Um Amor Sem Fronteiras escrita por Báby


Capítulo 23
Explicações... E Ainda Vivo Um Amor Sem Fronteiras


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capitulo pessoal, espero que gostei e boa leitura a todos!!!



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– Vivi? – balbuciou a garota espantada. – Não pode ser!

– Sim, foi ela, vestida coma roupa que você usou no baile. Ninguém sabe o que aconteceu, Vivi foi atropelada pela moto de Liphe e, agora, papai e mamãe a estão levando para o hospital.

– Ela... ficou ferida? – perguntou Samantha mais surpresa do que zangada.

– Não se sabe!

Samantha olhou longamente para Luna. As lágrimas brotavam em seus olhos para aliviar a tensão que tinha sentido.

– Ai, Samantha como eu fiquei preocupada com você! Disse, ela olhando-a bem de perto.

Samantha olhou-a no fundo dos olhos e sorriu:

– Verdade?

– Sim demais, fiquei tão preocupada que, em vez de socorrer minha irmã, fui procurar você.

– Oh!

– Eu preciso lhe dizer uma coisa, Samantha – continuou ela, reticente, como se fosse difícil coordenar as ideias. – No momento em que vi Vivi caída, nas roupas de Ana Beatriz, levei um choque e, de repente, tive a impressão de estar saindo de um longo túnel escuro. – Por que Vivi estava vestida de Ana Beatriz? – eu me perguntei, e então, foi como se eu tivesse voltado aquela tarde, quando Vivi pegou a chave do casarão e convidou a mim e a Bianka para irmos brincar de fantasmas lá. Nós fomos. Mas chegando lá, Vivi começou a falar de almas-penadas, mostrou a pintura de Ana Beatriz e ... depois de meter muito medo, mandou que nos escondêssemos, que ela ia nos procurar. Eu me escondi na sala. Bianka se escondeu na cozinha e, quando gritamos “Pronto!”, Vivi não aparecia... não aparecia...

Calou-se por alguns momentos como se aquelas recordações ainda não estivessem muito nítidas. Depois, continuou:

– Bianka começou a choramingar que estava com medo e veio junto de mim. Nós íamos saindo, quando vimos um vulto que apareceu a porta. Aí, quando o vulto chegou perto, Bianka começou a gritar de pavor porque o vulto ria esquisito, estava vestido com roupas esquisitas e dizia que era o fantasma de Ana Beatriz.

– Era Vivi? – perguntou Samantha.

– Sim, era Vivi – respondeu Luna. – Estranho, só agora que estou me lembrando que era ela... a cabeça me dói um pouco... as recordações são confusas... estou vendo Bianka de boca aberta mas o grito não sai mais... Vivi e Ana Beatriz são uma única pessoa...eu me assustei porque Bianka não conseguia falar mais... De repente... de repente... eu corri, mas não me lembrava de mais nada até que vi Vivi caída no chão vestida de Ana Beatriz. Ela sempre vivia assustando a gente dizendo que era Ana Beatriz, que tinha saído do tumulo de cristal ... que ia se casar comigo...

– Luna, não pense mais nestas coisas! – Olhe para mim, só para mim. Vê? O pesadelo acabou para você. Nós duas saímos do túnel escuro e, agora, só existem luzes ao nosso redor!

A expressão angustiada de Luna pouco a pouco foi-se transformando como se voltasse a sentir paz. Então, ela sorriu por completo e disse:

– Eu amo muito você! – murmurou Luna passando os braços ao redor do pescoço de Samantha.

– Eu também te amo muito! – Eu prometi que haveria de destruir a lembrança de Ana beatriz e, juntas, nós conseguirmos.

Os lábios foram se aproximando lentamente até que, afinal selaram o grande amor com um logo e demorado beijo.

Da janela do consultório do segundo andar, Samantha olhava para baixo. Lá, à sombra de uma árvore, em belo gramado, Vivi estava lendo. A seu redor muitas outras pessoas indo e vindo tranquilamente. Parecia um jardim, mas era apenas o pomar de uma Clinica de repouso onde flores, pássaros e muitas árvores faziam quase um cartão postal.

