Yume Nikki - the story before the story escrita por Eloise Bruno


Capítulo 9
Empecilho


Notas iniciais do capítulo

Oi lindios eu sei que demorei um pouquinho, mas eu tinha algumas coisas para resolver. Queria avisa-los que semana que a semana de provas está próxima, por tanto não sei se vai dar pra atualizar nessa semana, mas farei um esforcinho ;) em compensação esse capítulo está bem grande, peço desculpas se alguém não disponibilizar de tempo para ler isso tudo :c mas não deu para cortar mesmo gente. enfim espero que gostem ^^ nos vemos lá em baixo. Ah e queria agradecer à Jhullyeta AD e Scarllety (e por ter favoritado *---*) pelos comentários, outros leitores fantasmas eu os Invoco ~(Ù-Ú)~



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Esfreguei minha bochecha em uma superfície macia sentindo seu cheiro peculiar. Parece shampoo, mas é estranho pois meus shampoo não tem esse cheiro.

Sentei-me ainda mantendo meus olhos fechados, espreguicei-me jogando minhas mãos para o alto e abrindo meus olhos lentamente de uma forma sonolenta. Olhei para as mãos a minha frente e estranhei o que estava vendo. Eu estava usando uma camisa excessivamente larga, mas por que?

Senti minhas bochechas queimarem lembrando dos acontecimentos da noite passada. Eu esqueci que estava com a camisa do Sensei, e pior dormi abraçada a ele.

A vergonha que sinto agora seria suficiente para que su morresse nesse instante.

Dei uma olhada no quarto onde estava, não era muito diferente no resto da casa, sem muitas coisas além de um criado mudo, uma estante ao lado do guarda roupa repleta de livros e uma porta - que deveria ser o banheiro - na parede oposta a cama de casal onde estou sentada.

– Bom dia – Uma voz suave chegou a meus ouvidos fazendo-me virar em direção à porta.

– B-bom dia – Masada-sensei estava na porta com seu corriqueiro sorriso gentil. Pus-me em pé rápida e timidamente. Aproximei-me um pouco dele, mas apenas o que meu desconforto com aquela situação permitiu – E-eu sinto muito por causar-lhe tantos problemas – Desculpei-me e curvei minha cabeça até que me lembrei de como estava vestida e fiquei ereta o mais rápido possível.

– A-ah não, não há pelo que se desculpar, não foi incomodo algum – Ele deu alguns passos em minha direção diminuindo a curta distância que não fui capaz de percorrer antes – Espero que esteja melhor – disse ele colocando sua mão sobre minha cabeça e afagando-a. Senti meu coração disparar ao sentir seus dedos passarem por meus fios de cabelo, e lembrei do que ocorrera na noite passada e queria que houvesse um buraco próximo para eu me enfiar e nunca mais sair.

– B-bom, por hora por que não coloca suas roupas para que eu possa te levar para casa – Minhas bochechas nunca estiveram tão quentes quanto agora, tem como isso ficar mais embaraçoso?

Mê vesti e Masada-sensei me levou para casa. Ele disse que eu deveria faltar, mas me fez prometer que iria no dia seguinte, eu não contestei, tudo o que eu queria agora era entrar em minha casa e não fazer nada o dia todo.

[...]

Mas uma manhã fria de inverno começa, mas não estou nem um pouco empolgada para ir ao colégio sei o que terei de enfrentar quando eu chegar lá e não é nada animador pensar sobre isso. Levantei-me da cama e vesti meu uniforme e fiz minhas clássicas duas tranças em meus cabelos.

Saí de meu prédio, a rua estava coberta pela cerração da manhã, parece estar mais frio do que nos outros dias. Tento convencer a mim mesma que o motivo é a temperatura estar mais baixa que o usual, mas lá no fundo fica martelando em minha mente a ideia de que o real motivo é que Monoko não está comigo... E nunca mais vai estar.

