Distrito Um escrita por Peixotize


Capítulo 8
Distrito Treze




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/451278/chapter/8

– Desculpe. – Quinn sussurrou olhando para a morena encolhida na poltrona próxima a cama. Suspirou quando não recebeu uma resposta. Rachel olhava para o chão enquanto abraçava as pernas que estavam sobre a poltrona.

Sentia suas costelas queimarem de dor, mas sabia que o remédio estava fazendo efeito pois sentia o sono fazer seus olhos pesarem. Não queria dormir antes de falar com Rachel, e a morena parecia não querer falar nada. Tudo bem que ela fez algo errado, mas receber nada em resposta é pior do que uma briga com gritos. Quinn suspirou novamente e sentou mais ereta para que não dormisse.

– Rach? – Murmurou e ficou feliz quando a morena direcionou os olhos para ela. – Me desculpa?

Rachel suspirou e escondeu o rosto nos joelhos. Quinn respirou fundo e gemeu quando suas costelas arderam mais ainda. Rachel tirou o rosto dos joelhos e olhou preocupada para a loira. Sorrindo para a morena, Quinn colocou as mãos sobre o abdômen, e reprimiu a careta quando a dor lhe atingiu.

– Tudo bem? – Quinn assentiu e sorriu novamente para Rachel. Pelo menos não tinha estragado tudo, Rachel ainda se preocupava com ela, mesmo não tendo sido algo tão preocupante, Quinn ficou com medo. Abriu a boca para pedir desculpas novamente, mas Rachel tomou a frente. – Não precisa, não tem necessidade.

E voltou a esconder o rosto deixando Quinn frustrada e dolorida. Precisa de mais morfina, e não queria pedir para Rachel até que ela lhe desculpasse. Suspirou lentamente para evitar a dor e pigarreou para clarear a voz.

– Sim, eu preciso, eu não deveria ter feito aquilo.

Rachel tirou o rosto dos joelhos e Quinn sentiu seu coração se partir ao ver os olhos castanhos cheios de lágrimas novamente, e novamente por sua culpa.

– Não faz mal, Quinn, está tudo bem.

– Não, não está, eu te afastei, desconfiei de você quando você praticamente me confiou a vida. Eu fui idiota, me desculpa?

Rachel suspirou e se sentou do jeito certo na poltrona. Respirou fundo e olhou para o teto do quarto. Parecia estar pensando. Quinn não disse nada no momento, e nem precisou dizer pois alguém entrou no quarto.

– Olá, senhorita Fabray! – Era algum médico, e Quinn se sentiu aliviada por estar vendo algum profissional ali. – Está sentindo dores?

– Eu..

– Ela está sentindo dores nas costelas. – Rachel disse por Quinn e levantou da poltrona se postando do lado da loira, pegando a mão dela e apertando-a entre as suas.

– Oh, deixe me ver. – O cara se aproximou e tocou o abdômen de Quinn encima das costelas, a loira tentou não gemer de dor, mas o cara resolveu apertar e Quinn se controlou para não chorar. – Bem, vou aplicar mais um pouco de morfina e você irá dormir, precisa descansar, e quando acordar iremos transferi-la para seu quarto.

E então entrou mais dois caras, vestidos com roupas azuis e foram mexer na agulha que tinha no braço de Quinn. Rachel ajudou a loira a se deitar na cama, enquanto a morfina começava a fazer efeito. O médico foi embora, mas antes se apresentou como Harold, e então ele se foi levando os outros dois enfermeiros com ele.

Seus olhos pesavam terrivelmente e com Rachel acariciando seu cabelo, Quinn só queria dormir.

– Descanse um pouco. – Rachel sussurrou colando os lábios na testa de Quinn.

– Deita comigo. – Sussurrou sonolenta e Rachel sorriu deitando no pequeno espaço que tinha na cama. Quinn virou e colocou a cabeça sobre seu abdômen. Rachel riu e continuou passando os dedos pelos fios loiros. – Me desculpa?

– Deixa isso para lá, Quinn, eu não me importo. – Sussurrou e sorriu quando Quinn não se manifestou.

Ela tinha adormecido.

XxX

Santana sorria enquanto olhava para a imagem na sua frente. Tudo estava dando certo. Eles estavam a dois dias do Distrito Treze, e tudo finalmente estava dando certo. Sentia que aos poucos ia vingando a morte de Daniel. Seu irmão ficaria feliz, sua família está segura, todos do Um estão seguros. Presidente Snow está perdendo aos poucos tudo o que tinha. Olhando para a tela vendo Ceasar tentando explicar para a Capital o que estava acontecendo, e mentindo descaradamente.

