E se Eu não Tivesse Me Atrasado pra Formatura? escrita por Tati


Capítulo 29
O último crime contra Alex




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Chuck começou a dirigir-se ao banheiro, um andar à cima do andar em que se encontravam, e Amanda tentou ao máximo não se sentir ainda mais culpada do que sua consciência a fazia se sentir naquele momento. Ela sabia o que Chuck ia fazer, mas não tinha coragem de pará-lo. Ela temia que o mesmo que estava para acontecer com Alex fosse acontecer com ela então, apesar da culpa, não ousou agir ou denunciá-lo para ninguém. Ficou parada exatamente onde estava, desejando que ele mudasse de idéia antes de cometer o maior erro de sua vida. Ela realmente desejava poder deixar com que Pierre vivesse sua vida em paz daquele instante em diante, mas sabia que no que dependesse de Chuck, isso jamais aconteceria. Ela queria parar de destruir a vida do seu ex-marido pois sabia que ele já havia passado por muito sofrimento e humilhação graças à ela e até chegava a admitir a si mesma que ela não suportaria o que ele suportou, porém, continuou a não agir. Sua consciência lhe pedia atos, seu medo, calma e, nessa mistura de sentimentos, ela se fez cúmplice do único crime que jamais quis cometer.

Enquanto isso, Alex encontrava-se praticamente deitada ao chão do banheiro, abraçando um vaso sanitário sentindo, ainda, muita ânsia. Daquela vez ela estava se sentindo pior do que em qualquer outro momento que aquela doença a havia levado e não conseguia encontrar forças o suficiente para se levantar daquele chão. Ela começava desejar ter concordado em ir direto para o hospital com Pierre quando ele lhe percebeu a doença novamente e se arrependia de ter ido ao banheiro ao invés de acompanhá-lo, porém tinha certeza de que, ao conseguir sair dali, não iria para outro lugar a não ser o hospital. Sabia que seu arrependimento não faria o tempo voltar atrás, mas ela realmente desejava que o mesmo fizesse com que Pierre a fosse ajudar a sair daquele banheiro, pois ela já não sabia mais de onde viriam as forças para levantá-la do chão.

Em pouco tempo, ela ouviu alguém abrindo a porta e, esperando poder pedir por ajuda para a pessoa que estivesse entrando no banheiro, ela abriu a porta do box onde se encontrava e procurou pelo rosto da pessoa que acabara de entrar. Porém, quando seus olhos encontraram os da pessoa que estava, agora, dividindo o mesmo espaço com ela, percebeu que a última coisa que teria naquele momento era ajuda.

"Chuck?! Chuck, o que é que você está fazendo aqui?"

"Eu vim até o banheiro feminino só para conversar com você e é assim que você me recebe? Assim eu fico sem graça, meu amor, você me faz sentir mal amado."

"Surpresa, Chuck: eu não te amo."

"Engraçado, mas não era isso o que você dizia alguns meses atrás."

"Eu nunca te amei. Eu gostei muito de você mas você nunca significou metade das coisas que o Pierre significa para mim. E, depois que você matou o meu filho, eu passei a te odiar mais do que a qualquer outra pessoa que eu já conheci na minha vida, até mais do que a Amanda. O que eu sinto por você é uma coisa tão... tão horrível, Chuck..."

"Eu posso até ter matado o seu filho, mas esse cara que você diz amar te traiu, lembra? Nenhum de nós é perfeito."

"O Pierre não me traiu. O Matt me contou tudo. Ele me disse que você e a Amanda planejaram isso tudo. Ele pode não ser perfeito, pois ninguém é, mas eu não o largaria por nada nesse mundo."

"Ah, o Matt te disse isso? Eu vou ter uma longa conversinha com ele mais tarde. Uma conversa da qual eu duvido que ele vá se esquecer ou até ter coragem de repetir o que fez." Disse Chuck sorrindo

"Escuta aqui, Chuck, se você encostar a mão no meu filho..."

"Você não tem filho, Alex. Você não pode ter. Esse moleque é menos seu do que do Pierre. Ele é meu filho. Meu e da Amanda, portanto eu faço o que eu bem entender com ele e você não tem o direito de se meter." Ele respondeu "Ainda assim, quanto a sua idéia de jamais abandonar o Pierre, eu acho que você vai querer reconsiderar isso antes que seja tarde demais."

"Tarde demais para o quê?"

"De agora em diante, considere que o Pierre já não faz mais parte da sua vida. Você nunca mais vai voltar para ele. Você vai escolher entre mim e nada. Eu quero que você saia desse banheiro, termine com ele e venha comigo. Vamos fazer tudo rápido, dinheiro não é o problema, e estaremos casados de novo em uma ou duas semanas. Você vai dizer para a imprensa o grande erro que cometeu ao me largar por uma aventura fora do casamento, mas que se arrependeu e voltou para mim. Eu vou dizer que passei esse tempo junto com a Amanda porque o Pierre a largou sem lugar para onde ir e sozinha com uma criança para criar, que ele não quis levar apesar da insistência de Amanda já que ela sabia que, apesar de amar o filho, ele tem mais condições financeiras para criá-lo. Assim, eu vou consertar a minha imagem de uma vez por todas."

