Dear Charlie, escrita por Mademoiselle T


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, aqui estou eu novamente. O ano já está acabando, mas não antes de um capítulo bem grande ;-)
Aproveitem e espero que gostem.
Feliz Ano Novo!!! :-D



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5 de Novembro de 1993

Querido Charlie,

São 11h50 da noite e eu tenho muita coisa para te contar, Charlie, você nem acredita. Muita coisa da escola e de fora dela. Por favor, não pense que sou fofoqueira á partir daqui, o que acontece é que acho que minha vida finalmente está mudando.

Lembra-se daquela garota metida que estuda na minha escola da qual eu te falei? Theodora Mihller? Ela foi pega traindo o namorado, Brandon Getzz, atrás do ginásio da escola com Zayne, o mesmo garoto que bateu em Greg. Os dois foram pegos quebrando as três principais regras da escola:

1 - Contato genital (os dois estavam nus e deitados lado a lado na grama)

2 - Drogas (eles estavam fumando maconha)

3 - Bebidas (e, junto da maconha, também estavam bebendo vinho.)

Tudo isso em plena luz do dia.

Quem os dedurou foi uma garota chamada Moscow Greendeez, que estava saindo do ginásio após sua aula de educação física e resolveu ir pelos fundos, quando pegou Theodora e Zayne se beijando, naquele estado que eu te falei. No mesmo instante ela saiu correndo pelos corredores gritando que Theodora Mihller estava completamente nua com Zayne atrás do ginásio da escola, e você pode adivinhar que todos correram para lá no mesmo instante, inclusive os professores e os inspetores, que estavam nos corredores, e o diretor foi o último á chegar.

Enfim: os dois foram para a sala do diretor enrolados em toalhas enquanto todos os outros riam dos dois, e as garotas murmuravam coisas ruins á respeito de Theodora, chamando-a de vadia e prostituta, o que eu sempre tive certeza de que ela era. Zayne foi expulso do time de futebol americano da escola, e todos seus colegas, principalmente Brandon, o ex-namorado de Theodora, o olharam com pura raiva.

Ah, e falando nele, Brandon enlouqueceu quando viu a cena entre sua namorada e Zayne, e tentou matar o garoto, mas no fim foi impedido por dois professores. Da última vez que o vi nos corredores ele estava muito mal, com seu olhar vago e ombros caídos.

Os pais de Theodora foram chamados na escola, mas nenhum dos dois apareceu, alegando estarem "muito ocupados" com seus trabalhos, quando na verdade estavam completamente envergonhados e enojados de filha. No fim, Mihller foi expulsa da escola junto com Zayne, e eles dois passaram á ser o assunto do dia, e olha que era só hora do almoço. Moscow Greendeez virou um tipo de heroína da escola, e desde aquele momento todos a adoravam. Encontrei Marcos,Hillary e Jena na hora do almoço e eles não paravam de comentar como esperavam á anos que tanto Theodora como Zayne fossem expulsos, e que no dia em que isso acontecesse, comemorariam. E eles comemoraram. Quando ninguém estava olhando, Hillary ligou sua guitarra elétrica nos altos falantes do refeitório e começou á tocar "Welcome to The Jungles", dos Guns N Roses, enquanto Marcos e Jena estoravam aquelas coisas de confete por todo o refeitório e gritavam "Viva Moscow Greendeez!" ou "A vagabunda finalmente foi expulsa, cambada, podem comemorar!". E adivinhe: todos comemoraram, até eu. Não que eu desse muita bola para Theodora ou para Zayne, mas aquilo era bem legal, toda aquela música e as risadas. No fim Marcos, Hillary e Jena foram levados para a sala do diretor, o que me deixou com medo de que fossem expulsos também, o que não aconteceu. Os três saíram de lá abraçados e rindo deliciosamente, o que me fez sorrir.

Logo depois da escola nós três fomos ver Greg em sua casa, o que o deixou muito feliz, pois ele pôde sair da sala de estar e da bolha de raiva e fúria de sua madrasta que o envolvia diariamente. Ele se juntou á nós em seu quintal e distribuiu cervejas e cigarros á todos nós. Todos os outros aceitaram as latas de Budweiser e os cigarros Marlboro, exceto eu, que sempre fora lembrada por minha mãe e por meu tio Leonard que eu nunca deveria fumar nem beber enquanto fosse menor de idade, mas meus amigos não pareciam estar nem aí. Greg praguejou por não poder fumar nem beber enquanto sua madrasta estivesse por perto, mas mesmo assim parecia muito alegre quando contamos á ele toda a história que acabou com a expulsão de Theodora e Zayne.

"Ele teve o que mereceu."

Afirmou Greg, referindo-se á Zayne com uma expressão de puro ódio.

Tive de ir embora logo da casa de Greg, pois eu tinha que fazer meu turno no Big Boy dali até as 10h00 da noite. Era meu terceiro dia como garçonete, e as coisas até que estavam indo bem, mas naquela noite, eu teria uma surpresa além de qualquer que eu poderia imaginar:

Era por volta de umas 9h20 da noite, quando um grupo de rapazes de no máximo dezoito anos entraram e eu fui atendê-los quando se sentaram. Um deles, um rapaz loiro de olhos cinzentos, me olhou e disse:

"Eu conheço você."

