The Forgotten escrita por Panda Chan


Capítulo 49
Hilf Mir Fliegen


Notas iniciais do capítulo

Olá bolinhos, capítulo recém saído do forno e postado com antecedência porque eu amo vocês e o pessoal do grupo do Whats me cobrou '-'
Uma dica: Se quer ameaçar um autor nada melhor que ter o número de telefone dele q
A história recebeu uma recomendação ♥ Obrigada Downpour, meu amorzinho, dedico esse capitulo para você e tenho certeza que vai amar kkkkk
O título do capítulo é, traduzido, " Me ajude a voar" e também uma canção da banda Tokio hotel (minha favorita). Para os curiosos por músicas de plantão: https://www.youtube.com/watch?v=Lyk3WL5353A (se alguém ler o trecho com essa música de fundo vai querer me matar, tenho certeza q)
Fliegen é uma palavra citada no capítulo, além de mosca ela também quer dizer voar em alemão (gente deve ser uma loucura a Alemanha q)
Sem mais delongas, boa leitura.

CURTAM A PAGE DA FIC: https://www.facebook.com/pages/The-Forgotten/673620072751917?fref=ts



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/450583/chapter/49

Não importa se você é humano ou sobrenatural, ser liberado mais cedo é sempre motivo de comemoração entre a classe. Arrumei meu material rapidamente e segui Melody para fora da sala.

– Fiquei surpresa quando te vi entrar na sala – ela comentou sorridente – Você mais falta aula do que vai.

– Sério? – perguntei apenas para ter algo a dizer, eu sei que ela está certa.

Que culpa tenho se vivo sendo atacada por pessoas malignas? É muito difícil manter uma boa frequência de comparecimento desse jeito.

– Ainda não entendo como você consegue notas para passar nas matérias.

– São matérias que eu aprendi na minha escola humana, não tenho dificuldade – dei de ombros como se não fosse nada demais e ela apenas me encarou balançando a cabeça.

Fomos até o refeitório que estava praticamente vazio e conseguimos bons pedaços de pizza. A comida servida no Instituto é incrivelmente gostosa e bem feita, mas pode deixar qualquer um obeso. Minha pizza, por exemplo, tem pelo menos um quilo de massa e dois de recheio. É apenas uma fatia.

– Estou dando graças ao Universo por não ver o amigo da sua irmã comendo uma fatia dessas – Melody comentou antes de colocar um pedaço de sua pizza pepperoni na boca.

– Pela minha experiência o vendo comer, acho eu o garoto iria colocar a fatia toda na boca de uma vez.

– Ele é como o Homer Simpson.

– Acho que o Homer aprendeu a comer com ele.

Rimos e continuamos a almoçar falando sobre assuntos aleatórios enquanto o refeitório era preenchido por alunos vindo de suas aulas matinais.

Melody resolveu esperar pela Pudim enquanto eu voltei para o meu quarto onde peguei os livros que a Marina tinha me emprestado há muito tempo. Tenho medo da multa que estou devendo na biblioteca.

Os corredores próximos à biblioteca estavam vazio, o que não me surpreendeu em nada. Quanto mais próxima da sala cheia de livros, menos pessoas passavam por mim até que ninguém mais passeava pelos corredores.

Suspirei entrando da maneira mais silenciosa possível na sala. O local continuava igual: estantes que iam de chão até o teto em todas as paredes, uma grande parede de vidro iluminando o lugar, as mesas de estudo que não parecem ser usadas há décadas e a grande estante cheia de livros atrás de uma tampa de vidro com a mesa da bibliotecária na frente. Fiquei surpresa quando não vi Marina ali.

Resolvi caminhar pelo lugar procurando a bibliotecária de olhos pretos de forma silenciosa, mesmo que eu não esteja vendo pode ter alguém estudando aqui e gritar seria alguém rude da minha parte.

