Percy Jackson e as alianças de prata. escrita por Ana Paula Costa


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, eu sei que vocês estão querendo me matar por causa da demora, eu sei, vocês tem todo o direito. Mas é que eu fui para a praia de última hora e não levei meu computador. Perdoem-me.
MAAAAS por eu amar muitão vocês, vou ser mais rápida á partir de agora.

Espero que gostem desse capítulo, grande beijo



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Eu não sabia o que estava acontecendo. Mas suspeitava que toda essa sorte vinha da vontade dos deuses de se divertir, e como sempre, eu era o motivo dos risos.

Bufei alto, sem esconder meu desapontamento.

Abri o capô do carro com a alavanca ao lado do volante e desci do carro e fui até lá. Eu já suspeitava, mas depois de ver o limite de bateria tive que ligar para o seguro.

Esperei por alguns minutos dentro do carro com o estomago gemendo de fome, um gosto quente enchia minha boca e a deixava seca. Empurrei o banco para trás e apoiei os pés no volante, liguei o rádio e escutei todo o CD do Jay-Z até o cara da seguradora chegar.

Ele trouxe consigo uma caixa de ferramentas e deu uma olhada no motor e nos outros fios que eu nem sabia para que serviam.

Não que eu não entendesse de carros, mas não dá pra adivinhar pra que serve cada pistão.

O cara vestia um macacão vermelho e um boné de aba curva combinando com a roupa. Ele tinha um grosso bigode e sobrancelhas quase juntas. No pescoço balançava a cada movimento um crachá com o nome Carlos.

Carlos, o cara da seguradora, pegou um fio de cobre encapado e com duas juntas de metal em cada ponta, como prendedores de roupa, apertou uma das pontas dos prendedores para que a boca abrisse e o fechou sobre um fio da bateria. Com a outra ponta ele prendeu em uma bateria portátil e pediu que eu ligasse o motor.

Obedeci. Pisei no pedal diversas vezes, fazendo o motor ranger e estalar, puxando a energia da bateria e transferindo para a de dentro do carro.

Olhei para o relógio no painel. Eram mais de duas horas da tarde, ou seja, nada de futebol americano no SportTV.

–Cê tá com pressa?- perguntou Carlos com seu forte sotaque Texano,olhando para dentro do carro.

–Na verdade eu queria chegar antes do jogo dos Eagles.

–Também sou fã de futebol americano, mas torço mesmo pros Dallas.

Fiz que sim com cabeça e me encostei mais no banco. Não queria dar corda para conversa, não que eu não tenha gostado do cara da seguradora, mas não pago para ele bater papo comigo.

–Já tá quase acabando- Carlos coçou o nariz

–OK

Ele fechou o capô e sorriu amigavelmente para mim, depois apontou para as lanternas da frente.

–Cê esqueceu os faróis ligados.

Olhei para a alavanca no painel, ela estava abaixada. Levantei a alavanca e Carlos fez que sim.

–Cê sabe que isso detona a bateria...

–Sei.Obrigado pelo serviço,Carlos.

–Não a de quê- O cara da seguradora se despediu e voltou para o carro- Se acontecer mais alguma coisa cê sabe pra onde ligar.

Dei partida no carro, e desta vez o motor ligou. Olhei para o retrovisor e apertei o volante até meus dedos ficarem brancos.

–Merda- bati com a testa no volante.

Atrás do meu carro havia um pequeno carro de passeio. Entre a vaga de trás e a minha deveria existir um espaço de pelo menos sessenta ou noventa centímetros, mas nesse caso o espaço era em nânos.

Sai do carro de punhos fechados e nem percebi a força com que bati a porta. Fui até o carro de trás e olhei para ele por um instante. No vidro da frente havia um adesivo azul de terceira idade, e um roxo de deficiência auditiva, além da placa colorida para deficientes.

Olhei em volta e procurei por qualquer loja que um idoso frequentaria.Uma farmácia talvez? Não havia nenhuma por perto...

Procurei por mais lojas enquanto caminhava, sempre olhando para trás para ver se meu carro não tinha sido apedrejado ou as rodas batizadas por algum cachorro. Fiquei tentado a olhar para cima, com a minha sorte até um piado cairia na minha cabeça que nem nos desenhos.

Confesso que caminhar sozinho me deixou mais tranquilo. Olhei para um montão de vitrines enquanto passava, várias lojas de roupas e sapatos, meu reflexo sujismundo nas vidraças me fez pensar no quão ridículo e maltrapilho eu estava. Não podia voltar para casa nessas condições. Entrei em uma das lojas e em seguida fui atendido.

A vendedora me mostrou algumas peças com preços muito bons, o que me surpreendeu. Escolhi algumas e fui para o provador. Saí de lá com mais peças do que eu desejava. Escolhi uns jeans e um tênis.

A conta não foi tão alta, o que me deixou contente. Fui para o carro mais aliviado quase me esquecendo da vaga ocupada quase grudada com a minha traseira.