"Se quiser consertar a sua imagem, tente mudar quem você é. Voltar para mim e inventar mais uma grande mentira não vai significar nada. Ninguém nunca mais vai te olhar com os mesmos olhos que olhavam antes. Eu não vou mentir para salvar a sua imagem, apenas fique grato que eu não contei a eles sobre tudo o que você já me fez. Seus fãs ficariam ainda mais surpresos se soubessem que você me batia, que me fez perder meu filho, que me envenenou, que me traiu... São tantas coisas que fariam muito pior a sua imagem... Eu tenho você na minha mão e se eu quiser realmente destruir a sua imagem, eu acabo com ela. Se eu dissesse para eles quem você realmente é e quisesse te processar por tudo o que você me fez, isso sim destruiria a sua imagem, meu amor." Ela respondeu "Não sou criança, Chuck, não pode me dizer o que fazer e nem me obrigar a casar. Eu não vou terminar com o Pierre e nem me casar com você. Você nunca mais vai me fazer perdê-lo como fez antes."

"Não esteja tão certa disso, linda. Eu separei os dois por dez anos graças a uma série de mentiras, lembra?"

"Que bom que a verdade sempre aparece, não é, Chuck? Ainda é difícil de acreditar que você teve coragem de mentir para o seu melhor amigo por tanto tempo. Você não percebe que assim você vai acabar sozinho? Você afastou todos que gostavam de você. Não tem mais amigos, rejeita o único filho que tem, não quer ter mais nenhum filho e... namorada? O que é que você e a Amanda são à final de contas? Tenho certeza de que vocês não amam um ao outro e nem têm a intenção de se casarem um dia. Só servem para a diversão um do outro. Mas o que vai acontecer quando você envelhecer e quiser alguém ao seu lado com o qual você possa passar o resto dos seus dias? Alguém para amar? Vai chegar um dia em que você vai olhar para trás e perceber que, apesar de tudo o que você pensa ser, você não foi nada e não fez nada e, quando esse dia chegar, talvez já seja muito tarde."

"Cala a boca, Alex."

"Eu não tenho medo de você. Você não pode fazer mais do que já fez. A única coisa que eu queria entender é por que você é assim. O que te levou a mentir tanto? Você sabia que eu amava o Pierre e sabia que ele também me amava. Era o único que sabia das duas partes da história muito antes que a própria Amanda soubesse, já que ela só soube de tudo alguns meses antes que eu contasse o que sentia para o Pierre, e por que então fez isso? Será possível que você mudou toda a minha vida e a do Pierre, sabendo as conseqüências do que estava fazendo, só porque me achava bonita e porque queria se livrar do seu filho? Você tinha idéia de que a Amanda ia falar justamente para o Pierre, o seu melhor amigo e o garoto que você sabia que eu amava, que ele a havia engravidado naquela noite em que ele esteve bêbado por culpa sua quando me beijou e o fez ficar com ciúmes? Você imaginava que tudo isso ia acontecer por um simples beijo que você me deu se fazendo passar por alguém diferente do que é e mentindo sobre os sentimentos do seu amigo? Chuck, você não imagina tudo o que ele passou quando ficou sabendo daquela gravidez e pensou que ia ser pai com 18 anos e, para falar a verdade, ele foi. E você não imagina o que eu passei quando ouvi da gravidez. Você não imagina o quanto eu chorei, o quanto eu amaldiçoei a Amanda e o quanto foi difícil dar parabéns a ele pelo filho que ele teve e que não era meu. Doeu muito, Chuck. Treze anos olhando para a pessoa que você ama e não podendo dizer nada dói muito. Sufoca. Mas pelo menos agora parece que tudo está voltando a dar certo. Ele sabe o quanto eu sempre o amei e ainda amo e eu também sei que ele sente o mesmo por mim, então por que você não deixa a gente consertar o que você fez? Simplesmente saia das nossas vidas, eu não estou pedindo mais nada. Você destruiu anos das nossas vidas, por que não nos deixa em paz agora? Não se cansa de fazer isso?"

"Não. Pelo que você mesma acabou de descrever, deveria ter entendido que eu não me importo em ter que machucar mais ninguém desde que seja para o meu benefício. Não me importei em fugir e jogar as minhas responsabilidades nas costas do Pierre e ainda consegui sorrir, ir ao hospital, apertar-lhe a mão e dar meus parabéns pelo filho, então não duvide do que eu sou capaz. A única coisa que eu quero é ser feliz e a integridade da minha imagem faz parte disso. Sei que é egoísmo e não me importo, mas, se eu tiver de destruir a sua vida e a do Pierre para que eu seja feliz, eu vou fazer isso repetidas vezes até dar certo."