– Ninguém vai nos ouvir – ouvi a voz dela dizer – Os alunos estão almoçando agora.

Aproximei-me do lugar de onde a voz dela vinha e parei atrás de uma estante a uma distância segura.

Marina estava linda com um vestido social tubo vermelho, saltos pretos e os cabelos ondulados caindo pelas suas costas, me pergunto porque alguém com uma beleza tão diferente quanto a dela vive escondida em uma biblioteca vazia.

– Espero que você esteja certa – a pessoa com ela disse – Seria incomodo se alguém soubesse dessa conversa.

Tentei mudar a minha posição para ver quem era a acompanhante da Marina, mas não consegui. A pessoa estava em um canto escuro, a única coisa que a denunciava era sua voz feminina.

Talvez elas sejam um casal e se escondam como a Pudim e a Melody. Argh! Minha curiosidade me impede de sair daqui.

– Não gosto quando as coisas ficam complicadas – Marina jogou uma mecha de seus cabelos por cima do ombro – Conte-me quais são os planos da Organização.

“Planos da Organização”? Okay, o nível da minha curiosidade atingiu a lua. Será que Marina é uma espiã?

– Eles planejam um ataque para matar as garotas Knight e completar o Ritual do Sangue.

Marina sorriu. Oh meu Universo, ela é uma espiã!

– Finalmente uma utilidade para aquela metida da Red – a morena revirou os olhos – Está cada vez mais difícil me esconder dela aqui, se ela me ver a operação toda terá sido em vão.

– Os superiores acham que ela é um problema, mas estão reunindo assassinos de todo o mundo para vir no ataque. Acho que ela só vai sair viva porque duas almas devem ser sacrificadas no ritual.

– Quando será o ataque?

– Ainda não sei, eles estão com medo de enviar mensagens importantes para nós.

– Medo? – Marina pareceu com raiva – Todos os nossos são assassinos treinados, por que os superiores temem alguns sobrenaturais na puberdade?

– Max veio me trazer essa mensagem e foi morto pela Red – uma expressão de dor tomou o rosto da morena – Eles temem enviar outro assassino pela chance de não vê-lo novamente.

– Sempre falei que criar a garota como uma arma era perigoso – Marina praticamente rosnou. Não havia nada da bibliotecária atenciosa que me atendeu antes nela – Ela se tornou um perigo para nós.

– Entendo sua raiva, você e Max eram companheiros, mas não adianta culpar as decisões do passado.

– Max era meu noivo – havia amargura na voz dela – Quero matar essa garota pessoalmente.

– Infelizmente isso não é possível – a voz parecia entediada – Foi treinada para ser uma espiã, não uma arma. Tem alguma nova informação sobre a Alice?

– Ela não oferece qualquer perigo para nossos planos – ela suspirou – A garota nem mesmo despertou o segundo elemento.

– Isso é bom, menos uma para nos preocuparmos. Melhor irmos para o refeitório ou podem suspeitar de algo.

– Claro.

Me encostei tanto na estante de livros que quase entrei na prateleira enquanto ouvia o som dos saltos da Marina batendo contra o assoalho de madeira. Apenas percebi que estava prendendo a respiração quando ouvi a porta fechando e relaxei.

Quantos espiões estão infiltrados aqui? Marina, alguém de quem eu nunca suspeitaria, quer matar a minha irmã e ainda tem aquela pessoa que eu não consegui ver... Podem ser dezenas.

Porém, Lizzy e Zero disseram que estavam me espionando quando vieram me matar, provavelmente não saibam desses outros espiões ou teriam usado as informações deles. Se Lizzy tivesse me matado de verdade como será que eles iriam conseguir completar o ritual?

Talvez a Organização sempre soubesse que ela não iria me matar.

Eles deviam achar que ela iria me ferir e depois alguém poderia me sequestrar e levar até o quartel general onde o ritual seria finalizado. O que aconteceu de errado para que o plano não seguisse como planejado?

