Um Amor Sem Fronteiras escrita por Báby


Capítulo 3
Um Passeio Pela Fazenda e Conhecendo Novos Amigos


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/450405/chapter/3

Ela continuava imóvel, na mesma posição quando Vivi entrou.

– Ei, o que você está fazendo no quarto da Luna?! – perguntou Vivi

A trapalhada, Samantha voltou a si.

– Luna? – e apontou o pôster. –É ela?

– Sim! – Vivi deu um vastíssimo sorriso. – Nem parece mais aquela menininha magrelinha e chorona que vivia com os joelhos e cotovelos aranhados de tantos tombos, não é?

Samantha fez que sim. Após alguns momentos, Vivi agarrou-a pela mão.

– Vou mostrar seu quarto.

– Desculpe ter entrado nesse. É que da outra vez fiquei hospedada aqui.

– Eu sei. Espero que goste do seu novo quarto. Decoramos tudo na base do cor-de-rosa. Mamãe escolheu o azul para Luna por ser sua cor favorita e o amarelo para mim. Gosta do cor-de-rosa?

O quarto de Samantha era bem decorado, com móveis em areia-claro. A cama estava coberta por uma colcha axadrezada, em rosa e branco, tinha dois travesseiros compridos com fronha de babados. Cortina em rosa seco, tapetes de barbante de algodão e um espelho para o corpo inteiro com moldura entalhada em rosas cor-de-ouro. Samantha vibrou de alegria e deu um pulo, caindo sentada na cama do fofíssimo colchão. Vivi imitou-a e, como duas molecas, começaram a pular até cansar.

Depois Samantha foi visitar o quarto de Vivi que era bem grande e espaçoso, nele a via uma cama, um guarda-roupa supergrande e ao lado avia até uma linda guitarra elétrica.

Além de uma mesinha com duas repartições com uma TV e um vídeo cassete e em baixo a via varias fitas de filmes e livros dos mais diversos além de uma escrivaninha com um computador e espalhado pelo quarto um mote de pôsteres de filmes.

– Nossa Vivi seu quarto é lindo! – pelo jeito você gosta muito de filmes, e essa guitarra não me diga que você toca?!

– É verdade eu gosto muito mesmo sempre que posso estou gravando ou colocando um pôster de algum espalhado pelo quarto, e enquanto essa guitarra esta ai por que sou vidrada em rock, mas não consigo tirar o menor som dela, minha professora de violão desistiu de me ensinar, por isso, deixei aí como troféu ou decoração... Você toca alguma coisa?

– Cheguei a pensar em aprender piano, mas desisti antes de começar. Não tenho vocação musical nem ouvido. Luna toca alguma coisa?

– Violão e nada mais!

– Vocês devem se diverti muito juntas, não? – arriscou Samantha.

– Mais ou menos... – e Vivi mordeu a ponta do cabelo. – Às vezes a gente vai até Bela Vista, às vezes a turma vem aqui... AH, já conheceu o Felipe?

– Não! Praticamente acabei de chegar, não se lembra?

– Filho de seu Aurélio e dona Lucinete, que moram ali atrás. Seu Aurélio é o braço direito de meu pai ele e como o auxiliar do administrador isso porque mesmo como dono papai é formado em engenharia- agrônoma e ajuda a administrar a fazenda enfrentando mais a burocracia, contratos, faz viagens, coisas assim, enquanto seu Aurélio supervisiona a terra, as plantações, a colheita e o gado quando papai não está.

– E como é o Felipe?

– Aqui todos que o conhecem o chamam de Lipe ele é um avoadão que adora a moto mais do que qualquer namorada que ele tenha. Se você acordar à noite com um zumbindo debaixo de sua janela, é ele chegando da cidade. Quase todas as noites vai à lanchonete, encontrar com a turma e sempre volta de madrugada. O barulhão acorda até as vacas.

Riram. De repente, Vivi ficou seria.

– Ele tem uma irmã, sabe? Chama Bianka...

– É? E por que você fez essa cara?

– Ela é surda-muda.

– Coitada! De nascença?

–Não...

– Então, o que foi?