– Está satisfeita? – Katniss perguntou. Sua voz indicava um sorriso, Santana sorriu também.

– Só estarei totalmente satisfeita quando a cabeça do Snow estiver em minhas mãos.

Katniss riu e se jogou no sofá ao seu lado.

– Isso foi bem nojento. – Comentou e Santana deu de ombros. – Mesmo assim tenho que admitir que eu quero o mesmo.

– Nas minhas mãos ou nas suas? – Santana brincou e Katniss riu novamente.

– Oh, Lopez, prefiro que esteja como um monumento, no futuro. – E sorriu para a latina que assentiu.

– Perfeito.

– Exatamente.

Brittany entrou no cômodo e sorriu com a interação das duas. Katniss e Santana tendem a brigar a cada minuto, e quando entram em uma conversa calma é sempre uma coisa boa. A loira andou até o sofá e Katniss a viu, sorriu para a loira e quando Santana foi virar, Brittany a abraçou por trás do sofá.

– O que conversam? – Brittany sussurrou para Santana que sorriu para Katniss.

– Minha deixa. – Katniss levantou e bateu no ombro de Santana antes de sair do cômodo.

Brittany riu e soltou Santana para sentar no sofá. Caiu ao lado da latina, logo recebendo um beijo molhado nos lábios. A língua de Santana entrou em sua boca e Brittany empurrou a latina para frente fazendo-a deitar no sofá. Santana resmungou quando sua boa se separou da loira, mas ficou calada e sorriu maliciosa quando Brittany subiu em seu quadril.

– Hmmmm. – Gemeu quando Brittany colou os lábios em seu ponto de pulso e chupou deliciosamente.

– Oh! – Brittany pulou de cima de Santana e acabou caindo no chão. – Desculpem, eu não queria... não queria incomodar!

Santana sentou no sofá e olhou para o infeliz que tinha lhe interrompido. Marley Rose estava completamente corada e com os olhos arregalados enquanto Santana lhe fuzilava. Brittany levantou do chão e sorriu docemente para a garota que estava começando a ficar pálida com o olhar de Santana.

– Tudo bem, nós é que estamos erradas. – Brittany disse e Santana girou a cabeça para lhe encarar com uma sobrancelha erguida. – Então? – A loira ignorou o olhar da namorada.

– Eu... Sinto muito, eu estava no quarto e... e-e fiquei com fome. – Marley sussurrou e Brittany se aproximou. – Eu não sabia onde conseguiria comida, então...

– Não fique nervosa, sente-se. – Brittany mostrou a poltrona que tinha ao seu lado. – Daqui a alguns minutos o jantar vai sair.

Marley assentiu e se encolheu sentada na poltrona. Santana suspirou e levantou do sofá indo até a morena de olhos azuis que se encolheu mais ainda. Revirando os olhos, Santana sentou em uma outra poltrona na frente de Marley, e cruzou as pernas suavizando o olhar superior que tinha adquirido em alguns dias.

– Como se sente? – Santana perguntou com a voz suave e Brittany sorriu orgulhosa e saiu do cômodo para pedir para adiantar o jantar.

Marley olhou para Santana de relance e puxou as pernas para cima da poltrona. Sua barriga estava fazendo barulhos e isso estava deixando-a constrangida.

– Eu sei o que está acontecendo, fui informada antes de entrar na Arena, mas... – Suspirou e abaixou a cabeça.

– Sam Evans?

Marley levantou a cabeça imediatamente e assentiu tristemente.

– Ele foi o meu primeiro e verdadeiro amigo. – Sussurrou e Santana assentiu, ela entendia. – Eu não sabia quem tinha me tirado do banho de sangue, até que eu vi Kitty Wilde. Ela me protegeu o tempo todo. Encontramos Ryder Lynn e ele e Kitty conversaram sobre algo que eu não tinha entendido, eles estavam aos sussurros e Ryder pareceu estar alterado o tempo todo.

Santana recostou na poltrona. A garota estava começando a lhe contar tudo o que tinha passado na Arena. Isso era bom, isso era confiança, e Santana gostava quando as pessoas confiavam nela. E isso também mostrava que as pessoas tinha certeza de que sabiam que ela estava certa sobre a revolução. Isso era muito bom.

