Enquanto o aerodeslizador se movia para a Capital. Johanna se levantou e sentou perto de Katniss que estava acariciando o arco e respirando fundo. Ela sabia que não deveria fazer isso, mas Johanna não sabia se estaria viva no outro dia. Antes de falar qualquer coisa, ela olhou para Quinn e Rachel, vendo as duas abraçadas e fazendo suas juras de amor.

Quinn. Quinn Fabray. Distrito Um. Johanna assistiu todos os dias dos jogos. Ela não tinha o que fazer se não assistir presa no seu quarto. A única exigência que tinha era um projetor com o canal da Capital nele. Ela precisava assistir. E viu como Quinn era corajosa. E ainda querida pela Capital. Tinha seus dons por ser do Distrito Um, e também tinha muito charme. Johanna poderia facilmente se apaixonar por ela. Mas seu coração já tinha sido tomado.

Enfim. Johanna viu como quando os dias iam passando, Quinn ia se apaixonando por Rachel. E Rachel ia se apaixonando por Quinn. E quando Quinn protegeu Rachel no primeiro dia da Arena. Johanna percebeu que era um truque.

Não delas, mas sim dos Rebeldes. Eles queriam fazer com que houvesse uma revolução maior ainda. Com duas queridinhas da Capital. E maior ainda, as duas eram mulheres. Rachel sendo uma das maiores cantoras de toda a Capital, foi escolhida.

Johanna passou dias presa em seu quarto, sozinha, assistindo tudo dos Jogos. Inclusive se sentiu um pouco estranha quando ocorreu a cena do beijo de Quinn e Rachel. Ou o casal Faberry como Caesar insistia em falar. E tudo ficou mais estranho ainda quando cortaram a cena em que elas iam ter seu momento intimo pela primeira vez.

Ela lembrava de ver Rachel retirando a jaqueta e ficando só de camiseta. E lembrava de ver Quinn totalmente hesitante e nervosa antes de cortarem a transmissão para Marley que tinha um sorriso meio perdido enquanto andava pela floresta.

Johanna suspirou e olhou para Katniss que agora estava tensa em seu lugar. Seus olhos caíram para o braço da morena que estava coberto com o uniforme preto do tordo. Sentiu uma leve culpa tomar conta de si. Lembrou de como ela teve que bater na cabeça de Katniss para deixá-la atordoada e rasgar seu braço para arrancar o rastreador. Segurando o pescoço de Katniss e olhando naqueles olhos lindos acinzentados, atordoados, mas que a olhavam com medo. Muito medo. O coração de Johanna se partiu, mas a ideia de que ela estaria protegendo a pessoa que amava a deixou mais calma.

Meio que inconscientemente, Johanna levou uma mão até o braço de Katniss que a olhou confusa. Pegou o braço dela, passando o dedo indicador sobre onde ela se lembrava de ter cortado com o seu machado.

– Eu nunca tive a chance de me desculpar por isso. – Falou baixinho e escutou Katniss suspirar tranquilamente.

– Você estava fazendo a coisa certa. – Katniss disse e Johanna não tirou os olhos do braço da morena, mesmo sabendo que os olhos acinzentados estavam grudados em seu rosto. – Eu não estaria aqui se não fosse esse corte. Se não fosse você. – A voz de Katniss ficou profunda e Johanna não conseguiu evitar o arrepio.

Se bateu mentalmente, mas seus olhos escorregaram pelo busto da morena, sua mente ficando levemente pervertida, subiu mais um pouco, parando nos lábios gordos e avermelhados, e então encontrou os olhos. Aqueles olhos. Os olhos que faziam seu coração acelerar mais do que a adrenalina de segurar um machado. Olhos acinzentados, leves pontinhos azuis. Ela era louca por aqueles olhos.

– Eu te amo. – Sussurrou sabendo que nada saiu da sua boca, mas mesmo assim, Katniss entendeu.

– Eu sei disso. – Katniss fala sorrindo. Levou uma mão livre até o rosto de Johanna e acariciou, limpando uma lágrima que escorreu involuntariamente pelo rosto dela. – E você tem que saber que eu...

– Não...- Johanna vira o rosto para a mão de Katniss e beija a palma da mão dela. – Não diz isso...

– Você não pode me forçar a não dizer. – Katniss fala suspirando ao sentir os lábios de Johanna em sua palma.

– Eu não vou forçar... vou implorar. – Ela diz e fecha os olhos. O peito doendo tanto que ela sentiu o ar lhe faltar. – Vou implorar para que não me diga.

– Porque...?- Abre os olhos ao escutar a voz de Katniss e seu peito aperta mais ainda ao ver o rosto da morena contorcido em dor. – Porque não me deixar dizer?

Ela abriu a boca, mas foi interrompida por um Rebelde dizendo que elas estavam chegando. Olhou para Quinn e Rachel do outro lado. Quinn tinha a expressão determinada e Rachel tinha o rosto escondido na jaqueta da loira. Johanna suspirou e voltou seus olhos para os de Katniss.

– Porque vai me fazer acreditar. – Ela diz e levanta da cadeira.

– Johanna. – Escuta Katniss lhe chamar, mas ignora, anda até o Rebelde que cuidava da porta enquanto elas pousavam na Capital.

Quinn observou tudo. Viu como Johanna dizia todas aquelas coisas para Katniss, mesmo que não escutasse, sabia que elas estavam falando sobre algo que apenas elas duas compartilhavam, exatamente como ela e Rachel. Mas ela também viu como Johanna levantou se afastando de Katniss, e como Katniss se encolheu e começou a chorar. Pensou em levantar e sentar ao lado da morena, mas Rachel estava abraçada a ela. E ela não queria soltar o amor da sua vida.

– Chegamos. – Quinn escuta a voz de Johanna. Olhou de canto e viu que Katniss estremeceu com o tom dela.

Acariciou as costas de Rachel e sentiu a morena desgrudar um pouco dela.

– Vamos? – Sussurrou e Rachel assentiu lentamente. Pegou sua espada e levantou, agarrou a mão de Rachel que pegou o arco e saíram acompanhando Johanna e Katniss.

__

Quando desceram, Quinn percebeu que a Capital parecia completamente vazia. Respirou fundo sentindo o cheiro de asfalto e olhou ao redor. Alguns rebeldes andaram na frente e reviraram algumas pedras, resultados de explosões. Não tinha corpos no chão. O céu estava cinza e as casas ao redor deles pareciam completamente vazias.

