Capitulo O1 – Pensamentos

Ainda éramos apenas frágeis crianças quando comecei a sentir isso por ela. Foi tomando-me como fogo, um sentimento que invade a alma. Não sei o que é isso, nunca havia sentido antes. Sinto-me confuso e fraco toda vez que penso nela. Vejo-a todo dia, e isso se torna um martírio para mim.

Meu nome é Evan, nasci na periferia de Londres, tenho 14 anos. Tudo ocorrera bem até agora, sinto que não posso me divertir mais, queria brincar feito criança, mas isso incomoda as pessoas ao meu redor. Minha amiga é Lilian, uma menina simples, também da periferia de Londres, alguns meses mais nova que eu. Costumávamos brincar bastante algum tempo atrás, até que alguns garotos da escola fizeram um mal a ela. Ela não diz o que a fizeram, e costuma agora ficar isolada dentro de casa. Pelo menos se eu estivesse lá para protegê-la. Lá vem esse sentimento de novo, me sinto vulnerável, meu coração palpita forte, tenho que ir, estou atrasado, é perigoso ficar aqui fora por muito tempo.

Ainda éramos apenas frágeis crianças quando comecei a sentir isso por ele. É um sentimento inovador, me sinto bem, como se estivesse em um lugar aconchegante. Minha mãe diz que é paixão. O que é paixão? Na casa do Evan há vários livros interessantes, um dia perguntei a ele se podia me emprestar um livro de “paixão’’, mas a mãe dele recusou, disse que eu era muito jovem para ler aquilo. Hoje estou isolada em casa, contra minha vontade, raramente saio para vê-lo. Foi horrível, minha mãe diz que não é para eu comentar sobre o ocorrido para ninguém. Eu tinha 13 anos na época, tinha ido para a escola como sempre, mas aquele dia era diferente, Evan não estava comigo, tinha pegado uma forte gripe e havia ficado em casa. Tive aula de português e música, minhas duas matérias preferidas. Na hora da saída, quando estava voltando a pé para minha casa, fui surpreendida por alguns garotos que aparentavam ter 15 e 16 anos. Eles me pegaram e me levaram para um beco ali nas redondezas, me agrediram fisicamente e eu desmaiei. Acordei apenas no hospital com fortes dores no corpo, principalmente na minha parte intima. Minha mãe estava aos prantos do meu lado. Não sei qual o motivo que a fez chorar, talvez ódio, talvez arrependimento. Evan também estava lá, olhei para ele, os olhos verdes dele estavam cheio de lágrimas e minha mãe estava abraçada junto a ele. Bem tenho que ir jantar, minha mãe está me chamando, tem sopa hoje, meu prato predileto. Queria que Evan estivesse aqui comigo.