– Algum momento Ryder tentou lhe atingir? – Perguntou profissionalmente se sentiu orgulhosa disso.

– Ele tentou algumas vezes, mas Kitty sempre gritava com ele ou batia nele para ele parar, o máximo que ele conseguiu foi um soco no meu estomago. – Marley estremeceu e se encolheu mais ainda na poltrona. – Ele sempre falava coisas para me atingir, e quando ele dormia Kitty me tranquilizava dizendo que ele nunca iria fazer nada comigo. – Ela suspirou tristemente, não gostava de saber que Kitty estava morta. – Ela me consolou quando a imagem de Sam apareceu no céu.

Santana suspirou. Marley provavelmente desenvolveu sentimentos por Kitty, e ver ela morrer não foi uma coisa boa, mas ela não parecia perturbada.

– Você não se sente mal por ela ter morrido? – Perguntou curiosa e Marley ergueu os olhos azuis para lhe encarar.

– Sim, eu me sinto péssima, mas ela me dizia que teria que morrer para salvar alguém, e depois de muita insistência minha ela finalmente disse que era para salvar a irmã que estava na Arena. Deduzi que era Quinn, as duas são um pouco parecidas no modo de falar. – Deu de ombros tristemente.

– Foi uma surpresa para todos nós quando vimos que a Quinn tinha uma irmã, eu não esperava isso, e acho que ninguém da Capital esperava. – Santana comentou e Marley assentiu desviando o olhar para o chão. – Foi muito corajoso o que ela fez.

– Sim, ela e Puck foram muito corajosos, deram a vida para salvar a mesma pessoa, alguém que eles amavam. – Sussurrou e Santana estremeceu com a intensidade na voz da morena. – Amavam de maneiras diferentes, mas tão iguais.

Sim, Santana entendeu o que ela quis dizer. Quinn era uma irmã para Puck, e Kitty mesmo sem conhecer Quinn já a amava. Amores fraternos. Marley era bem perceptiva.

– Sim, Puck foi muito importante na minha vida e na de Quinn, ele era nosso melhor amigo, quase como um irmão mais velho, nos defendia dos outros garotos que queriam da em cima da gente, eu o amo. – Sua voz embargou e pigarreou para não chorar. Não agora, talvez depois quando estivesse no quarto, ela chorasse nos braços de Brittany, enquanto a loira a consolava preocupadamente.

– Eu sinto muito.

– Não sinta, várias pessoas me dizem isso, ou me disseram. – Santana deu de ombros e levantou da poltrona. – E nem sempre elas querem dizer exatamente isso.

– Talvez eu queira. – Marley se defendeu e Santana a olhou.

– Meu irmão se matou a cinco anos atrás na Arena, ele ficou louco e simplesmente enfiou a espada no peito depois que seu amigo não quis matá-lo. – Santana disse dolorosamente fria. Doía muito lembrar da morte do seu irmão, e doía mais ainda lembrar de como foi difícil consolar sua família e suas irmãs.

– Oh, eu-

– Não diga. – Lhe interrompeu e olhou novamente nos olhos azuis. – Não diga, já escutei demais.

E saiu do cômodo sem dizer mais nenhuma palavra.

XxX

Todos estavam reunidos na mesa, Santana fez questão de que tirassem Quinn do quarto em que estava de repouso e agora a loira estava sentada ao lado de Rachel que estava ao lado de Marley. Quinn tinha ficado surpresa e extremamente feliz quando viu a morena de olhos azuis e o sentimento foi totalmente recíproco.

Katniss conversava com Finnick e Peeta enquanto Johanna a olhava de relance. Quinn não sabia se estava vendo coisas, mas sim, aquilo foi estranho. Haymitch também estava no meio da conversa com Santana que revirava os olhos para cada frase que ele dizia, mas concordava. Quinn percebeu que os olhos da sua amiga latina estavam um pouco inchados e vermelhos e Brittany que estava ao lado da latina parecia preocupada. Quinn suspirou sentindo uma leve queimação nas costelas e apertou o braço da cadeira.

– Tudo bem? – Rachel sussurrou e colocou uma mão sobre a de Quinn. A loira suspirou tentando acalmar a dor que tinha começado, e funcionou. Sorriu aliviada.

– Sim, estou bem. – Rachel sorriu e beijou a bochecha da loira.

