The Forgotten escrita por Panda Chan


Capítulo 37
Porque a vida começa agora


Notas iniciais do capítulo

Olá fiéis bolinhos, como vocês estão?
Ah, eu estou meio mal por culpa do cansaço. Essa vida de universitária é complicada, devia ter escolhido vender produtos Jequiti.
Eu amei os comentários lindos que recebi e estou muito feliz por ter tido a reação que queria kkkk Cérebros explodiram q
O nome do capítulo é um trecho da música "Life starts Now" da banda Three Days Grace e recomendo MUITO que vocês escutem pelo menos uma vez na vida.
Boa leitura



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“Eu fui esquecida”.

É incrível como essas três palavras podem mudar toda a forma como eu vejo meu mundo. Esquecida, essa é a palavra que melhor define a garota igual a mim sentada e algemada como uma criminosa. Coisa que ela é.

Zero sorriu de forma afetuosa e ficou olhando-a como se estivesse mandando vibrações que trariam sorte a ela agora que confessou ser minha irmã que devia estar morta.

Olhei para Alex buscando alguma ajuda ou pista sobre aquilo ser uma armadilha, mas ele parecia alheio ao meu pedido de ajuda enquanto estudava a minha irmã.

Red, ou melhor, Lizzy não parecia emocionada ou comovida por enfim reencontrar sua única parente viva, no caso eu. Arrisco-me a dizer que sua vontade de me matar não diminuiu nem um pouco desde que fiz essa descoberta.

As lembranças sobre as noites que não dormi chorando pela morte dela e dos meus pais inundaram minha mente como uma avalanche. Sofri por alguém que estava viva e desejando a minha cabeça em uma bandeja de prata. Aprendi a me defender para vingar alguém que em desejava morta.

– Que tipo de feitiço é esse? – minha voz saiu fraca. Funguei enquanto tentava secar as lágrimas com as mangas do casaco verde que usava.

– Verde sempre foi sua cor favorita – ela murmurou observando enquanto eu abaixava o braço da manga que havia usado para secar as lágrimas.

– Saia da minha mente- rosnei.

– Não estou na sua mente – o rosto dela estava imparcial como se sentisse tédio diante do meu desespero – Estou falando a verdade.

Virei-me para olhar Alex que continuava estudando a cena.

– Alex? – meu objetivo era chamá-lo, mas aquilo ficou mais parecido com um pedido choroso de socorro.

– Ela é sua irmã – ele respondeu a pergunta que eu queria fazer.

– Como é possível? – dei um passo parando bem diante dele – Ela morreu. Eu vi a morte dela!

– Eu sei – ele olhou nos meus olhos – Eu também a vi morrer.

Comecei a andar em círculos sem estar certa sobre o que fazer naquela situação. Será que existe um livro que nos ensina a lidar com parentes voltando da morte? The Walking Dead não conta.

– Pare de andar como uma barata tonta pelo inseticida – ouvi minha irmã ordenar. Sua voz era pouco mais grossa que a minha – Isso é irritante.

– Irritante? – reuni toda a coragem que encontrei no meu corpo enquanto caminhava até ela com passos largos – Irritante é chorar por noites pensando que sua família estava morta. Irritante é sofrer com o luto de alguém que quer te matar. Irritante é saber que durante todo esse tempo em que eu estive tentando me fortalecer para vingar a morte de pessoas que amei, uma delas estava tentando me matar!

Só percebi que estava gritando quando ouvi o eco da minha própria voz no lugar.

Minha respiração estava descompassada e podia sentir o sangue passando rapidamente em minhas veias. Foi como se eu tivesse tomado uma grande dose de adrenalina misturada com energético e, de repente, só tomasse consciência disso agora. Lizzy continuava sem qualquer expressão de sensibilização comigo.

– Eu sei como é isso, acha que não passei pela mesma coisa? – o tom da sua voz não era sarcástico ou irônico, mas ainda sentia como se ela estivesse brincando comigo.

– Se passou – estreitei meus olhos e cruzei os braços em frente do meu corpo – Por que não veio até mim?

– Sua irmã é uma idiota – ouvi Zero murmurou e me virei para olha-lo – Desculpe, mas é verdade.

– Não sou uma idiota.

– Está agindo como uma.

