–Não aguento mais! – eu gritava com a cara enterrada no travesseiro.

Banguela se deitou ao meu lado lambendo minha mão. Ah ainda não me apresentei sou Ethan Kings, mas todos me chamam de Hiccup tenho 15 anos, e me chamam assim porque no primeiro dia de aula eu tive uma crise de soluços, mas até já me acostumei com o apelido. Banguela é meu cachorro é da raça Terra Nova ele é todo preto e tem heterocromia então seus olhos são verdes com amarelo o ganhei aos oito anos e o chamei de Banguela pela falta de dentes.

Agora voltando ao inicio eu não aguento mais, toda sexta-feira sem falta tem cola na minha roupa de ginastica do colégio, e eu só moro aqui há três meses, nos mudamos pra cá por que meus pais queriam viver o resto da vida quietos, saindo da barulhenta Nova York.

E viemos parar em Happy Valley Goose Bay no Canadá, não é um lugar ruim a não ser pela neve e o frio constante, mas o colégio é o que podemos chamar de inferno de gelo, não só porque os aquecedores e nada dão no mesmo, e era proibido usar qualquer coisa na cabeça, ou cachecol durante a aula, então só casaco e calças grossas.

Estaria tudo bem se fosse apenas isso, mas não havia o professor Derek Mathers que gritava mais que falava e era chamado de Bocão pelas costas inclusive por mim. Kevin West ele era um valentão, mas todos nos sabemos se você é o mais forte e o mais burro você será um valentão, como eu digo a sobrevivência do mais burro.

Era por vezes chamado de Melequento por um acidente no laboratório de química chorou feito uma garotinha. Ester Collins, diziam que ela era a garota mais bonita da classe, eu não concordava os amigos a chamavam de Astrid por ela se parecer com a atriz de um filme eu acho.

E eu, eu era invisível menos quando o assusto era me ridicularizar, tipo cola toda sexta, bolas de neve assim que eu apareço, bolinhas de papel na aula e por ai vai, mas tinha uma coisa que me chamava atenção e era o garoto que sentava ao meu lado, seu nome era Jack Frost as vezes presto atenção na chamada.

Ele sempre está com calças marrons finas e um moletom azul com detalhes de gelo nas bordas como se estivesse congelado mesmo fazendo -7°graus lá fora, ele nunca dizia nada só observava e ria de tudo, de Bocão gritando, Melequento sendo idiota, de Astrid surtando quando uma trança se desfazia e também ria de mim, quando meu suporte congelava ou eu andava em pedra congelada e caia inevitavelmente.

Esqueci-me de dizer eu nasci sem uma perna tenho apenas da panturrilha pra cima, quando eu era pequeno quero dizer bem menor meus pais diziam que eu havia perdido a perna em outra vida quando eu era um herói viking e tive que matar um dragão gigantesco que queria destruir a aldeia eles até me deram um elmo de brinquedo uma vez.

O fato é que eu caia e não podia evitar, ele apenas ria. Tinha o cabelo todo branco, eu acabei ouvindo que era porque ele amava a neve e queria se parecer com ela, albino ele já era. No intervalo ele ficava sentado do lado da escola deitado em uma mesa olhando o céu branco e quando estava nevando brincando com os flocos de neve.

Eu o observava por vezes pela janela da sala já que eu sempre ficava nela lendo nos intervalos afinal Melequento também tinha a fama de colocar neve nas calças dos outros preferia não me arriscar. Eu era do tipo de garoto inútil sem amigos eu era neutro, mas eu sempre fui então não me importava.

Meus pais não ficavam em casa eles tinham uma cafeteria 24h no outro lado da cidade às vezes dormiam fora. O colégio ficava a 20 minutos da minha casa o caminho passava por uma praça grande e congelada e a uns 500 metros dali havia um bosque fui avisado para não ir lá porque havia rumores de lobos e que quem entrava não saia.

As vezes nos fins de semana levava Banguela para caminhar naquela praça ele amava correr e brincar na neve ele havia gostado da nova cidade eu só não esperava que aquilo acontecesse.