– Onde estão todos? – Rachel perguntou para um Rebelde que se aproximou.

– Mortos. – Ele respondeu.

– Ou apenas escondidos. – Katniss fala. Sua voz soando automática.

– Prefiro acreditar que eles estão escondidos. – Outro rebelde fala, sua voz saindo levemente tremida.

Quinn pigarreia indo para mais perto de Rachel. Atrás deles mais um aerodeslizador pousava. De lá saiu o exercito deles, não eram muitos, talvez menos do que vinte homens e dez mulheres, e o exercito da Capital eram muitos. Sentiu Rachel apertar sua mão e olhou nos olhos da morena. Viu que ela estava com medo. Completamente assustada. Quinn não se sentia diferente. Levou a mão da morena até seus lábios e beijou delicadamente. Era uma promessa. Uma promessa de que elas ficariam bem.

– Vamos arrumar um lugar para ficar. – Katniss diz e Quinn percebeu que ela olhava para Johanna que não a olhava de volta. – Precisamos estar prontos para amanhã.

– Porque não atacamos agora?- Um rebelde pergunta e Katniss olha para ele. – Eles estão vulneráveis, agora seria o momento perfeito.

– Porque nós também estamos vulneráveis. – Johanna responde e Katniss olha para ela em agradecimento. – Precisamos descansar, amanhã vai ser um dia cheio. E ainda precisamos esperar o exercito que vão nos mandar.

Quinn não sabia disso. Santana não tinha lhe dito nada sobre manda um exercito maior para eles. Ela olhou interrogativamente para Katniss que a olhou de volta e sorriu de canto, sem humor. Katniss não tinha entendido o seu olhar.

Nenhum outro rebelde comentou sobre isso. Eles foram para uma casa próxima dali. As casas da Capital eram enormes. Grandes demais para a quantidade de pessoas que realmente moravam ali. Quando entraram, viu que alguns rebeldes foram para a cozinha e outros foram ver os quartos. Quinn sentou no sofá e Rachel sentou ao seu lado.

– Por quanto tempo vamos ficar aqui?- Rachel perguntou para Johanna que tinha sentado no chão encostada na parede na frente delas.

– Tempo o suficiente para que possamos descansar. – Ela responde e passa uma mão pelo cabelo curto, bagunçando-o no processo. – Sugiro que durmam, façam o máximo para se sentirem completamente descansadas. Porque amanhã será um dia cheio. – A voz de Johanna soa sombria e Quinn sente Rachel se encolher contra ela.

– Partiremos antes do amanhecer?- Quinn pergunta duramente.

– Sim. – Katniss surge na sala e Quinn a encara por alguns segundos. Olhou ao redor e percebeu que só estavam as quatro na sala. – Eles já foram descansar, se quiserem comer algo, está em cima da mesa na cozinha. – Katniss aponta em direção a cozinha e senta em uma poltrona.

Quinn levanta do sofá e Rachel vai com ela até a cozinha. Antes de entrarem na cozinha, Quinn viu quando Katniss sentou ao lado de Johanna.

– O que será que tem aqui? – Rachel pergunta e abre alguns armários.

– Carboidratos. Capital tem isso de monte. – Quinn fala sorrindo enquanto observa Rachel retirar algumas frutas.

– Isso aqui não parece ser carboidrato. – Rachel brinca e Quinn vai até ela, abraçando a morena e pegando uma maçã da mão dela.

– Definitivamente é melhor. – Diz e morde a maçã vendo Rachel pegar uma tangerina.

Ela observa Rachel sentar-se à mesa e abrir a tangerina, pegar um gomo e colocar na boca. Sorri e senta ao lado da morena.

– Acha que amanhã vai ser um dia bom? – Rachel pergunta enquanto retirava mais um gomo e colocava na boca.

– Nós que fazemos o dia, Rach. – Quinn responde e termina de comer a maçã. Observa Rachel terminar de comer e segura o rosto da morena, beijando seus lábios lentamente. – Eu te amo. – Sussurrou contra os lábios gordos dela.

– Eu também te amo. – Rachel sussurra e cola seus lábios mais uma vez, gemendo baixinho quando a língua de Quinn entra na sua boca.

A boca de Rachel tinha um gosto forte de laranja e Quinn quase sorriu com isso. Levou uma mão até a cintura da morena e a levantou da cadeira, as fazendo romperem o beijo. Puxou ela para o seu colo, e a morena sentou de frente para ela. Seus lábios se encontraram mais uma vez com mais vontade. Quinn apertou Rachel contra e ela e gemeu quando a morena sugou sua língua com força.

– Vamos procurar um lugar. – Rachel sussurra rapidamente contra a boca de Quinn, que dirige os lábios para o pescoço da morena e chupa o ponto de pulso, sentindo ela apertar o quadril contra o seu.

– Os quartos devem estar ocupados. – Sussurrou contra a pele morena que escorregou as mãos até a bunda de Rachel que gemeu baixinho e levou as mãos até o cabelo loiro. Quinn esqueceu que sua costela doía.

– Não podemos fazer isso aqui... – Rachel sussurra apressadamente e rebola contra o quadril de Quinn.

– Porque não? Ninguém vem para cá. – Quinn sorri contra a garganta de Rachel e fecha os lábios chupando levemente, a morena fecha os olhos e aperta os dedos no cabelo de Quinn.

– Katniss e Johanna... – Rachel geme e segura o rosto da loira contra o seu pescoço, sentindo o corpo arrepiar com os lábios dela passeando por sua pele.

– Elas não irão vir. – Quinn sussurra e aperta o corpo de Rachel, abre o zíper da calça da morena e infiltra uma mão, por dentro, brincando com a intimidade dela por cima da roupa intima.

– Porra... – Segurou o rosto de Quinn e trouxe seus lábios para ela, beijando-a ferozmente.

__

Johanna fechou os olhos quando escutou um gemido baixinho vindo da cozinha. Olhou para Katniss e viu um sorriso envergonhado nos lábios da morena. Sorriu também e deslizou para deitar no chão. Viu que Katniss observou seus movimentos e fez o mesmo. Johanna sabia que ela ainda queria confrontá-la sobre o que aconteceu na porta do seu quarto, e sobre o que aconteceu no aerodeslizador. Respirou fundo e fechou os olhos. Sua cabeça doía com o pensamento do que teria que enfrentar no dia seguinte.

