Percy Jackson e as alianças de prata. escrita por Ana Paula Costa


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Voltei! E como prometido trago mais um capítulo, prometo que vocês vão adorar!!
Aproveitem!



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Umas das melhores coisas de Nova York era a rapidez em que a policia levava para chegar onde supostamente deveria haver uma ocorrência. No meu caso, desejar que eles ficassem presos no engarrafamento feito pela vã fora da lei de Hermes não era egoísmo. Mas necessidade.

Mandei mensagens via telepatia para todos os deuses agradecendo pela sorte que tive. Tyler tinha razão, fui premiado.

Abaixei a cabeça e rastejei até o corredor. Sapatos voaram por cima dos meus ombros e pernas, e quase fui atingido por uma bota com saltos muito grandes para serem usados por qualquer mulher, seja qual for sua estatura. Engatinhei entre os provadores, que depois de ouvir os gritos e reclamações, notei que era o provador feminino. Consegui sair ileso do outro lado da loja, procurando pelos guinchados e urros do macaco.

Não foi muito difícil encontrar aquele saco de pulgas, a não ser pelo barulho das sirenes de policia, choro de crianças e gritos de assustados. Respirei fundo e corri até ele. Zóiudo- o apelido que resolvi dar á ele- lançava roupas e sacolas em direção aos seguranças, que tentavam o segurar pelo rabo e patas, o que me deixou muito agradecido por não ter que lidar com aquele pulguento sozinho.

–Alguém chame a guarda municipal!- berrou uma mulher com um bebê no colo

–Já chamamos os bombeiros,minha senhora- respondeu um segurança.

Eu tinha que tirar aquele macaco da loja o quanto antes, só assim, fora do alcance dos mortais, eu poderia recuperar a sacola e dar um pontapé naquele primata de olhos grandes e voltar para casa á tempo de ver o jogo dos Eagles.

Levantei contracorrente acima da cabeça para que Zóiudo pudesse ver.

–Ei seu macaco enxerido- gritei, tentando chamar sua atenção- Veja como minha espada é brilhante!

Zóiudo parou de gritar. Pulou sobre os seguranças e saltitou em minha direção, sem tirar os olhos da espada.

–Perfeito.

Saltei sobre as caixas e pares de sapatos esparramados e tentei alcançar a porta. Esbarrei em uma dúzia de pessoas desesperadas até encontrar os policiais e bombeiros de prontidão descendo de seus carros iluminados e de categóricos sons que os definiam em qualquer parte da cidade.

Dei de ombros. Não tinha tempo para me preocupar com policiais fardados e bombeiros com chapeis engraçados. Olhei por cima do ombro para ter certeza de que Zóiudo ainda corria atrasa de mim. Brandi Contracorrente mais uma vez. O brilho acobreado do bronze reluziu na luz do sol, que pela intensidade já devia ser pouco mais de meio dia.

Enquanto me certificava de estar sendo seguido pelo macaco, entrei em um arbusto que contornava o cercado do estacionamento antes de chegar os portões. Junto com suas folhas haviam espinhos que rasgaram minha pele e minhas roupas; tentei pular, e um belo corte deixou minha camisa dos Yankees- um presente de Annabeth- com um rasgo nas costas.

Olhei para o céu- Muito Obrigada- murmurei

Não estava sendo pessimista, mas o fato deu ter acordado antes do despertador não devia ser um bom sinal.

Nota mental: Nunca levante antes do despertador. Seu dia será horrível!

Desci a rua ainda com Zóiudo em minhas costas, contornei os carros estacionados e atravessei na faixa. Olhei para as portas espelhadas da loja em minha frente, senti um impulso forte do lado esquerdo e um puxão no braço. Água voou para todos os lados, lavando a rua e a calçada. Acabei de explodir um hidrante.

Preso ao meu braço o macaco dos meus pesadelos puxava contracorrente com força. Em meu antebraço, perto do arranhão, dois furos com marcas de dentes latejavam. Olhei com raiva para Zóiudo e ele retribuiu o olhar como se dissesse: “Você me provocou!”.

Chacoalhei o braço tentando tira-lo, mas suas mãozinhas eram mais fortes do que eu imaginava. Ele se agarrou á manga de minha camiseta e prendeu seu rabo em minha cintura. Fiquei imóvel em algumas partes do corpo, mas com a outra mão consegui espanta-lo com a água que vazava do hidrante.

Por sorte consegui ficar com Contracorrente. Deixei que ela brilhasse ao sol mais uma vez, contive o vazamento que escorria rua á baixo, e fiz o mesmo percurso que a água.

No final da rua os preparativos para o inverno já estavam sendo montados. Bonecos de neve falsa enfeitavam as praças e jardins, renas feitas de pisca-pisca eram estaladas nos postes e papais Noéis eram colocados nas vitrines alertando sobre as promoções natalinas.

O engraçado era que estávamos no final da primavera.

–Muahaha-há!

Arrisquei a olhar para trás. Zóiudo derrubara caixotes de um hortifruti e tentava me acertar com mangas maduras.

Escorreguei para trás de um banco numa praça mais próxima. Consegui ouvir os guinchados enlouquecidos de meu amigo peludo que estava cada vez mais próximos.

Coloquei a cabeça para fora. Zóido batia uma das mangas na sacola. Sentio sangue ferver.

Olhei em volta procurando alguma forma de distrair aquele macaco e pegar a sacola da joalheria de volta.

A praça estava vazia, apenas por um casal que tomava sorvete sentados em um dos bancos da praça. Senti inveja deles. Poderia ser eu e Annabeth ali agora, sem nos importar com macacos ladrões enfurecidos e multas por estacionar em local proibido.

Me arrastei para longe da calçada, de modo que eu ganhasse tempo e espaço até pensar em algo que fosse ainda mais atraente do que uma espada de bronze e uma sacola de marca. Olhei para os lados; talvez aquele macaco gostasse de bananas. Infelizmente não havia nenhum jardim de Perséfone por perto.

Os guinchados ficaram mais altos, Zóiudo saltitava alvoroçado em minha direção, nas mãos a sacola que eu tinha que pegar de volta, e na outra uma única manga. Ele não tirou os olhos de mim até chegar ao meio da praça, ele parou e guinchou mais uma vez.

–Que tal fazermos um acordo?- disse, me aproximando de vagar do animal- Minha espada- abaixei Contracorrente- por essa sacola.

Apontei para a sacola, os olhos de Zóiudo percorreram o espaço entre mim, a espada e a sacola da joalheria.

Notei um interesse, me aproximei com cuidado e me ajoelhei, deixei contracorrente no chão e estendi a mão.

Zóiudo estava quase a largando e pegando a espada quando meu telefone tocou. Era muita sorte para uma pessoa só.

O toque do celular estourou como uma bomba. Zóiudo voou para trás em pânico, subiu sobre o banco onde o casal se beijava, até conseguir se esconder na árvore atrás eles.

O visor do telefone marcava um nome. Eu ficaria bravo com qualquer pessoa no mundo por ser tão inconveniente, menos com ela.

–Annabeth?- Engrossei a voz,para parecer mais másculo.

Ela riu- Pode parar Percy, parece que está engasgado. Liguei na sua casa, sua mãe disse que tinha saído cedo...

Annabeth tinha voz de desconfiada.

–O que está aprontando?- perguntou. Pelo tom de sua voz notei que estava sorrindo.

Para meu dia ficar ainda melhor, só minha mãe ter contando o que eu pretendia. Nada como presentear sua namorada e ver sua cara de eu já sabia.

–hãa... nada- menti, me esforçando para ser natural, mesmo sendo um péssimo mentiroso- Só vim pagar umas contas pra minha mãe...

Ela deu de ombros- Hoje ás oito?

– O que?- Procurei pelo macaco. Ele batia a caixinha das alianças contra os galhos da arvore. Meu sangue ferveu.

–Vamos jantar fora hoje, cabeça de Algas... A menos que você já tenha o que fazer...

–Não Não! As oito está ótimo!

–Então estou te esperando. Beijos.

Essa era Annabeth. Sem melação, mas direta ao ponto.

Desliguei. A voz de Annabeth fora a única coisa que valera a pena até agora. Mas ver aquela cidade de pulgas azul bater com as alianças que eu daria á ela esta noite me deixou furioso. Eu estava sujo, cansado e estressado, não toleraria mais aquele ladrãozinho.

–Já chega- Andei espaçadamente até a arvore e levantei Contracorrente- Não vai devolver por bem? Então vai devolver a força!

Cravei minha espada no tronco da arvore usando-a como apoio. Agarrei nos galhos mais baixos e estiquei a perna. O macaco guinchou alto, mas bati em sua cabeça com um ramo de folhas secas junto as que ainda não caíram. Ele rolou pelo encosto da arvore e quase caiu pelas beiradas, se não fosse seu maldito rabo.

Zóiudo escalou a arvore com uma agilidade invejada, prendia seu rabo musculoso nos galhos e se balançava para longe, mordendo a caixinha de veludo e me olhando com desdém.

–Muahahaha-há!

–Está achando engraçado?

Subi atrás dele até a parte mais alta da arvore, de onde conseguia ver os prédios enormes que eram como cartões portais da cidade. Com contracorrente na mão cortei um galho comprido e fino, apontei para um cacho de abelhas em minha frente.

As patas de Zóiudo estavam manchadas pelo sulco que escorria das mangas. Seu pelo tinha um brilho alaranjado com cheiro cítrico. Eu esperava que aquele cheiro atraísse as abelhas mais do que meu suor e água encanada do hidrante.

A princípio o plano funcionou; as abelhas seguiram o odor adocicado do macaco que o fizeram urrar reclamando. Ele tentou afugenta-las com a sacola, mais abelhas saiam da colmeia. Comecei a ficar preocupado.

Não havia outra opção se não descer antes que elas me notassem.

Apoiei os pés no tronco e com impulso desci. Apertei os olhos para o macaco, tentando enxergar através da claridade, as abelhas ainda voavam ao seu redor como um enxame, Zóiudo se defendia como podia, e eu achei merecido.

Contracorrente ainda estava em minhas mãos. Senti um desconforto abaixo do pé.

Escondido entre a grama rala havia um bico de irrigador, por baixo da terra senti água dentro dos canos. Canalizei minhas forças para tira-la de lá. O irrigador ligou, não só o que estava embaixo do meu pé,mas todos os irrigadores da praça.

A água espirrou,formando uma nuvem com pequenos arco íris que eram formados se observados através do reflexo do sol. Joguei a nuvem na direção de Zóiudo, que urrou e jogou a caixa de joias para trás, que caiu dentro de um pequeno lago de carpas.

Aquele definitivamente não era o meu dia.


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Notas finais do capítulo

Estou ficando com dó do Percy kkk
Estão gostando? Espero que sim, por favor, recomendem!



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