Diferente da Lizzy que parecia ter apenas uma expressão facial, ele era bem mais fácil de ler. Seu rosto estava franzido em uma expressão de irritação e sua voz possuía nuances de raiva e indignação.

– Isso é assunto de família – rosnei.

– Durante os últimos anos eu fui a família dela, você é só a pessoa que tem o rosto igual.

Zero 1 x Alice 0.

– Você é só um assassino que não conhece o significado de ter uma família por quem sofreu, não pode julgar minha raiva.

– Se eu possuísse um parente como você, daria graças ao Universo por ele vir a falecer. Você é injusta e não está pensando no lado da sua irmã, apenas a acusando como uma garota mimada que não sabe lidar com as coisas quando não saem como planejado.

Zero 2 x Alice 0.

– Você se acha ótimo em julgar as pessoas, não é mesmo? Será que fica bem julgando alguém quando não consegue respirar?

– Você tentar matar sufocado qualquer um que joga verdades na sua cara?

Senhoras e senhores, com essa resposta o placar mental explodiu em uma grande chuva de fogos de artificio que escreveu o nome “Zero” no céu.

Tentei articular uma resposta boa o suficiente para aquilo, mas não obtive sucesso. Quase ergui minhas mãos agradecendo ao Universo quando vi Thomas entrando no lugar.

– Alice – ele chamou correndo até mim e me abraçando – Fiquei preocupado com você.

– Thomas – murmurei seu nome enquanto observava cada um dos seus machucados com os curativos recém-colocados. Ele estava péssimo.

– Thomas? – ouvi Lizzy rir – Você namora alguém que tem o mesmo nome do nosso pai?

Queria dizer a ela que não namorava ou dar alguma resposta ácida como as que recebi de Zero, mas nada me veio a mente. Aninhei-me mais no abraço que o metamorfo me ofereceu sem me importar com o olhar fico de Alex para nós. Ele parecia sofrer.

– Senhor Morfeu – a diretora veio com sua pomposa atrapalhando meu baraço. Acredita que eu até me esqueci da existência daquela mulher? – Você não deveria estar aqui, vá para seu quarto se recuperar dos ferimentos.

– Estou onde preciso estar – ele respondeu – Ao lado da Alice.

Olhei para onde Alex estava e o mesmo havia desaparecido. Encarei a diretora com um sorriso amarelo no rosto.

– Não estou com paciência para discussões – ela rosnou para ele e em seguida virou-se para mim – Consiga alguma informação útil, senhorita Knight.

– Ora diretora – a voz de Zero estava cheia de sarcasmo – Vai realmente deixar esse coelho indefeso interrogando os leões?

A diretora não teve tempo de respondê-lo antes que uma conhecida voz falasse:

– Ela não vai – Alex havia reaparecido no mesmo lugar de antes – Quero apresentar a vocês minha melhor amiga e também melhor interrogadora e torturadora da Morte – os cantos da sua boca se ergueram para cima enquanto ele dava um passo para o lado revelando uma garota com cara de entediada – Natália.

– Dispenso apresentações – ela bocejou e depois revirou os olhos – Você não podia esperar até amanhecer no Brasil para me trazer aqui?

– Dormir não é mais importante que uma missão – Alex respondeu mecanicamente.

A garota parou diante dele com o dedo em seu peito. Ela tinha cabelos castanhos longos, olhos da mesma cor e bochechas coradas por ficar muito tempo no sol além de ser muito menor que o servo da Morte.

– Você deveria ter chamado a Giulia, babaca! – ela acertou um peteleco no nariz dele e empurrou o peito com o dedo – Ela está mais acostumada com o clima europeu.

Percebi então que ela estava vestida com um pijama para dormir em dias quentes. Olhei para Morfeu que sabiamente encarava seus sapatos ao invés das pernas expostas da garota.

– Pare de reclamar – ele massageou o nariz que havia ficado vermelho com o peteleco – Você prometeu que iria me ajudar.

Natália bufou alto o suficiente para que eu ouvisse e se virou caminhando na minha direção. Seu olhar estava focado em Lizzy e Zero atrás de mim.

– A cavalaria chegou – ouvi Zero dizer.

– Cavalaria? – ela riu – Vamos dizer que você tem um exercito inteiro para enfrentar, está preparado?

–x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-

Não fiquei nada satisfeita quando sai da sala de interrogatório.