Observo a neve sob meus pés ficarem com pontos escuros em conta das lágrimas que deixei cair, limpei-as rapidamente, não posso ficar chorando para sempre. Comecei a andar arrastando meus pés pesadamente pela causada congelada segurando-me para não dar meia volta e ficar mais um dia olhando para o teto deprimente do meu quarto.

A única coisa que me deixa mais tranquila é saber que terei a meu lado Poniko, Yuki-san e Masada-sensei isso faz com que eu veja uma certa esperança em tudo isso, mesmo que eu ainda sinta vontade de chorar.

[...]

Cheguei a frente do colégio parei em frente a ele e olhei atentamente para a luz que era refletida pelas janelas, sinto novamente vontade de desabar sobre lágrimas. Meus joelhos estão trêmulos, mas esforço-me ao máximo para manter-me em pé. Não posso chorar agora, não depois de ter chegado até aqui.

Fecho meus olhos e respiro profundamente dando o primeiro passo adentro dos portões, tento manter meus olhos focados no chão, mas quando os ergo discretamente posso ver as pessoas sussurrando enquanto olham para mim. Algumas delas carregam em seu olhar pena e preocupação outros já lançam-me olhares frios e talvez um tanto raivosos. Eu entendo a primeira reação, mas a segunda não faz nenhum sentido e faz com que eu tenha a sensação de estar fazendo algo errado apenas no fato de estar aqui.

Finalmente chego a porta de vidro a frente dos armários de sapatos, eu não quero entrar lá eu quero ir pra casa, quero apenas ficar sentada no meu quarto escuro mergulhada nas memórias felizes que tive mesmo sabendo que não deveria nutri-las pela imensa dor que me causam, mas elas são meu único amparo agora. Eu suspiro levemente e olho para meus pés.

Eu tinha decidido parar de me lamentar não é mesmo?

– Mado-chan? – Levanto meus olhos e encontro a minha frente profundos olhos azuis com sobrancelhas franzidas sobre estes.

– Poniko-san – Ela parece preocupada. Claro que está depois de tudo que aconteceu ela deve ter ficado preocupada comigo, sua gentileza é tanta que faz com que meu coração doa a ponto de eu quase conseguir ouvi-lo trincando em meu peito. Ofereço-lhe um sorriso forçado embora eu saiba que em meus olhos me denunciam – Bom dia.

– Mado-chan por que não conversamos em outro lugar? – Poniko olhou de olhos cerrados para um grupo de pessoas próximo de nós que sussurravam entre si, provavelmente sobre mim. Ela pegou em meu pulso gentilmente e me puxou para um lugar aleatório.

– Você está bem? – Perguntou a loira ainda de sobrancelhas arqueadas – Q-quer dizer claro que você não está bem depois do que aconteceu e tudo o mais, mas gostaria de saber como está e... Sinto muito, devo estar parecendo inconveniente.

– N-não de maneira alguma – É bom saber que ela está preocupada, saber que ela se importa comigo - Estou apenas abalada, não sei como estou exatamente ou como deveria reagir a isso tudo, só estou extática em relação ao que aconteceu, mas ficarei bem logo... Eu com certeza ficarei bem – Minha voz começou a sair falha e trêmula, não aguentei e deixei que as lágrimas caíssem de uma vez.

– Mado-chan – Senti meu corpo ser envolvido entre braços macios e quentes da mais alta, não sei se devo ficar feliz ou apenas me deixar levar e ficar em prantos aceitando seu reconforto. Eu opto pela segunda opção, não conseguiria ficar feliz nessas condições mesmo que eu quisesse, agarro-me a Poniko e colo minha testa em seu ombro deixando que as lágrimas caíssem incessantemente. Choro de uma maneira que não ouso a mim mesma fazendo desde criança, posso escutar novamente meu coração, rachando-se e partindo-se em centenas de pedacinhos.

