The Forgotten escrita por Panda Chan


Capítulo 57
Paz


Notas iniciais do capítulo

HEY HEY YOU YOU ~~ritmo da música Girlfriend --
Como vocês estão, bolinhos? Bem, eu estou sem alma.
Acabo de pausar minha maratona de Star Wars para escrever a fic e daqui a pouco vou voltar. Minha cabeça está em outro mundo.
Sobre o capítulo, é o último vamos assim dizer. O próximo já vai ser o epílogo e eu deixei esse bem simples.
Boa leitura.
Obs: Alguém se lembra de quando essa era a capa da fic?



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Alguns imortais não sabem lidar com a derrota, a maior prova disso é a quantidade de gritos que preencheram o salão de reuniões quando Elizabeth Knight morreu. E nenhum deles era de dor ou sofrimento.

– Eu tinha fé naquela garota – resmungava Inveja.

– Alguém me diz que a gêmea errada morreu, por favor – choramingou Modéstia.

– Bem, eu avisei para não apostar – Sorte sorria para os companheiros irritados.

Por todo o salão, imortais descontentes entregavam seu ouro para Caos e Ira que guardavam esperando o desfecho para entregarem aos vencedores do bolão.

Vida e Morte trocavam olhares de ódio que ofendiam mais do que palavras.

Destino fugiu disso tudo e resolveu se esconder em seu quarto enquanto esperava pelo final da batalha.

A colcha que ele mostrou para a garota Knight agora estava completa, além da cena do galpão que Alice já viu, agora também havia a cena de Elizabeth com a flecha atravessando seu peito, a de Alice com o corpo da irmã em seu colo e Zero ao lado, o campo de batalha em chamas e, é claro, o desfecho daquela luta. Tudo já estava decidido, traçado, ninguém poderia impedir.

Destino suspirou cansado, os milhares de anos de existência pareciam pesar ainda mais em suas costas.

– Não fique triste, querido – lábios quentes tocaram suas bochechas e braços finos o abraçaram pela cintura. Sua amada estava lá, pronta para segurar o peso dos anos de existência junto com ele.

– Ver como as pessoas devem sofrer faz com que eu me sinta culpado.

– Você é o Destino, ser o Fado está junto no pacote. Não pode se sentir mal pelas coisas ruins e ter orgulho apenas das boas, todos sofremos.

Destino encarou a amada. A mulher ao seu lado foi filha de uma prostituta e morreu enforcada por seguir a profissão da mãe. Esse foi o caminho que ele criou para ela sem imaginar que um dia iria ama-la.

Destino se sentiu culpado quando olhou para ela e enxergou a morte horrível que a aguardava, mesmo assim se aproximou e ficou do seu lado nos últimos momentos.

Quase quatro séculos depois, ali estavam eles. Ainda juntos, compartilhando segredos e uma vida como se fossem destinados um ao outro.

– Queria que houvesse uma forma de encontrar a Paz que não envolvesse a violência.

– Eu também.

Nada mais disseram enquanto observavam a cena na colcha, tricotada perfeitamente.

Corpos de feiticeiros mortos com poças de sangue escuro ao redor cercavam a garota de cabelos ruivos nos braços do servo da Morte.

Aquela cena era o marco que a Paz precisava para renascer como uma fênix.

(Alice)

Sangue, morte e destruição me cercavam. Porém, tudo que eu conseguia ver era o rosto de Alex.

Ele me carregou até a enfermaria, atravessando o campo de batalha sem se importar com os inimigos ou os aliados. Segurou minha mão quando lágrimas escorreram pelo rosto ao ver o corpo imóvel de Elizabeth em uma maca. Alex estava ao meu lado quando despertei no meio da noite e pedi água e quando fui para o meu quarto no dormitório porque a enfermaria tinha feridos demais para poucos leitos.

Os grupos de feiticeiros com Marloc eram o apoio das forças inimigas, eles estavam fornecendo energia e força extras para os soldados com feitiços de suporte. Depois que morreram, a batalha durou pouco mais de duas horas e todos os inimigos foram dizimados.

Não sei explicar o que aconteceu nos dias que sucederam esse episódio, estava triste demais para me importar com a contagem dos mortos ou em ir aos enterros.

Zero e Lizzy sumiram. A última vez em que vi o metamorfo, ele estava queimando cada feiticeiro que via pela frente. O caos na enfermaria era tão grande que ninguém percebeu quando ele foi até lá e buscou o corpo dela. Não pude enterrar a minha irmã assim como não pude enterrar Morfeu.

Alguns estudantes relataram ter visto um vampiro loiro parecido com Morfeu durante a batalha. Sei que não era ele. Se Thomas estivesse vivo, teria vindo me procurar.

