The Forgotten escrita por Panda Chan


Capítulo 34
O que vem antes da tempestade?


Notas iniciais do capítulo

Ooooi meus fieis bolinhos açucarados, vocês estão bem?
Às vezes me pergunto se alguém não gosta de ser chamado de bolinho/pãozinho/cupcake e afins por mim .-. Leitores que não gostam disso, vocês existem?
Ah, bolinhos, faculdade é um negócio chato pra caramba. Nunca pensei que ia estudar História da Comunicação com um velhinho que lembra o Jepeto, pai do Pinóquio.
A capa do capítulo é uma Fan Art enviada pela Downpour e eu simplesmente amei *u* Estou muito feliz por receber uma fan art. Dedido esse capítulo à DownPour ~~queria por um coração aqui, mas não sei fazer no teclado do notebook~~
Espero que gostem desse capítulo, vou dar alguns spoilers nas notas finais haha
Boa leitura



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Gostaria de dizer que passei o resto da tarde trancada no quarto com Thomas me abraçando enquanto eu lia algum livro e, eventualmente, beijando o topo da minha cabeça de forma carinhosa. Ou minha boca, é um lugar muito legal para beijar. Gostaria de dizer que ele não percebeu a jaqueta que Alex abandonou e eu tive que mentir para não dizer que um anjo da Morte era o dono daquela roupa.

Gostaria de ter ficado no quarto fingindo que ele era um mundo secreto onde nenhuma das minhas amigas iria entrar pra fazer brincadeiras comigo. Como sempre, as coisas não são como eu gostaria que fossem.

Suspirei de forma dramática enquanto soltava pequenas faíscas na maçaneta do quarto para criar a barreira de proteção. Olhei para Thomas com a melhor cara de cachorrinho sem dono que consegui fazer.

– Não começa, Alice – sua voz saiu estranha e um pouco manhosa – Eu adoraria ficar debaixo do cobertor com você lendo algo para te ajudar, mas nós dois temos aula.

– Thomas – fiz biquinho – Como meu namorado você deve me mimar e fazer minhas vontades!

Aprendi isso com Nana, os homens adoram mimar suas amadas com grandes e pequenos gestos. Se existir alguma forma de tirar vantagem disso, quero usa-la agora para passar o resto do dia comendo bolachas recheadas no quarto.

Ele riu.

– Nosso relacionamento não vai durar muito se eu realizar todos os seus desejos.

Ele se aproximou e depositou um beijo no topo da minha cabeça.

– Você ainda não realizou nenhum desejo – minha voz saiu como a de uma criança emburrada, mas não me importei.

– Vou realizar um agora – seus olhos brilharam – Vou te levar de mãos dadas até sua aula de magia, que tal?

– Não posso dizer que isso compensa uma tarde no quarto, mas se é minha única opção...

– É sua única opção, aceite isso – ele riu de forma suave e agradável.

Entrelaçamos nossos dedos e caminhamos juntos para fora do dormitório. A fina camada de neve que cobria a grama mais cedo derreteu e até mesmo o clima parecia ter esquentado alguns bons graus desde manhã quando fui para as aulas arrastando Pudim.

– Esse tempo é bipolar – comentei.

– É um feitiço – Morfeu sorriu – Enquanto o inverno no resto da Europa piora cada vez mais e a primavera se mantém fria, aqui respeitamos as estações. Os feitiços tiram qualquer efeito que o aquecimento global possa ter sobre Wonderland.

– Genial – assobiei de forma desastrosa – Nossa, sou horrível assobiando.

Só para me irritar, Thomas começou a assobiar. Sempre que eu tentava imitá-lo terminava fracassando vergonhosamente ou cuspindo o que o fazia rir ainda mais.

Atravessamos os jardins e alguns prédios antes de chegarmos ao prédio oval decorado ricamente com vitrais que mostravam diversas cenas importantes da história sobrenatural onde tenho minhas aulas de magia algumas vezes na semana.

– Obrigada por me trazer até aqui – dei um beijo na bochecha dele, que estava gelada, e me afastei.

– Vou vir te buscar depois – ele deu uma piscadela antes de se afastar indo na direção da quadra de combate.

Atravessei a porta dupla de madeira e senti um calafrio percorrer minha espinha.

Perigo é o que isso significa.

–x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-

Estava sentada em posição de lótus sobre uma almofada fina e desconfortável com os pés descalços e uma tigela de água diante de mim.

Meu professor de magia, um homem que aparenta ter trinta e poucos anos com a pele bronzeada de um surfista australiano, estava do lado oposto da sala me observando não ter nenhum progresso.

– Você não está com a mente limpa – ele decretou.

– Sinto muito – abri os olhos e o encontrei diante de mim.

– Precisa limpar sua mente de qualquer pensamento do mundo exterior para aprender a dominar a água – ele massageou as têmporas – Está demorando muito para que seu segundo elemento se desenvolva.