Depois de alguns minutos me solto da loira e começo a limpar meu rosto com as mangas de meu casaco, porém Poniko pega um lenço de seu bolso e termina o serviço por mim. Eu senti minhas bochechas queimarem, mas duvido que ela tenha notado já que meu rosto todo está vermelho e inchado em conta da minha choradeira.

– Prontinho – Disse a loira colocando parte de seu cabelo atrás da orelha e guardando seu lenço novamente no bolço da saia – Sente-se melhor?

– S-sim, muito obrigada.

– Que bom, agora vamos para a sala antes que o sinal toque – Disse a loira agora com seu corriqueiro sorriso cintilante.

– A-ah antes quero passar na enfermaria para falar com Yuki-san.

– A-ah sobre Yuki Mashiro-sensei...

[...]

Andava com a cabeça abaixada pelos corredores pensando no que Poniko me disse a pouco

”- Ela foi demitida, depois do incidente de bem... Você sabe. Parece que aquilo causou-lhe muitas complicações.”

Droga! Droga! Eu sou responsável por isso, é minha culpa Yuki-san ter sido demitida, eu me esforcei tanto para não causar problemas a ninguém e no fim foi só oque consegui fazer. Levantei meu olhos por um instante vendo as pessoas que estavam próximas desviarem seus olhares rapidamente, mas eu nem me importo mais.

Olhei para os lados e identifiquei a sala de Shitai e Monoko, como eu havia previsto sobre suas carteiras tinham vasos de flores, algumas pessoas notaram que eu estava parada na porta e me lançaram novamente olhares de pena e de raiva, eu apenas ignorei e fui para minha sala segurando ao máximo minha vontade de sair correndo e chorando para casa.

[...]

Era hora do intervalo, vou passa-lo sozinha já que Poniko teve assuntos a resolver, não é como se fosse a primeira vez que eu faço isso, antes de Shitai e Monoko tornarem-se meus amigos eu fazia tudo sozinha.

Decidi ir até o terraço onde era o mais longe que conseguiria ir para fugir de todos os olhares que me cercam. Subi as escadas ao lado no bloco de cimento e sentei-me no mesmo lugar onde Monoko e eu ficamos naquele dia, meus olhos ficam marejados ao me recordar disso, limpo-os rapidamente com as costas da mão, afinal eu decidi parar de chorar.

Sinto algo macio roçar em meus dedos e viro-me para ver oque é, Sora! Pego-o no colo e ele aconchega-se entre minhas pernas, fica me olhando com aqueles grandes olhos amarelos como se estivesse me vigiando, talvez ele esteja preocupado comigo ou pode ser apenas minha imaginação. Fiquei olhando para o céu quando ouvi o som da porta se fechando, que estranho eu jurava que havia fechado ela antes de subir aqui, talvez eu esteja ficando louca mesmo.

– Mado-chan – Passaram-se alguns minutos e ouvi novamente o som da porta, mas dessa vez estava acompanhada de uma voz que eu reconhecia muito bem olhei para baixo tomando cuidado para não machucar Sora.

– Poniko-san.

– Sinto muito por não ter vindo vê-la antes, mas para compensa-la por que não vem a minha casa hoje depois da aula?

– S-sério? – Eu na casa da Poniko? Nunca nem me passou pela cabeça ir até a casa de um amigo.

– Sim – Respondeu a loira com um lindo sorriso - Bom te espero na saída, peço desculpas novamente, mas terei que voltar, eu escapei para vir falar com você até depois.

– Até – Ela desapareceu porta a fora. Eu na casa da Poniko mal posso esperar.

[...]

Eu estava na biblioteca, gosto de vir aqui os livros são muito interessantes e poucas pessoas vem para está parte do colégio nesse horário. Eu estou lendo um livro sobre as civilizações antigas das Américas do Sul e Central, os maias, incas e astecas eu realmente acho fascinante sua cultura.