– Eu te amo. – Seu coração parou e fechou os olhos com mais pressão. Ela nunca tinha escutado essas palavras saírem dos lábios de Katniss, e escutando-as agora fez seu corpo todo estremecer. Ela implorava para que Katniss não dissesse tais palavras, porque, na sua cabeça, seria mentira. Ela não aguentaria, mas quando sentiu a intensidade ela só pode chorar silenciosamente. – Eu sei que não quer que eu te diga isso, mas eu vou dizer, e vou repetir: Eu te amo, Johanna Mason. – Ela sussurra e Johanna vira para o lado, e abre os olhos olhando para a parede verde. Ela não poderia encarar Katniss depois disso.

Sentiu o corpo de Katniss se aproximar e uma mão em seu braço. Se encolheu e sentiu o queixo de Katniss em seu braço a mão dela escorregar até a sua mão. Johanna fechou os olhos e sentiu os lábios de Katniss tocarem sua mandíbula.

– Não faz isso... – Johanna sussurrou dolorosamente e sentiu o corpo de Katniss mais próximo do seu.

– Não me peça para parar. – Katniss sussurra no mesmo tom contra a orelha de Johanna.

Os dedos de Katniss escorregam até sua mão e entrelaçam seus dedos. Johanna abre os olhos e olha para a mão. Estremeceu levemente vendo o quão perfeito suas mãos ficavam juntas. Fechou os olhos e se obrigou a parar de pensar nesse tipo de coisa.

– Peeta... – Disse, sua voz soando quebrada e novamente os lábios de Katniss estavam em sua mandíbula. – Ele...

– É meu marido, eu sei, mas ele não é você... não é ele que eu amo... – Katniss fala e aperta a mão de Johanna. – Eu te amo, Joh... não me obrigue a parar de te amar. – Ela implora e Johanna pensa que já é o suficiente.

Vira o seu corpo para Katniss que a olha surpresa. Seu coração batia tão forte, tão rápido que ela não resistiu quando seu corpo praticamente voou na direção de Katniss e seus lábios se encontraram com dentes e línguas. As mãos de Katniss voaram para o cabelo curto de Johanna e elas viraram com a morena de olhos acinzentados em cima dela. Johanna passou as mãos pelas laterais do corpo de Katniss, sentindo a morena se contorcer em cima dela.

Não era a primeira vez que elas se beijavam. Isso já tinha acontecido antes, logo depois que a irmã de Katniss tinha morrido. Elas estavam uma ao lado da outra, sentadas enquanto olhavam a floresta, então Katniss virou e a beijou, sussurrando um pedido de desculpas antes de beijá-la novamente.

No momento em que o beijo ocorreu, Johanna não entendeu. Katniss estava vulnerável e ela nunca iria se aproveitar da morena, e, com esse pensamento, ela parou o beijo e ficou olhando nos olhos acinzentados que tanto amava. “Eu não posso” Tinha sussurrado e levantado do tronco da arvore. Saio correndo de volta para o subterrâneo, deixando Katniss pensativa para trás.

Mas agora era diferente, elas duas estavam em um beijo quente, e desse vez, Johanna não iria parar. Ela desejava a morena mais do que tudo, e ela a teria. Katniss provocou, e agora elas estavam ali. Virou o corpo, ficando por cima de Katniss e sentiu as unhas dela raspando sua nuca e adentrando na sua camiseta.

Separou do beijo e olhou nos olhos acinzentados que tanto amava. Katniss tinha essa expressão de luxuria que Johanna quase não se segurou.

– Você tem certeza? – Sussurrou e viu um sorriso carinhoso se formar nos lábios de Katniss.

– Eu nunca tive tanta certeza na minha vida. – Ela sussurrou de volta e Johanna desceu a boca nos lábios vermelhos e inchados do amor da sua vida.

__

Quinn tinha os braços envoltos da morena que ressonava baixinho, com a cabeça sobre seu peito. Elas estavam com poucas roupas sobre o sofá da sala, um cobertor cobria seus corpos. Tinham corrido para lá quando viram que Johanna e Katniss estavam encolhidas e abraçadas, na mesma situação que elas. Ambas dormiam tranquilas com sorrisos no rosto. Quinn sorriu orgulhosa e puxou Rachel para deitar com ela. Vestiram suas roupas e deitaram.

Abriu os olhos e viu que a morena ainda dormia. Olhou para o lado vendo que Katniss estava acordada, já completamente vestida e observava Johanna dormir. Ela viu que o que elas sentiam realmente era amor.

Ainda estava escuro, mas Quinn sabia que iria amanhecer a qualquer momento. Olhou para Katniss mais uma vez e viu que ela a olhava de volta.

– Devemos acordá-las? – Katniss pergunta em um sussurro. Quinn olha para Rachel que agora estava com o rosto enterrado em seu peito. Acenou para Katniss e viu a morena se virar para acordar Johanna delicadamente.

– Rach? – Quinn chamou baixinho e escutou um leve resmungo. Acariciou as costas da morena e puxou o rosto dela com a outra mão, colando seus lábios delicadamente. – Acorda, meu amor. – Chamou baixinho e viu um sorriso se formar nos lábios de Rachel. Sorriu também e acariciou os lábios da morena com a ponta dos dedos.

Então o sorriso sumiu e isso lembrou Quinn de que elas estavam, provavelmente, no ultimo dia de suas vidas.

– Quinn... – Rachel abre os olhos e olha bem fundo nos olhos de Quinn. – Eu te amo. – Ela sussurra intensamente e Quinn lambe os lábios para umedecê-los.

– Eu também te amo, Rach. – Sussurrou de volta. – Tanto que você nem imagina.

Rachel se encolhe contra o peito de Quinn que aperta ela em seus braços. Olha por cima do ombro da morena e vê que os Rebeldes estavam se arrumando. Olhou para Katniss vendo que Johanna estava sentada passando as mãos pelo rosto, em uma tentativa de acordar.

__

Saíram da casa completamente prontos para o que iria acontecer. Andaram até onde estavam o suposto exercito que iria chegar. Quinn arregalou os olhos quando viu Marley com mais rebeldes atrás dela, e também viu Santana. Seu peito apertou quando viu que a latina estava com uma perna mecânica. Não imaginava que aquele tiro teria sido tão sério. Não viu Brittany, e pela expressão desolada de Santana, a loirinha tinha insistido para que a latina ficasse com ela no Distrito Treze. Quinn sabia que Santana não iria deixar que isso acontecesse.

