Dear Revenge escrita por Ryan Brooke


Capítulo 2
Garota da Foto


Notas iniciais do capítulo

Esse ficou mais grandinho, espero que curtam. :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/450507/chapter/2

O ar de Orchid era mais limpo e refrescante do que o ar de Nova Iorque. Isso Liss percebeu assim que desceu do avião. O sol era tão forte que praticamente queimava seus neurônios. Lá estava seu pai, seu querido pai. E ao seu lado, sua querida mãe. E ao lado deles, a querida e encantadora Jessie, sua irmã caçula. Ela estava passando as férias de verão na casa de sua avó enquanto seus pais faziam a mudança para Orchid.

Orchid é uma cidade colorida. O nome já diz. Ela tem cheiro de flores, é radiante. Ao contrário de Nova Iorque, onde todos querem morar, mas pouco sabem que o que reina naquela cidade é a poluição, o assalto e o estupro.

Em Nova Iorque, Liss estudava em uma escola pública cheia daquelas coisas de patricinha e valentão... E por incrível que pareça, ela era quem fazia bullying. Ela era aquela patricinha de salto quinze que desfilava pela escola com a autoconfiança a mil. Mas tudo desmoronou quando uma foto dela em um momento intimo se espalhou pela escola toda. Isso fez Liss ter de mudar de escola e assim mudar de cidade. E aqui está, em Orchid, preparada para o colégio Orchid High.

Quando se aproximou de seus pais, Liss os abraçou e os beijou fingindo felicidade. Ela não estava feliz. Ela não queria mudar de escola. Mas aquela porcaria de foto do inferno estragou tudo.

– Como foi na casa da vovó? – sua mãe perguntou, pegando Jessie no colo. Seu pai pegou suas malas e eles começaram a andar para o carro.

– Foi magnífico. – sua avó era uma pessoa doce e gentil, ela amava Liss, e Liss a amava ela. Sua casa era praticamente um palácio, seu marido, avô de Liss, era muito rico e morreu há alguns anos deixando todo o dinheiro para ela. Às vezes Liss pensava que amava mais sua vó do que seus pais, mas então lembrava que foram seus pais que a acolheram.

Sim, ela é adotada. E prefere não falar sobre isso. Prefere agir como se fossem uma família de verdade. Liss foi adotada muito cedo, não tinha nem um ano. Descobriu que era adotada quando tinha quatorze anos. Foi um choque. Mas ela superou.

– Que bom! – sorriu com seus preciosos dentes brancos. Sua mãe era dentista e sempre andava com os dentes perfeitos. Liss se lembrava que quando tinha cinco anos, sua mãe a ensinou a canção do dente feliz.

– Vamos logo, temos muito a te mostrar, Liss. – seu pai colocou as malas no porta-malas e ligou o carro. Liss e Jessie foram no banco de trás. Liss encostou a cabeça sobre a janela e começou a pensar como seria viver naquela fortaleza de verão. A cidade era perfeita para ela, ela amava calor.

Quando chegaram na casa nova, não pode conter um “É aqui mesmo?” que arrancou sorrisos de seus pais. A casa era enorme e realmente bonita. Tinha algumas paredes de vidro e um enorme portão na frente. Era perfeita. Tudo era perfeito.

– Espera para ver lá dentro! – Jessie disse, desabotoando o cinto de segurança e abrindo a porta para sair. Liss fez o mesmo. E lá estavam as duas em frente do portão de ferro da nova casa. A casa perfeita. Sem mais poluição, sem mais assaltos, sem mais ter que morar em um apartamento nojento e pequeno. Esperaram seus pais chegarem para abrirem o portão. Assim que as duas enorme portas de ferro se abriram, as duas correram pelo jardim florido para a porta da casa. Era como um sonho.

– Mãe, essa casa é perfeita! – disse ela enquanto sua mãe destrancava a porta de entrada. Ela sorriu e girou a maçaneta.

– É tudo obra dos donos anteriores – disse. – Eles tinham um gosto refinado. Era uma família, tiveram que se mudar porque sua filha havia morrido tragicamente. Ninguém foi culpado pelo assassinato até hoje.

