Yume Nikki - the story before the story escrita por Eloise Bruno


Capítulo 18
Traços de você


Notas iniciais do capítulo

OEEEEEEEE o/ Ai lindios nem acredito que estou de volta *----* Com um computador novo e tudo. Sei que sentiram saudades minha... N-Não? Só da fic? tudo bem então ;-; Bom sei que devem estar tão ansiosos quanto eu então chega de prolongamentos, nos vemos lá em baixo.

Agradecimentos: Agradeço pelas favoritações a Samyy Chan, resenoski (que só me enche o saco, mas que eu amo), Yasu e a Colorful ^^ Obrigado pelo apoio gente, e a todos você que continuam lendo mesmo depois de tudo isso.

(Nome de capítulo lixo eu sei e.e)



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– Mado-chan – Ouvi a porta de correr se abrindo rente ás minhas costas, vi pelo canto dos olhos quando sentou-se ao meu lado no degrau, e senti sua mão repousar sobre meus cabelos soltos e bagunçados, sequer me lembro da última vez que os deixei serem tocados pelo vento dessa maneira – Não quer entrar para comer algo?

“Comer algo” ... A quanto tempo não como alguma coisa? Não que eu queria fazer qualquer coisa nos últimos dias, não sei exatamente quando, mas parei de me importar com qualquer coisa que não fosse ficar aqui sentada olhando as horas de dia após dia passarem diante de meus olhos opacos e cansados.

– Não quero – respondi ríspida.

– Tem certeza meu amor? Já têm dias que não come nada, se quiser posso fazer o seu preferi...

– JÁ DISSE QUE NÃO QUERO! – Interrompi-a bruscamente antes que terminasse de falar. Senti seus dedos que até então corriam pelos fios de meu cabelo se afastarem de imediato. E sem dizer mais nada ela abriu a porta novamente e voltou até a porta.

Não queria tratar minha mãe dessa maneira, ou machuca-la de qualquer forma, mas como pode-se não machucar alguém quando já se está coberto de feridas?

Já faz uma semana desde que saí do hospital, mas não me sinto melhor, na verdade nunca me senti tão mal em toda minha vida. Minha mente está exausta, não descansa por um segundo, sempre me levando para aquele dia, aquele miserável dia...

Consigo me lembrar do cheio de sangue impregnando o lugar e a dor latente em minhas pernas, presas em uma montanha de carne morta. Minha consciência atordoada pela visão da pessoa que eu mais amava morrendo em meus braços, estando tão perto, tão perto... e mesmo assim tão distante.

Poderia dizer que assim como Shitai e Monoe ver sua respiração desacelerando lentamente estava me destruindo, partindo em mil pedaços, mas eu estava tão imersa em desespero que sequer consegui senti-la.

A memória daquele momento, em que ele estava bem ali em meus braços, como em incontáveis vezes antes, mas ao contrário das vezes anteriores eu não estava embriagada em seu toque gentil, em seu cheiro ou calor, estava apenas ali de joelhos sentindo esse mesmo calor deixar seu corpo, incapaz de fazer qualquer coisa para impedir. Minha última memória de Masada Sensei foi de tê-lo em meus braços a beira da morte... Esse mundo... é muito cruel.

O vento começou a chocar-se contra meu rosto, fazendo as lágrimas se espalharem mais ainda por meu rosto, mas eu não me importo com isso, não me importo com mais nada, tudo o que quero e tê-lo de volta, senti-lo novamente poder olhar para seu sorriso e dizer que o amo, amo mais que tudo. O que eu não daria para ter apenas mais um minuto com ele.

Masada Sensei...

[...]

Meu quarto já está começando a cheirar a mofo, mas não quero e não vou me incomodar com isso, mesmo que o cheiro tenha impregnado as cobertas me recuso a sair de dentro delas. Meus pais ficaram mais distantes desde o dia em que acordei no hospital.

Meus gritos de desespero, as enfermeiras tentando me segurar e meus pais tentando me acalmar, tentando de alguma forma chegar até mim, mas era impossível me alcançar naquele instante, talvez até mesmo agora. Tudo o que conseguia fazer era entrar em pânico e tentar me convencer de que não era verdade, que tudo não passava de um sonho, mas a calma só veio quando senti algo perfurando minha pele, uma seringa, e então tudo escureceu novamente e fui enviada para um reino de isolamento mais uma vez.