Vivi deu uma violenta meia-volta e foi até a janela, de onde respondeu com a voz apagada:

– Um acidente, mas eles não gostam que se comente. Fico toda arrepiada quando olho para ela... e deu outra meia-volta, olhando firme para Samantha. – Acho Bianka muito má às vezes tenho a impressão de que ela me odeia, não sei por que, mas vejo nos olhos dela... AH, não quero falar do assunto, por que sempre me deixa numa pior. Quer tomar um banho antes do almoço? Daqui a pouco será servido.

– Claro que quero! Pretendo ficar um bom tempo de molho pra tirar o cansaço da viagem.

Saíram, então, as duas para o banheiro.

O almoço foi bem animado todos falavam e riam ao mesmo tempo a mesa estava farta parecia um banquete os tios e os pais de Samantha não paravam de falar e, até àquela hora, os convidados já aviam conhecido às duas empregadas da casa: Jurema, uma moreninha muito falante, ainda jovem, e Geralda, a cozinheira de meia- idade, mulata muito divertida.

– Mas que lugar lindo! Disse dona Liete – Parece um paraíso.

– Boa comida, ar excelente e muito sossego– disse seu Damázio dirigindo-se a irmã e ao cunhado. – era disso que nós estávamos precisando mesmo que por uns dias.

– Vocês tinham que vir mais aqui, tão perto e nuca aparecem. – disse dona Laine ao irmão e a cunhada. – Eu não sei como vocês conseguem viver numa cidade grande acho que eu não aquentaria.

– Olha nisso eu concordo com minha mulher – disse seu Vinicius – o campo é muito melhor bem mais relaxante.

– É verdade sabe cunhado, acontece que a gente a acaba se acostumando com a vida na cidade grande e esquece que a vida no campo e muito melhor muito mais calma e faz bem a saúde nossa e de nossos filhos que ficam mais livres e longe do perigo que é a cidade.

– Sabe que é verdade– disse dona Liete– a gente se acostuma com a agitação e esquece a calmaria.

Depois de muita conversa e risadas os convidados foram descansar em seus aposentos, menos Vivi e Samantha que aviam combinado durante o almoço de irem dar uma volta de moto pela fazenda, pois Samantha estava com muita vontade de conhecer melhor o lugar então depois do almoço foram ate ao porão dos fundos onde, antigamente, havia sido tulha de café. Os cômodos atijolados eram separados por arcos pintados de branco. Nos dias atuais, cada arco fechado tinha uma janelinha, de modo que, vendo-se de longe, o porão parecia um hotelzinho. Naqueles cômodos que poderiam ser perfeitamente habitados, eram guardadas sacarias, móveis antigos e inclusive uma liteira que no tempo dos escravos, servia para a baronesa Almeida de Sá passear pela fazenda. Enquanto Vivi fazia a moto pegar, Samantha, maravilhada, ficou observando aquela estranha peça toda forrada de cetim corroído pelo tempo. Passando a mão no macio tecido, sonhou ser a própria baronesa em um de seus famosos passeios.

– Já pensou se a gente pudesse entrar nessa liteira e, de repente se visse no passado? – perguntou a Vivi.

– Já vi isso acontecer em livros e filmes, mas na vida real nuca – respondeu Vivi acelerando o motor enquanto escapava uma nuvem azulada de fumaça. – Vamos, respire fundo está deliciosa poluição para matar saudades da cidade grande e suba aqui atrás para darmos umas voltas.

Vivi sentou-se a frente. Samantha sentou-se no banco de trás, agarrou a prima pela cintura e lá saíram elas, rápido, pelo pátio atijolado. Vivi era excelente na direção, ágil e esperta não tinha medo de nada. Por isso chegou ao cúmulo de entrar no estábulo onde, fazendo círculo com a moto, improvisou uma tourada com os bezerros enquanto Samantha gritava espantada e ria ao mesmo tempo. Que sensação gostosa! Mas acerta altura a moto derrapou as duas quase caíram num tambor de leite; mas com uma esperta guinada, Vivi desviou as rodas de trás jogaram esterco pelos ares e chapisco toda a parede.

Como choveu uma onda de protestos e reclamações dos trabalhadores da fazenda, Vivi saiu com a moto e fugiram para a colônia. Elas riam que riam. Vivi começou a ziguezaguear entre as casas da colônia, espantavam galinhas, foram perseguidas por cachorros e depois cansadas de tanta estripulia, pararam para conversar com os colonos. Aí com a moto sempre correndo, seguiram em frente até o pomar, mas desta vez Vivi diminuiu bem a marcha da moto.