O pai da Melody morreu e agora minha amiga é a alfa de sua alcateia. Teoricamente ela precisa de um macho alfa para dominar a seu lado. Teoricamente.

Pudim encontrou um de seus primos no campo de batalha. Depois que a família deles foi morta, o garoto ficou sozinho pelo mundo e terminou sendo levado pela Organização e transformado em um assassino como Lizzy. Agora eles estão juntos, ela está treinando o garoto para ser um bruxo como ela.

Duda e Lilly saem se gabando sobre como salvaram a vida de Lucas, o lobisomem reclama da forma como elas contam a história, mas sempre dá risada com as frases das duas.

O corpo de Elena Cross foi encontrado no dia seguinte a batalha, alguém cortou a garganta dela e a deixou morrer engasgada com seu próprio sangue. Marina também foi encontrada, mas viva. Ela estava em uma central de comunicação escondida na floresta ajudando a organizar o ataque. Ninguém sabe explicar como, mas a cabeça dela foi encontrada bem longe do corpo algumas horas depois que a prenderam. Talvez tenha caído.

A Paz não foi encontrada. Não sei onde ela se escondeu, mas o lugar é tão bom que ela nem percebeu a batalha e veio dar as caras. Destino vai me castigar por isso.

Alex se materializou no quarto com uma caixa recheada de rosquinhas para a viagem. Não mexi nenhum músculo enquanto ele se aproximava de mim e se sentava na cama ao meu lado.

– Trouxe comida.

Ele deixou a caixa ao lado de uma embalagem com croissants que não foram comidos.

– Não quero comer.

– Você precisa se alimentar.

– Lizzy nunca mais vai comer.

– Você não é a Lizzy.

As palavras dele não me machucam e sei que não foram ditas para machucar. Alex quer o meu bem e eu quero sumir.

Talvez se eu morrer possa encontrar minha irmã.

– Não desperdice o sacrifício dela.

Com essa frase, ele consegue fazer com que eu pegue uma rosquinha e coma pela metade.

Desde a batalha eu apenas comi o necessário para não desmaiar, tomei banho e fiquei encarando as paredes do quarto como se elas fossem uma tela com as respostas da minha vida. Minha aparência está horrível e essa é minha última preocupação.

– Eca, essa garota está definhando.

Morte caminhou pelo meu quarto. Alex se curvou imediatamente ao ver sua senhora, eu a ignorei. Essa é a primeira vez que um Imortal me visita após a batalha.

– Vejo que ficar sem família a deixou mais rebelde – ela sorriu. Algo na forma como disse a palavra rebelde é diferente, contudo não consigo decifrar o que significa.

– Minha senhora – a voz de Alex passa respeito – Por que veio até aqui?

– Queria levar a alma dessa coisinha ruiva, mas está deplorável demais. Não gosto de almas depressivas assim – ela moveu as mãos fazendo pouco caso de mim – Então vou leva-la até o Conselho como Destino me pediu.

Os olhos de Alex quase saltaram das orbitas. Eu permaneci imóvel.

– Conselho...Mas... Por que? – a pergunta é um sussurro, me pergunto se ele realmente queria tê-la feito em voz alta.

– Você não precisa saber – Morte praticamente rosna, Alex se encolhe – Vamos, fadinha. Destino está te esperando.

Não tento fugir, questiono ou tenho qualquer reação como uma pessoa normal enquanto Morte segura meu braço e me leva para a escuridão ao seu lado.

Quase tropeço quando chegamos ao fim do teletransporte. O lugar aonde fui parar é um salão com poltronas confortáveis que ficam ao redor de três poltronas maiores com um trono atrás. Reconheço Destino, Vida, Alegria e Amor entre as centenas de rostos com as mais diversas características étnicas das pessoas que ocupam as poltronas.

– Seja bem-vinda, Alice – Destino se levantou e sorriu para mim, não retribuo.

– Eu avisei o que te aguardava se seguisse o servo da Morte – Vida sorriu maldosamente para mim. Destino dá um olhar repreendedor para ela.

– Vim aqui para levar um sermão? – perguntei com a voz monótona.

– Claro que não – Destino respondeu.

– Claro que sim – Morte e Vida disseram ao mesmo tempo.

Tombo a cabeça para o lado.

– Fiquei confusa.

Morte e Vida olham para Destino, perguntando o que o Imortal tem na cabeça para ter dito o oposto do que elas disseram.

– Antes de dizer o motivo real para ter te trazido aqui – o sorriso do Imortal desapareceu quando olhou para sua irmã ceifeira – Cumpra com a sua parte do acordo.

Morte revirou os olhos.

– Tudo para me ver longe da Vida. Diante do Conselho dos imortais eu juro não ir atrás da namoradinha do Destino até o dia em que ela quebrar o coração dele.

Murmúrios encheram o local. Destino voltou a sorrir.