– Talvez tenha algo errado comigo – murmurei encarando minhas mãos e a água na tigela que não havia se movido.

– Não acho que seja isso – ele se abaixou até ficar cara a cara comigo – O que incentivou seu primeiro elemento a aparecer?

Isso é simples, respondi mentalmente, uma ceifeiro maluco estava jogando adagas e facas em mim.

– Perigo, eu acho – tentei ser sincera e, de certa forma, não estava mentindo.

Ele pareceu refletir por alguns segundos antes de suspirar derrotado e dizer:

– Acho que você vai precisar de perigo para ter seu próximo elemento.

Não consegui segurar o barulho de insatisfação que fiz. Vou ser ameaçada por facas novamente?

–x-x-x-x-x-x-x-

Morfeu, digo, Thomas cumpriu sua promessa. Quando sai pela porta dupla do prédio, ele me deu um beijo rápido e ergueu uma sacola de papel com o logotipo de uma padaria que fica perto do Instituto impresso.

– Trouxe comida – exclamou animado.

O clima ainda estava frio, mas isso não nos impediu de sentar embaixo de uma árvore sem folhas para apreciar os croissants de chocolate que ainda estavam morninhos bebendo nossos chocolates quentes para a viagem. Thomas é o único garoto que compartilha um vício por chocolate como eu.

– Isso está delicioso – comentei tentando limpar a boca que estava suja de chocolate.

– Eu tenho que te mimar, lembra? – ele pegou um guardanapo de dentro da sacola de papel e o usou para limpar minha boca. Senti meu rosto esquentar.

– Do que você está rindo? – perguntei.

– Nada – ele mordeu o lábio e riu – Você fica uma graça quando está corada.

– Cala a boca – murmurei sentindo o rosto em chamas.

Ele depositou um beijo no topo da minha cabeça e voltou a comer seu croissant. Caramba, esse garoto é viciado em beijar meu cabelo.

Comemos enquanto o céu escurecia gradualmente e depois nos levantamos com os copos de chocolate quente quase cheios nas mãos.

Nunca pensei que iria comer com Morfeu ou vê-lo beijar alguém com tanto carinho, esse garoto realmente mudou. Será que Melody e Pudim estão certas e “Morfice”, ou seja, nós dois sempre foi algo que deveria existir?

Queria conversar com alguém sobre isso, mas minhas opções são limitadas. Stella não é o tipo de pessoa com quem eu realmente conversaria sobre garotos, as meninas do Instituto não iriam me levar a sério e logo estaria ouvindo piadinhas e Nana ainda está esperando que eu a salve.

– Ei – ele me cutucou com a mão livre – As meninas te falaram sobre a confraternização de hoje?

– Confraternização? – repeti a palavra tentando me lembrar se havia ouvido algum comentário sobre isso.

– É, com os vampiros.

Senti o croissant se rebelar no meu estômago deixando ele do avesso. Vampiros.

Desde que cheguei ao Instituto não vi nenhum vampiro. Os vampiros estudam em um período diferente dos outros sobrenaturais para evitar conflitos e coisas do tipo. Melody diz que é porque eles são assassinos sem coração e sociopatas que merecem ficar apenas com os seus iguais.

– Ninguém me falou nada sobre isso.

– Então estou falando agora – Thomas jogou seu copo vazio em uma lata de lixo que estava a, no mínimo, dez metros de distância e acertou – Você quer ir?

– Vou pensar – respondi balançando o copo vazio com uma careta.

– Vou te buscar às sete – ele pegou o copo da minha mão e, de costas, o lançou em direção à lixeira acertando novamente.

– Você é irritantemente bom em jogar coisas no lixo – revirei os olhos.

– Sou irritantemente bom em tudo – ele deu uma piscadela.

– Devia ter pensado melhor antes de aceitar seu pedido de namoro.

– Tarde demais – ele me segurou quase grudando meu corpo ao dele – Agora você já se apegou a mim.

E finalmente eu consegui um beijo que não foi no cabelo.

–x-x-x-x-x-x-

– Merda! – Duda exclamou furiosa com a chapinha pink da Melody na mão – Queimei minha orelha!

– Ainda tem orelha no meio desse monte de piercing que você colocou? – Lilly perguntou sem tirar os olhos de uma revista de moda com penteados, buscando um para copiar em seu próprio cabelo. Ela não viu quando Duda a fuzilou com o olhar.

Pelo reflexo no espelho, vi Melody revirar os olhos prevendo outra briga entre as duas.

–É sempre assim – murmurou Pudim ao meu lado- Essas duas nunca mudam.

Joguei a última camada de laque no cabelo da Melody e segurei um espelho atrás.

– O que acha? – perguntei.

– Está perfeito – ela sorriu.

Pouco depois do almoço, ela e Pudim se trancaram no quarto para tingir o cabelo da loba. O que antes era uma confusão de magenta e verde-limão agora estava azul elétrico com as pontas lilás.