Minhas mãos estão tremendo ao pensar em tudo isso, seguro minha própria mão para faze-la parar, mas sinto uma sensação gelada na ponta de meus dedos: Meu anel. O anel de noivado que Masada Sensei comprou para mim no mesmo dia em que... em que o acidente aconteceu.

Corri meus dedos pelo metal, agora arranhado e pela pequena pedra no topo, agora, rachada. Senti as lágrimas brotarem em meus olhos, me encolhi como uma bola e trouxe minha mão junto a meu peito. Mesmo sendo só um objeto, mesmo sendo algo tão pequeno ainda assim é tudo o que tenho de você agora.

Em meio a soluços e lamentos caí no sono tentando tirar daquele pequeno objeto qualquer tipo de conforto que me lembrasse você.

[...]

Passei meus dedos pelos números dourados descascados da porta branca que conhecia tão bem, sentindo a dor sobre minha cabeça como se pesasse uma tonelada, me levando cada vez mais para baixo, fazendo meus joelhos vacilarem. Eu saí de casa sem avisar ninguém, sem ao menos saber para onde iria, mas minha vontade de tê-lo comigo me trouxa para cá novamente, para o único lugar onde ainda há qualquer resquício de que ele um dia existiu.

Peguei uma pequena chave dourada no bolso de meu casaco, Masada Sensei me entregou uma cópia um dia antes do acidente, disse que agora era meu também, que aquele seria nosso lugar, onde poderíamos criar nosso bebê sem nos preocuparmos com ninguém, apenas nós três, para sempre... ou pelo menos era o que eu pensava.

Coloquei meus dedos trêmulos sobre a maçaneta dourada e a girei sentindo o cheiro de mofo invadir minhas narinas. Tudo estava escuro, um completo breu. Adentrei no apartamento, não me importei em tirar os sapatos, eu só me importava em sentir, sentir qualquer coisa que pudesse me fazer senti-lo novamente.

Andei por cima das pilhas de livros no chão, tentando não pisar em nenhum. No meio deles vi o livro azul, com uma árvore alaranjada na capa, o peguei em minhas mãos e passei meus dedos pela capa gasta e lisa do livro. Mesmo sendo o livro do nosso primeiro encontro e também o que ele mais lia para mim, ainda assim não sinto nada. É como se sua presença tivesse se esvaído até mesmo das coisas de que mais me lembro. Esse pensamento martelava em minha cabeça me fazendo querer desabar novamente.

Afastei esses pensamentos de minha cabeça, eu sei que deve haver alguma coisa aqui que me leve para perto dele, nem que seja um pouco, um pouco já basta. Cheguei ao próximo cômodo, não estava tão bagunçado quanto o hall de entrada, estava apenas... silencioso. Esse lugar sempre foi inundado com a música calma do piano do Sensei, com seu riso encantador, ou com sua voz serena em quanto lia um livro qualquer para mim, que sequer prestava atenção, por que estava ocupada demais ouvindo apenas o som de sua voz, sem me importar com mais nada.

Passei a mão pela superfície empoeirada da mesa, e pelas cadeiras, onde eram nossos lugares, e de mais ninguém. Passei meus dedos pelas canecas que estiveram em suas mãos tantas vezes, mas não era como antes, não podia sentir o calor na ponta de meus dedos ou o cheiro de chá fresco. Tudo o que senti foi... frio, tão gelada quanto o chão, as canecas que por vezes acompanharam nossas conversas nesse cômodo também não me traziam nada, apenas angustia e uma terrível sensação de solidão.

Olhei para a porta branca a minha esquerda, o quarto de Masada Sensei. Onde entreguei meu corpo, minha alma e meu amor ao Sensei, onde nada poderia me atingir onde tudo o que eu tinha e tudo o que importava era ele, só ele...

Me dirigi até a porta e abri sentindo o cheiro de poeira e mofo novamente. Me aproximei da cama e toquei os lençóis delicadamente, tentando tirar dali qualquer coisa deles... Mas mais uma vez não sinto nada. Tudo o que era nosso, tudo o que construímos aqui dentro, abandonou esse lugar por completo, e sobraram apenas... a poeira e as traças.

Me levantei cambaleante sentindo como se minha consciência tivesse sido drenada de meu corpo.

Não pode ser... tudo... se foi!

Apoiei-me em uma das paredes e fui em direção da porta, olhando tudo em volta novamente, tudo aquilo havia se tornado apenas sombras, uma vaga lembrança de uma vida que eu amava, de alguém que eu amava... Nada além de traços do meu maior tesouro, que sem aviso, foi arrancado de minhas mãos e quebrado em mil pedaços, sem que eu pudesse fazer nada além de vê-lo quebrar.