Fugiu para matar sua irmã e falhou.”

“– Eu desertei.

– Sua irmã falhou na missão de te matar e depois fugiu acompanhada do albino.”

Agora tudo faz sentido, posso até visualizar um quebra-cabeça mental sendo montado. A Organização nunca quis que a Lizzy me matasse, eles queriam que ela me deixasse ferida, mas a Lizzy fugiu quando falhou em sua missão e eles ficaram sem nós duas.

Corri para a entrada da biblioteca e tentei abrir a porta. Trancada, é claro. Existe algo mais clichê do que uma porta trancada quando você precisa escapar?

Não pensei duas vezes antes de gritar pela única pessoa que pode me ajudar.

– ALEXANDER!

Cinco segundos depois ele se materializou diante de mim.

– Por que me chamou?

Contei um resumo do que ouvi e minha teoria sobre os planos da Organização, Alex ouviu tudo sem me interromper.

– Precisamos sair daqui antes que a Marina volte – ele disse antes de se virar e olhar com curiosidade a estante de livros com a tampa de vidro na frente – Que livros são aqueles?

– Não faço ideia – respondi.

Ele se aproximou dos livros e flutuou até as prateleiras mais altas, fiquei boquiaberta. Claro que eu já vi Alex flutuando milhares de vezes, ele não pisa no chão do Instituto, mas eram poucos centímetros e não metros como agora.

– Perfeito – ele olhou para mim sorrindo – Jogue esse livro de capa vermelha para mim.

Peguei o exemplar de “Tudo que é necessário saber sobre vampiros” e lancei para ele.

Alex pegou o livro sorrindo, abriu a tampa de vidro e trocou o livro sobre vampiros por outro também vermelho.

– Agora me dê esse outro.

Joguei o outro livro para ele, o servo da Morte foi mais para cima e fez a mesma coisa com outro livro de capa marrom.

– O “ Fadas e suas crianças” é azul, não marrom – protestei.

Ele voltou para o chão e sorriu.

– Ninguém vai perceber com uma distância como essa – ele piscou – Vamos para o seu quarto começar um clube do livro.

E logo fui engolida pela escuridão.

Por mais que quiséssemos começar a ler os livros o mais rápido possível, eu não podia faltar à aula de combate daquela tarde que seria com a minha adorada irmã. Lizzy me ensinou alguns golpes usando uma espada de madeira e me acertou algumas vezes em locais que ficaram bem doloridos. Assim que a sessão de tortura acabou o Alex veio me buscar.

– Você precisa de uma escolta agora? – Pudim perguntou enquanto trocávamos de roupa no vestiário. Ela estava ao meu lado quando avistei Alex observando o treino.

– Estamos trabalhando em algo – respondi.

– Usem preservativo! – Melody gritou e logo todas as garotas no vestiário me olharam como se eu fosse uma vadia.

– Só não digo o mesmo para você porque uma garota não engravida a outra – dei uma piscadela na direção dela. Pudim ficou roxa de vergonha e Melody gargalhou.

Lilly e Duda se aproximaram usando as roupas de treinamento com cara de cansadas.

– Vocês são, tipo, péssimas amigas – Lilly protestou.

– Somos? – Pudim perguntou erguendo uma sobrancelha.

– Sim, vocês são – Duda nos olhou ameaçadoramente – Nem nos convidaram para sair na missão de resgaste da vampira loira.

– A missão foi organizada de última hora – disse. Por que elas têm que tocar logo nesse assunto? As coisas estavam tão boas.

– E era muito perigoso – Melody lutava com o botão do short que não queria fechar – Eu odeio a Daniella – ela resmungou.

Ouvi a risada da fada vinda de algum lugar, mas não me dei ao trabalho de procura-la.

– Mesmo assim gostaríamos de um pouco de ação – Duda resmungou.

– E tipo, nos garantimos.