O motivo não foi as mil escadas que tive que subir novamente para voltar a superfície ou o frio que encarei enquanto caminhava até meu dormitório, mas sim o fato que minha irmã estava viva e eu não ia conseguir as respostas que queria dela até que alguém a interrogasse.

Bati na porta do quarto da Pudim e da Melody antes de ir para o meu próprio, elas não estavam lá e isso só piorou o meu humor.

Ninguém deve ficar só quando está mal.

As faíscas saíram das pontas dos meus dedos e abriram a porta do meu quarto. Frustrada, retirei minhas roupas jogando-as no chão do quarto e quase tropeçando nas peças em seguida.

– Droga – murmurei enquanto recuperava o equilíbrio e ia me deitar na cama puxando apenas o cobertor para cobrir meu corpo.

Por que ela tinha que voltar agora? Por que logo quando eu consigo seguir em frente ela aparece para reabrir as feridas que estavam cicatrizando? Senti lágrimas quentes escorrendo pelo meu rosto.

– Alice? – meus olhos vagaram pelo quarto escuro iluminado apenas pela parca luz da lua que passava pelos cantos da janela onde a cortina não alcançava.

– Alex? – estava com a típica voz de choro que não é nada bonita. Funguei tentando esconder meu rosto no cobertor.

– Ah garotinha – senti uma parte da cama afundar com o peso do corpo dele e seus dedos brincando com mechas do meu cabelo.

– Alex...

– Não precisa falar nada, eu imagino como você está – sua voz estava afetuosa de um jeito que nunca antes vi – Você teve um dia cheio, precisa descansar.

– Alex – chamei baixinho – Você sabia que ela estava viva?

Ele suspirou antes de responder:

– Não, estou tão surpreso quanto você. Pelo que ela disse no interrogatório, uma parte do ritual que Marloc estava executando prendeu o espirito dela no mundo humano em uma espécie de hibernação. Quando acordou ela estava no quartel general da Organização.

– A Vida não é fácil para nenhuma de nós.

– Não é mesmo – senti o corpo dele atrás como em uma conchinha na cama – Ninguém disse que seria fácil viver ou que você não teria obstáculos. Claro que ninguém deveria passar pelas mesmas situações que você, mas ela te fortalecem e isso é o que importa. Você é forte, linda, engraçada e meiga não pode deixar que a vida roube isso de você.

– Falando assim até parece que você está afim de mim.

O rosto dele afundou em meus cabelos.

– Você nem imagina.

–x-x-x-x-x-x-x-x-x-

(Autora)

Os Imortais são horríveis para reuniões.

O salão oval em que estavam reunidos lembrava uma confraternização de faculdade quando os estudantes começam a ficar bêbados. Paixão e Solidão discutiam sobre como uma estava interferindo no trabalho da outra, Beleza estava sendo perseguida pela Inteligência, um rapaz com aparência de nerd que não aceitava ser rejeitado por sua musa. Comédia, Criatividade e Karma riam de piadas improprias que compartilhavam entre si junto com cigarros que não pareciam ser feitos com tabaco.

Vida ameaçava a Morte com uma lixa de unha enquanto gritava sobre todos que a Lolita levava todos os dias.

– Crianças! Como você pode levar crianças? – esbravejava.

– Se não quer que eu leve seus humanos, pare de cria-los! – retrucou Morte começando a se irritar.

Vários outros Imortais discutiam pelo lugar, conversavam, bebiam ou apenas murmuravam palavras para parecer sociáveis.

Destino gostava de observar como Caos e Ira se davam bem, enquanto os outros criavam suas intrigas que demoravam séculos para acabarem eles se uniam desde que foram criados para formar a Guerra e “agitar” as coisas no mundo humano e sobrenatural.

A única presença da qual Destino sentia falta ali era a Paz. Ah, a Paz, sua amiga mais fiel e companheira em todos os momentos. Ela era a única que sempre o visitava e com quem tinha laços que iam além das responsabilidades de um ser imortal. Infelizmente, a Paz resolveu desparecer após a Segunda Guerra mundial deixando o mundo com pequenos resquícios de sua existência que começavam a acabar.

– Vamos dar início a reunião – Responsabilidade entrou com seu impecável terno Armani que usava em todas as reuniões. Qualquer um que o visse iria imaginar que ele era um importante empresário de alguma multinacional.

