Katherine andava a passos lentos pelas ruas de paralelepípedos irregulares, estava muito cansada, havia passado o dia todo procurando emprego e entregando currículos. Parou em frente a vitrine de uma loja de grifes para admirar um vestido vermelho com paetês, lindo e caro. Precisa urgente de um trabalho, suas contas iriam vencer e o aluguel da casa em que estava morando já estava atrasado, se a perdesse não teria onde morar.

Assim que se virou, perdida em seus pensamentos, trombou com alguém, ambos foram para o chão:

–Ah! Desculpe não te vi!- Katherine havia esbarrado em um jovem e na queda, o terno preto, de aparência cara que ele usava sujou um pouco de lama nos braços e nos joelhos –Desculpe pelo terno- se desesperou, sua situação já não era nada boa e agora estava pior ainda- não se preocupe eu vou pagar a limpeza, não sei como mas vou, eu prometo!- Não tinha dinheiro para comprar um vestido, como iria pagar pela lavagem de um terno de marca como aquele?

–Eu sei como-Disse o jovem em tom calmo e despreocupado enquanto analisava as manchas em suas vestes –Meu nome é Victor, eu sou pintor, você poderia ser minha modelo- Entregou-lhe um cartão- Esteja nesse endereço ás 15 horas, amanhã. - E saiu noite a fora.

No dia seguinte, a jovem moça foi ao local marcado, com um péssimo pressentimento, poderia simplesmente não ir, provavelmente nunca mais veria aquele homem na vida, mas sua consciência não permitia. Já estava achando que o local não existia de tão distante que era, caminhou até os pés doerem, mas achou o endereço, uma simples casa branca com varando no fim de uma rua sem saída, talvez a ultima rua da cidade. Bateu na porta e o mesmo homem da noite anterior abriu a porta:

–Olá, pensei que não viesse mais- sorriu. Não havia notado anteriormente como ele era bonito, a pele era alva e perfeita como a das bonecas de porcelana que eram vendidas nas lojas de brinquedos, os olhos tão azuis que pareciam irreais, a boca bem desenhada, os cabelos pretos e lisos repicados em mechas que caiam na altura do queixo, era alto e magro. –Entre. –Sorriu abrindo passagem para a moça. No atelier havia diversos quadros de mulheres mortas, ensanguentas e agonizantes.

Sentaram se em uma mesa de dois lugares e Victor lhe ofereceu uma taça de vinho enquanto conversavam. Mal terminara de beber e começou a perder os sentidos. Desmaiou.

Katherine acordou amarrada em uma cama de lençóis amarelo bebê e vestida com o vestido vermelho que havia visto na vitrine no dia anterior do fatídico encontro. O jovem pintor estava em frente à cama e parecia concentrado no que pintava, assim que notou que a garota estava acordada, foi até ela com um punhal e começou a fazer pequenos talhos em sua pele, a dor era insuportável. Victor pegou um pouco do sangue que escorria dos ferimentos e misturou nas tintas. Recomeçou a pintar. Algumas horas mais tarde o artista terminou sua nova obra. Katherine, já quase inconsciente pela perda se sangue, sentiu seu corpo ser arrastado até os fundos da casa, ouvia barulhos de alguém cavando, seu corpo foi arremessado dentro de um buraco, na medida em que a terra cobria-a o ar faltava, assim como sua consciência.

–Me surpreendeu dessa vez!- Disse uma senhora em vestes elegantes.

–Este é o mais belo quadro que já vi- Um homem pronunciou.

O quadro a qual se referiam, mostrava uma jovem loira em um vestido vermelho brilhante, os cabelos loiros caiam levemente sobre os olhos verdes, as lagrimas refletiam a luz do Sol que se punha, profundos talhos em seu corpo, sangue escorria pelos braços e pernas da garota manchando a cama de lençóis claros na qual ela estava deitada. Seu rosto permanecia intocado. Na parte superior da cama havia um quadro negro com uma Lua na parte superior. O desespero estava presente em toda a cena.