– É ela não é? – Ouvi alguns sussurros atrás da prateleira e pude ver entre os livros a minha frente um grupo de três garotas. Elas tinham a pele extremamente bronzeada e usavam maquiagem exagerada¹, uma delas tinha cabelos *compridos e tingidos de loiro, a garota a sua direita também tinha *cabelos longos mas de um castanho natural, já a que estava a sua esquerda tinha os cabelos tão danificados que parecia *esterco. Talvez eu esteja sendo um pouco malvada em pensar dessa maneira, mas de uma coisa eu sei elas não são o tipo de garota que eu vá querer me envolver.

– É ela mesma, olha só pra ela que patética – Disse a garota de cabelos danificados, elas não pareciam se importar com o fato de eu estar ouvindo tudo o que diziam, tentei ignorar seus comentários e me concentrar no livro.

– Himura-kun disse que a viu no terraço com um gato preto, estão dizendo por aí que ela é uma *bruxa - A garota de cabelos castanhos pronunciou-se e as três soltaram uma risada debochada. Então foi por isso que ouvi a porta bater naquela hora, isso me deixa um tanto com raiva.

– Disseram que ela fez de propósito, não deveria nem estar aqui deveria estar acorrentada em algum galpão sujo até a morte – A voz era da garota loira, suas palavras me atingiram como um raio, é por isso que algumas pessoas me olham com raiva! Pensam que o acidente foi minha culpa, que eu fiz tudo de propósito. Apertei meus dedos contra a capa do livro e cerrei os dentes, algumas lágrimas minhas caíram sobre as páginas do livro. Estão errados, estão todos errados!

– Vocês não deveriam estar indo para suas salas? – Ouvi alguém repreender as três.

– S-sim senhor – A loira respondeu e pude vê-las sair rapidamente da biblioteca.

– Masada-sensei – O mais alto veio até minha direção e posicionou-se a minha frente.

–Você está bem? – Perguntou ele colocando suas mãos sobre meus ombros.

– Estou – Disse secando meus olhos com a manga do uniforme – É só que, é só que... As pessoas pensam que o que aconteceu com Monoko e Shitai foi minha culpa, pensam que eu fiz de propósito – Não adiantou de nada eu limpar minhas lágrimas pois agora elas caiam sem parar, mesmo eu tendo decidido parar de me martirizar ainda sim elas insistem em cair. Sou mesmo uma fraca.

– Não, não é sua culpa Madotski-san, não ligue para o que eles dizem - Ele me puxou para perto de si, me agarrei a suas costas com toda a força que tinha. Pude sentir seus dedos acariciando meus cabelos.

– É sim é tudo minha culpa, e como eu não tenho ninguém estou completamente sozi- Fui interrompida por algo totalmente inesperado, Masada sensei estava pressionando seus lábios contra os meus, eu conseguia sentir sua presença fragrante invadindo minha consciência. Eu fiquei paralisada, mas não vou dizer que não gostei pois estaria mentindo. Ele se soltou de mim colocou suas mãos em meu queixo acariciando com os polegares minhas bochechas – que deveriam estar bem vermelhas agora-.

– Você não está sozinha Madotsuki-san, eu estou aqui com você – Disse o mais velho suavemente. Fiquei extática não sabia o que fazer ou dizer. De repente como em um estalo ele arregalou os olhos e soltou suas mãos de meu rosto enquanto a sua face ficava completamente vermelha – Me-me-me desculpe, eu sinto muito eu não sei o que deu em mim. A-acho melhor eu ir - Ele deu-me as costas e saiu da biblioteca em passos rápidos e largos. Pousei a ponta de meus dedos levemente sobre meus lábios tentando processar tudo o que acontecera e não pude deixar de sorrir ao pensar nisso.

– Mado-chan por que está aqui? Te procurei por toda parte - Virei-me e vi Poniko na porta com as mãos sobre a cintura - E por que está vermelha como um tomate?