O exercito era realmente grande, e Quinn ficou surpresa com a quantidade de rebeldes que existia. Não imaginava que seria tantos, até porque não tinha aquela quantidade de pessoas no Distrito Treze.

– O que...?- Antes de terminar de falar, foi interrompida por um barulho de tiro. Olhou para Rachel vendo que a morena puxava ela para se esconder atrás de uma construção. – Mas...

– Fomos avistados. – Escutou a voz de Johanna e viu que a morena estava ao lado dela.

A voz dela foi interrompida por vários sons de tiros e Quinn viu Santana correr mancando até onde ela estava, escorregou e caiu ao seu lado.

– Precisamos correr até o outro lado! – Santana grita por cima dos tiros e aponta para o outro lado onde Katniss corria com Marley e os rebeldes.

– Era para você estar no Distrito Treze! – Quinn guinchou e Santana a olhou, revirando os olhos logo em seguida. – Onde está a Brittany? – Perguntou puxando a latina para perto dela. Observou com o canto dos olhos como Katniss e Rachel atiravam nos pacificadores.

– Ficou. – Ela diz simplesmente e Quinn olha novamente para o outro lado, vendo Haymitch com Johanna. Ele atirava nos Pacificadores que iam na frente dela e de Marley. – Temos que ir. – Santana grita e puxa Quinn para levantarem e irem correndo.

Santana atirava em quem aparecia na sua frente. Quinn viu um pacificador surgir ao lado da latina. Não pensou duas vezes antes de chutá-lo no peito e enfiar a espada no meio do rosto, atravessando a mascara. Santana a olhou com os olhos arregalados. Quinn engoliu em seco tentando não ficar enjoada com o sangue que espirrou e puxou a espada, girando-a várias vezes para limpar o sangue.

– Vamos. – Falou séria e girou a espada no corpo de outro pacificador que se aproximava com uma espada.

– Vejo que não perdeu a prática. – Santana zomba e Quinn sorri de canto. Olhou para trás vendo que alguns pacificadores se aproximavam. Escutou o som de bombas e estremeceu. – Precisamos ir. – Santana fala, Quinn olha para a latina vendo que ela estava nervosa.

– Mas... – Olhou ao redor, não conseguiu achar Rachel. Entrou em pânico e ficou girando no mesmo lugar, vendo se via a morena e Katniss em algum lugar. – Rachel!!! – Gritou sentindo as costelas latejarem.

– Não temos tempo! – Santana gritou e puxou Quinn para onde Marley as esperava.

Elas entraram em uma espécie de caverna. Mas pelo cheiro, Quinn sabia que estavam no esgoto. Marley estava na sua frente e andava com sua arma apontando para todo lugar. Quinn apertou os punhos na espada e rosnou baixinho. Ela não sabia onde Rachel estava, e isso estava deixando-a nervosa e irritada. Olhou para trás e sentiu uma mão em seu pulso. Olhou para Santana que a olhava séria.

– Quando chegarmos onde Haymitch está veremos se ela está com a Katniss. – Santana falou e Quinn respirou fundo.

– Santana? – Olharam para Marley que olhava para as duas, assustadas. – Temos que ir. – Disse e enfiou a mão no bolso, retirou um tubo e balançou. Uma luz vermelha iluminou o local. – Aqui, vocês vão precisar. – Ela diz e entrega para Quinn que segura o tubo firmemente.

Elas continuam andando até que chegaram em uma sala. Quinn arregalou os olhos e olhou ao redor. Era uma sala ampla com uma mesa de computadores no centro da sala. Alguns rebeldes estavam limpando suas armas e outros sendo atendidos por alguns médicos. Quinn viu a mãe de Katniss ajudando um dos rebeldes que gritava de dor. Haymitch estava atrás da pessoa que mexia os dedos freneticamente sobre o teclado dos computadores.

Antes de pensar em se aproximar, Haymitch olhou para cima e viu que as três estavam lá.

– Hey! – Ele se aproximou delas, correndo. Quinn sentiu um leve cheiro de álcool e tentou não rir. – Vocês estão bem? – Ele perguntou e olhou para as três de cima a baixo. – Vejo que estão bem. Lopez! – Santana murmurou alguma coisa. – Venha, Beetee precisa falar algumas coisas. – Santana olhou para Quinn por alguns segundos e seguiu Haymitch até os computadores.

Quinn viu que era Beetee que estava sentado diante dos computadores. Eles conversavam e Quinn pensou em ir lá, mas sentiu uma mão em seu pulso e seus olhos fora para Marley.

– Não podemos, vem, vamos nos sentar. – Ela diz e puxa Quinn para um banco mais afastado. A sala não era grande, mas tinha vários bancos espalhados e algumas camas de improviso no chão.

– Isso aqui é...

– Haymitch disse que é uma base que os Rebeldes construíram para ficarem mais próximos e conseguirem a transmissão dos jogos para o Distrito Treze. – Marley começa e explicar enquanto recarregava a arma e limpava. – É uma base antiga, tivemos que transferir Beetee para cá no meio da noite. Ele está grudado naquele computador desde que chegamos aqui. – Ela confessa e suspira.

– E o que está tentando fazer? – Quinn pergunta e se surpreende quando percebe que sua voz estava rouca.

– Tem um muro que está nos impedindo de ir para a mansão do Presidente Snow. Que também é onde eles têm as reuniões deles. – Ela fala suspirando e Quinn percebe que estava nervosa. – Esse muro... Tem algum tipo de campo de força que nos impede de nos aproximar. Beetee está tentando descobrir se tem uma maneira de descer aquele muro.

– Mas e se...

– Se não conseguirmos? – Quinn assente. Marley fica em silencio por alguns segundos. – Então tudo isso será apenas um desperdício de tempo.

– Acha que vamos conseguir? – Quinn pergunta depois de um tempo.

Marley passa um longo tempo olhando para as próprias mãos. Quinn espera pacientemente, tentando ignorar aquela voz na cabeça que manda ela ir atrás de Rachel. Tinha que pensar que a morena estava bem. E que estava com Katniss.

– Eu tenho certeza de que vamos conseguir. – Marley fala. Sua voz soando grossa e intensa. Quinn sorri com o canto dos lábios e se ajeita confortavelmente.

– Onde está Johanna? – Pergunta depois de um tempo, quando percebeu que a morena não estava ali.

