A Unificação Greco-romana escrita por Bruno Andrade


Capítulo 9
Oitavo Capítulo: Deméter consegue superar Afrodite no Candy Crush


Notas iniciais do capítulo

Gostei de escrever esse capítulo ;)

P.S.:Os personagens Argo, Duda, Garruk, Olive, Kaito e Miku são de minha autoria, portanto peço para que não os use em suas histórias. Grato!



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Sim, deuses possuem telefones celulares. Sim, Deméter é minha mãe. Não, Duda não é meu irmão. E sim, os deuses adoram Candy Crush.

Arrastamo-nos para longe da fogueira, Kaito abraçando Miku tão forte que as anacondas ficariam com inveja de sua força constritora. Ali estava uma mulher maravilhosa. Seus lisos e longos cabelos castanhos com mechas louras escorriam por seus ombros com brilho reluzente. Na orelha havia um galho de uma planta diferente e... Aquilo era um trigo? Ela usava um longo vestido branco com pequenos brilhos prateados e vários cordões da grossura de elásticos daqueles que se vendem em papelarias dourados desciam e paravam em seu peito. A mulher possuía em mãos um smartphone e parecia estar enviando uma mensagem a alguém. De seu joelho para baixo, de nada podia se ver, já que eram apenas chamas auriverdes.

–- Que... Quem é você? – perguntou Garruk.

–- Seu sátiro desprezível e inútil! Quem sou eu? Sou Deméter, oras!

Garruk parecia boquiaberto com a rude resposta de Deméter.

–- D... Desculpe-me senhora da agricultura - disse Garruk, com a voz trêmula – Eu não sabia que era você. Confundi-te com Perséfone. Ela é dona de aparecer em lareiras...

–- Não despreze minha filha, sátiro ridículo! – disse Deméter, parecendo seriamente humilhada – Quero ver meu filho, agora!

–- Si... Sim, mi... Minha senhora! – respondeu Garruk, ainda tremendo demasiado. Então, foi caminhando a passos largos e rápidos até Duda e agarrou-o pelo braço.

–- Esse não é meu filho! – berrou Deméter – Esse é o filho de Poseidon cujo ele amarrou junto a Argo, meu filho.

Aquela frase fez meu sangue borbulhar como refrigerante chacoalhado.

–- É a mim que você procura? Não é mesmo, mãe? – perguntei sem medo.

–- Sim, sim querido! – disse Deméter sorridente – Vamos ver... Desde quando pedi para que Poseidon te amarra-se junto a seu outro filho que por acidente nasceu! Que saudades!

–- Você está com saudades de mim, mesmo sendo uma gravidez indesejada? – perguntei, tentando parecer o máximo surpreso possível.

–- É claro filhinho! – disse Deméter, mexendo no celular.

Virei-me para Kaito, Miku, Duda e Garruk bruscamente.

–- Então por que diabos ela me jogou na caçamba de lixo. Será que essa tia que aparece do nada na fogueira possui miolos na cabeça, ou apenas trigo? E além de que ela nem pensou se me veria de novo para estar com saudades! Não é mãe, se é que posso te chamar desta forma...

Repentinamente, Deméter soltou um grito tão agudo que não sei como meus tímpanos resistiram.

–- O que aconteceu, Vossa Divindade? – perguntou Garruk, assustado.

–- Não acredito! – disse Deméter cheia de orgulho – Superei Afrodite no Candy Crush!

Meu sangue agora começara a dar beijinhos nos ombros. Estourei.

–- Então você, sua vaca, não prestou atenção em nada do que seu filho, cujo sentia tanta saudade disse? Você é mesmo uma mãe desnaturada.

Deméter, com lágrimas escorrendo de seus olhos, jogou o celular em meu rosto, acertando em cheio meu olho direito. Caí no chão e contorci-me. Aquilo doía muito. Com meu olho esquerdo, observei minha mão: sangue. Gritei ainda mais, achando que nunca mais veria com aquele olho. Garruk e Duda tentaram socorrer-me com guardanapos que havia pegado na cabine do avião. Deméter materializou suas pernas e aproximou-se de mim, fazendo com que Duda e Garruk se afastassem de mim.

–- Já que sou mesmo uma mãe desnaturada, um chute não faz mal a ninguém... – ela levantou as pernas e com toda a força concentrada em seu pé esquerdo, desceu-me um chute no tórax que me deixou sem ar. Mesmo com a insuportável dor, eu sentia pena de Deméter, e estava arrependido de ter dito isso a ela – Mandei uma mensagem pelo WhatsApp a Apolo. Ele irá buscá-los em breve e com ambrosia para você filho. Seu estúpido.

E como uma amorosa despedida, ela agachou-se e deu uma forte palmada em meu rosto. Agora, além de falta de ar, uma dor insuportável no olho direito e pêsames dentro do coração, ainda estava com o rosto ardente. Tudo por culpa de uma mãe literalmente desnaturada. Ela pegou seu celular, seguiu até a fogueira ainda chorando e desapareceu, apagando assim o fogo e deixando algumas coisas para trás.

–- Argo, durma um pouco – disse Duda, enquanto corria para perto de mim – Vai dar tudo certo.

–- Eu o levo – ofereceu-se Garruk – Você fica para ver as oferendas, e eu cuido dele.

–- Entendido! – disse Duda, que seguiu até a fogueira junto a Olive.

–- Kaito, Miku, venham conosco – disse Garruk enquanto pegava-me no colo – Vamos conversar um pouco.

Chegando à barraca, Garruk colocou-me em um lugar que podia ser o mais estragado e o mais desconfortável, mas parecia que o Paraíso havia se mudado para aquele local. Ele saiu e voltou depois de uns três minutos com um copo de um estranho líquido que se aparentava pela textura a chá e que tinha cheiro de cookies: minha comida predileta.

–- Beba Argo, far-lhe-á bem. – disse Garruk.

Peguei o copo da mão dele e bebi uma pequena bicadinha. E qual era o gosto? Exatamente: cookies. Virei o copo, e em cinco segundos desmaiei.

Acordei depois de algum tempo na barraca. A luz solar não mais invadia a barraca, o que demonstrava que já anoitecera. Na barraca apenas eu e Miku, ela me observando atentamente.

–- Ah, olá Miku! – disse meio constrangido – Não precisa se preocupar, já está tudo maravilhosamente bem!

–- Você baba enquanto dorme – disse Miku, saindo correndo da barraca cujo nós nos encontrávamos.

O gosto da bebida sabor cookies ainda prevalecia em meu paladar e eu não mais sentia dor. Ouvi um grito lá fora, cuja voz reconheci imediatamente:

–- Venha Argo! – disse Garruk – Apolo chegou há muito, iremos agora embarcar.

Saí correndo da barraca, passei pelo estendido cobertor, peguei um pacote de amendoins com casca e uma caixinha de suco e entre no carro de Apolo. Sim, no carro de Apolo, que a propósito era requintado demais para mim.

–- Odeio quando você troca de veículo a todo o momento, Apolo! – disse uma pequena menina, que aparentava ter seus doze anos – Por exemplo, há dez minutos você estava com uma Ferrari, e agora estás com uma Dodge!

–- Precisa-se de espaço para comportar tantas pessoas – disse o piloto, que aparentava ser o deus do sol Apolo – Me poupe Ártemis.

–- Irmão gêmeo estúpido – murmurou Ártemis.

–- Ei! – esbravejou Apolo – Nasci primeiro!


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Notas finais do capítulo

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