Melody se levantou para vestir sua roupa e eu aproveitei para me olhar no espelho.

A maquiagem que Pudim aplicou no meu rosto era simples: delineador ao redor dos olhos com rímel nos cílios e batom rosa num tom claro nos lábios. Meu cabelo estava com cachos comportados feito pelo cacheador roxo da Melody. Me pergunto se ela tem algum aparelho para cabelo que não seja colorido.

A roupa era mais simples que a das garotas que eram cheias de pelinhos e lantejoulas, um casaco quentinho verde com vários botões e um cintinho de pano para amarrá-lo, calça preta e botas de salto baixo.

Não sei se realmente estava muito ou pouco arrumada e espero ter encontrado um meio termo. As meninas não paravam de se movimentar pelo quarto bagunçado da minha amiga loba que parecia ainda menor com o número de garotas nele e as roupas espalhadas.

– Ai! – Lilly desviou os olhos da revista e fuzilou Duda que sorria – Por que você me queimou?

– Você não estava me dando atenção – Duda fez cara de emburrada – Tem que dar atenção.

Lilly revirou os olhos e começou a arrumar o cabelo do jeito que a revista mostrava.

– Melody! – Pudim gritou saindo do banheiro – Onde você colocou minha bota de cano alto?

– Sua bota? – Melody rapidamente enviou os pés no meio de uma pilha de roupas – Não faço ideia.

– Melody – Pudim se aproximou da loba olhando-a feio – Estou vendo a parte de cima da bota.

– Mas fica tão bem em mim – a loba choramingou.

Resolvi sair daquele quarto cheio de mulheres malucas. Não precisei tentar fazer silêncio, elas brigavam entre si tão animadamente que nem perceberam quando eu fechei a porta e sai.

O corredor estava vazio e o único som que podia ouvir era o que vinha do quarto da Mel e dos saltos no andar debaixo. Parece que todos foram convidados para a festa de hoje.

Caminhei até meu quarto parando pouco antes de quase pisar no pequeno hamster que estava deitado em cima de uma touca no chão do quarto.

– Ora – me abaixei pegando o pequeno animal e a touca que servia de cama para ele nas mãos – O natal chegou mais cedo?

Os olhinhos pequenos do hamster se abriram e me encararam, ele saltou das minhas mãos caindo no chão e logo desaparecendo no meio de várias faíscas douradas. A primeira coisa que vi quando as faíscas desapareceram foi o familiar sorriso do metamorfo.

– Boa noite – sua voz estava mais agradável e animada – Está pronta para desfilar ao lado do seu príncipe essa noite?

Revirei os olhos e levei uma mão até a testa.

– Você perdeu muitos pontos agora por ter sido convencido em excesso.

– Tudo bem – ele estendeu sua mão para mim – Posso recuperar depois.

Segurei a mão dele entrelaçando os dedos. As meninas saíram do quarto logo em seguida e nos olharam de forma bem... Maliciosa, eu acho. Preciso de mais adjetivos para descrever as expressões de “eu sei o que você fez no verão passado” e “safadinha” que as garotas fazem.

– O amor é lindo – Pudim fez cara de boba piscando os olhos rapidamente e roubando risadas de todos.

– Você está feliz com meu namoro? – Thomas ergueu uma sobrancelha, surpreso.

– Estou feliz em não ter que me preocupar com o número de garotas na escola que pegam DST com você – depois de dizer isso ela olhou para mim – Sinto muito, mas ele não é santo Alice.

– Eu sei – respondi - Vou ter que exorcizá-lo.

As garotas riram suavemente e juntos começamos a descer as escadas e nos encaminhar para o local da confraternização.

É maravilhoso ter um tempo de paz como agora.


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Notas finais do capítulo

Pra quem não conseguiu visualizar a imagem: http://40.media.tumblr.com/d23df6b94374284020f7ce4193c5669c/tumblr_njz44d8pBH1rix8d4o1_1280.jpg

Pra quem não percebeu o nome do capítulo vem de uma frase que eu acredito ser popular por já ter ouvido algumas vezes: "Antes da tempestade, vem a calmaria". E é por isso que SPOILER eu escrevi esse mais leve como o último. Como alguns de vocês devem ter percebido, não gosto de desperdiçar as aparições da Red e estou correndo mais com a história para termina-la logo então aguardem boas lutas no próximo capítulo.
FIM DO SPOILER

Espero postar na semana que vem mais de um capítulo já que na primeira semana de Março não sei se vou conseguir escrever (vai ser a semana da minha festa de formatura, pensem numa garota que vai sofrer com salto alto).
Continuem enviando suas opiniões, críticas e avisos sobre possíveis "erros" que passam despercebidos. É muito importante receber criticas construtivas para um autor, não tenham medo de envia-las.
Beijinhos brigadeiros



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