Estava feliz com Rachel ali, muito feliz, provavelmente se ela não estivesse ali Quinn estaria em depressão ou querendo matar Santana, mas Rachel a acalmava.

– Então, todos estão aqui. – Santana chamou alto e todos a olharam com atenção. – Amanhã estaremos no Distrito Treze, e nós estaremos seguros lá, finalmente vamos mostrar para toda a Capital quem somos e o que podemos fazer, afinal, somos a maioria.

Haymitch riu e levantou o copo com uísque para brindar com o de Santana, a latina riu e levantou o copo. Os dois brindaram e todos bateram palmas. Quinn estava se sentindo feliz. Tudo estava dando certo.

Depois do jantar Rachel ajudou a loira a caminhar para o quarto que elas estavam. As duas. Juntas em um quarto só para elas. Quinn estava adorando essa vida. Quinn deitou na cama enquanto Rachel entrou no banheiro para tomar banho, queria ir com ela, mas não conseguia se manter em pé por muito tempo até que suas costelas doessem terrivelmente.

Alguns minutos depois Rachel saiu secando os cabelos e vestindo uma calça branca e uma camisa de manga comprida, parecia tão grande nela. Sorriu e observou Rachel jogar a toalha em um cesto ou algo assim, e depois deitar ao seu lado.

– Muitas coisas para assimilar? – A morena perguntou e Quinn riu esticando o braço para que Rachel se aconchegasse em si. A morena o fez colocando a cabeça no peito da loira e acariciando a costelas por baixo da camisa de Quinn.

A mão quente da morena sobre seus machucados a acalmava, era perfeito. Sentia leves arrepios por onde o dedo de Rachel passava nunca ultrapassando as costelas no máximo descendo para o abdômen e acariciando o local amavelmente.

– Não muito, estou tranquila com tudo isso. – Deu de ombros e respirou fundo sentindo o cheiro que os cabelos de Rachel emanava.

– Isso é uma coisa boa?

– Sim, é uma coisa muito boa. – Quinn sorriu quando escutou Rachel rir baixinho. - O que foi?

– Nada é que... acreditávamos que iríamos morrer quando estávamos na Arena, e agora estávamos no conforto. – Rachel levantou a cabeça para olhar para Quinn. – Estamos bem, como não imaginávamos que estaríamos.

Quinn sorriu e Rachel beijou docemente os lábios da loira depois voltou a deitar no peito dela voltando a acariciar as costelas machucadas. Quinn suspirou sentindo uma leve preocupação fazer seu peito pesar.

– Você sabe que isso não acabou, sabe? – O carinho na costela parou e Quinn esperou. Nada veio, e o carinho voltou.

– Sim, eu sei.

– Vai ficar tudo bem. – Quinn sussurrou e sentiu Rachel soluçar. Acariciou as costas da morena e beijou o topo da cabeça dela. – Eu prometo que tudo vai ficar bem.

XxX

O Distrito Treze não é exatamente como Quinn achava que era. Era um refugiu, sim, mas não era como os que ela sonhava que fosse. Era uma prisão, ao menos era o que parecia. Cinza, foi a cor que veio em sua cabeça quando olhou ao redor. Tinha um grande prédio a sua frente onde provavelmente estaria os outros refugiados. Suspirou e olhou para Santana que estava ao seu lado e tinha um sorriso satisfeito no rosto. O que será que ela pensava? Nada disso parecia ser uma maravilha.

Um homem os guiou até a entrada do grande prédio. Quinn ficou meio confusa com o que via. Era uma sala, parecendo uma recepção, achava que teria que ficar ali, mas o homem continuou andando e ela o acompanhou. Olhou para trás enquanto andava, procurou Rachel com os olhos. A morena estava ao lado de Marley, Brittany e Johanna, as duas ultimas conversavam baixo enquanto andavam.

Katniss andava na frente ao lado de Peeta e de Haymitch. O andar gracioso e poderoso que fazia com que Quinn se sentisse inferior, tinha mudado. Agora parecia que ela era um gatinho ferido a procura de um lar. Haymitch tinha um braço sobre o ombro de Katniss e ela tinha a cabeça apoiada em seu ombro.

– Bem vinda ao Distrito Treze, Q. – Santana sussurrou e Quinn saiu de seus devaneios e olhou para frente.

Muitas e muitas pessoas. Gente demais, todos conversando sentados em mesas e comendo comidas não muito agradáveis. Não tinha muita gente que ela conhecia apenas algumas pessoas do Um, e outros vitoriosos e alguns da Capital que ela viu alguma vez.

