Choro de Criança escrita por kikodv
Capitulo O5 – O chá da manhã.
Estava tudo tão belo na manhã daquele dia, não havia muita neve, e o sol aparecia casualmente, deixando o tempo um pouco abafado. “Provavelmente hoje é dia de aula’’, pensou Evan levantando da cama com uma disposição tamanha. Estava tão ansioso para revê-la, e agora caminhar com ela sobre as ruas daquele sol cinzento.
Colocou as coisas na pasta velha, que passara de geração por geração, e ainda mantinha-se um pouco conservada, apenas com alguns rasgos aqui e ali, colocou o uniforme escolar, sua boina, aqueles sapatos pequenos com umas meias enormes e se dirigiu a sala.
Sua mãe estava deitada no sofá, cochilando. Seu pai estava lendo um pedaço de papel rasgado, que parecia ser um jornal velho com noticias muito antigas. Decidiu não acordar a mãe, trabalhou muito a noite passada e seu pai como era muito machista, não ajudara em nada. “Não irei ser assim, irei ajudar Lilian com as tarefas de casa, e sempre estarei ao lado dela’’ pensou e sorriu.
Saiu de casa encostando a porta para não fazer barulho, e andou em direção a casa de Lilian. Passou por aquele espaço de grama, onde outrora fora um pomar que costumavam roubar amoras e se lambuzarem de tanto comer, aqueles sim eram dias felizes.
Chegou a porta de Lilian como de costume, e esperou-a, encostando-se na parede. “Ficarei muito contente em vê-la’’ pensou. “Ontem foi incrível, e espero que se repita todo dia’’.
A porta se abriu, mas quem estava lá não era Lilian, e sim a mãe dela.
-Evan você já está aqui, entre para tomar um chá que ainda é cedo. –Disse a mãe dela apontando para a mesa.
-Obrigado Senhora. –Disse Evan entrando na casa.
Ele passou pela porta e viu novamente as paredes vermelhas e a lareira, porém hoje ela não estava acesa. Viu também um quadro de família, onde Lilian estava no colo da mãe descansando num sono profundo, e do lado seu pai, muito sério. Sentou-se à mesa, numa cadeira próxima a Lilian, que estava com uma roupa um pouco maior que ela costumava usar. Quando ela o viu, fez aquele sorriso meigo e singelo.
-Tome Evan, aqui temos pão e chá, sirva-se. –Disse a mãe da garota servindo-o.
O pai de Lilian estava com alguns papeis que pareciam ser da policia inglesa, examinando-os e escrevendo em um caderno próximo.
-Obrigado. –Disse Evan bebendo um gole de chá.
Tomaram chá da manhã tranquilamente. O sol batia na mesa, fazendo a clarear, e as xícaras reluzirem. Passados dez minutos, a mãe de Lilian começou a limpar a mesa, e de repente veio a imagem de seu pai em sua cabeça e o fez lembrar que não queria ser um homem como ele.
-Deixe-me ajudar a Senhora. –Falou Evan pegando sua xícara e a de Lilian da mesa.
-Obrigado Evan. –Disse a mãe conduzindo-o para a cozinha. –Você é muito gentil, sabia?
Agora estava em uma cozinha ampla, com um fogão a lenha muito grande e uma pia feita de uma pedra brilhante. Ao colocar as xícaras sobre a mesa, a mãe dela sussurrou para Evan, de modo que ninguém mais ouvisse:
-Lilian está com alguns problemas, então ela não irá hoje. –Sussurrou. –Me desculpe.
Quando Evan ouviu aquilo, sua felicidade desmoronou. Queria tanto andar com ela, conversar com ela. Ele abaixou a cabeça, tentando disfarçar a tristeza e disse:
-Tudo bem, não há problema algum. –Disse. –Tomara que ela melhore.
A mãe levou-o a sala, e Lilian não estava mais na mesa, devia ter subido ao quarto.
-Vá com Deus. –Disse a mãe para Evan.
Então o garoto saiu da casa e andou em direção a escola. Não bastou muito quando ele ouviu alguém lhe chamando.
-Evan! –Disse a voz.
Seu coração bateu forte. Evan olhou para trás e viu que Lilian estava na janela de seu quarto acenando para ele.
-Tchau! –Disse a garota.
-Tchau Lilian! –Respondeu Evan.
Ficou ali por um tempo a olhando, e lembrou que se ficasse mais um pouco ali, iria perder o horário da escola.
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