Uma coisa que eu aprendi sobre a Lilly é que quando ela fica nervosa com algo repete a palavra “tipo”, tipo, umas mil vezes. Ai credo, agora até eu estou falando tipo.

– ‘Tá – fechei a porta do meu armário e alisei a minha blusa – Na próxima vez em que formos para uma missão suicida da qual nem todos voltaram vivos vamos chama-las.

Talvez tenha sido a agressividade no meu tom de voz ou a lembrança sobre o amigo que perderam, de qualquer jeito as duas fadas ficaram em silêncio enquanto eu saía sem me despedir.

Não consegui conter minha alegria quando Alex aceitou minha proposta de irmos a pé para o dormitório. Quando viajamos pelas sombras eu sinto frio e tudo é tão escuro que o lugar parece ser a parte interna do corpo de um monstro.

– Boa noite queridos – Flor cumprimentou com sua voz assustadora.

– Oi, Flor – Alex sorriu para o esqueleto – Vestido bonito.

– Obrigada.

Acho que o espirito da Flor ficou corado com aquele elogio. O vestido não é bonito, mais parecia uma toalha de mesa natalina. Resolvi guardar esse comentário para mim.

Assim que passamos pela porta do meu quarto eu usei o feitiço para mantê-la trancada e me sentei na cama ao lado do meu querido Pikachu de pelúcia.

– Pronta para começar a ler? – Alex jogou o livro marrom no meu colo.

– Mas é claro – eu respondi abrindo o livro grosso enquanto Alex se sentava na cadeira da escrivaninha.

O título do livro estava desgastado demais para que eu conseguisse ler, não me importei com isso. As páginas estavam cheias de feitiços de ataque e defesa especiais para as fadas. Encontrei um que me chamou a atenção.

Olhei para uma caneta parada sobre a escrivaninha e me concentrei nela.

Fliegen. – sussurrei. A caneta começou a flutuar, balancei as mãos algumas vezes para os lados testando meu controle sobre ela.– Pelo visto aprendeu algo útil – ele comentou sorrindo.

– Será que eu vou conseguir levitar? – perguntei.

– Se você acreditar que pode, vai conseguir.

Alex pegou a caneta voadora e a deixou com as outras em uma caneca na escrivaninha. Eu tive um vício tão grande por canecas de animes que terminei com uma coleção gigante delas.

Sentei em posição de lótus e fechei os olhos tentando me desligar de tudo a minha volta como sempre fiz nas aulas de magia.

Consegui sentir o ar ao meu redor e a respiração de Alex que ainda estava na escrivaninha.

Fliegen. Sussurei mentalmente.

Fliegen. Fliegen. Fliegen. Fliegen.

Não senti mais a cama nem meu edredom, abri os olhos e me surpreendi ao ver que eu estava parada no ar.

– Alex! – chamei animada.

Ele ergueu os olhos do livro que estava lendo e me olhou surpreso.

– Eu disse que você ia conseguir.

Desfiz a posição de lótus, de pé minha cabeça quase batia no teto.

– Estou voando! – mexi meus pés que não tocavam em nada.

É claro que quando você está no ar o equilíbrio funciona de forma diferente e eu estava caindo pros lados, porém, ainda estava feliz e rindo como uma boba enquanto observava Alex sorrindo.

– Você só está levitando – ele foi até a janela do meu quarto e a abriu depois flutuou até mim – Vou te mostrar como é voar.

Alex entrelaçou os dedos de sua mão na minha e me guiou para fora do quarto e depois para o alto. Senti o vento frio da noite me abraçando e bagunçando meus cabelos enquanto me aproximava de uma nuvem, não pude resistir e toquei nela que não parecia com algodão-doce.

Alex parou quando ficamos acima das nuvens tendo uma visão perfeita da lua.

– Eu não devia conseguir respirar aqui – foi tudo que consegui dizer enquanto olhava para as estrelas cercando a lua.