– Vou guia-los até seus aposentos e...

– Não precisa. – Katniss interrompeu, sua voz soando incrivelmente firme e fria. Quinn estremeceu e olhou para Santana que agora estava séria.

Katniss olhou para trás, seus olhos viajando por cada um e por algum motivo se prendendo nos verdes de Johanna. Quinn viu como a outra estremeceu e desviou o olhar para o chão. Katniss voltou a olhar para frente e foi andando e entrou em um corredor que Quinn não fazia ideia do que era

Santana suspirou pesadamente ao seu lado e Quinn percebeu que ela não queria saber mesmo o que Katniss tinha, mas sua curiosidade sempre foi muito grande. Encarou Santana que lhe encarou de volta e sorriu minimamente.

– Vamos ficar bem aqui. – Sussurrou e andou na frente ao lado do homem que os guiava.

Quinn ficou parada por alguns minutos. Ela não entendia ainda o porque de ter aceitado tudo isso, bem sim, ela entendia, mas ver como era... Algumas pessoas lhe encaravam e Quinn percebeu que estava sozinha. Não totalmente, Rachel estava ao seu lado e lhe olhava com os olhos temerosos e doces ao mesmo tempo, sorriu para e morena e esticou o braço para que ela fosse com ela para o seus aposentos.

XxX

Santana disse que tudo era diferente antes. Ninguém tinha seu próprio quarto, mas eles construíram para dar privacidade aos refugiados. Em cada quarto ficava uma família, o que queria dizer que Rachel não ficaria com ela. E Quinn odiou isso. Queria ter Rachel próxima de si para sempre.

Estava deitada em sua cama quando alguém bateu na porta, suspirou pesadamente antes de resmungar alguma coisa para que entrem.

– Imaginei que você estaria aqui. – Frannie disse quando entrou no quarto.

Quinn revirou os olhos com a imagem da irmã vestindo uma calça simples e uma camisa de botão. Era novidade ver ela assim. A loira mais velha sentou na cama ao lado de Quinn que se arrumou para não incomodar suas costelas.

– O que quer? – Perguntou e Frannie riu.

– Eu quero um abraço. – Disse e Quinn riu e abriu os braços para Frannie se aconchegar nela. – Senti tanto a sua falta. – Murmurou contra a camisa de Quinn.

– Eu só fiquei fora por menos de cinco dias. – Quinn disse confusa e Frannie levantou a cabeça.

– Isso foi o que eles fizeram você pensar. – Disse e Quinn a olhou ainda confusa. – Você ficou fora por duas semanas, Quinnie.

Duas semanas? Ela tinha passado duas semanas fora e só parecia que tinha sido cinco dias. Talvez tenha sido esse o motivo de que os dias fossem tão longos. Parece que o poder dos Idealizadores era realmente muito para que duas semanas fossem cinco dias.

– Eu... – Suspirou e levou uma mão até o cabelo bagunçando-o em irritação que não tinha motivo.

– Não fique preocupada, esses quinze dias foram bem uteis, nós conseguimos muitas coisas assim. – Frannie sentou na cama e colocou uma mão no abdômen de Quinn. – Eu queria ter evitado isso.

– Você não tinha como. – Quinn sussurrou e Frannie bufou.

– Claro que tinha, eu podia ter feito Plutarch fazer o Lynn evaporar. – Sussurrou e olhou nos olhos verdes de Quinn. – Você entrou naquela Arena por minha culpa.

– Não foi sua...

– Claro que foi!

– Fran, - Quinn segurou as mãos de Frannie que lhe encarou com os olhos cheios de lágrimas. – Você não podia.

– Puck...

– Puck salvou a minha vida, assim como Kitty.

– Kitty, ela...

– Era nossa irmã. – Quinn completou e Frannie novamente escondeu o rosto no peito dela.

– Eu sei que você tem perguntas Quinnie. – Frannie levantou a cabeça e sentou ao lado de Quinn que suspirou. – Pode fazer.

– Você sabia?

– Não. Foi uma surpresa para mim, tanto quanto foi para você.

– Como papai conseguiu sair do Um? – Quinn nunca tinha chamado seu pai de “papai” e isso meio que surpreendeu Frannie, mas ela ignorou e suspirou.

– Eu também não sei como, ele tinha negócios com os presidentes de outros Distritos e isso o ajudou, provavelmente.