Apoiei-me na moldura da porta, olhando para a sala entulhada, para mais traços de algo que não posso mais recuperar. Me recordando de todas as xicaras de chá, de todos os poemas, de todas as músicas... espera um pouco, Música, é isso! Como pude ser tão idiota?

Em um salto corri em direção do piano de armário encostado a parede, ainda estava do mesmo jeito que foi deixado por ele, com todos os cd’s e o tocador de discos, infelizmente estavam, como o resto da casa, cobertos de poeira.

Se há qualquer coisa nesta casa que carregue um pouco de Masada Sensei, essa coisa é a música. Repousei meus dedos nas teclas sujas, pronta para começar a tocar, mas então me toquei que não sabia tocar aquilo como Masada Sensei, e aquela pequena fagulha de esperança que havia surgido foi se enfraquecendo, ficando cada vez menor, quase inexistente.

“Não precisa saber tocar para conseguir conforta-lo”

Ouvi aquela voz ecoar em minha mente, quase como se não quisesse que a fagulha se apagasse, a voz do meu amado, a voz que desejo tanto ouvir novamente por apenas mais um segundo.

Me lembrei de uma conversa que tivemos alguns dias antes do ocorrido. Estávamos sentados aqui, neste apoio¹, pedi a Masada Sensei que me ensinasse a tocar alguma música calma e simples no piano, pois queria poder acalmar nosso bebê quando ele não estivesse em casa... Nosso bebê.

Levei minha mão ao meu colo, onde agora se encontrava uma grande cicatriz, a marca de outra coisa preciosa que perdi sem sequer ter a oportunidade de fazer algo a respeito.

Meu bebê, meu pequeno bebezinho, que sequer tive a oportunidade de conhecer, de dar amor, de sentir...

Senti as lágrimas rolarem por minhas bochechas em uma torrente.

– D-Deus o que eu lhe fiz para ser tão cruel a ponto de tirar de mim um filho que sequer pude ter em meus braços e dizer que o amava? – Sussurrei entre soluços.

Devo estar com uma aparência miserável agora, chorando tão alto que é provável que até mesmo os vizinhos possam ouvir. Mas eu não me importo, eu não me importo mesmo, tudo o que quero é tê-los aqui comigo. Quero Masada Sensei de volta, quero meu bebê de volta, quero minha felicidade de volta!

“Tudo o que tem que fazer é tocar as *três notas que já conhece, nesta ordem e verá que não somente o bebê, mas você também se sentirá mais calma, lhe garanto”

A voz ecoou mais uma vez em minha cabeça, me trazendo de volta a realidade. Coloquei os dedos novamente sobre as teclas e com mãos trêmulas e visão embaçada, toquei aquelas notas agudas e suaves, as fazendo acompanhar o som de alguns de meus soluços restantes.

As toquei novamente, novamente, e mais uma vez, até que me sentisse melhor ou pelo menos não tão arrasada quanto antes. Tudo o que consegui pensar foi que de alguma forma, pude alcança-lo através dessas simples e curtas notas.

Continuei tocando, me lembrando dos momentos felizes que tive com ele, as repassando em minha memória tentando sorrir, mesmo que me parecesse algo impossível nos últimos tempos. Não sei quanto tempo fiquei ali repetindo o mesmo processo incessantemente, mas em algum momento ouvi outro som se sobrepor aos do piano: O som da porta.

Me levantei do apoio e sequei os resquícios de lágrimas do meu rosto, abri a porta e lá encontrei um senhor gordo e atarracado, que pareceu surpreso de me ver ali.

– O-Olá senhorita.

– O-Olá.

– Desculpe se estou sendo rude ao perguntar isso, mas a senhorita tem algum parentesco com o ex-proprietário deste apartamento?

A pergunta me pegou de surpresa e também tirou a pouca felicidade que havia juntado instantes atrás.

– N-Não exatamente, não sei ao certo se posso me considerar algo do tipo – Respondi ao home, porém falando mais para mim mesma do que para ele - Ele me encarou de forma estranha. Não precisa ser muito inteligente para saber o que se passou em sua cabeça nesse momento, mas não posso culpa-lo qualquer pessoa encararia essa situação da mesma maneira. Talvez até mesmo eu o faria se não tivesse vivido tudo o que vivi.