– Ela foi atrás de Katniss. – Marley responde e Quinn a olha. – Consequentemente, ela foi atrás de Rachel. Não se preocupa. Elas estão bem, só não sabiam como chegar aqui.

Quando Marley fala que Rachel está bem, Quinn sente o corpo relaxar e respira fundo como se não estivesse respirando a muito tempo.

– Elas estão bem... – Repete passando a mão pelo braço onde tinha as adagas presas.

__

Escutou um barulho de pedras caindo e todos olharam para a entrada da suposta caverna. Quinn se levantou do banco e seu coração acelerou quando viu Katniss entrar correndo e abrindo espaço entre os Rebeldes. Johanna apareceu logo depois e apontava para uma das camas improvisadas. Quinn andou lentamente sentindo o peito apertar dolorosamente por ainda não ter visto Rachel. Os rebeldes eram muitos e ela não conseguia ver por cima de seus ombros.

– Rachel... – Quinn sussurrou e sentiu uma mão em seu ombro, virou e viu que Johanna estava olhando para ela séria. – O que...?

Johanna a olhou por alguns segundos e apertou o braço de Quinn. Puxou a loira por entre os rebeldes que davam espaço a elas. Quando Quinn viu que Rachel se contorcia na cama coberta de sangue, seu corpo congelou.

– Não desmaie agora. – Johanna avisou e Quinn não deu importância. Se aproximou de Rachel lentamente e se ajoelhou ao seu lado pegando a mão da morena e apertando com força, sentiu as lágrimas começarem a escorrer a mordeu o lábio inferior com força para não deixar um soluço escapar.

– O que...? O que aconteceu? – Ela pergunta para Katniss, seus olhos presos no rosto suado de Rachel. Sua voz soou tremida e dolorosa. Engoliu o bolo enorme que se formava e respirou fundo.

– Uma granada. Ela foi atingida por uma granada que... eu não sei bem o que é, mas a substancia que tem dentro da granada que dá alucinações... – Katniss engole em seco e Quinn olha para Rachel que estava, agora, respirando mais calma.

– Fique aqui, - Quinn olha para a mãe da Katniss que rasgava a camisa de Rachel e limpava os ferimentos. – sua presença acalma ela.

– Como foi que...? – Quinn apontou para os ferimentos e Katniss respirou fundo.

– Ela enfiou uma flecha dentro de si mesma e ficou gritando coisas que ninguém entendia... esse gás... ninguém deve chegar perto quando lançarem. – Katniss fala baixinho e levanta indo até onde Santana estava com Haymitch.

Os rebeldes se dissiparam e a mãe da Katniss ainda terminava de limpar os ferimentos de Rachel. Quinn sentou ao lado da cabeça da morena e colocou ela sobre o suas pernas. Acariciou os cabelos suados e respirou fundo.

– Pronto. – A mãe da Katniss se levanta e Quinn vê que o abdômen de Rachel estava com uma leve costura do lado. – Ela não vai acordar agora, não sei nem se vai acordar hoje. Sugiro que não aguarde.

Quinn assentiu, mas continuou acariciando Rachel. A morena dormia em seus braços, mas Quinn não deixou de sentir seu peito doer. Ela poderia ter perdido Rachel... não aguentaria isso...

– Nós precisamos ir. – Escutou a voz de Santana e olhou para cima. A latina a olhava com os olhos tristes e, ao mesmo tempo, pensativos. – Ela vai ficar bem. Terá todos os cuidados necessários aqui. Mas nós temos que ir.

– Eu não posso... – Quinn sussurrou e voltou seus olhos para o rosto da morena.

– Quinn... Nós precisamos de você! – Santana diz. A voz da latina soando grossa e irritada. Quinn engoliu em seco e olhou para cima mais uma vez.

– Ela precisa de mim!

– Ela não vai acordar agora!

– Eu não vou sair daqui!

– Vai abandonar tudo o que fizemos?! – Santana gritou. Quinn olhou ao redor da sala, vendo que todos tinham os olhos nelas.

– Agora não, Santana.

– Quando, então?

Quinn não respondeu. Santana respirou fundo e se afastou. Quinn observou a latina indo até onde um exercito se formava. Marley estava entre eles. A latina dava algumas ordens e Quinn os viu indo embora. Santana ficou e olhou para ela, balançou a cabeça e mancou até a cadeira ao lado de Beetee.

__

– Eles conseguiram se infiltrar. – Quinn escuta a voz de Beetee. Olha para cima e vê Katniss com as mãos nos ombros dele. Johanna ao lado dela com uma mão na sua cintura, possessivamente.

– Conseguiu abaixar os muros? – Santana pergunta e Quinn lambe os lábios e volta sua atenção para Rachel, que ressonava baixinho enquanto a loira acariciava as madeixas escuras.

– Não. – Os olhos de Quinn voltaram para eles. – Mas consegui abrir uma passagem para eles. Já os direcionei para o caminho certo. – Beetee responde com a voz concentrada.

– Nós vamos conseguir. – Katniss diz com a voz soando determinada.

– Eu espero que sim. – Santana respondeu e levanta da cadeira. Quinn vê que ela andava até onde ela estava.

Ignorou a latina e continuou fazendo o que fazia. Seus dedos passavam livremente pelo cabelo de Rachel. Escutou o som que a perna de metal de Santana fazia quando ela a arrastava levemente enquanto andava.

– Minha opinião ainda não mudou. – Quinn diz baixinho e escuta um suspiro longo vindo de Santana.

– E eu sei que vai ser impossível mudá-la. – Ela diz e Quinn sente que ela estava se sentando ao seu lado. Levantou os olhos para a latina. – Você sabe que precisamos de você, não é?

– Santana...

– Não! Só me diga se sabe. – Quinn desviou os olhos da latina. – Precisamos de você.

– Santana você não...

– Não fala o que eu já sei que você vai falar. – Santana diz e Quinn suspira. Sente Rachel suspirar e olha para baixo, vendo a morena respirar fundo, mas não acordar. – Você sabe que ela não vai ficar feliz quando saber que você não foi por causa dela.

– Eu quero estar aqui quando ela acordar.

– Eu sei disso também. – Santana faz um esforço e se levanta suspirando dolorosamente. – Eu espero que tome decisões certas.

Quinn observou ela ir embora e respirou fundo olhando para a testa levemente franzida de Rachel. Se inclinou e colou os lábios na testa dela, quando se afastou, viu que a testa da morena já estava normal. Sorriu e acariciou a bochecha dela com o polegar.