– Oi gente! – cumprimentou uma voz vinda da porta.

Samantha olhou e viu que era o Dr. Erico, um dos médicos daquela clinica. Alto, simpático, um belo sorriso, parecia um galã da televisão. Fez um sinal para que ela se sentasse. Samantha se sentou ao lado de Luna que estava de braços cruzados.

– Como vai ela, doutor? – perguntou Luna.

– Melhorando dia a dia. Essas coisas levam tempo, ela passou uma vida inteira fantasiando fatos... O que você pensa a respeito dela, Samantha?

Samantha custou a responder.

– No começo eu odiei Vivi – respondeu pensativa. – Eu, me senti sendo traída. Sabe? Mas depois, pensando melhor em vês de odiar Vivi, de repente fiquei penalizada.

– Isso é muito bom! Um grande passo que você acaba de dar, Samantha! – falou o médico. – A partir do momento que as pessoas conseguem colocar a razão acima do coração, as coisas tomam um outro rumo, os problemas se delineiam melhor... e parece que tudo se ajeita.

– Estranho tudo isso acontecer, doutor – murmurou Luna. – Até agora ainda me parece tudo um pesadelo. Estranho o comportamento de Vivi porque ela nunca demonstrou nenhuma fraqueza, nenhuma carência afetiva, emocional, nada... Mamãe sempre dizia que ela era uma menina forte, autoritária que sabia o que queria. Tanto que sempre era a líder do nosso grupo.

– O certo e que por acreditar fielmente que ela era Ana Beatriz ela acabou criando dentro dela um medo insano de perder quem ela amava que nesse caso seria Luna que na cabeça dela era sua Evangelina, por isso chego a crer que foi por isso que ela vez o que vez. Portanto, não agiu por maldade: ela agiu por medo, por desespero. Diante de um quadro desses só posso ficar feliz porque você, Samantha não a odeia. Pessoas como a Vivi merecem mesmo mais a nossa compreensão do que nosso desprezo.

– E por que usar o fantasma de Ana Beatriz, doutor? – perguntou Luna.

– Bem os fantasmas sempre são um prato cheio para quem quer meter medo nos outros. Além do mais, esse seria o fantasma de uma bela garota que tinha uma historia comovente. Enfim, todos os ingredientes para acionar a fantasia de uma garota como Vivi. As historias que ouvia despertaram a imaginação dela e, a partir daí, Vivi começou a usar Ana Beatriz como escudo, atrás do qual se escondia para sonhar e conseguir as coisas irrealizáveis. Lembre-se: ela costumava subir pela trepadeira do alpendre e ia sentar-se no balcão do salão de festas, de onde ficava sonhando que toda fazenda seria dela, que ela se casaria com um belo rapaz, que seria feliz para sempre. Além disso, muitas vezes esteve sozinha no casarão, descobriu as roupas de Ana Beatriz, se vestiu com elas, praticamente se transformou nela. E, então, sem querer, assumiu a personalidade de uma garota morta há tantos anos. Isto é, ela criou uma personalidade para Ana Beatriz. A partir daí, foi fácil dominar Bianka e Luna. E por que não conseguiu dominar Liphe, Liphe se afastou do grupo.

– Foi isso mesmo! – concordou Luna.

– A força de Vivi foi crescendo cada vez mais e ela teve prova disso quando, vestida de Ana Beatriz, pregou tal susto em Bianka que a garota perdeu a voz e Luna, apavorada, sofreu um bloqueio e não se lembrava mais do acontecido. Foi à sorte de Vivi, pois, se Luna não tivesse se esquecido do fato, poderia tê-la denunciado. E aí...

– A farsa seria desfeita. – Respondeu Luna

– Exatamente! – Finalizou Dr. Fontes.

– Mas por que Bianka tinha a mania de ir à capela, esconder-se atrás do tumulo de Ana Beatriz? – perguntou Samantha. – Se ela odiava Ana Beatriz...

– Bianka me confessou que ia rezar que ia pedir perdão à morta na esperança de que lhe devolvesse a voz. Pobre garota! Em seu mundo de silêncio, não podia revelar seu drama a ninguém, só lhe restava o consolo das preces!