– Espera! – Vida gritou – Como assim se ver livre de mim?

– A Morte quer que eu ajude a me livrar de você por alguns dias – Destino disse isso como se estivesse falando sobre o clima.

– Você quer se livrar de mim? – Vida gritou olhando para a Morte – Sua vaca recalcada!

– Ah, por favor – Morte revirou os olhos – Ninguém gosta de você. Sua existência é uma ofensa para todos.

– Sou mais útil que você!

– Só nos seus sonhos, loira de farmácia.

Pensei que ia ver um UFC de Imortais naquele momento. Pude ouvir dois caras mal encarados começando um bolão de apostas e me sentir tentada a participar.

– Acalmem-se, garotas – Destino estava descontraído demais para alguém que era alvo dos olhares mortais das duas Imortais – Vocês não vão querer brigar na frente da Paz.

O silêncio dominou o salão.

– A Paz está aqui? – perguntei.

Destino sorriu.

– Liberte-se velha amiga.

Meu corpo começou a esquentar e brilhar. Gritei de dor quando um par de asas rasgou a pele nas minhas costas e me encolhi conforme a dor aumentava.

Um espelho surgiu diante de mim e pude ver as mudanças. Primeiro uma bola de luz, depois uma mulher oriental com os olhos verdes, uma garota indiana, um homem loiro, uma jovem ruiva com roupas do século quinze, um menino preto com grilhões, uma mulher de pele bronzeada e longos cabelos escuros, uma muçulmana com o véu cobrindo parte do rosto, um homem judeu e uma mulher negra com cabelos cheios de cachos pretos. Todas as aparências tinham olhos verdes como os meus.

A última forma que meu corpo tomou foi a minha.

As asas sumiram com um brilho cegante e eu caí de joelhos encarando minhas mãos. Alex correu para me abraçar.

– O que foi isso? – perguntei.

Todos os imortais estavam prendendo a respiração. Ninguém falava ou se mexia, todos me encaravam.

– Meus amigos, deem as boas-vindas para a Paz.

Fiquei imóvel enquanto todos os imortais saíam de seus confortáveis assentos e se curvavam diante de mim, como se eu fosse alguém realmente importante.

– Eu sou a Paz? – perguntei para ninguém em especial.

– Sim, Alice. A Paz sempre gostou dos Knights, quando ela resolveu desaparecer foi passar um tempo com seus ancestrais e terminou renascendo como sua alma. Você é a Paz mesmo antes de nascer.

Não tinha palavras para dizer naquele momento. Alex se curvou para mim e sorriu discretamente, um ato de encorajamento que dizia que eu não estava sozinha.

– Droga, eu odeio a Paz – murmurou um dos caras mal encarados que estava cuidando do bolão.

– Se fosse a Elizabeth, teríamos chance de fazer a guerra.

De alguma forma eu soube que eles eram Ira e Caos.

– Eu não quero mais te matar como queria antes – Morte murmurou.

– Eu nem lembro mais porque te odeio – Vida a olhou franzindo o cenho.

– Esse é o efeito da Paz, Alice – Destino foi até mim sorrindo – Você tem o dever de tornar o mundo um lugar melhor.

– Um lugar melhor? O mundo está sujo e distorcido, as pessoas foram poluídas e corrompidas pela maldade, ganância e outros sentimentos horríveis. Ser a Paz não vai mudar isso.

Ele me olhou e balançou a cabeça discordando.

– Você tem mais poder do que imagina.

Imagens começam a aparecer em minha mente como flashes de pessoas brigando umas com as outras e parando sem motivo, pedindo desculpas e trocando atos de afeto.

É como um tapa na cara, eu tenho consciência do meu poder. Sendo a Paz, vou poder salvar milhares de Lizzys. Vou poder mudar o mundo.

Vou poder salvar o mundo, uma pessoa por vez.

– Eu sou a Paz – disse em voz alta porque parecia a coisa certa a se dizer naquele momento.

Destino, Vida e Morte sorriem para mim. Os imortais pareceram maravilhados e felizes por ter de volta a Paz desaparecida.

Procurei por Alex e quando o encontrei o inesperado acontece.

No meio das criaturas mais poderosas do universo, Alexander Natale Santiori me beijou e eu não tive vergonha de retribuir.


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Notas finais do capítulo

Fraco? Com certeza, mas o próximo compensa. Palavra de jedi q
Como eu estou com a vida corrida, trabalhando e estudando, terminei atrasando o capítulo e tendo que escrever rapidinho. Resolvi mostrar os finais dos personagens no epílogo.
A minha nova história já está sendo postada (https://fanfiction.com.br/historia/647889/SeuSegredoCom/), convido a todos para conhecê-la.
Não sei mais o que dizer kkkk
Obrigada por ler o capítulo.
Beijos jovem bolinho de churros.