Ela também esperava que tivesse tomado à decisão certa.

__

– Não!

Quinn abriu os olhos abruptamente quando escutou o grito. Olhou ao redor atordoada e meio sonolenta.

– Mas o que...

– Não! Não! Não! – Era Beetee.

– O que foi? – Katniss pergunta quando chega por trás dele e olha para o monitor.

– Perdi o sinal. Perdi a merda do sinal! – Ele grita e bate no teclado com força.

– Beetee...

– Alguma coisa tinha acontecido! – Ele volta a teclar freneticamente. – Tinha escutado gritos e então um silêncio...

– Acha que...

– Eu não faço ideia. – Ele diz nervoso e coloca os fones. – James... James está me ouvindo? James?

Era um silencio absoluto. Quinn engoliu em seco e arrumou Rachel na cama antes de se levantar e andar lentamente até onde eles estavam.

– Beetee? – Uma voz distorcia soou pelos autofalantes. Era uma mulher. – Beetee? Estou te ouvindo.

– Griffin? – Beetee aperta alguns botões. – O que aconteceu? Onde está o comandante James?

– Uma explosão. Estou procurando feridos... Ah não...

– O que? – Ele para de apertar os botões e Quinn arregala os olhos.

– O comandante James Thane... – Um suspiro bem pesado é escutado e Quinn sente a tensão na sala. – Vou procurar sobreviventes.

Beetee bate a mão na mesa e passa as mãos pela cabeça. Quinn olha para Rachel, apenas para ter certeza de que ela ainda estava ali. Sente uma mão em seu ombros e olha para Santana que estava respirando ofegante. Quinn quase esqueceu que agora a latina tinha uma perna mecânica e aparentemente, ainda não tinha se acostumado com ela.

– Me dê uma lista. – Beetee pede e Quinn percebe, pelo canto do olho, que Katniss tinha pegado um bloco e esperou que a pessoa do outro lado nomeasse.

– Comandante James Thane, Clarisse Foster, Isabelle Martinez, Charles Stover, Marley Rose… - O resto Quinn não conseguiu mais escutar.

Arregalou os olhos e encontrou os de Santana.

– Marley? – Falou baixinho e Santana assentiu lentamente. Abriu os braços para que Quinn a abraçasse, mas a loira não o fez. Se afastou deles, ainda escutando a voz da Comandante Griffin no final. – Não pode ser...

Se agachou no chão e levou as mãos para o rosto. Sentiu uma mão nas suas costas e apertou os olhos fechados.

Não fazia nem vinte e quatro horas que tinha falado com Marley. A morena não poderia ter morrido.

– Acha que vamos conseguir? – Quinn pergunta depois de um tempo.

– Eu tenho certeza de que vamos conseguir. – Marley fala. Sua voz soando grossa e intensa. Quinn sorri com o canto dos lábios e se ajeita confortavelmente.

Balançou a cabeça e levantou do chão. Era sua culpa. Ela tinha deixado Marley ir sozinha. Tropeçou no chão antes de andar até onde estava sua espada. Reposava levemente sobre a mesa. Pegou-a e viu o símbolo do tordo na base da espada.

– Para onde vai?- Escutou a voz de Santana e virou para a latina.

– Acabar com isso. – Rosnou e guardou a espada na bainha.

– Como? Não tem mais o que fazer...

– Vou matar Snow com as minhas próprias mãos. – Disse e passou por Santana, indo para a saída.

– Fabray! – Parou de andar e virou encontrando Katniss e Johanna seguindo-a. Ambas completamente armadas. – Vamos com você.

Quinn pensou em negar. Mas então lembrou que Katniss tinha o mesmo objetivo que ela, e Johanna não deixaria ela ir sozinha. Então assentiu e continuou o seu caminho. Rezando para que ela ainda consiga ver Rachel mais uma vez.

__

Já tinham passado pela passagem que Beetee abriu. Katniss se comunicava com eles enquanto andavam. Quinn tinha os olhos atentos para todo lugar da cidade. Estavam no centro da Capital. E tinha uma enorme mansão mais na frente. Mas elas não estavam indo na direção da mansão. Tinham que pegar as pessoas que estavam na explosão.

Desceram uma rua e Quinn se agachou e grudou na parede quando escutou vozes.

– São eles. – Johanna fala e continua andando com Katniss. Quinn vai atrás com a mão na espada, esperando o momento certo para desembainhá-la. – Griffin!

Elas pararam de andar e logo escutaram alguns passos. Então uma loira surgiu. Quinn não a reconhecia, mas quando ela começou a falar, percebeu que ela era a pessoa que relatou as mortes da explosão.

– Hey, venham. – Ela diz e Quinn a segue com Katniss e Johanna atrás. – De cinquenta, dezoito foram mortos na explosão, temos alguns feridos, mas não o suficiente para fazê-los voltar para a base. – Ela continua a falar e entram em um beco. Ela abre uma porta e entram em o que parecia ser um bar.

– Faça com que eles voltem para a base, precisamos de cinco que estejam em perfeitas condições. – Katniss anuncia e Griffin acena engolindo em seco. Ela anda até um grupo pequeno de pessoas e começa a apontar. Katniss vira para Quinn e Johanna. Sua expressão faz com que Quinn sorria. – Nós vamos conseguir. – Ela diz e sorri para Johanna, Quinn olha para a morena ao seu lado e vê um sorriso carinhoso nos lábios dela.

– Clarke! – Johanna chama e a loira volta. – Está pronta?

Clarke assente e aponta para as pessoas atrás dela.

– Esse é o seu exercito. – Ela tem um sorriso pequeno. – Vamos invadir a mansão?

– Isso, e enquanto vocês entram, nós três vamos trás do presidente que, provavelmente, está na subsolo da casa em um abrigo. – Katniss fala e Quinn a olha surpresa. Comandante Griffin acena.

– Como sabe de tudo isso? – Quinn pergunta e Katniss sorri para ela.

– Conheço bem a casa do Presidente Snow.

Quinn observa bem as pessoas atrás de Clarke. Tinha um homem, negro e muito alto. Um homem mais baixo de cabelo encaracolado, uma mulher de cabelo liso, castanho e olhos claros e outra mulher morena de cabelo castanho e olhos verdes. Era um grupo bem interessante.

– Vamos. – Falou e andou para a porta, sabendo que estava sendo seguida.