Luna segurou a mão de Samantha. O médico continuou:

– Lendo livros e vendo filmes – lembrem-se de que Vivi tinha predileção por filmes de suspense, de tramas policiais – ela desenvolveu uma imaginação muito forte, e quanto mais ela se envolvia com esse tipo de historias, mais ela acreditava em sua própria trama. Portanto, Vivi acabou acreditando mesmo que ela era Ana Beatriz. Mas o grande dilema de sua vida era: Como segurar Luna? Como Vivi a irmã? Ou como Ana Beatriz, a garota morta? Nem uma, nem outra. Aí, Vivi começou a ficar assustada... e a coisa piorou exatamente porque, entro em cena uma outra personagem: Samantha

– E eu me apaixonei por Samantha – Falou Luna sorrindo para ela.

– Foi à gota d’ água que transbordou tudo – disse o médico entrecruzando os dedos. – Se de um lado Vivi tinha domínio suficiente para deixar Luna insegura com relação ao que sentia por Samantha, ela não possuía poder suficiente para dominar Samantha. Então, Vivi precisava fazer as coisas por vias indiretas...

– E tentou acabar comigo na Grota Dos Macacos – emendou Samantha. – Mas, como não conseguiu um “acidente”, investiu contra mim com uma arma, não foi?

– E a culpa recairia sobre um fantasma – murmurou o médico, pesaroso. – Vejam a que ponto realidade e fantasia se misturam na cabeça dessa garota. No momento em que ela empunhou a arma, ela acreditava que estava agindo certo.

– Mas, se quisesse, Vivi poderia ter matado Samantha, não poderia? – perguntou Luna,

– Sim, poderia se alguma coisa não a tivesse impedido no último momento – afirmou o medico. – Mas essa “coisa” foi como uma luz. Uma advertência, um grito que, no derradeiro momento, fez com ela não cometesse o crime. Penso que foi Vivi quem falou mais forte e, nesse momento, Ana Beatriz foi derrotada. Vivi amava Sabrina. Ana Beatriz odiava Sabrina. Portando, foi à amizade, foi o amor...

Samantha suspirou.

– Justamente essa hesitação é que me faz acreditar que Vivi conseguirá recuperar-se até se tornar uma garota emocionalmente equilibrada. É já lhes disse: ela não queria ser má.

– Pobre Vivi! – murmurou Luna.

– Ela esta reagindo ao tratamento, doutor? – quis saber Samantha.

– Sim, está. Ela já tem consciência de tudo o que aconteceu, mais ainda não consegue entender por que aconteceu. Isso vai levar tempo, mas o importante é que ela quer sair do túnel escuro e vocês estão ajudando bastante.

– Podemos falar com ela, doutor? – perguntou Luna.

– Por enquanto não. Vamos deixar as coisas irem se ajeitando devagar e, quando chegar o momento vocês conversarão com ela. Haverá ainda muito tempo para conversarem e serem felizes juntos, eu tenho certeza.

Depois dessas palavras, Samantha e Luna saíram do hospital. Começava a entardecer e o céu ia tomando uma tonalidade violeta no poente onde Vênus brilhava como um gigantesco diamante.

– Está feliz? – perguntou Luna dando um selinho nos lábios de Samantha.

– Muito! – respondeu ela com uma expressão de paz. – Acabou o seu grande Amor sem Fronteiras, não acabou?

– Eu acho que não menina...

– Não? – e Samantha deu um passo para trás – não vá me dizer que...

– Ei, calma! Ana Beatriz está morta e enterrada. Que isso, continuar com ciúme de um podre fantasma? É claro que eu ainda sinto um Amor sem Fronteiras. Só que, agora essa imagem passa a significar um amor maior, mais vivo e sem fim. É que a garota que eu amo não é a garota de um retrato. Agora ela é outra: é a garota que, comigo, está vendo o pôr do sol de um dia terrível que acabou para todos nós...

As duas então se beijaram em um beijo apaixonado e cheio de significados, depois enlaçadas pela cintura, puseram-se a caminhar pela calçada que parecia estender-se ao encontro do sol transformado em um gigantesco círculo de ouro no céu.


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Notas finais do capítulo

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