O dia estava belo. Isso era bom, na percepção de Agatha. Não, era ruim. Talvez um pouco bom e um pouco ruim. Nem ela mesma conseguia decidir.

Afinal, Agatha Mayumi era do tipo que mudava de opinião a cada cinco segundos.

O que para ela não era nem um pouco ruim. Se você muda de opinião, você consegue sempre ver os dois lados da história. Ou será que isso era ruim?

Bem, não importava.

A garota de apenas onze anos sentiu ser abraçada por trás e sorriu com o gesto, conhecia aqueles braços como conhecia a si mesma. Bem, ela não conhecia ainda a si mesma. Balançou a cabeça tirando suas maluquices bipolares e se virou abraçando a mãe com força.

Sua mãe tinha lágrimas caindo de seus belos olhos verdes que Agatha puxara com orgulho.

Na verdade, Agatha era quase uma cópia idêntica de sua mãe. Pele alva e leitosa, profundos olhos verdes e cabelos ruivos que dependendo do dia tinha um ar de castanho avermelhado, puxara somente o gênio de seu pai.

Seu pai era Japonês, era até estranho, já que ambos não se pareciam, mas graças as seus pais ela já falava três línguas. Inglês, Japonês e Grego, idioma de origem de sua mãe.

A gritaria no expresso estava alto de mais, mas isso não irritava a garota, gostava do barulho.

– Promete que irá usar Agis para nos mandar notícias assim que puder? - Sua mãe perguntara em grego, sempre que sua mãe ficava emotiva trocava as línguas.

– Sim, mãe.- Agatha respondeu, não queria chorar, pois chorar não era de seu feitio, não era uma pessoa emotiva.

Mas sentiria falta de seus pais.

Sua mãe a soltou e Agatha abraçou seu pai que retribuiu o gesto sorridente.

– Tenha boas notas. - Seu pai disse sério, mas com um tom sereno e Agatha assentiu.

– Darei o meu melhor. - Ela respondeu se virando para embarcar no trem. - Ou não. Ou sim.

~~~~

– Lembre-se Carly, não deixe ninguém se mostrar superior. - A voz séria de seu pai enchera seus ouvidos. - Você é superior!

Carly contara até três mentalmente e revirou os olhos escondido.

Assentiu para seus pais e caminhou saltitante até seus irmãos e sorridente abraçou seu irmão mais velho bruscamente.

Ela queria chorar.

Mas ao mesmo tempo sentia que deveria se despedir sorrindo, afinal, ela só estava indo estudar e não embora para sempre.

E com esse pensamento soltou-se de seu irmão.

Carly O'Bryan Sky. Talvez uma palavra não conseguisse a definir, mas se seu irmão pudesse escolher um adjetivo seria encantadora.

Encantadora no modo de sorrir, de ficar brava, de chorar, de demonstrar suas emoções, de mostrar que tem total controle sob si e continuar com os pés no chão, beleza exuberante , com seus curtos cabelos loiros e pequenos olhos verdes que se destacavam em sua pele alva.

Extremamente encantadora.

Sem mais, sem menos.

E tudo isso aos seus onze anos de idade, como irmão mais velho tinha medo de quando ela ficasse mais velha, teria que afastar os marmanjos que dariam em cima dela. Ficou bravo mentalmente.

– Não se esqueça de me escrever, certo? - Seu irmão disse sorrindo.

Carly assentiu com um pequeno sorriso.

– Prometo que será a primeira coisa que farei quando tiver tempo. - Carly afirmou cética. - Pra que casa você acha que eu irei? - Perguntou um pouco preocupada.

– Bem, isso não importa. - Seu irmão respondera. - Apenas seja você mesma.

Carly riu.

– Não há como eu ser outra pessoa a não ser eu. - Disse a garota.

O expresso apitou e todas as crianças e adolescentes começaram a entrar apressados. Carly deu um último abraço em seu irmão mais velho e sentiu ser beijada no topo da cabeça.

Acenou para os pais e avançou rapidamente para o expresso sonhadora ao lado de seu outro irmão que tinha a mesma idade que a mesma .

Sim, ela seria ela mesma.