Leandro agitou vigorosamente suas asas e ergueu-se do chão. Alçou voo e ascendeu até a altura das nuvens. Shaymin os seguia de perto, voando na mesma velocidade. Difícil é descrever o sentimento de liberdade e suavidade ao se voar. Nem Gabriela nem Leandro experimentaram algo assim antes.

— Pode ir mais rápido? – gritou Gabriela, pois pela altitude e velocidade em que estavam, se tornara difícil ouvir uns aos outros.

Leandro ouviu sua voz muito baixa. Gabriela então conversou com ele, usando telepatia. Ele entendeu agora e fez um mergulho, diminuindo sua altitude. “Parece uma montanha russa, Leandro”, disse Gabriela. “É mesmo”, ele respondeu. “Eu já te falei que você é legal?”, perguntou ela. “Umas 300 vezes nesse ano”, Leandro respondeu. “Bem, esta vez vai valer mais do que todas as outras somadas”, disse Gabriela. “Mas você ainda não viu nada”, disse ele, ao subir novamente e cruzaras nuvens, até que elas desapareceram da vista deles. “Acho melhor nós pararmos agora. Está ficando um pouco difícil de respirar aqui”, disse Gabriela. “Tudo bem”, disse Leandro, diminuindo sua velocidade até parar, suspenso no ar através de suas asas. “Que vista linda, o que você acha?”, perguntou Gabriela. “Eu amei. Só não tanto quanto eu te amo, sua linda.”, disse Leandro, “Sabe? Mesmo que tivesse tudo isto agora, sem a companhia de pessoas como você, não conseguiria me sentir feliz”, sorriu Bruno. “Para, seu fofo. Assim eu vou chorar”, disse Gabriela. “Quer voltar agora?”, perguntou Leandro. “Sim, quero. E obrigado por tudo”, disse Gabriela.

Os três voltaram à terra firme, próximos à casa da vila. Bruno aparece, mas é rejeitado por todos. Ele volta para dentro da casa.

— Eu vou lá falar com ele. – disse Gabriela.

— Não se preocupe, Leandro.

Bruno ainda estava chorando.

— Gabriela, por favor, me perdoe. - disse ele.

— Eu vou precisar de um tempo para pensar. O que você estragou dificilmente será consertado. - disse Gabriela.

— Mas eu faço tudo. Tudo o que eu puder para que ainda possamos ser amigos.

Gabriela lê a mente de Bruno e percebe que ele está realmente arrependido.

— O que você está disposto a fazer por sua amizade com o Leandro?

— Tudo.

— Então, faça exatamente o que eu disser.

Os dois começam a elaborar um plano para que o Leandro possa voltar a conviver com Bruno.

— Você diminuiu o Leandro. Agora precisamos equilibrar as coisas. Você precisa se diminuir ainda mais. - disse Gabriela.

— Até quanto?

— Até que o Leandro, depois de se sentir superior a você, sinta pena de você. Aí, poderemos voltar ao normal. Agora é o momento que você não deve tentar trazer a paz pelo carinho e persuasão. Você deve se humilhar continuamente. Você me entendeu?

— Entendi.

— Você não pode agora tentar vir com desculpas. Você tem de mostrar ao Leandro que você não se sente bem com o que aconteceu e que agora você perdeu todo o seu valor, todo o seu orgulho e toda a sua alegria. Você consegue isto?

— Eu consigo.

— Lembre-se de que, no ocorrido, quem saiu perdendo foi você.

Gabriela estava saindo.

— Espere. – disse Bruno.

Ela parou.

— Muito obrigado. Você me fez enxergar que eu estava errado. Por favor, me ajude. Eu suplico. Me ajude a não perder meus amigos. Me ajude a tratá-los de maneira digna.

— Bruno, você é realmente digno de pena. Eu vou ajudá-lo. Você precisa mudar seu caráter. Não apenas por seus amigos, mas por você mesmo.

— Eu entendo. Obrigado.

— Conte comigo. – Gabriela saiu.

— Pessoal. Pode demorar um pouco para que seja visível, mas eu sei que o Bruno tem seu lado bom. Ele tem qualidades: bondade, amor e lealdade. Por favor, vamos tentar esquecer o que aconteceu. Eu conversei com ele, e ele está disposto a mudar.

— Tudo bem. – disse Leandro.

— Fico feliz. – disse Shaymin – Eu sabia que ele não é inteiramente.

— Não é a questão da maldade. – disse Gabriela – Para amadurecer, precisamos aprender a não colocar nossas vontades e desejos acima do bem de nossos amigos e da nossa família. Ser mau é servir a si mesmo, sem se importar com o dano causado
às pessoas que estão à nossa volta. Por favor, perdoem o meu amigo. Deem a ele uma nova chance. Vamos nos reconciliar e ser bons amigos. Podemos viver tantas aventuras aqui. Podemos ficar felizes aqui. Enquanto estivermos juntos, tudo ficará bem.

— Leandro, podemos voltar para casa agora? – perguntou Gabriela.

— Sim, podemos. Chame o Bruno aqui.

Ela o chamou. Bruno veio cabisbaixo e se ajoelhou nas patas dianteiras de Leandro. Esse gesto surpreendeu o irmão de Gabriela.

— Bruno, - disse Leandro – estou disposto a te perdoar por aquilo. Mas você precisa me prometer uma coisa.

Bruno acenou que sim.

— Você não poderá me tratar daquele jeito. Nem faça nada ruim à Gabriela, da maneira que você tinha planejado. Se você fizer qualquer coisa a ela, eu virei atrás de você e só Deus sabe o que eu farei a você. Eu me vingarei da pior maneira possível.

Bruno acenou positivamente.

— Muito bem, então. Seja bem-vindo à família. – disse Leandro sorrindo.

Todos se abraçaram então.

— Ai, como eu amo finais felizes. – disse Shaymin.

— Espere aí. Agora somos quatro! Sabe o que isso quer dizer?

— O quê? – perguntou Leandro.

— Podemos nos tornar uma equipe de resgate agora. – disse Gabriela.

— O que é isso? – perguntou Leandro.

— Depois eu te explico. Agora precisamos voltar ao mundo real. Já está na hora. – disse Gabriela – No dia de amanhã, nos inscreveremos. O Bruno e eu precisamos estudar para a prova de quarta-feira.

— Tudo bem. – disse Shaymin – Eu vou esperar vocês aqui.

— Tecnicamente, sairemos e voltaremos no mesmo instante. O tempo aqui congela quando saímos. – disse Gabriela.

— É mesmo? – perguntou Gabriela.

— Sim. Agora vamos! – Gabriela segurou o cristal de fuga, que começou a brilhar, e os três amigos voltaram ao mundo real.

— Me desculpe, Leandro. – disse Bruno, oferecendo um aperto de mão.

— Desculpas aceitas. – respondeu Leandro de prontidão, fazendo um gesto com os dedos nos olhos, que diz ”estou de olho em você”.

Leandro e Gabriela foram para a sua casa. Bruno começou a estudar.