The Forgotten escrita por Panda Chan


Capítulo 42
Vampiros, transformações e despedidas


Notas iniciais do capítulo

Olá bolinhos, como vocês estão?
Olha esse negócio de desaparecerem chateia MUITO os autores bolinhos, não façam isso :c
Obrigada Juuh pela bela recomendação, dedico esse capítulo à você e seu Alex ♥
Na capa do capítulo, temos o Alucard o único vampiro realmente descente que eu já encontrei em animes.
Como sei que vocês vão ignorar isso nos vemos nas notas finais.
Boa leitura.



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O castelo do Drácula segue o clichê dos castelos de filmes de terror o que é uma grande decepção para mim.

Caímos no jardim maltratado onde nada além de árvores sem folhas decoravam a propriedade. O grande castelo parecia ter sido esculpido na rocha de uma montanha, uma enorme muralha erguia-se ao seu redor e alguns corpos em estado de decomposição estavam encostados nas árvores como se tivessem sido mortos enquanto cochilavam sentados. Quis vomitar.

– Todos estão aqui – Natália disse com um longe bocejo em seguida como se aquela fosse uma situação corriqueira em sua vida, talvez seja.

– Ninguém está sentindo falta de um braço ou uma perna? – Alex perguntou sorridente enquanto todos nos encarávamos buscando qualquer membro perdido com as bocas abertas de medo – É brincadeira, pra tentar descontrair.

– Cara, você não é bom com piadas – Thomas revirou os olhos.

– Não pedi sua opinião – o sorriso de Alex sumiu – A partir de agora Natália e eu vamos tentar deixá-los invisíveis até entrar no castelo, após isso vocês não irão mais nos ver e terão que se disfarçar como algumas das garotas do harém do David – um sorriso de garoto travesso brincou em seus lábios – Estou ansioso para vê-lo de mulher, Thomas.

– Ora Alexander, não sabia que estava tão necessitado assim por mulher que está até desejando um homem no corpo de uma – a gargalhada de Natália deixou meu namorado satisfeito – Isso é ser engraçado.

Morfs, se você for uma garota bem gostosa podemos ter um relacionamento lesbico – brincou Melody para a minha surpresa e a de Pudim.

– Você não vai dar uns ‘pegas no Morfeu garota – Pudim decretou.

– Ninguém vai dar uns ‘pegas no meu namorado!

– Credo, nunca vi um homem tão desejado como mulher – Lizzy suspirou.

– Você também está afim dele? – Zero perguntou arqueando uma sobrancelha.

– Tenho cara de idiota? – agora foi a vez de Alex rir.

Natália resolveu assumir a situação evitando que uma pequena guerra começasse entre nós. Começamos a caminhar em fila indiana até o castelo, Alex seguia na frente e Natália atrás para que o feitiço não acabasse.

Alguns vampiros passavam ao nosso lado, vez ou outra paravam para farejar o ar e depois voltavam a andar. Esses vampiros são diferentes dos que moram no Instituto, parecem ser mais antigos, pálidos e perigosos. Caminhamos sobre as pedras para evitar que nossas pegadas ficassem marcadas na terra acinzentada com poucas folhas de grama que pareciam ter sobrevivido a um incêndio arriscando-se a aparecer no sol.

Alex puxou a porta de um alçapão escondido nos fundos do castelo pelo qual descemos até chegarmos a um corredor iluminado apenas por tochas nas paredes. Uma música animada enchia aqueles corredores que pareciam abandonados pelo tempo.

– Natália, vá ver como estão vestidas as garotas – Alex ordenou.

Natália saiu deixando metade de nós visível para quem quer que passe, voltou alguns segundos depois tentando controlar o riso.

– Então? – Pudim perguntou. Ela estava encarregada de nos disfarçar como as garotas de David.

– Dança do ventre – Natália sorriu, ainda controlando a gargalhada, ao dizer isso.

– Isso é tão humilhante – Pudim comentou pouco antes de jogar o pó de disfarce em nós.

Morfeu e Zero se transformaram em duas garotas. Me sinto humilhada ao admitir que meu namorado é uma garota mais bonita do que eu.

O pó caiu sobre minhas roupas e elas logo se tornaram menores e bem mais apertadas. A blusa desapareceu e me senti nua com aquele “top” cheio de lantejoulas verdes que tomou seu lugar, a calça e os sapatos também se foram sendo substituídos por uma longa saia com mais lantejoulas e dois cortes que mostravam toda a minha coxa quando eu me movia. Senti saudades dos sapatos quando senti o chão frio de pedra abaixo de mim e ouvi o tilintar das tornozeleiras.

