BitterSweetheart escrita por Marcella Chase


Capítulo 6
Capítulo 6 – Confusões de uma loira




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Carla

Sobressaltei-me quando ouvi a voz de Anne tão perto e virei para falar com ela, mas a loira já estava longe.

Não acredito que ela ficou tão brava porque eu a deixei lá. Ela não viu que eu só queria ajudar? Estava resolvendo os problemas dela. –Foi o que eu pensei, mas saí correndo para tentar alcançá-la. – Anne espere. Deixe-me explicar. Vem aqui, sua chata! – Corria o mais rápido que a multidão na boate permitia, tentando fazê-la esperar, mas ela nem mesmo olhava para trás. – Anne você não entendeu nada, era para você superar seu medo, cara. Era para te ajudar. Anne!

– Aonde você vai, Carla? Vai me deixar aqui sozinha depois de me agarrar? – Droga! Claudinha tinha me alcançado e me segurou. Assim eu nunca ia alcançar a loira.

– Desculpa linda, eu tenho que resolver isso. Pegue meu telefone com o Gui e me ligue. A gente marca algo depois. Foi ótimo ficar com você.

E corri atrás de Anne por toda a boate sem nem mesmo olhar para trás para ver se Claudinha estava chateada. Mas a loira era teimosa demais e não se virou em nenhum momento. Um bando de idiotas se agarrando passou na minha frente e me atrasou. Nesse instante perdi Anne de vista. Continuei o mais rápido que pude, mas não a avistei mais. Saí da boate e fiquei olhando para todos os lados sem encontrá-la. Já estava fazendo sinal para um táxi que passava quando a vi em um carro que vinha logo atrás. Parei na frente do carro dela sem aviso nenhum, fazendo-a frear em cima da hora e para não me atropelar. Ela desceu gritando.

– Você é maluca garota. Definitivamente. Eu quase te atropelei. Pirada...

– Eu posso ter cinco minutos para te explicar agora?

– Você não tem que me explicar nada. Eu não tenho nada a ver com sua vida. Você fica com quem você quiser.

Olhei para ela sem entender muito bem do que ela estava falando, afinal o que eu ter ficado com a Claudinha tinha a ver com isso?

– Estou falando de ter te deixado lá em cima. É por isso que você está brava, não é?

– Ah! É, é isso mesmo. Tudo bem pode falar...

– Aqui? O trânsito vai continuar parado e os carros buzinando até a gente acabar nossa conversa?

Anne olhou para trás e percebeu que eu tinha razão sobre os carros impacientes buzinando para nós.

– Ok! Entra no carro que eu te deixo em casa e você me diz o que quiser dizer no caminho.

Ela dirigiu em silêncio por um longo tempo, mas aquilo era demais para mim, não agüentei o clima e me virei para ela.

– Não vai me perguntar onde eu moro?

– Onde você mora?

– Deixa de ser pirracenta. Me desculpa vai. Eu não sabia que você tinha tanto medo de altura assim. Eu só queria te fazer se arriscar e experimentar emoções. Uma mulher linda como você, com um trabalho ótimo, amigos que te adoram, um namorado como o Diego... – Eu sei, eu sei, joguei verde mesmo. Estava louca para saber se eles tinham algo desde que o ouvi falando dela, principalmente depois do que Anne deixou escapulir sobre eu e Claudinha.

– Ele não é meu namorado. É meu melhor amigo. – Somente amigos? As coisas só pareciam melhorar.

– Mais um motivo. Um melhor amigo que te adora como ele. Você tem tudo que qualquer um sonha. Fiquei chocada quando te ouvi dizer que não tinha vontade de se divertir, que não queria sair. Você não tem o direito de não ter vontade de viver.

– Você não sabe de nada. Nem mesmo me conhece. É muito pretensiosa se acredita que sabe o que tenho ou não direito de fazer.

Essa doeu. Não esperava uma resposta assim, tão direta, fria e... Verdadeira. Eu realmente preciso parar de me meter na vida das pessoas, mas agora não podia mais recuar sem parecer fraca.

– Falo isso porque você tem tudo. Viver é a melhor coisa que pode te acontecer. Você tem tudo para ser feliz.

