Pov Annabeth


Dois dias.

Dois dias presa nessa caverna. Dois dias que elas me tiraram de meu lar.

Dois dias sem Percy.

Eu estava amarrada em uma coluna, do mesmo modo, desde que cheguei, apenas sobre os maus tratos delas. Elas querem vingança a Atena, e por isso me sequestraram, um ódio eterno a Deusa desde que receberam sua maldição, e em troca, nós, seus filhos meios-sangues, sempre formos atormentados pelos filhos de Aracne. Agora, para a vingança final, me escolheram.

O tempo não da pra perceber passar, mas elas fazem questão que eu saiba. Algo haver com “no quito dia, chegará sua liberdade... Direto para o mundo inferior! E na visão de sua mãe claro. – Aracne falava. – Ela sabe que nos pegamos você! E verá sua morte na frente de todos.”

Em alguma hora do dia, elas veem me atormentar, tudo para no final mostrar a Atena, mas a pior é Aracne... Definitivamente. Com suas crias. Aqui está empestado delas.

- Querida – Uma voz ecoou vinda lá de dentro, onde a escuridão era ainda pior, e não davam pra identificar aonde elas iam sempre que desapareciam por ali. – Eu tenho uma notícia ótima!

- Ah é? Não me interessa. – Não sei por que respondi assim, nem de onde veio essa coragem depois do que elas já me fizeram. E assim um estalo na minha cara veio a seguir.

- MAS RESPEITO GAROTA! A não ser que queira morrer logo. Você me conhece, e sabe que não pego leve!

- Medusa. Medusa... Pare de conversa fiada e conte logo o melhor de hoje. – Essa outra foi Aracne, chegando mais perto com seu péssimo cheiro, e as presas horripilantes.

Embora esses dois dias com sua presença, eu ainda me sinto fraca e impotente apenas de vê-la. Seus olhos, corpo, tudo, parecem que vão me devorar a qualquer instante. Ela transmite por mim, seu ódio eterno por Atena.

- Ah sim! Como já percebeu, essa caverna é encantada, e nenhum Deus pode rastreá-la... Sendo assim, você é toda nossa. Por o tempo que bem entendermos. - Passei por muita coisa aqui, e essas palavras me deixaram com um pavor maior. – Sorte sua que não ficará muito tempo conosco, e sim com seu tio Hades. Mas essa não é a novidade! O melhor, é que conseguimos um modo de lhe mostrar ao vivo na sala do trono!

Aracne chegou com um quadrado feito de magia, parecia ser oco, e tinha uns desenhos esquisitos por fora que não dava pra identificar. Como elas conseguiram aquilo, eu não sei.

- E então, em 5 segundos... Já.

- Olá Deuses. – Medusa falou para a caixa. Essa que começava a mostrar a sala do trono, onde encontrava seus 12 lugares preenchidos.

Não pude conter o impulso ao ver Atena olhando fixamente para onde à imagem se encontrava.

- MÃE. – E sendo assim, à Medusa virou sua atenção pra mim, fazendo um corte em minha bochecha com sua lâmina.

- Não me interrompa, garota! – Vociferou Medusa.

- Annabeth! – Escutei a voz de Atena, e levantei a cabeça com poucas lágrimas em meu rosto.

- E então Atena, sentiu saudades nossa e de sua filhinha querida?

- Como você ousa tocar em minha filha? Não tem medo de passar a eternidade no tártaro? – Falou/gritou Atena.

- Ah você não viu nada do que ela já passou esses dias. – Disse a Medusa, ignorando o que Atena falou. - Mas não se preocupe, agora com esse brinquedinho, iremos lhe transmitir tudo! Não é Aracne?

- Mas é claro! – Disse ela ainda segurado a caixa. – Meus filhos a adoram, sabia Atena? Estamos nos divertindo muito com sua presença, garota. – Falou, passando a mão no meu rosto.

- Deixem Annabeth! Ou eu juro pelo Rio Estige, que terão um castigo pior do que já tiveram!

- É mesmo? – Zombou Medusa. – Pode ir Aracne.

- Com Prazer.
Eu acompanhava tudo ainda amarrada, mas comecei a me debater ao notar o que ia acontecer. Novamente.

- NÃO! NÃO! – Eu gritava com a força que podia, já chorando novamente.

- Divirta-se.
E nesse momento, um monte de aranhas começou a surgir da escuridão. De todos os tamanhos e algumas cores, pequenas de pernas longas, grandes e cheias de pelo, todas horríveis.

- PAREM! SOCORRO! – Eu gritava em vão. Em desespero.

Iam chegando perto de meus pés. Muitas. Uma onda negra de aranhas pelo chão. Elas subiram em meus sapatos. E aos poucos, pude sentir suas perninhas em minhas pernas.

- Aracne! Medusa! – Gritava a voz de Atena, vinda da sala dos Deuses, onde os mesmos permaneciam calados. – A deixem em paz. Eu dou o que pedirem!

- Não queremos nada de você!

- Apenas vingança, pelo o que nós somos hoje!

E nisso, as aranhas continuaram subindo. Eu tremia por completo, estava em um estado de puro medo, sem raciocinar pra nada.

Varias aranhas estavam em minhas pernas, outras já nos braços e sobre minha blusa. Debater-me era o que mais fazia, mesmo que pouco mudasse. Suas pernas deslizavam sobre meu corpo e comecei a sentir as picadas. Dores horríveis percorriam meu corpo. Além do medo, presente em mim, eu já estava marcada pelas mordidas repetitivas.

- PAREM. POR FAVOR. – Eu falava em meio aos soluços. – MÃE ME AJUDA! AJUDE-ME ALGUÉM!

- Filha... – Pela primeira vez eu vi lágrimas nos olhos de Atena.

As aranhas estavam até em minha cabeça, eu estava já pra pedir que me matassem. Não era drama, apenas uma agonia de estar viva naquelas condições.

Meu coração parecia que ia explodir. A pior dor que já senti por todo meu corpo. Milhares de pernas percorrendo minha pele, com suas presas me machucando.

Nem conseguia mais gritar, porque o som estava entalado em minha garganta. Meus pulmões estavam pesados, devido aos soluços, e minha respiração pesada.

Tudo começou a escurecer e eu fui ficando tonta. Até escutar o ultimo grito de Atena dizendo “ANNABETH” e tudo escureceu de vez.