As outras meninas estavam com roupas iguais a minha, mas com cores diferentes. Todas menos a Lizzy.

– Por que o pó não funcionou em você? – Melody perguntou balançando seu véu de um lado para o outro. Encontrei o meu no chão.

– Não faço ideia – Lizzy bocejou e se aproximou da sala com as dançarinas.

– Não faça besteira – Natália foi busca-la.

– É raro que magias não funcionem em fadas – Pudim comentou pegando seu véu lilás que havia caído no chão assim como o meu.

– Por que? – perguntei.

– Fadas são compatíveis com todos os tipos de magia. Apenas alguns poucos humanos são imunes à magia. Realmente são poucos.

– Talvez tenha sido gente demais para o pó – Zero comentou.

Zero havia se transformado em uma garota com longos cabelos prateados, olhos violetas e roupa também prateada. Ele tinha uma espécie de sandália feia de tiras e miçangas nos pés que parecia machucá-lo.

Morfeu era o perfeito oposto do Zero, o cabelo estava longo e loiro. A roupa era bem provocante mesmo para os padrões da vestimenta e totalmente dourada.

– O que a sua irmã está fazendo? – Alex perguntou rangendo os dentes.

Olhei na direção para onde Lizzy havia ido com Natália, as duas estavam escondidas nas sombras. Uma garota saiu da sala onde as meninas estavam, caminhava lentamente pelo corredor até que Lizzy se colocou no caminho dela. Em poucos segundos minha irmã já a tinha derrubado no chão, segurando seu braço puxando para trás e mantinha o pé sob a garganta da jovem vampira. Lizzy fez algo e a garota se transformou em pó deixando apenas sua roupa para trás.

Voltei para perto dos meus amigos com a cena do assassinato ainda na minha cabeça.

– Problema resolvido – Lizzy estava usando a roupa da garota que havia matado.

– Você matou uma garota apenas para roubar a roupa dela – sussurrei com raiva.

– Ela devia ter morrido cem anos atrás – ela falou como se não fosse nada demais – Vamos?

A indiferença dela me assustou, mas a errada sou eu que esqueci quem minha irmã é: uma assassina. Alex e Natália ficaram invisíveis e o resto de nós seguiu para a sala com a música alta.

Ninguém percebeu quando entramos e nem se estivessem tentando iriam perceber, o lugar estava cheio de mulheres dançando em trajes semelhantes aos nossos. O cômodo era gigante, as paredes haviam sido feitas com pedras grandes que se encaixavam como um perfeito quebra-cabeça, a iluminação vinha de um gigante lustre no meio do salão e diversas velas espalhadas pelo local. David estava deitado em um divã vermelho, cinco garotas serviam taças de sangue para ele beber, riam de qualquer besteira que ele dissesse e até se beijavam para agradá-lo.

No recinto deviam ter outras setenta e cinco meninas, todas com aparências diferentes. A única coisa em comum naquele recinto era a palidez e os caninos afiados que apareciam sempre que alguém abria a boca. Engoli em seco percebendo que esse detalhe foi esquecido.

– Dispersar – Lizzy murmurou.

Pudim e Melody foram até o local onde algumas garotas dançavam, Zero e Morfeu se aproximaram do divã e Lizzy apenas revirou os olhos e fez um sinal para que eu a seguisse.

Todos haviam visto a única foto impressa da Nana que eu tinha comigo um milhão de vezes para memorizar o rosto dela.

– Acha que sua amiga vai te reconhecer? – perguntou entediada.

– Sim – essa resposta foi mais para me convencer do que a ela.

Continuamos circulando pelo espaço apertado até pararmos perto de um grupo de meninas que se revezavam para usar narguilé.

– Droga, tem muita gente aqui – rangi os dentes.

– Esse garoto tem sérios distúrbios sexuais – Lizzy revirou os olhos e depois ficou observando a fumaça lançada pelas vampiras.

Morfeu e Zero se aproximaram de nós.

– Encontramos – Thomas sussurrou no meu ouvido.

– Onde?

Segui os garotos pelo salão parando em alguns momentos para rir e fingir alguns movimentos de dança. Atravessamos uma grossa cortina vermelha e entramos em um quarto anexado ao cômodo.

