Sakura não conseguiu mais se concentrar nas aulas que se seguiram. Depois que terminaram, ela foi direto pra casa, andando rápido, os olhos cintilando de lagrimas de dor e raiva. Que tipo de reação de uma amiga fora aquela?

Chegou em casa e viu novamente o bilhete do pai. Ele saíra. Aquilo não ia ajudar.

Jogou-se no sofá depois de tomar um banho e refletiu sobre a idéia de Tenten: ir embora. Seria mesmo uma boa idéia?  Ela tinha uma porquê para ir? Não. Mesmo todo o sofrimento pelo qual passava não era motivo para deixar a vila. Isso porque ela tinha um motivo para ficar: ela não deixaria as coisas no ar entre ela e Naruto. Principalmente, o que a incomodava mais era Hinata. Não podia ir embora sem pelo menos, ter uma conversa séria com ele. Ela entenderia se ele não quisesse mais nada com ela, sabia que o tinha ferido, mas precisava tentar.

Tinha quase se esquecido disso: seu plano. Tentara conversar com Tenten, mas ela não quis saber.

Pois bem, se o plano antes precisava do apoio de Tenten, agora não precisava mais. Não perderia seu tempo com alguém que não pensa duas vezes antes de machucá-la.

Tenten que pensasse o que quisesse, ela iria agir.

Levantou-se em um pulo e foi até a cozinha. Esquentou uma pizza da noite anterior e comeu depressa, não tinha muito tempo.

Saiu assim que escovou os dentes, penteou o cabelo e pegou uma bolsa.

A rua estava movimentada. Mais ou menos umas três da tarde.

Foi andando pelas ruas furtivamente, tentando deixar os pensamentos da cabeça no lugar certo. Logo avistou a casa, esperava que ele não tivesse visitas.

Bateu na porta, tentando ser o mais sutil possível. Não era fácil.

Ele veio atendê-la.

-Sakura?

-É... oi Neji.- ela disse meio constrangida.

-É... posso ajudar em alguma coisa?? – ele parecia confuso, ela já esperava por aquilo.

-Na verdade, Neji, foi isso mesmo que eu vim pedir: sua ajuda.

Neji deixou o rosto imóvel, digerindo a informação.

-Entre. – o som de sua voz saiu mais confiante, mas ele ainda estava confuso.

Sakura entrou e ele ofereceu um café ou coisa do tipo.

-Não, obrigada Neji. Eu só vim conversar. Já me alimentei, obrigada.

-Tudo bem, então. Sente-se. –ele indicou a poltrona e se sentou no sofá.

-Bem, Neji – ela começou, mas a voz falhou. Tentou ser forte. Era agora ou nunca. Se o que ela imaginou desse certo, muita coisa também daria. – eu queria te pedir uma ajuda, e um conselho.

Neji franziu a testa.

-Um conselho?

-É, um conselho.

Ele pensou um pouco antes de responder.

-Sakura, por que não foi falar com a Tenten? Veja bem, eu não estou me negando a te ajudar, mas ela tem mais intimidade com você, não tem?

-Tem, eu sei. Mas, acontece que eu não estou gostando das atitudes dela. – Sakura abaixou a cabeça constrangida.

-E por que não? Ela gosta muito de você e tem tentado te ajudar.

-Bem, Neji. Hoje por exemplo, ela sugeriu que eu fosse embora da vila.

Ele arregalou os olhos.

-Bem, quer saber a verdade? Eu acho que ela tem razão.

Agora Sakura arregalou os olhos.

-Como assim Neji?! Eu não posso ir embora! Não posso deixar as coisas do jeito que estão! Eu... – hesitou, e então continuou, a voz mais controlada. – bem, eu sei que todo mundo sabe o que aconteceu, e a maioria agora me detesta, eles me acham fútil...

Neji olhou a expressão de arrependimento dela. Sakura era tão legal, ela não merecia aquilo, merecia? Às vezes as pessoas erram, como ela. Por que crucificá-la daquele jeito?

Desde o começo, como todo mundo, ele sabia da historia. Mas agora, avaliando mais de perto, pela primeira vez sentiu pena. A vida da garota tinha virado um inferno.

-Sakura - ele se inclinou pra frente para dizer com mais veemência. – você não é fútil, tire isso da cabeça.

Ela pareceu melhorar com o seu comentário.

-Obrigada Neji. Bem, eu preciso da sua ajuda por isso: as pessoas sabem que eu errei, mas não sabem que eu quero tentar consertar meu erro.

-Consertar seu erro? Sakura, acha que é possível? – ele não achava.

-Claro que... bem... eu posso tentar... não posso?

-E o que te faz querer tentar?

Aquele era um dos motivos pelo qual Sakura pensou em Neji para ajudá-la. Ele era muito inteligente, entenderia rápido, isso era bom, ela não teria que ficar falando muito no assunto.

-Neji.... eu descobri...eu na verdade, sempre amei o Naruto. Continua assim. Eu quero conquistá-lo de novo.

Neji quase caiu pra trás com essa. Então agora ela queria o Naruto? Um pouco tarde demais, não?

-É... Sakura... – era difícil dizer aquilo, acabar com as esperanças soltas da colega, mas ele tinha que ser realista. – eu acho isso impossível, Sakura. Naruto está com Hinata agora.

-Eu sei, mas Neji, precisa acreditar mim agora: eu sinto que ele ainda gosta de mim! Na posso negar isso pra mim mesma! É por isso que quero sua ajuda!

-Por isso? Como assim?

-Quero conseguir conversar com Naruto. Uma conversa séria que eu nunca tive com ele depois que tudo aconteceu. Quero esclarecer tudo isso e vou entender plenamente se estiver enganada em relação a ele gostar de mim. Mas preciso conversar, colocar tudo isso pra fora. Se nada der certo, então quem sabe o melhor pra mim é ir embora mesmo. E eu irei.

Neji pensou por um momento.

-Sakura – a voz agora era mais grave e seria – suponho que o escolhido para sua ajuda seja eu pelo meu laço sanguíneo com a Hinata, não é? Isso facilita as coisas pra você. Não minta agora.

Ela engoliu o bolo que se formara na garganta. Ele se recusaria a ajudá-la?

-É... foi principalmente por isso. Desculpe, Neji.

 Ele soltou um pequeno riso.

-Bem, não precisa se desculpar. Acho que a Tenten exagerou mesmo. A atmosfera de Konoha ainda não atingiu seu cérebro, não completamente. – ele abriu um sorriso de diversão - Você ainda continua esperta.

Ela não pode evitar uma pequena risada.

-Bem Neji, pode me ajudar? Acho que não preciso esclarecer mais nada, não é? Você é inteligente o suficiente para saber o que eu preciso agora.

Ele pôs a mão no queixo e avaliou a situação.

-Bem – disse por fim, começando a abrir outro sorriso de diversão – acho que sim. Nem tenho nada pra me divertir mesmo! Alem do mais – ele se levantou e pegou as mãos de Sakura, delicadamente – é por uma boa causa – agora seu sorriso era sincero – desculpe-me. Eu também pensei besteiras de você.

Ela se levantou e o abraçou.

-Não precisa se desculpar, Neji. Eu entendo. Obrigada mesmo.

-Tudo bem. – ele retribuiu o abraço. Agora – disse ele soltando-a –que tal um lanchinho enquanto discutimos as estratégias?

-Bem, acho que agora não posso recusar isso. – disse ela.

Então os dois foram pra cozinha, discutir as estratégias do plano.