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Eles entraram na casa com dificuldade. A casa estava repleta de Pacificadores. Principalmente no lado de fora da casa. Mas mesmo assim, ninguém estava ferido. Quinn ficou surpresa com a sagacidade de alguns dos amigos de Clarke. Eles eram rápidos e não tinham piedade. Quando entraram na casa, Clarke liderou-os para atacar os Pacificadores que ficavam dentro.

Katniss aproveitou a distração e puxou Quinn e Johanna para o lado de fora da casa.

– Nós não vamos...?

– Não. Tem uma entrada para o subsolo bem... – Ela andou agachada. Sua mão tateava o chão até que ela arregalou os olhos e passou as mãos pelo chão de mármore. – Aqui! – E bateu levemente, Quinn escutou o barulho oco e sorriu de canto.

– Vamos lá? – Olhou para Johanna que estava calada.

– Joh? – Katniss pergunta se aproximando da morena. Ao fundo, dava para escutar o som da batalha que ocorria dentro da casa. Tiros e gritos. Quinn fechou os olhos e tentou se concentrar no sorriso de Rachel e Marley que tinha guardado na sua mente.

– Eu quero tocar fogo... – Johanna fala baixinho e Quinn abre um olho.

– Hm? – Murmura e vê Katniss tentar não rir. Johanna tinha esse sorriso malicioso.

– Quando sairmos vou tocar fogo no quintal do Presidente Snow. – Ela diz e se inclina para beijar os lábios de Katniss.

Quinn ri, lembrando vagamente do Massacre Quaternário. Quando Johanna gritou que queria tocar fogo no quintal do Presidente Snow.

Depois desse breve momento. Katniss puxou Quinn e Johanna para longe da suposta porta do subsolo da mansão do Presidente. Quinn observou como os olhos acinzentados brilharam em uma cor azul cintilante. Katniss pegou o arco e apertou-o na mão. Pegou uma flecha, checou a ponta e Quinn viu que suas flechas tinham pontas de cores diferentes. Vermelhas, pretas e amarelas.

Katniss pegou a vermelha.

Ela mirou na porta no chão. Quinn sentiu o corpo de Johanna ficando tenso ao seu lado.

– O que a vermelha significa? – Sussurrou para a morena. Johanna olhou para Quinn e passou a língua pelo lábio inferior enquanto parecia pensar.

– Explosivas. – Responde e Quinn sente o próprio corpo ficar tenso.

Então Katniss atira.

E o chão explode.

__

Snow não estava lá.

Quinn chutou o painel de computadores que tinha na sala. Elas tinham matado alguns pacificadores que tinha sobrevivido a explosão da flecha da Katniss, mas nenhum deles era o Presidente Snow.

Elas saíram do subsolo e encontraram com Clarke e seu grupo. Todos pareciam bem, menos uma, a morena de olhos claros era carregada pelo homem negro.

– Ela está bem? – Katniss pergunta apontando para ela.

– Sim, só desmaiou com a granada que um pacificador lançou. – O homem de cabelo levemente encaracolado responde ao invés de Clarke.

– Acharam Snow? – Clarke pergunta depois de um tempo.

Quinn rosna e Johanna bate a mão levemente em seu ombro. Em uma forma de apoio.

Elas explicaram o que tinha acontecido enquanto andavam pelas ruas. Prontos para o próximo ataque, mas a Capital parecia vazia.

– Onde estão todos? – Quinn pergunta e olha para Katniss, sabendo que era bem provável que ela tinha a resposta.

– Em suas casas. – Ela responde simplesmente e Quinn a olha um pouco surpresa. – Estão esperando que o Presidente resolva a situação. – Ela revira os olhos e começa a correr na direção de um campo.

– Para onde estamos indo? – A mulher morena pergunta. Quinn tenta descobrir, mas só percebe que estavam voltando para a base.

– Katniss? – Pergunta um pouco nervosa, ela queria ir atrás de Snow, e queria acabar com tudo logo de uma vez.

– Já capturaram Snow. – Katniss responde simplesmente.

__

Todos estavam de volta no Distrito Treze. Quinn andava de um lado para o outro enquanto eles passavam com os feridos e os mortos. Várias macas com corpos cobertos por sacos pretos passavam por ela. Quinn sabia que Marley estava em um deles, mas não queria pensar nisso. Esperava Santana para irem até e cela onde estava Snow.

Passou as mãos pelo cabelo enquanto olhava para a porta por onde Santana iria sair.

– Nervosa? – Olhou para o lado e encontrou os olhos azuis e tranquilos da sua irmã.

– Irritada seria a palavra certa. – Responde e abraça o corpo magro da sua irmã. Ela parecia mais calma, e Quinn sabia que isso era o resultado do final da guerra. De toda a revolta.

– Não se preocupe, tudo vai dá certo. – Ela diz e beija a testa de Quinn antes de Ian chegar e chamá-la. – Eu tenho que ir.

– Vai lá. – Apontou e viu sua irmã sorrir e ir até o seu namorado.

Colocou as mãos no bolso, se sentindo um pouco mais tranquila.

– Quinn? – Olhou para frente e viu Katniss ao lado de Santana. – Vamos?

Assentiu e começou a segui-las.

O corredor por onde passavam tinham vários rebeldes armados nas portas. Quinn perguntou o que era que tinha atrás das portas e Santana a explicou, dizendo que eram os servos de Snow atrás daquelas portas. E precisariam interrogá-los por segurança.

Pararam em frente a uma porta dupla com quatro rebeldes. Santana acenou para eles e dois que estavam mais próximos da porta, abriram para elas passarem. A sala que entraram tinha isolamento acústico, Quinn percebeu no exato momento em que entrou e escutou os gritos vindo do outro lado da parede.

– Isso é...

– Sim. – Santana responde olhando para Katniss que engoliu em seco. Quinn passou uma mão pelo cabelo e tentou não demonstrar nervosismo.

Snow estava sendo torturado.

Santana passou mancando por elas, o rebelde que aguardava na porta abriu-a para ela e os gritos ficaram mais altos. Quinn olhou para Katniss e encontrou os olhos acinzentados lhe encarando de volta.

Ficaram em silencio e seguiram Santana.

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Snow estava atrás de uma parede de vidro. Sentado em uma cadeira de plástico branca, mas tinha vários fios ligados ao seu corpo, que estava jogado para frente. Um monitor que media seus batimentos cardíacos. E estavam acelerados. Quinn tinha certeza de que ele iria ter uma parada cardíaca. Olhou para Santana que tinha os olhos sérios, treinados sobre Snow.