– Você domina o ar, acha mesmo que o oxigênio seria metido o bastante para te ignorar? – ele riu – Se fosse outro elemento acho que você não iria aguentar isso.

– Esse feitiço de voar é tão maravilhoso – o sorriso estava congelado no meu rosto – Obrigada por me trazer até aqui.

– Eu que agradeço, Alice – ele segurou minha mão livre – Nunca tenho companhia para voar – então ele falou um pouco mais baixo como se fosse um segredo - A Natália é horrível nisso.

Eu ri com seu comentário.

– Me chame quando quiser. Isso é incrível.

Fechei os olhos sentindo a brisa fria da noite mexendo nos meus cabelos.

– Com a pessoa certa, tudo é incrível.

Abri os olhos e encontrei Alex me encarando, sem dizer nem uma palavra ele aproximou nossos corpos soltou uma das minhas mãos passou pela minha cintura.

– Alex – gaguejei sem querer.

– Vamos dançar, Alice – ele sussurrou perto do meu ouvido enquanto erguia nossas mãos com os dedos entrelaçados.

Não respondi nada apenas passei minha mão pela cintura dele e segurei a parte de trás da camisa de coelhos zumbis. Alex rodopiou comigo cantarolando uma música que não consegui reconhecer com um grande sorriso no rosto e fazendo o possível para manter contato visual comigo. Pela temperatura do meu rosto tenho certeza que estou vermelha.

Ficamos assim até ele se afastar dizendo que devíamos voltar para os livros. Havíamos acabado de sair do nível das nuvens quando o aperto dele em minha mão ficou subitamente mais forte.

– O que foi? – perguntei.

– Você não está assustada? – ele perguntou.

Olhei para baixo, nos afastamos muito do Instituto e estávamos perto das colinas que ficam atrás da escola.

– Por incrível que pareça não tenho medo de altura.

– Não é isso – ele balançou a cabeça para os lados antes de segurar meu pulso e levar minha mão até seu rosto – Você não sente medo de mim?

– Confesso que saber que você tem seiscentos anos de vida e pode me matar quando desejar é um pouco assustador, mas sua aparência quebra todo o clima de cara malvado – quase revirei os olhos.

– O que?

– Você é o tipo de cara que quando vai conhecer os pais da garota leva flores pra mãe dela e brinca com os irmãos mais novos – ele riu – Não dê risada – soquei levemente o peito dele com a mão que antes repousava em seu rosto – Aceita que dói menos, querido.

– Nunca pensei que ficaria tão feliz em ter feito um contrato com você – ele confessou.

Alex começou a me guiar em direção ao Instituto, estávamos quase deitados no ar lado a lado.

– Eu sei, você nunca deve ter imaginado que teria a honra de fazer um contrato com alguém tão maravilhosa quando eu – brinquei.

– Exatamente isso – ele disse em tom de brincadeira – Como você descobriu? Não me diga que é vidente.

– Elementar meu caro Santiori, não existem almas tão incríveis quanto a minha por aí.

A expressão brincalhona desapareceu do rosto dele.

– Não pedi sua alma no contrato.

É impressão ou ele se ofendeu com o que eu disse? Suspirei pensando no que dizer para consertar a burrada e voltar ao momento alegre e descontraído de antes.

– Alex, sinto muito se te ofendi – comecei – Sei que minha alma não é algo que você deseje, mas não faço ideia do que você pode querer comigo. Não sou esperta, rica, talentosa e não devo valer muito no mercado negro que trafica mulheres.

– Não vale mesmo – ele pareceu decepcionado – Já tentei entrar em contato com eles para te vender, mas ninguém se interessou.

– Viu? Espera, você tentou o que?

Ouvi sua risada.

– Eu pedi algo simples e posso garantir que você consegue me pagar – senti seu polegar desenhando círculos no meu – Acho até que já pagou – ele sussurrou.

– O que?