"Essa realmente foi a coisa mais ridícula que eu já ouvi saindo da sua boca e, confie em mim, eu já ouvi você dizendo muita besteira." Ela lhe respondeu, enojada "Chuck, só por curiosidade, foi sua culpa e da Amanda o fato de eu estar doente e os médicos não conseguirem descobrir o que aconteceu comigo?"

"Talvez." Ele disse sorrindo

"Chuck, o que foi que você fez comigo?"

"Eu não disse que fui eu. Eu disse talvez..."

"Deixa de ser irônico!"

"Você não está em condições de me pedir nada, Alex. Eu quero que você me responda agora: sou eu ou nada?"

"Eu escolho o Pierre."

"Ele já não é mais uma opção."

"Para mim ele é."

"Nesse caso, eu vou aceitar a sua resposta como sendo nada. Sinto muito, Alex, sinto mesmo, mas foi você quem escolheu o seu destino."

"Do que é que você está falando?"

Ele não respondeu. Ao invés disso, colocou um par de luvas e retirou uma arma de um bolso interno de sua jaqueta. Disparou um tiro na direção dela, mas ela juntou toda a força que tinha e escapou correndo. Porém, a energia que lhe restava era pouca e, devido ao movimento rápido, logo ficou tonta e caiu ao chão, não conseguindo por nada voltar a se mexer. Mesmo que ele não disparasse, ela sabia que não iria demorar muito para que desmaiasse.

"Sinto muito, Alex, as coisas poderiam ter sido tão diferentes entre a gente... Mas foi você quem escolheu assim."

"Chuck, eu não quero morrer... Por favor!" ela implorou chorando

Ele não a ouviu. Puxou-a pelo cabelo até o centro do banheiro, beijou seus lábios e disparou o último tiro contra seu peito. Ela nem ao menos conseguiu gritar de dor antes de fechar os olhos para sempre. Após aquilo, ele abandonou a arma próxima ao corpo dela e saiu do banheiro, logo voltando as luvas ao bolso. Ele não queria possuir a arma do crime e, já que suas digitais não estavam nela, aquele era o crime perfeito. Ele não seria preso por isso. A não ser que alguém tocasse naquela arma antes da polícia chegar, seria um crime sem suspeitos. Seria suicídio e ninguém pagaria por isso.

Ao voltar ao andar de baixo, viu Pierre ainda conversando com Matt e lhe fazendo mil promessas, mas ele sabia que providenciaria para que todas elas fossem quebradas. Percebia que os dois queriam se esquecer que o momento de se despedirem pela última vez estava se aproximando, mesmo assim, Chuck sabia que era uma questão de segundos para que isso se concretizasse. Nunca mais pai e filho se veriam depois daquela tarde.

Antes que pudesse chegar a Matt e afastá-lo de Pierre, Amanda o parou e sussurrou algo em seu ouvido...

"Chuck, você não a machucou, certo?"

"O que você acha?" ele respondeu sorrindo

"Chuck, ela era a única coisa que ele tinha... Isso já foi longe demais. Você enlouqueceu. Você está completamente louco, Chuck. É melhor conseguirmos ajuda psiquiátrica para você e rápido."

"Se não quiser terminar como a Alex, eu sugiro que pare."

"O Pierre vai ficar completamente arrasado."

"Eu não me importo nem um pouco." Ele respondeu se afastando e puxando Matt pelo braço "Vamos, pivete, vamos embora. Diz tchau para o Pierre, essa é a última vez que você vai vê-lo."

"Por favor, me deixa ficar com o meu pai!" ele pediu chorando

"Matt, se você realmente tem vontade de ser adotado pelo..."

"Não!" gritou Chuck, interrompendo Amanda "Ele não é seu pai, ele não vai te adotar porque eu não morri e nem te mandei para o orfanato e é melhor que você passe a chamá-lo pelo nome se não quiser que eu fique muito bravo com você."

"Você pode me matar se quiser, mas ele é meu pai e eu não me importo com o resultado do teste. Eu nunca vou te chamar de pai e nem o chamar pelo nome. Nunca."

"Vamos ver só. Eu aposto que eu consigo te convencer do contrário em menos de uma semana. Mas, mesmo que queira chamá-lo de pai, isso não importa em nada. Você nunca mais vai vê-lo, do que importa o nome pelo qual você quer chamá-lo?"

"Não deixe que ele te convença disso, Matt. Eu ainda não devolvi o seu brinquedo do homem aranha, então isso quer dizer que eu não desisti ainda. Isso não é adeus, é até logo porque, não importa o que aconteça ou o que um pedaço de papel insignificante diga, você sempre vai ser o meu filho."

"Então até logo, papai. Eu te amo e eu confio em você."

"Eu também te amo. Muito." Ele respondeu com lágrimas nos olhos assistindo enquanto seu filho sumia com a distância


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