Em pouco tempo todos estavam sentados em seus devidos lugares. Destino olhou para a cadeira vazia de seu criador, Universo, e suspirou descontente. Ele não vem, pensou consigo mesmo.

– Está na hora de decidirmos o que vai acontecer com as gêmeas Knight – Vida disparou antes que Destino pudesse formular uma frase.

– Pare de se preocupar com duas garotas e passe a se preocupar com o mundo – Morte rosnou.

– Elas podem acabar com a vida de milhares de inocentes! – Vida bateu as palmas de suas mãos contra a mesa fazendo um barulho alto e desnecessário.

– Então que acabem – Caos gritou de seu lugar – Existem muitos seres vivos agora caminhando no mundo, precisamos de uma guerra ou uma peste antes que eles destruam o meio-ambiente.

– Concordo com o Caos – Natureza estava cercada por pássaros que passeavam em sua pele esverdeada e em seu vestido feito de folhas verdinhas – Deixem que elas aprontem o que estiver previsto no destino delas, só assim teremos mortes o suficiente para que os humanos parem de maltratar a natureza.

Psicopata era a palavra que mais descrevia a Natureza, segundo Destino. Depois de ver o nível que a poluição e o desmatamento atingiram, ela virou uma louca sanguinária que apoia todas as ideias de guerra que Caos e Ira propõem desde que não afetem o meio ambiente. Talvez a Natureza seja a única responsável pelo mundo não estar em uma guerra biológica.

– Mude logo o fado delas, Destino – Gula estalou os dedos e um peru assado apareceu diante dele com um garfo e uma faca que flutuavam no ar servindo-lhe – Faça isso logo para irmos até o lanche.

– Vamos passar logo pelos entretanto para chegarmos aos finalmente – Criatividade gritou como se fosse alguma grande frase filosófica que todos precisavam conhecer.

– Não se pode alterar o destino dessa forma – Destino massageou as têmporas explicando pela centésima vez como seu trabalho funcionava.

As brigas continuaram por horas que mais pareceram dias e a reunião terminou sem nenhum consenso entre os participantes. Destino, como sempre, era o último a se retirar do local, mas percebeu que alguém mais estava lá.

A mulher era irresistível para qualquer um, os cabelos eram vermelhos como rosas cheias de espinhos caiam perfeitamente até o final de suas coxas, sua pele era impecável e o corpo possuía mais curvas do que o trajeto de uma corrida de formula 1, mas nada daquilo surpreendia o Destino que já estava acostumado com a criação de Vida.

– Amor – murmurou com curiosidade.

– Olá – até mesmo a voz daquela mulher era irresistível – Só quero dizer que sinto muito.

O Imortal arregalou os olhos, incrédulo.

– Você sabe? - gaguejou.

– Claro que sei – ela riu sem graça – Eu não queria te causar tantos problemas fazendo com que amasse aquela pessoa.

– Eu imaginei – Destino suspirou – Não escolhemos quem amamos, não é?

– Nem mesmo eu escolho quem as pessoas amam – Amor era solitária e Destino podia ver isso.

Amor conseguia com que qualquer um se apaixonasse por ela, mesmo sem querer. A mulher era um ímã perfeito para qualquer tipo de pessoa independe do sexo, por nunca conseguir um amor verdadeiro ela desistiu de amar.

Destino sentia a sua dor e sabia que aquele era o fado que ela deveria carregar. Sentia-se mal pela maldição que o sentimento recebeu junto com o poder de causar uma das mais belas emoções.

– Acho que ninguém escolhe nada – murmurou baixo – Somos fadados a ser amaldiçoados sem escolher nada em nossa existência.

– Sim, nós somos.

Juntos observaram as estrelas, deixando seus milhares de anos transparecerem enquanto refletiam sobre seus fados e suas maldições.


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Notas finais do capítulo

Gostaram bolinhos? Sei que alguns estão decepcionados pela falta de Lizzy/Red nesse capítulo, mas quero dar um tempo para que se recuperem do anterior kkkk
Criticas, sugestões e avisos sobre possíveis erros de escrita são sempre aceitos.
Como estou muito cansada não sei mais o que dizer aqui '-'
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Beijinhos com brigadeiro