Assim que a porta se abriu, os olhos de Liss brilharam. Os móveis eram brancos, os pisos eram brancos, as paredes eram brancas com quadros coloridos. A televisão enorme de tela plana chamava atenção em meio de tanto branco.

– Ai meu Deus. – disse lentamente, enquanto seus olhos passavam pelos moveis, pelos tapetes peludos e pela estante cheia de livros YA. O gênero preferido de Liss. Estava tão encantada que não viu o tempo passando rápido. Começou a ler um livro, e depois outro, e depois outro... Até que era o começo da noite e sua mãe estava preparando o jantar. Seu pai ela não sabia onde estava, não viu quando ele saiu. Jessie estava lá em cima no quarto, escutando música. O quarto, pensou. Correu pelas escadas até chegar em um corredor branco com portas brancas. Abriu cada um para ver qual era o seu quarto. Primeiro foi o banheiro, com a pia de mármore e o enorme espelho na parede. Depois foi o quarto de seus pais, cheio de quadros e uma cama enorme no centro. E depois – ao lado do quarto barulhento de Jessie –, estava um quarto, o último quarto do corredor. E também, o mais bonito.

Ao abrir a porta, conseguiu enxergar a enorme estante, sem livro algum ainda, de cor negra. Ao lado dela, estava uma escrivaninha com um notebook e uma cadeira giratória. E então estava o guarda-roupas branco com detalhes em preto. Finalmente a cama, tão macia quanto as nuvens. Deitou-se sobre ela e tirou um cochilo.

* * *

Só acordou quando ouviu os berros de sua mãe a chamando para o jantar. Desceu as escadas tonta, quase caindo. Seu pai, sua mãe e sua irmã já estavam na mesa e olharam para ela enquanto se juntava a eles. O prato de hoje era purê de batatas e a fantástica carne com molho secreto – receita da vovó.

As conversas foram normais, seu pai perguntou por que ela havia dormido tanto e ela disse que só tinha cochilado. Ela perguntou onde ele estava e ele disse “No trabalho, oras”. Sua mãe e Jessie conversavam sobre as aulas de piano dela, Liss ficou feliz quando soube que Jessie já conseguia tocar metade de uma música de Beethoven. Então, assim que o jantar terminou, todos foram para as respectivas camas.

Assim que se aconchegou sobre a cama de algodão-doce e o travesseiro de nuvem, puxou o cobertor quente e aconchegante para cobrir-se. Mas ela continuava sentindo frio. Não conseguia dormir. Amanhã seria o primeiro dia de aula em uma nova escola. Pessoas novas, amigos novos... Foi muito difícil abandonar os seus antigos amigos, jamais os esqueceria.

Um estrondo veio da janela. O corpo inteiro de Liss congelou. Poderia ser um pássaro ou um galho de uma árvore. Mas ela sabia que não era nada disso. Só não sabia o que realmente era. Então se lembrou que durante a mesa de jantar, Jessie havia perguntado à sua mãe como chamava a família que morava antes aqui nessa casa. Eram os Brooke. Liss se levantou lentamente, deixando a área de conforto e entrando para o mundo gelado da noite.

Sentou-se na cadeira da escrivaninha e ligou o notebook. Acessou um site de pesquisa e preencheu o campo de pesquisa com “Família Brooke, Orchid”. O primeiro site que apareceu era um site de notícias. Havia uma imagem enorme de uma garota e ao lado um texto.

Nesse fim de semana, uma garota de doze anos foi assassinada em um acampamento de verão. Relatos dizem que todos estavam em volta da fogueira quando o assassinato aconteceu. Alguns colegas de classe nos disseram que entraram na cabana de Amy Brooke para chama-la para a fogueira, já que ela não queria ir. Então encontraram seu corpo já desacordado. Nenhum suspeito foi encontrado, enquanto isso, a família Brooke implora para que se alguém saiba quem fez isso, conte para polícia. Que a justiça seja feita.

Mais um estrondo, dessa vez vinha da porta. Liss se virou para ver quem era. Era Jessie em pé, seu rosto estava pálido e escuro graças a luz. Isto é, poderia ser Jessie. Era a garota da foto. Amy Brooke estava em seu quarto. Detalhe: Amy Brooke está morta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Em breve posto o próximo! :D