Reino de Luminus

Dia 20 de Junho.

Estou imensamente feliz. Claro, hoje é meu aniversário de doze anos e estou cada vez mais parecida com minha mãe. Eu realmente a amava. Minha pele é clara e meus cabelos são cor-de-fogo como ela.

Ops... Parece que me esqueci de apresentar-me. Meu nome é Alais, Princesa de Luminus e filha da Rainha Cristal. Não me leve a mal, mas eu não gosto do meu pai, o Rei Victor, eu ainda o culpo pela morte da minha mãe. Claro que não poderia esquecer-me de Heitor e Amélia, meus irmãos mais novos. Heitor é a imagem de Sua Majestade, Rei Victor, de cabelos preto-opacos e olhos azuis, apesar de seus olhos não serem frios como o de Sua Majestade. Ele tem apenas oito anos de idade. Minha pequena Amélia, como mamãe a chamava, tem apenas cinco anos e tem cabelos pretos como Heitor, mas tem os olhos verde-esmerelada da mamãe.

O Capitão da Guarda Real, Austin, se aproximava rapidamente do jardim em que eu me encontrava.

– Sua Alteza. – Ele se curvou, bagunçando seu cabelo loiro.

– Bom dia, Austin. Como esta?– Sorri. Austin era uma pessoa muito agradável e, apesar de ter o dobro de minha idade, é um exímio lutador e a quatro anos me ensina técnicas somente utilizadas por assassinos profissionais. Em resumo: Eu adoro esse cara.

– Bem, Sua Alteza, obrigado. – Ele parecia apreensivo. – Sua Majestade deseja vê-la imediatamente na sala de reunião.

– Tudo bem, Austin. Pode me acompanhar até lá? Não gosto de caminhar sozinha pelo lado leste do castelo.

– Como quiser, Alteza. – Ele sorriu.

– Sabe que não precisa me chamar assim, Austin. Somos amigos desde que eu me entendo por gente, além de ser meu professor.

– Eu sei, Alais. È a força do hábito, pois devo chama-lá de Alteza no castelo. Sinceramente? Acho que Rei Victor não me autorizaria ensinar-lhe técnicas assassinas.

– Sua Majestade não precisa saber disso. Ele disse por que quer me ver?

– Não me disse, Alais. Pediu apenas que a encontra-se e a leva-se diretamente para a sala de reunião.

A sala de reunião estava praticamente vazia, com exceção de Sua Majestade.

– Bom dia, minha querida. – Ele sorriu quando Austin fechou a porta atrás de mim.

– Bom dia, Sua Majestade.

– Serei direto com você, querida. – Seu sorriso desapareceu, e seu rosto ficou sério. – Você conhece o Príncipe Klaus, de Strelar?

– Sim, Sua Majestade. Eu brincava com ele quando minha mãe me levava para Strelar. Sua irmã, Princesa Eliane é um amor de pessoa.

– Sim. Isso é ótimo. – Ele parecia magoado por eu nunca tê-lo chamado de pai. – Quero que se case com ele quando completar dezesseis anos.

– O que?– Perguntei perplexa. Casar? COMO ASSIM CASAR?

– Você me ouviu, Alais. Agora pode sair.

EU NÃO ACREDITO NISSO!!! COMO ALQUELE REIZINHO DE ARAQUE OUSA QUERER ME CASAR TÃO JOVEM?? Sim, eu estou furiosa, não só porque terei que me casar contra minha vontade, mas também porque Klaus veio até mim e tentou me beijar como sinal de felicidade. QUE OUSADIA! Mas ele saiu de meu quarto quando atirei uma escova de cabelos nele. Tenho que falar com Heitor e Amélia agora! Mesmo sendo mais novos, eles vão me ouvir.

Caminhando pelo corredor escuro até o quarto da Amélia, ouvi uma pessoa gritando em um dos quartos de hóspedes. Com minha curiosidade, pus o ouvido atrás da porta.

– VOCÊ TEM QUE SE CASAR COM ELA IMEDIATAMENTE, KLAUS!! NÃO POSSO ESPERAR ATÉ QUE COMPLETEM DEZESSEIS ANOS PARA GOVERNAR ESTE PAÍS!

Essa é a voz do Rei Carlos, pai do Klaus. Espera! Como assim "governar"?

– Assim que vocês se casarem, vou me ocupar de eliminar os outros dois, então você e ela vão ter filhos e nossa linhagem vai governar tanto Strelar quanto Luminus. E então vamos cobrar impostos extremamente altos dos súditos e ficaremos extremamente ricos!– Ele riu maldosamente, mas Klaus não disse nada.

Minha família e meus súditos estão em perigo. Não posso deixar que Klaus assuma o trono, isso condenaria á todos. Mas, o quê fazer? Fugir? Isso seria covardia, mas não tenho escolha.

Passei parte do dia arrumando minha mochila com roupas e é claro que peguei minha espada de aço negro. Doze anos e fugindo de casa para não se casar com um cara que tem um pai malvado. Parece um conto de fadas. Odeio contos de fadas. Guardei muitas, muitas moedas de ouros e outras jóias que eu tinha, isso me sustentaria por muitos anos.

Sai silenciosamente do meu quarto e percorri o corredor até o quarto de Heitor. Deixei sobre a mesa de cabeceira uma espada de lâmina negra, como a minha, e uma carta. Inclinei-me sobre ele e lhe dei um beijo na testa.

– Por favor, cuide de Amélia. Eu te amo, meu pequeno.

Uma lágrima escorreu por meu rosto.

No quarto cor-de-rosa de Amélia deixei sobre a penteadeira um punhal de prata que mamãe havia me dado, um colar com uma pedra vermelha e uma carta.

– Até, minha pequena. Eu te amo. Proteja seu irmão, por favor.

Agora esta feito. Sequei minhas lágrimas e sai pelas catacumbas, já que apenas eu, Amélia, Heitor e Austin conhecíamos a entrada do labirinto subterrâneo.

21 de Junho

Agora são duas da madrugada. Sai pela floresta rumo á Elos. Espero que me perdoem, pequenos, mas não posso deixar que Carlos os machuque.

Meu nome é Alais Whinterheart. Tenho doze anos e sou a princesa fugitiva de Luminus. Prazer em conhecê-los.