– Ele traia a mamãe? – Sussurrou com a voz tremida. Frannie suspirou e colocou uma mão na perna de Quinn.

– Provavelmente, sim. – Assentiu tristemente e Quinn gemeu.

– Ele ainda está vivo? – Perguntou amargamente.

– Sim.

– Provavelmente nós temos muitos irmãos por ai. – Resmungou e Frannie riu baixinho e bagunçou

– Acho que sim. – Levantou da cama e Quinn a olhou confusa. – Vou para o meu quarto, Quinnie.

– Achei que os quartos eram dividido por famílias. – Disse e Frannie corou um pouco.

– Estou no quarto do Ian. – Quinn arregalou os olhos. – Muita coisa mudou em duas semanas, Quinnie.

E saiu do quarto, completamente corada e deixando Quinn com um sorriso malicioso no rosto.

XxX

A comida não era tão ruim quanto parecia, era até comestível. Quinn conseguiu engolir algumas coisas que ela não fazia ideia do que era, mas ela fez questão de separar algo branco cheio de pedaços igualmente brancos, muito semelhantes a vomito e isso a fez querer vomitar.

– Purê de batata. – Uma voz feminina com sotaque disse e Quinn olhou para cima. – Sei que parece difícil de digerir, mas não é tão ruim quando você começa a comer, principalmente se misturar com o arroz duro.

Johanna Mason estava sentada a sua frente. Seu cabelo curto e os olhos verdes que pareciam opacos e sem vida. Quinn lembrava de ver Johanna careca quando saiu da Capital. Lembrava de que várias vezes tinha escutado dizerem que ela tinha medo de água, mas vendo ela ali, parecia limpa e saudável.

– Não estou com muita fome. – Murmurou e empurrou a bandeja de lado.

– É melhor comer, não sabe quando irá comer novamente. – Mason disse enquanto misturava o arroz que parecia estar congelado com o suposto purê de batata.

– No programa diz que comemos três vezes ao dia. – Quinn retrucou e Johanna riu.

Ela se inclinou para frente como se fosse contar um segredo e Quinn a olhou com as sobrancelhas franzidas.

– Nunca se sabe quando a Capital vai invadir. – Johanna sussurrou e Quinn engoliu em seco, sentindo seu sangue esfriar. – Por isso aconselho que coma.

– Você parece muito certa de que isso vá acontecer em breve. – Quinn sussurrou e Johanna riu baixo.

– Tem coisas que a gente apenas quer que acabe logo de uma vez. – Sussurrou de volta usando um tom deboche.

Quinn não disse nada, apenas continuou olhando para aqueles olhos verdes que de um momento para o outro, pareceram ficar extremamente intensos.

– Katniss...

Então os olhos de Johanna pareceram tremular, e por um segundo ela pareceu perder a pose de fodona que tinha quando sentou no banco, mas rapidamente se recuperou.

– O que tem ela? – Perguntou fingindo indiferença e direcionando o olhar para seu prato, remexendo a comida distraidamente.

– Eu vi os olhares que você manda para ela. – Quinn zombou, ela não estava zombando o que provavelmente Johanna sente por Katniss, ela apenas queria uma amizade com a fodona do Distrito Sete.

– O que isso tem haver com você? – Johanna retrucou e Quinn se encolheu em seu lugar.

– Eu sei como se sente. – Quinn disse e Johanna balançou a cabeça.

– Não, você não sabe. Não faz ideia de como é ter a mulher que ama nos braços de outro homem, e principalmente se esse homem é gente boa. – Sua voz não quebrou em nenhum momento, e Quinn sentiu que se fosse com ela e Rachel, nunca iria conseguir manter a voz tão firme ao falar disso.

– Eu sinto muito.

– Não, não sente não. – Johanna levantou pegando a bandeja. – Cara, eu só vim sentar com você porque achei que estivesse solitária, mas prefiro ir embora.

E saiu fazendo Quinn suspirar pesadamente.

XxX

Tudo era estranho. Para Rachel que vivia em uma classe mais baixa que o Distrito antes do dela, isso tudo era extremamente estranho. Era um lugar organizado, você tinha cronogramas para fazer tudo no dia todo. Mesmo que Rachel não pudesse treinar com os outros, ela poderia ficar ajudando na cozinha ou na enfermaria. Só fazia um dia que tinha chegado no Distrito Treze, e ela não conseguiu achar sua mãe. Falou com algumas pessoas que tinha conhecido na Capital, e até algumas pessoas do Distrito Cinco que lhe reconheceram, mas ainda não tinha encontrado sua mãe.

