Me Apaixonei Por Uma Estrela escrita por Nataly Souza


Capítulo 27
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

"Você vai encontrar muitos inimigos em seu caminho, mas também vai encontrar amigos, poucos, mas verdadeiros." (Harry Potter)



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Quando saímos do avião, fomos pegar a bagagem. Sam iria ficar numa casa estudantil, também estava em Londres para intercâmbio, contei pra ela que iria ficar na casa de uma família. Trocamos os números de celular para podermos nos falar enquanto estivéssemos aqui, mas logo tivemos que nos despedir, pois ela teve que se juntar aos outros estudantes que ficariam na mesma casa que ela; Liberty Fields.

Encontrei a companhia de intercâmbio filiada do meu colégio e fomos direto para minha nova casa. O caminho era muito parecido com aqueles que eu sempre via nos filmes, casinhas com jardins tão verdes e aparados que nem pareciam reais, e bem em frente caixas de correios brancas. Não pude deixar de imaginar se a qualquer momento não apareceria um menino em cima de uma bicicleta jogando o jornal na frente de cada casa. Sorri. Seria uma verdadeira cena de filme. Talvez fosse mesmo, talvez eu estivesse estrelando o meu próprio filme aqui em Londres.

Paramos em frente á uma casa branca com janelas grandes e cortinas amarelas, na varanda tinha uma cadeira branca de madeira e uma mesinha com flores amarelas. No jardim, uma árvore enorme e em baixo um banco de balanço com ramos de flores em seu entorno. Perfeito, como num livro, pensei. Aquela casa me deu uma sensação boa. Saímos do carro e fomos em direção à porta, uma mulher baixinha, morena e gordinha me acompanhava. Antes de apertarmos a campanhia ela me olhou e desejou-me boa sorte.

Assim que tocamos, ouvi passos vindos de dentro da casa. Quem nos atendeu foi um garoto que deveria ser um pouco mais velho do que eu, era alto, tinha olhos azuis e cabelos bem loiros, bem desarrumados, talvez tivesse acabado de acordar. Usava uma calça de pijama listrada de vermelho, preto e azul marinho e uma camisa branca escrita “The Beatles” em preto, não pude deixar de sorrir. Minha banda predileta. Ele olhou uma vez para a mulher que me acompanhava e depois para mim, demorando um pouco mais, o que me fez desviar o olhar de vergonha.

– Bem, aqui é a casa da família Gate? – perguntou a mulher.

– Sim, em que posso ajudá-las? – o garoto perguntava para a minha acompanhante, mas olhava para mim.

– Esta é a Senhorita Luna Bacheri. – ela apontou para mim. – E será o novo membro da família de vocês.

Ele continuou olhando para mim, de cima a baixo. Depois gritou para alguém dentro de casa que a “carne nova” havia chegado. Carne nova... Levaria como algo bom, na melhor das hipóteses. Logo apareceram mais três pessoas na porta. Um homem, alto, com cabelos claros, mas não tanto quanto o garoto. O pai, deduzi. Uma mulher, da minha altura, cabelos tão loiros quanto o do garoto e tinha um sorriso encantador. A mãe. E por último uma menininha diferente de todos os outros três. Era morena e tinha os cabelos lisos e escuros na altura do ombro, segurava um coelhinho de pelúcia e sorria pra mim. A filha. O garoto, claro, era o filho mais velho.

Eles se apresentaram como a Família Gate e nos convidaram para entrar, a mulherzinha disse que só entraria para conhecer a casa a onde eu ficaria e que nos deixaria em paz para nos conhecer. Em menos de 15 minutos estava sozinha com a minha nova família. O nome do pai era Ben, a mãe se chamava Susan, a menininha Anne e o garoto, Ian. O pai se desculpou, mas precisava correr para ir trabalhar, Susan iria ao mercado com Anne para comprar as coisas do jantar, eu preferi ficar em casa, queria descansar. Susan pediu para Ian ficar em casa para se certificar que eu me sentiria bem e se precisaria de algo em sua ausência e pediu pra mostrar-me o meu novo quarto, depois saiu. Ele olhou para mim e disse para segui-lo, subi as escadas atrás dele, segurando uma das minhas três malas, enquanto ele subia na frente com as outras duas. Chegamos na frente de uma porta branca, com uma coruja grande rosa. Perfeito, corujas. Não sabia como eles descobriram ou se foi só uma coincidência boa, mas eu amava coruja. Ian percebeu que eu estava olhando para o objeto rosa.

– Desculpe-me a coruja, é que Anne tem uma paixão descontrolada por corujas e então acha que todos nós temos também. Sabe como são essas crianças de 4 anos. – Ian abriu a porta e entrou no quarto colocando as minhas malas no canto. Começou a explicar tudo, a onde ficava cada coisa, mas eu não estava prestando atenção, meu quarto, era todo lindo, como se estivesse sido projetado exatamente para mim. Olhei para as cortinas e as coloquei mais perto do rosto. Tinha uma cor laranja e várias corujinhas. Uma fofura. – Ah, me desculpe por essa cortina também. Anne que escolheu.

– Hm, tudo bem. Eu sei que pode parecer estranho, mas eu sou viciada em corujas. – Continuei olhando para a cortina e depois pra janela. A vista era maravilhosa.

– Você gosta? – Ian começou a rir – Bom, pelo menos Anne vai ter com quem conversar sobre isso e me deixar tocar em paz.