O quarto possuía uma grande cama vermelha de casal com dossel, um guarda-roupa preto, uma grande estante que ia do chão até o teto cheia de livros e uma escrivaninha no canto.

Anna estava deitada sobre a cama parecendo mais pálida do que na última vez em que a vi. Os cabelos loiros estavam espalhados pelo travesseiro que servia de apoio para que ela ficasse sentada, os lábios estavam vermelhos como da última vez. Um fino vestido branco cobria seu corpo.

– O que fizeram com você? – me aproximei da cama parando dois passos antes de poder toca-la.

Marcas de mordidas cercavam os braços, pernas e o pescoço da minha amiga. Algumas marcas estavam com os buracos ainda recentes enquanto maioria possuía um tom doentio de roxo.

Levei as mãos até a boca por instinto e acabei com a distância entre nós. Toquei a pele fria dela levemente.

– Oh, Nana... – algumas tímidas lágrimas brotaram em meus olhos.

– Hum... Ali..Ce – Nana abriu os olhos lentamente. Até a cor de seus olhos parecia mais pálida – Pe..ri..go.

Olhei para os outros que entenderam o recado. Morfeu saiu do quarto enquanto Lizzy e Zero se preparavam para lutar.

– Vou te tirar daqui – murmurei. Coloquei minhas duas mãos sobre o corpo dela e comecei a recitar um feitiço de cura.

– Não vai adiantar – Zero falou ao meu lado – Ela vai se curar melhor com sangue - e me entregou um punhal.

Engoli em seco enquanto cortava o meu braço e observava pequenas gostas de sangue caindo entre os lábios entre abertos da minha melhor amiga. As feridas dela começaram a cicatrizar lentamente.

Uma regra sobre vampiros: Se algum deles te morder você se torna propriedade ele.

Nana recuperou um pouco das forças e levantou afoita, tentando morder meu braço. Zero me empurrou para trás enquanto Lizzy a segurava.

– Eles devem estar mantendo-a em jejum ou usando-a de alimento – Lizzy parecia ter dificuldades em segura-la.

– Estamos todos aqui – Thomas anunciou ao entrar no quarto com Pudim e Melody.

As meninas se aproximaram da cama onde a minha amiga descontrolada era segurada pela minha irmã assassina. Por que as pessoas que são próximas a mim não podem ser normais?

– Ela parecia mais controlada na foto – Melody comentou.

– Melody – Pudim a repreendeu tirando um frasco com sangue do decote e entregando para mim.

Lizzy continuou segurando os braços da Nana enquanto Zero se esforçava para segurar a cabeça dela deixando a boca livre. Pudim aproveitou a chance e a fez beber todo líquido do frasco. Foi quase imediato e em poucos segundos minha amiga já parecia um pouco mais “viva”.

– Alice, estou feliz em te ver – ela disse com alívio – Mas você precisa ir embora. Todos vocês precisam.

– Por quê? – perguntei. Não precisei de uma resposta, o motivo entrou no quarto.

– Porque isso é uma emboscada e vocês caíram direitinho – David sorria de forma maléfica, satisfeito pelo seu plano ter dado certo.

– Não, David – eu sorri – Você caiu na nossa.

David não teve tempo de ter qualquer reação, no momento exato Alex apareceu atrás dele e atravessou seu corpo usando apenas uma mão.

– Eu sou Alexander Natale Santiori e o sentencio ao Inferno – Alex murmurou segurando o coração de David na mão.

Recuso-me a narrar sobre o corpo de David caindo sem vida ou Nana se alimentando do coração que foi arrancado. Apenas saber que presenciei tais momentos faz com o que os alimentos em meu estômago se rebelem tentando sair pela boca.

As escravas de David começaram a gritar no cômodo ao lado, urravam de dor e se contorciam de jeitos fisicamente impossíveis.

– O que está acontecendo? – Thomas perguntou preocupado.

– Elas sentem que David morreu e estão reagindo a isso – a voz de Natália apareceu antes do seu rosto – Assustador, não acha?

– Hora de irmos – Alex ajudou Nana a limpar o sangue em seu rosto, ela ainda parecia mal.

– Eu não posso sair daqui – lágrimas começavam a rolar no rosto da minha amiga – Sou propriedade do clã.

– Não! – a segurei pelos ombros – Eu não vou te deixar aqui para ser o petisco desses lunáticos!

– Alice... – ela olhou para mim e depois para Lizzy, percebendo apenas agora a presença da minha irmã.