O carro ainda estava lá quando voltei. Coloquei as sacolas, inclusive a da joalheria, no porta malas e voltei para a caminhada.

Entrei na floricultura em frente a minha vaga, lá dentro havia uma senhora observando as flores nos muitos vasos espalhados, suas mãos tremiam um pouco e mesmo com óculos ela apertava os olhos para enxergar as flores diante dela.

–Com licença- me aproximei

A mulher se virou

–A senhora é dona daquele carro?- Apontei para o pequeno carro vermelho parado atrás do meu.

–Sou sim- disse ela, voltando-se para as flores mais uma vez.

–Será que a senhora podia tirar ele um pouco pra que eu pudesse sair da minha vaga?-perguntei, o mais educado possível.

–Que?- ela levou uma das mãos ao ouvido e apertou um botão no aparelho auditivo- Ah sim sim, só um momento.

A senhora acenou para uma vendedora para que viesse atende-la.

–Veja quarenta e cinco arranjos dessas flores amarelas, por favor- pediu ela

–Pra quando?- perguntou a atendente

– Para hoje á noite

A atendente pediu para que a senhora a acompanhasse até o balcão para informar o endereço da entrega.E então elas se foram.

Fiz hora dando uma olhada nas flores. Haviam tantas de tantos tipos que fiquei meio perdido.

Andei pela loja vendo alguns arranjos, perto de um cenário com bancos de madeira e cortinas havia um buquê com poucas flores, lírios e copos de leite, diferente de todos os outros, muito bem trapalhado com pontinhos iluminados e algumas outras pequenas flores para fazer volume, envoltos por uma fita azul escuro. A etiqueta de cinco dólares era ainda mais bonita.

Peguei o buquê, ele seria um par perfeito para os anéis, e fui até o caixa, onde a senhora e a atendente discutiam silenciosamente.

Parei em frente ao balcão e esperei até ser atendido. Tentei me distrair com os sabonetes decorados e perfumados numa cestinha ao lado do computador do caixa, eu não queria escutar a conversa ao lado.

Olhei de esguelha e pude notar a expressão cabisbaixa da senhora. Ela revirava a pequena bolsinha de mão e depois a carteira.

–Não está aqui... como pude esquecer o cartão de crédito...- choramingava a senhora

–Desculpe, mas se não passar não vamos fazer a entrega.

A senhora olhou triste para a vendedora e depois para as flores, então fechou a carteira e a guardou na bolsa.

Aquilo me cortou o coração. Aquela senhora mesmo dirigindo se parecia com uma avó, daquelas que fazem tortas e biscoitos, que fazem suéteres e apertam suas bochechas quando você chega.

Imaginei minha mãe naquela situação, como ela ficaria chateada se quisesse alguma coisa e ouvisse aquelas palavras da vendedora, tendo que deixar tudo na loja.

Segui o impulso, ou melhor, a voz da razão. Tudo o que minha mãe me ensinara até hoje me atingiu como um impulso elétrico. Tirei o cartão de crédito da certeira, que por sinal eu estava evitando de usá-lo, e me virei para a atendente.

–Eu pago- as palavras saíram espontâneas

Os olhos da senhora saltaram, quase derrubando os óculos.

–Não posso aceitar- recursou ela, empurrando minha mão com delicadeza- Não posso.

Sorri com ternura para ela. Ela retribuiu o sorriso.

– Por favor, eu insisto- Dei o cartão para a atendente, que o colocou na máquina e pediu que eu digitasse a senha.

A senhora queria dizer alguma coisa, dava para ver no modo com que me olhava pagando sua conta. Talvez ela quisesse negar, pedir para que eu não pagasse, ou talvez quisesse agradecer, mas não conseguiu dizer nada até que a atendente tirou a nota fiscal.

Sorri para ela mais uma vez.

–Obrigada- ela passou sua mão macia por meu rosto- Que Deus lhe abençoe.

Ela pegou sua bolsinha e piscou para mim ao sair, destravou o carro e deixou a vaga de trás livre para eu sair com o carro.

Paguei o buquê de lírios e voltei para o carro. Tirei com facilidade agora que a vaga de trás estava desocupada.

Guardei a notinha da floricultura no bolso e nem quis ver o quanto tinha pago por quarenta e cinco arranjos de autenticas tulipas irlandesas

...Autenticas....

O trânsito estava menos intenso dessa vez. Atravessei o centro com rapidez e consegui chegar em casa antes das três horas.

–Sim- disse para mim mesmo, dentro do elevador- Voltei vivo.


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Notas finais do capítulo

Gente, o capítulo é meio curto, como todos os outros, mas é o que faz a curiosidade aumentar e faz a história render. Ter mais capítulos e com isso, mais leitores.
Mas prometo que vou tentar aumentar um pouquinho.

Grande beijo e deixem seus comentários.