– Você toca? – me virei para olhá-lo.

– Sim, violão. Um dia posso te mostrar se quiser. – sorriu para mim. Era a primeira vez que ele sorria perto de mim e ele tinha um sorriso lindo. Desejei ver isso mais vezes.

– Ou me ensinar quem sabe. Quer dizer, não que eu esteja já me oferecendo pra passar um tempo com você, é só que sei lá, achei que seria legal... – corei. O que eu tinha na cabeça? Como eu me oferecia para aprender alguma coisa com um garoto que acabei de conhecer? Tá certo que ele era lindo, mas mesmo assim...

– Ei, relaxa. – Ian foi chegando perto de mim, até tocar as duas mãos nos meus braços. – Eu entendi o que você quis dizer. – deslizou as mãos até as minhas. – Seria muito bom ensinar você a tocar violão. – Ele olhou em meus olhos e ficou olhando. Sorriu e sorri de volta.

Trim Trim Trim

– Eu atendo. – soltou a minha mão e foi em direção ao telefone.

Pegou o telefone que estava em uma mesinha branca do lado da porta, com um abajur rosa em cima. Uma das poucas coisas que o ouvi dizendo quando entramos no quarto e ele começou a explicar tudo, era que cada quarto tinha um telefone para terem mais privacidade.

– Ah, Oi cara, é você. Nem dá. É, ela chegou. – ele ouviu algo na linha e olhou para mim de cima abaixo e olhou para baixo e sorriu. – Sim cara, ela é bonita. Bonita não, linda. – olhou para mim de novo, mas desviei o olhar, ele tinha acabado de me chamar de linda, na minha frente. – Sai dessa, eu não vou deixar você vir aqui agora. Nem vem com essa de que você precisa do caderno de álgebra Tom, você não estuda desde o 5º ano primário. Não Tom, você não vai conhecê-la, não agora. Tá bom, até mais. E pede desculpas pros caras por eu não ir hoje ao jogo ok? Valeu moleque.

Ele desligou o telefone, colocou no lugar e voltou-se para mim.

– Desculpe-me por isso, é sempre assim quando alguma garota vem em casa para intercâmbio.

– Hm, tudo bem. Mas então, eu ouvi você dizendo que não vai a jogo nenhum. Por quê?

– Bom, hoje é seu primeiro dia aqui e os meus pais sempre querem que a família dê 100% de atenção ao novo membro, então quando meu jogo de beisebol cai no mesmo dia da chegada de vocês eu tenho que ficar aqui.

– Espera, você falou Beisebol?

– Sim. – ele olhou para mim querendo rir da minha expressão.

– Eu sempre quis ver um jogo de beisebol.

– Então, um dia te levo para ver um jogo. Agora, vou deixar você descansar. – ele começou a sair do meu quarto.

Fui atrás dele e peguei em seu braço. Ele se virou.

– E se eu dissesse que quero ir nesse jogo agora e te ver jogar, você me levaria?

– Minha mãe ficaria louca se chegasse em casa e soubesse que eu arrastei a novata para um campo de beisebol.

– Acho que ela ficaria mais louca se descobrisse que você negou algo á “novata” no seu primeiro dia na casa nova. – fiz beicinho. Ele olhou para mim e depois sorriu e balançou a cabeça.

– É, você tem razão, mas se algo der errado, você que vai ter que se explicar com a Dona Susan.

– Sem problemas. – sorri.

Ian me deu um casaco de beisebol do time dele e nele estava escrito atrás “Ian G.”, ficou um pouco grande, mas super confortável para o clima que estava lá fora, meio frio. Coloquei uma calça preta e uma camisa vermelha que dava contraste no casaco vermelho e preto de Ian. Ele também me deu um boné. Então amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo e coloquei o boné, calcei meu all star branco e desci as escadas para esperar Ian, mas para minha surpresa ele já estava na sala sentado no sofá, vendo TV. Assim que me viu descendo as escadas disse “Uau!” e assobiou, achei graça da situação.

– Meu Deus, não me lembro de ter visto alguma garota tão bem com casaco e boné de beisebol como você. Parabéns. – ele começou a bater palma.

– Para, eu nem to tão assim como você diz, mas mesmo assim obrigada. – fiquei encarando meu all star.

– Bom, para mim você está tudo e mais um pouco, mas vamos logo, já estamos atrasados.

Ele abriu a porta de casa e fez um aceno com a mão para que eu saísse primeiro. Agradeci pegando a barra do casaco como se fosse um vestido. Ele riu. Saí e fomos em direção á uma picape preta, meio velha, mas aconchegante. Sentei no banco do bagageiro e Ian ligou o rádio. Começou a tocar I wanna hold your hand dos Beatles. Começamos a cantar alto e Ian batucava no volante enquanto eu batucava na minha perna.

Olhei para o menino loiro do meu lado, ele era realmente bonito. O boné deixava do lado escapar os fios loiros mais rebeldes, o nariz era do tamanho perfeito e fino. Ian olhou para mim e sorriu ao perceber que olhava para ele. Começou a chover e cantávamos mais alto. Como se nos conhecêssemos há anos e não há horas.


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Notas finais do capítulo

Sugestões/Críticas/Elogios: mnatalycs@hotmail.com

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Te vejo no próximo Capítulo,

xx



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