– Vou explicar tudo quando sairmos daqui – pousei uma mão em sua bochecha e encostei nossas testas – Melhores amigas não abandonam a outra, certo?

Nana começou a chorar ainda mais, murmurou algo como um “sim” e fomos para o cômodo onde as garotas se contorciam.

O caos estava instalado naquele lugar, as garotas que antes dançavam alegremente e passeavam com taças de sangue nas mãos agora estavam jogadas no chão com expressões de dor como se estivessem morrendo.

– Como o mestre David pode nos deixar?- gritava uma garota indiana que estava encolhida perto de uma parede.

– Posso sentir o cheiro dele – uma delas murmurou.

Todos paramos com os olhos arregalados e depois encaramos Nana.

– Depressa! – Lizzy ordenou indo na frente de todos.

Começamos a correr para o corredor. Se mesmo com o sangue dentro de Nana as garotas ainda podiam sentir sua presença, o que aconteceria quando percebessem que nós o matamos? Nossas chances iriam sair do zero diretamente para os números negativos.

– Eu também posso, vem do corredor! – outra gritou.

– Droga! – praguejei em voz alta.

Não tivemos tempo para formar uma fila, Alex segurou Nana como uma noiva enquanto corria, Natália repetia “merda, merda, merda” sem parar ao meu lado. Pudim e Melody corriam de mãos dadas, a bruxa era puxada pela outra. Lizzy e Zero iam atrás com as armas em mãos para atacar qualquer um e Thomas, que já havia voltado a sua forma verdadeira, corria ao meu lado.

– Vamos, Alice! – Thomas segurou minha mão arrastando-me com ele.

– Precisamos sair daqui! – Zero gritou quando a primeira das garotas malucas nos alcançou.

– É gente demais para levarmos em apenas uma viagem – Natália tinha algo nas mãos, um arco e flecha constatei – Precisamos de um lugar seguro para começar a fuga! – ela encostou a ponta de uma flecha em uma tocha no corredor e depois a lançou queimando várias garotas.

– Por que você não se transforma de novo naquele dragão de fogo? – Pudim perguntou com a voz ofegante.

– Pouco espaço e a transformação em mulher com toda aquela roupa usou muita magia – Zero respondeu.

Continuamos correndo até alcançarmos as escadas pelas quais viemos. Todos subiram rapidamente, menos Natália que ficou para trás atrasando as vampiras. Quando viu que já estamos a salvo, ela desapareceu no ar e a porta do alçapão foi fechada.

– Temos que sair daqui antes que o Drácula apareça – Alex era o único de nós que não estava ofegante mesmo carregando Nana nos braços.

– Nunca senti tanta adrenalina na vida – Melody comentou com o olhar fixo no chão.

– Eu espero não sentir nunca mais – Pudim a encarava como se ela fosse louca e com um comentário desses estou começando a pensar que é.

Thomas me puxou para si e abraçou.

– Nunca me preocupei tanto em toda a minha vida como agora – seus olhos âmbar estavam assustados de um jeito que eu nunca vi – Ainda bem que você não se machucou.

– Thomas... – não tive palavras para expressar minha gratidão pelos sentimentos dele.

– Eu amo você – murmurou aproximando nossos lábios que se tocaram. O beijo foi curto, lento e em um momento totalmente tenso, mas eu entendi o que ele queria dizer com aquele gesto: Thomas não aceitaria me perder.

– Eu amo você – acariciei levemente sua bochecha com o polegar – Mas agora não é um bom momento para isso.

Ele assentiu e entrelaçou nossos dedos. Nossos amigos estavam se armando rapidamente, não haviam visto o momento meloso que tivemos. Minhas roupas voltaram ao normal.

– Já pararam de trocar saliva? – Alex perguntou severamente. Ao me virar para olha-lo, notei tristeza em seus olhos castanhos – Se sim, peguem suas armas.

Olhando para os lados compreendi o motivo para nos armamos vários vampiros estavam se agrupando ao nosso redor.

Sabe quando você liga a televisão e encontra uma corrida ou maratona? Bem, os atletas não sofrem nem metade do que meus amigos e eu sofremos para fugir daqueles vampiros. Não sei descrever como conseguimos atacá-los e nos aproximar do portão da saída, não sei como nenhum de nós foi mordido.

– Cuidado! – Lizzy gritou.

Uma vampira segurava uma adaga e vinha em minha direção sem me dar chance de desviar, soube naquele momento que seria a primeira ferida.

Lizzy apareceu no caminho e decepou a cabeça da vampira que caiu no chão e virou um amontoado de cinzas.

– Você não pode morrer! – por um instante vi preocupação no rosto da minha irmã, ela rangeu os dentes e voltou a decepar vampiros.

Usei as lâminas de ar para atingir qualquer um que ficassem em meu caminho, Alex e Natália lutavam de mãos vazias arrancando corações em uma velocidade impressionante. Melody estava em sua forma de loba com Pudim ao seu lado recitando feitiços de fogo. Zero e Thomas se transformaram em leopardos e arrancavam pedaços dos corpos dos vampiros sem qualquer piedade. Nana estava ofegante ao lutar com seus ex-companheiros de clã, mas Alex mantinha os olhos nela.

– Parem! – ordenou uma voz grave e máscula, todos os vampiros pararam como estátuas – Por que estão cuidando dos nossos visitantes dessa forma?

Visitantes? Minhas pernas começaram a tremer e perdi a concentração nas lâminas que desapareceram. O homem era alto, acho que devia ter dois metros de altura no mínimo. Os cabelos negros e sebosos estavam arrumados para trás dando uma visão completa do seu rosto cheio de cicatrizes e veias aparentes. Mesmo com a aparência de um moribundo o corpo era robusto como o de um lutador profissional e os olhos completamente vermelhos como o de um vampiro muito irritado.

– O conde – Elizabeth estava petrificada em seu lugar olhando o homem.

Red Queen – Drácula disse com nojo – Que prazer te rever, vejo que trouxe amigos para matar outro de meu clã.

– Não preciso de amigos para matar os seus familiares fracos – e para dar mais ênfase no que dizia, minha irmã usou a sua lâmina para acertar o coração do vampiro mais próximo a ela.

– Você tem razão – o conde sorriu mostrando os caninos extremamente pontudos – Meus familiares fracos perecem ao entrar em contato com você, com isso não tenho qualquer problema, mas mataste a minha amada.

– Ordens da Organização – Lizzy sorriu – Se desejar, posso matá-lo para fazer companhia á ela.

– Jovem senhorita, acha mesmo que alguém com anos de experiência como eu iria cair nas provocações de uma criança como você? Já se foi há muito tempo a época onde eu era um tolo que não sabia escolher minhas batalhas.

– Conde – Alex respeitosamente chamou, atraindo a atenção do homem – David Isnovaik quebrou os acordos impostos pelos Imortais ao transformar em vampira uma humana sem que esse fosse o seu desejo, o que fizemos aqui não infringiu nenhum acordo.

– Vocês mataram vampiros – o conde arqueou uma sobrancelha.

– Defesa própria – Natália sorriu – Essa regra foi criada pelo próprio Destino.

O conde pensou por alguns instantes observando a situação. As cinzas dos vampiros mortos começavam a se espalhar graças ao vento gelado. Podíamos estar em menor número, mas nosso estrago era grande.

– Muito bem, vocês podem ir embora – o conde sorriu satisfeito o que causou um arrepio em mim – Mas, David era importante nesse clã e vamos precisar de um substituto.

– Substituto? – Zero perguntou confuso.

Thomas apareceu ao meu lado e enlaçou nossos dedos, ele tremia.

– É claro. Seis de vós entraram em minha residência, mas nem todos irão sair.

Como se o botão de “retornar ao jogo” tivesse sido apertado, a batalha recomeçou. Dessa vez os vampiros pareciam ainda mais vorazes em nos atacar.

– Precisamos de um substituto – alguns murmuravam.

– O conde ordenou, não terá problema.

– Corram para o portão! – Alex gritou mais alto do que todos aqueles vampiros sibilando ao nosso redor.

Não tive tempo para pensar em quem de nós deveria ser o substituto porque para mim ninguém merece morra em um castelo velho cheio de vampiros.

Pudim ajudou Nana a subir em Melody e as três foram na frente, Natália as seguiu desaparecendo e deixando um rastro de corpos e cinzas para trás. Zero e Lizzy continuavam acertando todos que apareciam no caminho.

Thomas e eu corríamos nos revezando em atacar e desviar do ataque do outro, estávamos próximos ao portão quando o conde apareceu diante de nós.

– Ora, ora. Quantos ratos fujões temos aqui. Está na hora de dedetizar meu velho castelo – ele sorriu.

– Dê passagem para eles, conde! – Alex ordenou enquanto caminhava em nossa direção – Eu serei o substituto.

Meus olhos quase saltaram quando ouvi aquilo. Ele só pode ter batido a cabeça com muita força para se oferecer como substituto.

– Adoraria tê-lo em meu exército, mas temo que a sua senhora não iria se sentir satisfeita ao perder um precioso servo como você.

– Minha senhora compreende meus sacrifícios – Alex segurou minha mão. Thomas fez o mesmo com a outra.

– Eu já decidi quem quero – o conde olhou na direção das minhas mãos, percebi o erro que foi aceitar demonstrar qualquer carinho mesmo que inconsciente – Quero a garota Knight.

– Só por cima do meu cadáver – Alexander transformou seu pingente em uma foice, os olhos ficaram vermelhos e o ar mais quente e agitado.

O conde pareceu satisfeito com a resposta do servo da Morte, afastou-se do portão e caminhou entre os membros de seu clã que se amontoavam ao nosso redor.

– A hora de todos irá chegar, em breve – gritou – Contudo, agora é a hora de vocês. Não deixem que escapem – ele ordenou pouco antes de desaparecer no meio da multidão que saltava em nossa direção.

Thomas me empurrou para cima de Alex com violência.

– O que? – perguntou confusa. Estaria ele me abandonando na toca dos leões?

– Tire-a daqui! – ele ordenou.

– Você está louco? – gritei ao mesmo tempo em que Alex o olhava.

– Eles não irão te transformar em substituto, mas sim em comida. Tem noção do que está fazendo? – ele perguntou passando os abraços ao meu redor.

Comecei a me debater tentando me livrar dos braços fortes que me mantinham presa.

– Eu a amo – os primeiros vampiros se aproximavam, Thomas os atacava com destreza – Quando se ama alguém, você se sacrifica por essa pessoa.

– Não quero seu sacrifício! – gritei com lágrimas começando a escorrer pelo meu rosto – Não me abandone, Thomas! Por favor, não me abandone.

Ele se virou olhando diretamente para meus olhos, assim como eu estava chorando. Os olhos âmbar pareciam amedrontados e ele não demonstrava. Estava se sacrificando por mim, sentindo de medo do que iria acontecer antes de sua morte e não demonstrava nada para me acalmar.

– Eu te amo. Viva feliz, estarei sempre torcendo pela sua felicidade – olhou para Alex de forma mais séria e menos emocional – Leve-a, agora.

Pela primeira vez Alex obedeceu a ele. O ceifeiro me jogou sobre seu ombro esquerdo como se eu fosse um saco de batatas e começou a correr para fora da propriedade.

– Não me deixe, Thomas! – gritava com as lágrimas e soluços ao mesmo tempo em que socava as costas de Alex com toda a minha força para que me soltasse.

Thomas olhou para mim por cima do ombro, notei um sorriso em sua face. As faíscas douradas indicaram que ele iria se transformar em algo, mas nunca soube o que.

Imaginei que iria ver sua última transformação, talvez um dragão de fogo ou uma serpente de terra. Ele não devia ter espaço ou força em si para isso, mas esperava que se tornasse uma águia e voasse sobre os portões para fora.

Assim que perceberam as faíscas os vampiros o atacaram, todos de apenas uma vez e os portões se fecharam.

Alex continuou correndo mesmo com meus pedidos para voltar e ajudar o meu namorado. Minhas lágrimas molhavam sua camisa, meus olhos doíam, o nariz queria escorrer e os soluços não me permitiam falar normalmente, mas nada disso o deteve.

A cena do meu primeiro beijo com Thomas me veio a mente seguida de todas às vezes em que ele sorriu para mim, quando levava croissants após as aulas, falava algo em francês sem querer ou apenas ficava deitado comigo na minha cama fazendo carinho em meus cabelos. Ele me amava e eu o amava.

Demorei a perceber que estávamos longe da propriedade do conde vampiro. O único som que ousava perturbar a paz do bosque onde estávamos era o meu grito de desespero.

– Morfeu!

Às vezes só o amor importa, é por isso que as pessoas morrem.


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Notas finais do capítulo

Quem percebeu a referencia a Querido diário Otaku na última frase do capítulo? É uma parafrase da última frase da Jullie em um capítulo.
Perceberam que o Dracula não lutou em momento nenhum? Será que existe uma explicação para isso?
Oh Thomas, desde que ele apareceu foi amado e odiado por muita gente sem que soubessem do seu fim. Alguém mais irá sentir falta dele?
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Beijinhos com brigadeiro