me convidar, mas eu não iria. Odiava cemitérios mais que tudo, e pensar em ver meus pais enterrados a sete palmos não me animava.

Fui para meu quarto. Não chorei desta vez. Já me acostumei com o fato de meus pais terem partido. Depois de um ano e meio não poderia sofrer mais, eu ainda tinha minha tia e meu irmão.

Fred

Ela não voltou para a sala depois do intervalo, fiquei preocupado. Assim que entrei senti as pessoas me olharem como se eu fosse um crápula, mas eu não me importava, Mali gostava de mim!

Os horários de aula passavam devagar, eu nunca prestei atenção na matéria mesmo, então fiquei pensando na vida. E o tempo passou mais rápido. Estava livre. Sai da escola o mais rápido que pude. Eu iria para a casa dela. Me declararia.

Mali

Dormi por duas horas. E quando acordei não estava com fome ou sede. Minha tia não voltara com meu irmão, mas isso era compreensível, pois o cemitério era em outra cidade. Tomei um banho, coloquei um vestido de florzinha e ouvi alguém me chamando. Fred, só podia ser ele.

Fui até o portão e antes de abri fiquei observando seu rosto, ele parecia ansioso. Abri e ele sorriu. Eu sorri também. Não esperei ele falar, fui até ele e o abracei. Nossos corações batiam no mesmo ritmo acelerado.

Fred

—Mali... Eu... — ela me abraçou com força.

— Eu decidi — ela me soltou, mas segurava minhas mãos — Decidi que você é um idiota— congelei.

— Não... — eu disse, mas ela me interrompeu.

— Não terminei — ela sorriu — Decidi que eu gosto de você, seu idiota!

Não esperei ela terminar. Beijei-a com todo o meu amor. E ela correspondeu com mais força.

— Eu te amo — ela disse enquanto nos afastamos para respirar.

— Eu também te amo — eu disse voltando a beijá-la.

FIM


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado.