No Coffee escrita por Teenage Dirtbag


Capítulo 3
Zombie


Notas iniciais do capítulo

HAPPY NEW YEAR!!!
*2014*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/450902/chapter/3

Já haviam se passado duas horas quando o nosso chefe me ligou, para avisar que a nevasca só piorava e não tinha a menor chance de chegar ajuda em uma hora. Estávamos presos por um tempo indefinido. A sacola de comida ainda tinha uma boa parte, também tínhamos água, mas a pior consequência disso tudo era a tortura psicológica. Estávamos presos num cenário de um possível crime por um serial killer. E eu estava muito estressada.

–Você não vai fumar aqui - anunciei, assim que percebi que o Potter mexia no maço sem parar.

–Você está sem café e está uma pilha, Evans. Eu estou sem meus cigarros e vou ficar pior, acredite.

–Eu não ligo. Esse lugar é uma evidência, sem contar que as janelas estão todas lacradas e impossibilitadas, então nós vamos ter que ficar respirando os resquícios da sua nicotina. - olhei pra ele, que estava sentado perto de mim - Não.

Ele bufou em raiva, mas parou de mexer no maço. Sirius estava deitado no canto e ficava se estrelando e mexendo os dedos, numa espécie de tique nervoso. Enquanto Remus, o único que ainda parecia são, buscava qualquer pista que tivéssemos deixado de fora. Talvez ele não estivesse tão são assim.

Eu estava encostada numa parede também, sentada com as pernas cruzadas, mas os meus ombros começavam a doer e a pesar. Pensei em deitar, mas ia piorar, porque não teria apoio. Passei a mão apertando um pouco a curva do pescoço, os olhos fechados e tentando desesperadamente sair um pouco daquela realidade.

–Dor muscular ou só mais estresse? - a voz dele, agora, soava mais calma do que antes.

–Ambos - respondi em voz baixa.

–Quer ajuda aí? - eu levantei minha sobrancelha e ele levantou as mãos em redenção, sorrindo - Inocentemente, Evans! Achei que a maturidade tivesse melhorado sua mente podre… Vira de costas, eu te ajudo com isso.

–Potter, eu não acho que…

–Estamos aqui por tempo indeterminado e eu quero te ajudar. Baixa a guarda um pouco - ele sorriu fechado e eu suspirei. É, quer dizer, que mal faria uma massagem? Que mal faria baixar um pouquinho só a guarda para quem agora era meu parceiro num caso?

Virei de costas sem dizer nada e ele também ficou em silêncio. Não arrisquei olhar para Sirius e Remus, eu dispensaria qualquer piada agora. As mãos do Potter eram suficientemente grandes e a pressão que ele colocava nos meus ombros era boa. Não estava doendo, era suave e forte ao mesmo tempo. Na verdade, ele era um massagista muito bom e eu praticamente sentia a tensão acabando.

–Tá melhor, Evans? - eu murmurei que sim e senti os meus músculos relaxando. James Potter estava me deixando assim, o quão insano é isso?!

–Acho que já está bom, Potter, muito obrigada - eu estralei o pescoço e voltei a me sentar de costas para a parede - A não ser que você me arranje um colchão, não há realmente nada que possa fazer! - disse sorrindo e ele sorriu em resposta. Uau, como a atmosfera tinha melhorado.

–Eu te arranjaria um travesseiro, mas nós voltaríamos a um nível de intimidade que você não quer - ele sorriu fechado e eu bufei.

–Chega, né? Nem eu e nem você estamos dispostos a discutir isso, Potter. Nós passamos pelo ano de formatura e dois anos depois dele com isso quieto e enterrado, por que tirar do túmulo?

–Eu nunca enterrei, Lily. - eu lhe olhei feio - Evans, ok, você que sabe. Mas nós dois sabemos que não é um vocativo que vai mudar qualquer coisa aqui.

–Você já me provou o que tinha a provar anos atrás, Potter.

–Segundas chances estão fora da mesa? - eu sempre odiei o olhar de cachorro abandonado dele. Usava com todos! Professores, garotas, chefes, amigos e comigo.

–Segundas chances não serão nem cogitadas, Potter. Essa história está morta, não insista - com isso, levantei e comecei a andar pra fora. Pelo que percebi, éramos os únicos no cômodo, porque os outros dois deviam ter resolvido “ajudar o amigo”

Senti a mão dele puxando o meu braço e me virando, com força. Meu corpo colou no seu e eu arregalei os olhos. Eu queria empurrá-lo, sair dali, mas simplesmente não conseguia. Minha respiração começou a descompassar, mas ele parecia extremamente sobre controle. Uma de suas mãos estava no meio das minhas costas e as minhas estavam praticamente dormentes ao lado do corpo.

–Não diga que isso morreu, Lily - ele falou com a mesma voz calma, rouca e dissimulada - Isso que tem entre nós dois não morreu. E você pode negar o quanto quiser, mas a sua respiração e esse seu olhar te entregam, e você não é burra, sabe muito bem.

–James, não - eu disse, fechando os olhos por um instante e ouvindo o som do riso abafado dele.

–E a maior prova é que você não me corrigiu e ainda não se corrigiu,Evans. Por favor, repensa isso. Repensa tudo e não seja tão cabeça dura…

–Para, Potter - eu encarei seus olhos amendoados - Eu já disse que chega.

–Então vai embora. Se você realmente acha que não tem mais nada entre nós dois, vai embora agora e não olha pra trás. Mas mata isso de uma vez. - e eu não fui. Eu não fiz nada, só fiquei encarando-o por mais alguns instantes antes de ouvir o grito de Sirius em outro cômodo.

–Eu preciso ir socorrer o meu parceiro, com licença. - e então eu saí. Transtornada, olhando pra trás e querendo voltar. Mas não voltar pra lá, não, mas sim no tempo. Consertar o meu ensino médio e mudar o meu presente, porque esse veio com defeito.

Cheguei e encontrei dois idiotas debruçados na janela, gritando de felicidade e alívio. Eles haviam chegado, finalmente, e nos tiraram de lá em alguns minutos.

–Graças a Deus vocês estão bem! - o chefe disse e segurou o olhar em mim. Eu sabia que ele não podia demonstrar uma afeição maior, porque era anti-ético e tudo mais, mas fiquei feliz de vê-lo ali.

–Lily! - ouvi uma voz conhecida e logo senti Marlene me abraçar

–Não é pra tanto, relaxa! E você veio junto por quê?!

–Seu chefe me avisou e eu insisti em vir, desculpa, mas eu fiquei morrendo de preocupação! E trouxe algumas coisas pra vocês comerem, se estiverem com fome.

Nós estávamos. Lá só tinham doces e aquela coxinha dentro do carro me pareceu um banquete. Logo voltamos para a cidade e para nossas casas, exaustos. Só queria deitar, dormir e esquecer como tinha me sentido novamente com 16 anos dentro dos braços de James Potter. Afinal, a história está morta. E eu não acredito em zumbis.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

xx