Eu não fazia ideia do que ele estava falando. Como eu poderia conhecê-lo? Nós não tínhamos nem ao menos a mesma idade! Ele ficou olhando para mim de forma intrigada, olhava para os meus olhos, meu cabelo, minha roupa... E aproveitei para dar uma olhada nele também. Cabelos cor de limão, olhos cinzentos e fundos, seu rosto era anguloso e os lábios bem pequenos, quase desaparecendo em seu rosto, mas quando ele sorria, oh, que sorriso. Aquele cara só me lembrava uma pessoa no mundo inteiro: Emily, minha amiga de infância. Aquele rapaz era a versão masculina de Emily. Foi quando me lembrei de repente: Quando estudávamos juntas no jardim de infância, Emily sempre mencionava seu irmão gêmeo, um tal de Elijah. Eu nunca o conhecera pessoalmente, e minhas chances de fazê-lo se esvaíram quando sua família se mudou.

Mas não, aquele não poderia ser Elijah. Não poderia ser o irmão de Emily, afinal, eles haviam se mudado para Dallas havia anos! E Pittsburgh ficava há muitos e muitos quilômetros de Dallas, e as chances de eu estar olhando para Elijah Bides, o irmão de Emily Bides, minha amiga de infância, eram quase negativas.

"Elijah?"

Arrisquei, sabendo que eu não tinha nada á perder. O máximo que eu iria perder seria as mínimas chances de ter contato com minha amiga outra vez.

Eu esperava um grande não vindo do rapaz, mas ao invés disso ele sorriu e disse:

"Você sabe meu nome. Ah, bem, é claro, Emily deve ter falado de mim para você... Sim, eu sou Elijah Bides, e você é Nelly, Neil, Nille...?"

"Nell."

Corrigi, sorrindo de orelha á orelha, e ele abriu um sorriso enorme ao ver que eu sabia de quem ele estava falando: de mim mesma:

"Nell! Por Deus, não acredito que é você mesma, apesar de estar um pouco mudada, mas seu sorriso ainda é o mesmo. Há uma foto sua e de minha irmã no hall de nossa casa, e aquela é a única forma pela qual conheço você, e posso dizer, você agora é uma... Bela mulher."

Ele disse, admirado e sedutor, e eu ri:

"Bem, obrigada. É uma honra finalmente conhecer Elijah Bides, irmão de Emily. Devo dizer que vocês dois se parecem muito, realmente."

Falei, e ele passou as mãos pelos cabelos cor de limão, ainda sorrindo, e seus olhos cinzentos se fixaram nos meus, como se ele estivesse tentando memorizar todos os detalhes do meu rosto e de meus olhos. Desviei o olhar, envergonhada, e logo depois ele foi se sentar com os amigos.

Foi ótimo eu ter conhecido Elijah, sabe Charlie, pois ele poderia ser meu caminho até Emily. Daquele momento em diante, eu tive esperanças de que eu poderia reeconrá-la novamente.

Mas o engraçado foi que, quando perguntei por Emily, Elijah fingiu não ter ouvido minha pergunta e logo desviou o olhar para o cardápio em cima da mesa onde ele e os amigos estavam sentados. Aquilo tudo era tão estranho. Porque ele não iria querer me falar sobre Emily, considerando que eu era amiga da mesma havia anos. Sua atitude me deixou muita confusa, mas por fim, terminei por anotar seus pedidos, levar e comida e atender outras mesas pelo resto da noite ao som de Aerosmith.

Quando cheguei em casa eram 10:30, e encontrei tio Leonard e Cherie, sua namorada, me esperando para jantar. Cherie me perguntou como estava indo meu emprego no Big Boy, e eu falei que não era tão ruim como toda garçonete fala que é, e que o fato de tocarem Rock N Roll lá torna a situação melhor. Ela também me perguntou o que eu queria cursar após a faculdade, e respondi que queria ser escritora. Cher (como ela gosta que a chamamos) disse que é importante que eu corra atrás de meus sonhos, não importa o que digam, os sonhos são nossa maior fonte de prazer e alegria, e que também é importante que nos esforçemos para torná-los reais. Ela me contou sobre sua adolescência, quando ela nutria o sonho de ser uma atriz, mas sua mãe achava bobagem, e por isso não a deixava frequentar as aulas de teatro. A mãe de Cher queria que ela fosse médica, mas aos dezesseis anos ela fugiu de sua casa em Atlante, Georgia, para poder ir para Nova York e tentar estrelar uma peça de Broadway. Ela não conseguiu, e então fez papéis menores em outras produções, e agora ela vive bem em Pittsburgh atuando em peças como The Rocky Horror Picture Show (que, por falar nisso, não vejo a hora de assistir novamente), Sweeney Todd e Rocky: O Lutador.

Acho que Cherie está certa, Charlie. Vou continuar correndo atrás de meus sonhos, principalmente agora que minha vida está melhorando consideravelmente.

P.S.: Nosso curta-metragem está ficando incrível, não vejo a hora de enviar uma cópia á você.

Com amor,

Nell.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e novamente, Feliz Ano Novo!
P.S.: talvez eu fique sem postar por uns dias :-P



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