– Não tenho, não. Eu não tenho um grande amor. Nunca amei alguém de verdade. – Anne falou abaixando o tom de voz a um quase sussurro, como se tivesse vergonha de falar o que estava falando para mim. Seu olhar ficou tão triste que seu azul vívido tornou-se escuro como o céu logo antes de amanhecer.

– Sorte a sua, Anne. Mas saiba que se você realmente quiser, pode ter quantos grandes amores você quiser. Você tem que entender que sua vida só depende de você. Era isso que eu estava tentando te mostrar hoje.

– Não, Carla. Eu preciso de apoio, às vezes sinto que sou muito dependente. Eu só consegui ficar calma lá em cima porque você estava comigo. Quando você saiu, a magia se quebrou e meus medos voltaram de uma vez. Entrei em pânico.

Encarei-a meio sem jeito percebendo que havia cometido um erro e abaixei a cabeça.

– Me perdoe. Eu não tinha intenção de te assustar. Às vezes não entendo que as coisas são diferentes para cada pessoa. Achei que seria fácil para você como era para mim. Eu fui uma idiota.

– Tudo bem. Eu entendi Carla. Não precisa se desculpar. Eu me descontrolei, mas nem foi por isso que fiquei brava. Está tudo bem.

– Você ficou brava com o que então?

Ela permaneceu em silêncio por um longo tempo, meio que escolhendo as palavras que iria dizer em seguida. E, se ela fosse dizer o que eu achei que iria, então eu queria muito ouvir. Resolvi incentivar.

– Diz Anne.

– Ah! Sei lá. Com... Comigo, Carla. Com meus próprios sentimentos. Como sempre. Não esquenta, já passou.

– Você tem que começar a se preocupar menos. Está se importando demais.

Definitivamente não era isso o que eu queria ouvir, mas eu até que a entendia... Um pouco. E acho que me precipitei com as minhas conclusões, mas por um instante achei que o Gui podia estar falando dela mais cedo. Acho que me enganei. Aproximei-me e dei um beijo em seu rosto. – Você é linda, divertida e tem tudo para ser feliz. Eu posso te ajudar se quiser. Gostei da sua companhia, podemos ser boas amigas se você quiser.

Ela deu um sorriso amarelo que me fez pensar de novo se ela não estava querendo dizer esse tempo todo que o problema foi a Claudinha. Mas se fosse isso ela simplesmente teria dito, não é? Não teria sentido esconder isso assim.

– Boas amigas. A gente pode se dar bem, Carla. Tenho certeza. Onde você mora mesmo?

Ela me deixou em casa, chamei-a para entrar, mas Anne não gostou muito da idéia, disse que estava cansada e ficou me olhando entrar até que não pude mais vê-la.

Anne

Deixe de ser infantil, Anne. Ela nem pensou em nada desse tipo quando te levou para lá. Ela só quer ser sua amiga. Não fique mais toda nervosinha quando ela tiver por perto. Comece a ser você mesma e deixe isso de lado. Ela nunca ia querer nada com você mesmo. – Não consegui deixar de me culpar em pensamentos por todo meu comportamento tolo com aquela garota. Mas os pensamentos sobre ela não pareciam querer parar enquanto eu observava Carla subindo a entrada de seu prédio. – Apesar de que eu nem imaginava que ela ficasse com mulheres, e lá estava ela se agarrando com aquela garota. Carla parece ser do tipo caixinha de surpresas, pode muito bem mostrar que estava a fim de... – Dei um tapa em minha testa, me irritando muito com minha própria falta de controle sobre meus pensamentos. – Pare de se iludir, sua tonta, e vai logo dormir porque amanhã você tem que trabalhar.

Sussurrei “Boa noite, Carla” e sai para minha casa.

Carla

Entrei em casa e fui direto paro banho. Estava muito cansada e não conseguia parar de pensar na loucura que havia sido a minha noite. Incrível como eu sempre consigo transformar uma festinha em um acontecimento com muitas mulheres gostosas. O problema era não conseguir tirar Anne da cabeça. A loira dos olhos azuis mais lindos que já vi. O jeito fofo dela não saía dos meus pensamentos. Não foram poucas as vezes em que ela parecia querer dizer que estava a fim de mim hoje, mas depois ela dizia que era algo completamente diferente e eu me sentia uma idiota por ter pensado aquilo. – Que mulher complicada! – Não consegui evitar o sorriso e sussurrei baixinho.

– Boa noite, Anne.


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