Ele olhou para mim, surpreso. Reconheci a sua expressão como a que o Totó fazia quando eu o encontrava roubando um dos meus chinelos.

– Você ouviu?

– Sim – respondi – Como eu te paguei?

Ele virou o rosto.

– Esqueça que ouviu isso, não é nada importante.

– Eu quero saber! – gritei.

Agora estávamos perto do Instituto, pude ver as luzes dos dormitórios acessas. Ninguém estava olhando em nossa direção.

– Você não está pronta para saber isso – ele mordeu o lábio inferior.

– Saber o que? – por algum motivo toda a negação dele em me dizer o preço do contrato estava me deixando irritada – Eu exijo saber agora!

– Não é algo tão simples assim...

– Então faça ser simples – perdi a concentração e o feitiço falhou. Segurei a mão dele com mais força enquanto meus pés se mexiam no ar em vão.

Alex conseguiu se mover o suficiente para me segurar no colo sem que eu caísse umas boas dezenas de metros de altura.

– Argh! – resmunguei – Viu o que a maldita curiosidade fez? Diga logo o que eu te devo, Alex! – sem que eu percebesse poucas lágrimas de raiva passeavam pelo meu rosto – Não aguento mais tanto mistério!

– É complicado – ele disse.

– Descomplique.

Consegui ver como Alex estava indeciso se devia ou não me falar. Ouvi seu suspiro e soube qual a decisão dele.

– Fiquei sozinho por mais de seiscentos anos, Alice. Vi meus melhores amigos morrendo um por um até que conheci seus pais, pensei que eles não morreriam porque eram quase imortais, mas o Destino mostrou que eu estava enganado. No dia em que seus pais morreram e eu fui te salvar percebi o quão solitário eu era.

– Você tem outros amigos servos da Morte, certo?

– Não tenho – ele parecia triste – A maioria dos servos da Morte prefere a solidão e não são amigáveis. No momento em que eu te vi, tão sozinha quanto eu, soube o que deveria pedir.

– E o que você pediu, Alex?

Os olhos castanhos se voltaram para mim.

– Pedi uma chance para amar.

– Amar? – repeti confusa – Como sabia que eu iria te ajudar com isso?

– Seus pais me mostraram como é o amor – ele sorriu de forma melancólica – O amor deles era tão lindo e ainda tinham o suficiente para dividir com um amigo como eu, quando eles se foram não tive mais nenhum amigo para amar.

As coisas finalmente começam a fazer sentido.

– Então você queria ser meu amigo para que pudesse amar novamente?

– Exatamente, mas as coisas não saíram como planejado.

Fiquei confusa. Busquei sinais sobre o que ele dizia em seus olhos, sem sucesso. Ele parecia arrependido e somente isso.

– Que coisas não saíram como planejadas, Alex?

Pela primeira vez vi Alex chorar, estava procurando o que falei de errado quando ele abriu a boca e disse:

– Eu me apaixonei, Alice – nem mesmo o lindo sorriso que ele deu naquele momento foi capaz de esconder a tristeza exposta em suas lágrimas – Eu me apaixone por você.

– O que? – de repente pareceu difícil pensar ou fazer qualquer coisa que não fosse ficar com a boca aberta. E daí se eu estou voando e insetos podem entrar na minha boca? Estou em um momento de total pane. Cérebro funcione agora! – O que você está dizendo?

– Eu amo você, Alice.

E naquele momento eu me senti como uma batata.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo?
Quero ler DETALHADAMENTE sobre os surtos que os fãs de Alix tiveram, por favor e obrigada.
Não estava planejando revelar o termo do contrato antes do último capítulo, mas fiquei muito empolgada enquanto escrevia sobre a dança e resolvi dar "a loka" e por kkkkkk
Espero pelas opiniões de vocês, sei que alguns pararam de comentar e sinto falta disso.
Beijos caramelizados jovens bolinhos de morango.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Forgotten" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.