– N-não é nada, vamos logo - Fui a seu encontro e ela me encarou de sobrancelha franzida, claro que ela não acreditou no que eu disse, olhei para o final do corredor em quanto caminhávamos em direção a saída na esperança de encontra-lo, mas estava completamente deserto.

[...]

– Nossa – Exclamei. O quarto de Poniko é lindo, é completamente cor-de-rosa, é maior que o meu. A mobília é toda rosa também.

– Entre, por favor, sinta-se a vontade – Poniko segurava a porta com um lindo sorriso - Vou buscar alguma coisa para comermos.

Adentrei naquele *mar cor-de-rosa e me sentei em um pufe que havia próximo a cama. Poniko retornou com uma bandeja em mãos, sentamo-nos na mesa de centro e começamos a conversar em quanto comíamos.

– O que acha do Masada sensei Mado-chan? - Poniko me perguntou apoiando seu queixo sobre seus dedos entrelaçados.

– Vo-você já me perguntou isso - A cena do beijo me vem a mente quando ela diz esse nome, droga devo estar bem vermelha.

– Então você gosta dele mesmo não é? – Eu não havia notado antes, mas Poniko está com um olhar escuro e sem vida, sem a cintilância usual que exala - Mas você sabe ele é mais velho que nós, uma diferença considerável - Sua voz também parece estar diferente mais pesada, cínica. Isso está começando a ficar esquisito.

– S-sim eu sei disso – Eu não tinha pensado nisso direito, mas ela está certa nossa diferença de idade é grande.

– Não fique assim com essa cara desanimada, eu só quero o seu bem – ela colou sua mão sobre a minha gentilmente, não sei se devo acreditar nela ou não, que bobagem a minha claro que devo Poniko sempre está me ajudando e disse que quer me proteger então deve estar tentando fazer o mesmo agora.

[...]

– Madotsuki-san a presidente solicita sua presença na sala do concelho estudantil – O vice-presidente Dave me abordou na entrada do colégio.

– A-ah sim – Eu tenho um mal pressentimento sobre isso.

– Me acompanhe por gentileza – Ele virou-se e o segui pelos corredores, sem desviar os olhos de seus caminho por um segundo, é como se tivesse sido programado, nenhum de nós deu um único pio o trajeto todo.

– Por favor, entre - Ele abriu a porta e não entrou acho até mesmo que saiu do corredor.

– Olá Madotsuki-san – Monoe estava perto da janela com os braços cruzados e me encarando com olhos inexpressivos. Ao olhar para eles sinto novamente aquela sensação horrível de estar sendo sugada para uma escuridão inacabável, afasto estes pensamentos ao notar que estou a encarando por tempo de mais.

– Pre-presidente - Tento não parecer tão nervosa quanto realmente estou, mas acho que não está funcionando estou suando frio e minhas pernas estão bambas, a presença dela é mórbida demais para eu conseguir ficar calma.

– A mãe do aluno falecido veio ao colégio entregar algo que aparentemente está endereçado a você – A palavra “falecido” faz com que meu coração antes acelerado pela presença de Monoe pare de vez. Ela está falando de Shitai-san.

Ela olhou para um pacote prateado em cima das carteiras que ficavam unidas viradas de frente umas para as outras para as reuniões do concelho. Era um presente, ela o arrastou pela superfície da mesa com a ponta dos dedos mais para próximo de mim, o peguei em mãos e abri. Dentro continha um jogo, escrito *“NAZU” em seu rótulo, a frase “eu deveria compensa-la de alguma forma” atinge minha cabeça como um raio. Sem que eu notasse as lágrimas já tinham começado a cair. Tinha um bilhete no pacote também o peguei em mãos e comecei a ler.