– Bom, a senhorita possui uma cópia da chave, não é mesmo? - Prosseguiu tentando não aparentar ter nenhum outro pensamento que não fosse sobre o apartamento – Do contrário não teria conseguido entrar.

– S-Sim, eu tenho uma cópia - Disse segurando o pequeno objeto dourado entre meus dedos com força – H-Há algum problema senhor...

– Ah sinto muitíssimo, que grosseria de minha parte. Me chamo Juyosei Nashi², sou o síndico deste prédio - Ele apertou minha mão, mas não parecia verdadeiramente feliz na verdade parecia um tanto incomodado - E creio que haja sim um problema sim, senhorita... Sinto muito, qual é seu nome minha jovem?

– Madotsuki - Respondi já não dando tanta importância a cordialidades - Q-Qual o problema?

– O problema, senhorita Madotsuki, é que infelizmente não posso deixa-la ficar com essa chave.

A pequena e fraca fagulha que se mantinha acesa dentro de meu coração desapareceu como as brasas de uma fogueira. Como assim “não posso ficar com ela”?

– M-Me desculpe, mas não compreendo o porquê disso – Retruquei já entrando em pânico.

– Por favor senhorita deixe-me explicar - Disse ele tentando me acalmar, e escuta-lo com clareza - Como o proprietário deste apartamento er... Faleceu, infelizmente, não podemos mais mantê-lo com seus pertences. Temos que retira-los para que possamos receber o aluguel de novos inquilinos que poderão ocupa-lo novamente.

Tudo o que ele disse, todas as palavras, pareceram tiros em meu peito. Tudo que era do Sensei não estaria mais ali, tudo o que vivemos neste apartamento agora seria apagado completamente e preenchido com memórias de outras pessoas, e minha única chance de tê-lo de alguma forma perto de mim iria... desaparecer por completo.

– N-Não podem fazer isso, não podem tirar as coisas do Sensei daqui, ou então... ou então... - Comecei a entrar cada vez mais em pânico.

– E-Eu sinto muitíssimo senhorita, mas não há nada que eu possa fazer.

– P-Para onde todas elas vão? - Perguntei sem nem conseguir respirar direito entre as palavras.

– C-Como? – Perguntou confuso.

– As coisas! Para onde vão as coisas do Sensei?

– Todos os pertences do Senhor Masada foram requisitados por sua mãe – Respondeu o homem com um olhar espantado - Se não me engano ela mora em Hokkaido.

Hokkaido? Tão longe... minha única ligação restante com o Sensei está sendo levado para milhares de quilômetros para longe de mim, e novamente não há nada que eu possa fazer... Só pode ser mentira, tem que ser uma!

– Eu sinto muito mesmo - Disse o homem pegando a chave gentilmente de minha mão, mesmo que eu tenha tentando resistir e não querer solta-la por nada. Ele trancou o apartamento do Sensei, aquele apartamento com a porta branca de números dourados desbotados e descascados, onde provei das mais intensas as mais suaves sensações, onde as paredes brancas haviam presenciado o mais puro amor que já senti por alguém estava se fechando diante dos meus olhos, e nunca mais abriria para mim novamente.

O homem deixou o corredor sem dizer mais nada, apenas com um olhar de culpa e pena em seu rosto. Pegou o elevador e sumiu entre as portas prateadas, me deixando ali desabando em mil pedaços.

Deus é mesmo cruel...


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Notas finais do capítulo

Então é isso lindios, capítulo melancólico pra caramba, mas essa era a intenção ^^ Já sabem né: Gritem, chorem, berrem, esperneiem, riam, mas acima de tudo COMENTEM ;) nos vemos no próximo capítulo - que creio que será breve já que hoje foi meu último dia de aula UHUUUUUU - e bjinhus de pastinaca com trufa falsa pra tus >3● (sei que sentiram falta disso hsauhsua)

¹ > Acho que é assim que é chamado aqueles "banquinhos" de piano.

² > Isso é simplesmente a tradução do nosso querido amigo Google tradutor para a frase "Sem importância" shaushua é quando a criatividade acaba a gente apela.

~ HORA DO CONVITE~: Então pessoas queria convida-los a dar uma olhadinha na minha nova fic "The Big Four - A Hogwarts Adventure -" se você faz parte da fandom do the big four, e gosta de crossovers envonvendo Harry Potter pode ser que goste de minha fic (mentira sei que vão amar *le Eloise SUPER modesta*)

Aqui o link para os lindios interessados: http://fanfiction.com.br/historia/549682/The_Big_Four_-_A_Hogwarts_Adventure_-/



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