– Veja, lá está Bianka– disse indicando, com aceno de cabeça, a porteira da horta. –Finja que não esta vendo, ou ela se esconde...

Samantha, porem, olhou tão cheia de curiosidade que Bianka se escondeu mesmo.

– Acho que ela morrerá de mal com o mundo – Comentou Vivi botando nova velocidade à moto.

Mais adiante se encontraram com Lipe, pois ele estava pintando uma porteira. Lipe, porem tinha mais tinta no corpo do que na lata ou na própria porteira. Foram feitas as apresentações. Ele era alto, cabelos cor de mel, desengonçado, parecia um bom sujeito. Em questão de pouco tempo já estavam conversando. Samantha, porem, percebeu que Lipe se dirigia mais a ela, como se não sentisse muito prazer em conversar com Vivi

– Se quiser, qualquer dia posso levá-la a passear de moto também – ofereceu-se.

– Muito obrigada! Agradeceu Samantha.

– Luna e eu gostamos muito de apostar corrida nos pastos.

– Ora, a Luna também gosta de moto? – perguntou a garota, interessada.

Lipe deu uma risada e respondeu: – Claro que sim! Apesar de ser meio patricinha, uma vez ela até falou que gostaria de fazer um enduro na fazenda.

– Patricinha?! – Falou Samantha curiosa.

– Sim, uma patricinha sem aquele rosa todo claro – deu uma gargalhada – mas que apesar disso ama se aventurar. – Respondeu Lipe.

– Nossa que legal, que pena que eu não sei pilotar e não tenho moto! – suspirou Samantha. – Eu adoraria participar dessa prova!

– Nuca é tarde para aprender! – respondeu Lipe com uma piscada. – Se quiser, também posso ensinar e não cobro nada.

Vivi que parecia chateada com a conversa, convidou Samantha para dar mais uma volta pela colônia. Como Samantha topou lá se foram as duas. A certa distancia pararam à sombra de uma enorme mangueira.

– Nossa preciso dizer que estou adorando tudo isso! –disse Samantha com um sorriso.

– Serio! Logo você que nuca gostou muito do campo, não acredito! – Hei espera só um minuto ai... Quem é você o que vez com minha prima!?

– Hei Vivi, por favor, né eu estou falando sério!

– Eu também horas é que nuca pensei que ouviria isso logo de você.

– É que talvez eu nuca tivesse aproveitado tanto um dia no campo assim, por que tenho que disser foi muito bom.

Depois resolveram voltar para a fazenda, pois o sol já anunciava que o dia estava acabando. Quando chegaram foram direto para o banheiro estavam exaustas do passeio. O jantar foi servido às sete e meia e como no almoço foi abasse de muita conversa e risos.

Aquela noite Samantha nem dormiu direito, pois não via a hora de acordar para dar mais uns giros pela fazenda. O pessoal foi se deitar depois que, com pancadas chochas, típicas de um relógio do tempo do império, a velha pêndula deu onze horas. Para Samantha era como estar no mundo do faz-de-conta e feliz da vida, adormeceu abraçada ao travesseiro.

Ainda estava escuro quando despertou com latidos de cachorros e mugidos de vacas: era o gado sendo levado para o curral. Com um salto, voou da cama e abriu a janela. Que espetáculo! À distância, as casas da colônia toda estavam acesas. Ao leste, onde o sol começava a romper, o céu começava a tomar tons roxo-cor-de-rosa com as últimas estrelas ainda brilhando. As árvores desenhavam silhuetas no fundo da madrugada e Samantha, então se lembrou de uma vez, quando a professora havia falado de camões, ao escrever Os Lusíadas, dizia que naquela parte do céu morava Aurora, a deusa dos cabelos vermelhos. Era ela quem, com sua longa cabeleira, abria os portões da madrugada para Apolo, o jovem que Transportava o sol em sua carruagem de ouro. Era um espetáculo tão bonito e tão inédito que Samantha pulou de costas e caiu deitada com um gritinho de alegria.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E Então!?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um Amor Sem Fronteiras" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.