Andou calmamente até o lugar onde estava instalada e bateu na porta. Santana tinha dito que eram divididos por família, então Rachel teve a esperança de que sua mãe estivesse ali dentro, mas ninguém abriu a porta. Então Rachel o fez. Não tinha ninguém, estava vazio, somente uma cama de casal e uma de solteiro. Assim como em todos os quartos. Também tinha uma pequena cômoda para guardar os uniformes e agasalhos que todos usavam.

Rachel começou a se preocupar, talvez Santana tenha mentido para ela, para conseguir seu apoio na revolução, e não tinha conseguido tirar sua mãe do Distrito Cinco. Suspirou e sentou na cama. Não se sentia aflita, apenas cansada. Não tinha conseguido descansar desde o momento em que entrou no Aerodeslizador para ir para o trem e ficar com Quinn.

Como ela deveria estar agora?

Talvez estivesse com Santana ou com algum familiar, ou com sua irmã. Mas Quinn deveria descansar, ela poderia inflamar a cicatriz que tinha em seu abdômen.

Com isso, ela levantou da cama e marchou até a porta, quando a abriu encontrou alguém que não via a alguns meses, e sentia muita falta.

– Kurt? – Disse e o garoto a olhou, tímido.

– Oi, Rachel. – Ele cumprimentou e sorriu tímido.

Já Rachel, sorriu abertamente e pulou nos braços do amigo, apertando-os envolta do pescoço do garoto. Sentia falta dele, sentia falta de todos do Distrito Cinco. Kurt foi seu melhor amigo, seu e de Jesse.

Kurt foi apaixonado por Jesse, e isso fez Rachel ficar tensa e sair do abraço para encarar Kurt, seus olhos ficaram doces ao ver que o garoto estava prestes a chorar.

– Oh, Kurt. – Rachel disse e Kurt soluçou e abraço a morena escondendo o rosto nos fios castanhos. Rachel o abraçou alisando suas costas e o acolhendo enquanto Kurt chorava contra seu ombro.

Com a porta aberta, as pessoas que passavam encaravam Rachel e olhavam para Kurt chorando em seus braços. Se sentindo desconfortável, Rachel foi andando para trás trazendo Kurt consigo, e fechou a porta.

– Eu sinto muito, Kurt. – Rachel disse baixinho enquanto acariciava o cabelo do amigo, que sempre vivia arrumado em um topete, agora estava todo desarrumado apontando para vários lugares.

– Eu... eu não acreditei, Rach, eu sinto muito, foi terrível... eu... eu sinto muito.... - E novamente voltou a chorar.

– Kurt... Não é sua culpa...

– Sim! – Kurt levantou a cabeça, Rachel sentiu seu coração se partir ao ver o rosto do amigo. Os olhos azuis estavam inchados e vermelhos, as bolsas grandes sob os olhos. – Ele era um traidor, ele... eu o amei... e ele...

– Ele estava se defendendo, ele queria viver. – Rachel disse docemente e Kurt balançou a cabeça.

– Quando ele morreu... eu... eu culpei a Fabray, culpe o amigo dela, eu lhe culpei, Rach, eu culpei você...! – Kurt levou as mãos até os cabelos e apertou os dedos puxando-os.

Rachel calmamente levou as mãos até as de Kurt, tirando-as do cabelo e puxando-o para seu colo. Kurt a agarrou como se fosse sua mãe e Rachel quis chorar. Kurt tinha perdido sua mãe há alguns anos, Rachel e Jesse o apoiou. Kurt ficou sozinho com o pai doente da mesma doença que levou o pai de Rachel e a mãe de Kurt. Meses depois o pai de Kurt morreu e ele ficou só. Jesse o levou para morar com ele e sua mãe. E até o dia em que Jesse foi selecionado, eles tinham começado a desenvolver algo a mais que amizade. Rachel via os olhares.

Começou a sentir falta de Jesse. Mesmo depois de toda a merda que ele fez, Rachel sentiu que precisava dele naquele momento. Ela acolhia Kurt em seus braços que ficava repetindo “desculpa, desculpa, eu sou terrível...” Rachel apenas acariciava os fios castanhos e sussurrava palavras acolhedoras fazendo com que um tempo depois, Kurt adormecesse em sua cama.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Distrito Um" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.