– O que estão fazendo? – Katniss pergunta, era a mesma pergunta que Quinn tinha na ponta da língua.

– Ideia do Haymitch. – Santana responde com uma careta. Aponta para a tela de vidro na frente delas. – Para ele, está passando os Jogos.

– Todos? – Quinn pergunta enquanto cruza os braços e vê Snow levantar os rosto. Sua respiração engata e vê como ele arregala os olhos e seu corpo treme loucamente. – O que..?

– Sempre que um tributo morre, ele leva um choque. – Santana responde suspirando e Quinn a olha. Ela parecia tensa e levemente perturbada.

Talvez a ideia de tortura não lhe fosse favorável.

– Então ele está assistindo todos os jogos? Desde o inicio?- Katniss pergunta e Quinn percebe que sua voz estava levemente tremida. Quando a olha, vê a emoção em sua expressão. Ela parecia satisfeita.

– Sim, é provável que morra antes que chegue no seu. – Santana responde olhando para Katniss.

Quinn volta seus olhos para o homem na sua frente. Ela não sabia como se sentia sobre isso, mas lhe dava uma certa satisfação ver como os olhos assustados dele olhavam para o vidro, como se estivesse olhando para ela, então seu corpo tremia em um choque e era arremessado para trás na cadeira.

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Andava tranquilamente pelos corredores, tombando com algumas pessoas, que sorriam para ela e se desculpavam enquanto voltavam seus caminhos. Quinn estava tranquila. Estava em paz. Ela nunca pensou que iria ter isso alguma vez na vida, ao menos não de novo. Já que a primeira vez que teve paz foi quando teve Rachel em seus braços pela primeira vez.

Falando em Rachel.

Entrou no refeitório, todos conversavam animados, batendo nos ombros dos outros, riam, e comiam a comida fantástica que lhe eram oferecidas. Agora que não tinham mais o duro regime de antes, eles tinham comida de verdade. Katniss as vezes ia caçar com Johanna e mais alguns amigos para levar comida para mesa de todos.

De longe, Quinn viu Santana ao lado de Brittany, a loira acariciava a mão da latina que conversava animadamente com Haymitch e Katniss. A morena tinha a mão sobre a perna de Johanna que tinha um sorriso contido enquanto comia sua comida.

Frannie estava com Ian, os dois conversavam em um mundinho deles. E ela, com certeza, não iria se intrometer.

Mas Rachel não estava ali.

Deu a volta e entrou no elevador, decidindo ir para o dormitório, sabendo que ela estaria no quarto.

Quando entrou no quarto, se surpreendeu ao ver Rachel acordada e conversando animadamente com uma mulher idêntica a ela.

– Quinn! – Olha para Rachel e vê que ela estava lhe chamando com as mãos. – Vem, vem conhecer a minha mãe!

Quando se aproxima, Quinn fica assustada com a semelhança que ambas tinham. Os mesmos olhos, o mesmo nariz e quando a mulher mais velha sorri, Quinn fica sem ar.

É o mesmo sorriso!

– Então você é a famosa Quinn Fabray! – A mulher se levanta e se aproxima de Quinn. – Meu nome é Shelby, e eu sou mãe da sua namorada.

Engole em seco quando olha nos olhos de Shelby, vendo os olhos castanhos de Rachel. Então, antes que pudesse falar alguma coisa, foi interrompida por um abraço apertado. Shelby a apertava contra seu corpo. Quinn envolveu os braços na mulher mais velha e retribuiu o abraço.

– Obrigada por defender a minha menina. – Shelby sussurra contra seu ombro e Quinn sente seus olhos arderem na vontade de chorar. Mas não os fechou, encontrando os de Rachel por cima do ombro de Shelby.

Então Shelby se afasta e beija a bochecha da Quinn.

– Vou deixar vocês a sós. – Ela diz com a voz levemente quebrada. Se aproxima de Rachel e beija sua testa. – Eu venho mais tarde. – Quinn a escuta sussurrar antes de ela ir embora.

Fica olhando para a porta por alguns segundos, até sentir uma mão entrando na sua. Olha para baixo e vê Rachel com um sorriso aguado.

– Hey. – Rachel chama baixinho e Quinn sorri, senta na cama e segura a mão da morena, beijando seus dedos.

– Eu fiquei tão preocupada. – Falou baixinho e se inclinou para frente, deixando a cabeça cair no peito de Rachel. A morena ri tranquila e envolve os braços ao redor da loira.

– Se você ficou preocupada, imagine eu que acordei e fiquei te procurando, e pior ainda quando me disseram que você estava procurando o Presidente Snow. – Rachel fala sua voz soando levemente divertida.

Quinn levanta a cabeça e se ajeita sentada na cama. Rachel se arruma e senta confortavelmente contra a parede. Quinn se aproxima e aperta a mão da morena que sorri lindamente para ela.

– Acabou. – Diz sorrindo e Rachel assente rindo. – Acabou, não precisamos nos preocupar! – Ri quando Rachel se inclina e prende as mãos na camisa branca de Quinn, puxando-a para si.

Seus lábios se colaram e Quinn sentiu o corpo inteiro se arrepiar. As mãos de Rachel foram para sua nuca e se enterraram em seu cabelo. Era o momento perfeito. Ela estava feliz, nos braços da garota que amava. E ambas estavam bem.

Exatamente como deveria estar.

Se separaram e Quinn grudou a testa na de Rachel.

– Casa comigo? – Perguntou sussurrando, quase que inaudivelmente.

Rachel se separou dela e agarrou seu rosto. Quinn riu quando viu as lágrimas no rosto da morena.

– Você está falando sério?- Pergunta sorrindo e Quinn assente, sentindo suas próprias lágrimas escorrerem. – Sério mesmo?

– Eu não posso brincar com esse tipo de coisa, Rach. – Quinn brinca e Rachel gargalha feliz e puxa sua namorada, ou noiva, para mais perto.

– Eu te amo tanto. – Rachel sussurra contra a bochecha da Quinn que abraça o corpo da morena e puxa ela para mais perto.

– E eu te amo mais ainda. – Diz divertida e beija os lábios da morena mais uma vez. Sorrindo entre eles.

Agora elas tinham certeza. Quinn tinha certeza.

Tudo ia ficar bem.

Tudo está bem.

Fim :3