“Me lembrei que você disse que ganhou um videogame novo dos seus pais, mas não tem jogo algum, eu vi isso outro dia e me lembrei de você, veja como um agradecimento por estar me ajudando com Monoko. Você é uma amiga maravilhosa”²

Me segurei para não desabar no chão aqui mesmo, limpei minhas lágrimas e olhei para Monoe, sua expressão não mudou em nada ainda estava me fitando com aqueles olhos frigidos e profundos.

– Mu-muito obrigada.

– Não fiz nada mais que meu trabalho – Ela respondeu secamente virando e sentando-se na cadeira na ponta da fileira.

– Mo-Monoe-san - Hesitei um pouco em falar, sinto como se ela quisesse que eu saísse logo – Eu sinto muito... Pela Monoko.

– Mas eu não – Sua resposta foi seca e direta ela me lançou um olhar mais gélido que os anteriores - Para mim foi um alívio.

– H-hã? - Como assim alívio, eu não entendo. Ela está dizendo que a morte de sua irmã é algo a ser comemorado?

– Madotsuki-san eu vou te contar algo que tenho certeza que você já sabe – Ela levantou-se e veio de meu encontro arrastando seus dedos suavemente pelas mesas. A distância entre nós não era muito grande, eu estava paralisada ela me dava medo – Eu odeio a Monoko.

Não estou entendendo nada como assim ela odeia Monoko? Eu sabia que elas não se davam muito bem, mas ódio é muito além do que eu esperava.

– Monoko... era sempre ela, tudo era sempre ela! – Ela cravou suas unhas na madeira das mesas a sua direita – Eu não existia para meus pais era sempre Monoko isso Monoko aquilo – Seus olhos antes inexpressivos e gélidos agora emanavam ódio – Mesmo com aquelas notas patéticas, mesmo ela sempre arrumando confusão, mesmo ela sempre sendo apenas um problema um... Um empecilho! Eles ainda a amavam e lhe davam toda a atenção.

Eu não estou com medo, estou apavorada! Ela foi diminuindo nossa distância gradativamente, podia sentir sua respiração ofegante em minha face, eu queria correr, mas minhas pernas recusavam-se a se mover.

– Eu podia ter sempre as notas mais altas, podia ganhar todas as premiações, até mesmo me tornei a presidente do conselho e pra que? Pra nada! Era insignificante para eles - Ela bateu sua mão com raiva na mesa me assustei com o ato, mas não desviei meus olhos dos dela. O calor passava pelo meu corpo como correntes elétricas - Mas eu não preciso mais me preocupar com isso, ela não está mais aqui! Agora eu sou a única a quem eles tem, a única a quem darão amor - Uma risada começou a brotar no fundo de sua garganta, logo ela estava rindo como uma psicopata ensandecida.

Consegui mover minhas pernas e sair de lá, ainda podia ouvir sua risada ecoando no corredor, ou será que está ecoando em minha cabeça? Corri o mais rápido que pude, eu tenho que sair daqui. Fui para um lugar aleatório da escola ainda incrédula no que acabei de presenciar.


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Notas finais do capítulo

² - Eu não tinha explicado mas minha fic não ocorre nos dias de hoje em conta das roupas e do videogame da Mado presumi que o universo de Yume Nikki se passasse por volta do fim dos anos 80 e começo pro meio dos 90.

¹ - Esse tipo de garota é chamada de Kogal vou deixar aqui um resumo sobre elas: Tribo de adolescentes que seguem tendências e curtem um visual transado e sexy. Elas têm itens indispensáveis como: minissaia colegial, sapatos estudantis, meias folgadas quase sempre brancas e usadas abaixo dos joelhos, telefone PHS, suéter grande e lentes de contato castanhas.Fazem bronzeamento artificial, frequentam salões de beleza, adoram itens caros (muitas vezes se prostituindo para compra-los). Aqui são a representação daquelas "coisas" que no jogo concedem a você os efeitos: Long hair, Blonde hair e Poop hair ^^ (http://dayofacloseddiary.tumblr.com/image/73150021086 )