Stubborn Fools escrita por AnnaWilliams, Larissa Aguiar


Capítulo 2
Capítulo 2 - Penso em flores.


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo foi escrito pela Larissa e revisado por mim, aproveitem.



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Capitulo 2 – Eu penso em flores ao invés de músculos.

A campainha tocou. Praguejei mal humorada, mas não levantei e não abri os olhos. A campainha tocou de novo. Coloquei o travesseiro em cima da cabeça e apertei os olhos na esperança de, quem quer que esteja tocando a campainha, fosse embora. A campainha tocou mais uma vez. Praguejei mais ainda, só que dessa vez, me levantei. Tropecei na bolsa de maquiagens que estava jogada no meio do quarto. Chutei-a longe e vi que havia machucado meu pé com o chute. Percebi que aquele seria um dia de cão. A campainha tocou outra vez. Saí mancando em direção à porta. Abri-a da maneira mais mal educada e irritada que consegui.

– Te acordei, Sophie? - Luke perguntou sorridente. Ao contrário de mim, ele estava bem vestido, bem disposto e com a cara de quem acabara de sair do paraíso.

– Não, Luke. Minha cara de ódio é porque eu esperava que fosse minha carta de Hogwarts aqui na porta... - olhei no relógio, pendurado na parede da sala – Às sete da manhã.

– Sinto muito, mas eu avisei que viria nesse horário. – ele disse entrando no apartamento com uma caixa na mão. – A propósito, adorei o pijama. - ele disse olhando minhas vestes. - Principalmente essa pantufa de cachorrinho. - ele riu.

– É um lobo, para sua informação. - falei irritada, eu odiava ser acordada antes da minha hora.

Caminhei até meu quarto para trocar de roupa. Abri o guarda- roupa e peguei minha calça jeans que estava rasgada nos joelhos e uma camisa do Green Day. Caminhei até a sala, onde Luke continuava levando caixas e mais caixas para dentro.

– Pra que tantas caixas? Cara, eu disse que não precisava trazer móveis. – comentei.

– Não são móveis. – respondeu de um jato.

Eu que não iria puxar assunto depois dessa cortada. Sentei em frente à TV e a liguei. Para meu azar, estava passando jornal. Por falta de opção, iria assistir aquilo mesmo. Tentei prestar atenção, o que era quase impossível, porque Luke estava fazendo um barulho infernal com aquelas caixas. Tentei me concentrar no que a moça simpática do jornal estava falando novamente, mas nesse momento, o garoto derrubou uma caixa.

– Luke, será que... – virei para encará-lo, mas me calei de repente, mergulhada em meus pensamentos confusos.

– Será que...? – ele me encarou, esperando que eu terminasse a frase.

– Menos... – tentei o encarar, mas automaticamente meus olhos desceram para seu abdômen, nem tinha reparado que ele estava sem camisa. – Bem menos.

– Sophie, pare de babar nos meus músculos e diga algo com sentido. – ele disse depositando a caixa no chão do quarto dele.

– O que? Eu não estou babando em você. – gritei. Meu rosto estava escarlate.

– Claro que está – ele sorriu e passou a mão pelo cabelo fazendo charme.

Nesse instante, tive mesmo que me controlar bastante para não babar.

Pense em flores. Não em músculos. Flores. Músculos do Luke. Não! Imagine Sophie. Flores, não músculos.

– Como se eu fosse olhar para um pirralho como você. – menti e me virei para a TV, com muito custo, diga-se de passagem.

– Ah, Sophie. Fala sério, eu sei que você quer olhar para meu corpo. Não precisa disfarçar. – zombou ele.

– Claro que precisa. – saiu sem querer. No mesmo instante, meu rosto ficou vermelho e eu tentei concertar a mancada que havia dito. – Claro que você precisa calar a boca, Luke. – disse incerta.

Ele percebeu, porém não disse nada, apenas riu. O que é ainda pior do que se ele tivesse dito qualquer outra coisa. Os barulhos das caixas cessaram.

Finalmente estava começando a entender o que a âncora estava dizendo.

– Então... Só tem água e bolacha para o café da manhã?- a voz de Luke ecoou da cozinha.

Olhei para trás. Ele havia vestido a camisa, o que me desapontou, e estava em frente à geladeira olhando as garrafas de água com desprezo. Como eu iria explicar a ele que estava com preguiça e que não tinha dinheiro nem para comprar a comida senão bye bye apartamento? Não iria. Era irrelevante explicar. Na verdade, eu estava com vergonha de explicar. Portanto, eu iria mentir. Eu minto o tempo todo, mais uma mentira não iria me mandar para o inferno.

– Não tive tempo de ir fazer compras, Luke.

– Quer ir tomar café em algum lugar?- perguntou gentilmente.

Eu poderia ter aceitado, afinal, eu não havia comido nada desde ontem quando comi umas bolachas. Mas eu não tinha roupa. Não uma roupa decente. Eu quis chorar. Gritar. E correr para a casa do meu pai. Mas não faria isso. Eu era teimosa demais para tal feito.

– Não. – minha voz falhou.

– Porque, Sophie? Você não está fazendo nada. E não tem nada para o café da manhã. – Luke falou desconfiado.

– É que... – pense em uma desculpa, pense em uma desculpa. Lembrei que havia machucado meu pé quando tropecei na bolsa e estava mancando. – Eu machuquei meu pé. Estou mancando.

– Não vamos a pé. Eu tenho carro, Sophie. E qualquer coisa, eu te ajudo a caminhar. – Luke estava tentando ser gentil e eu estava agindo como uma megera indelicada (por não aceitar o convite dele) e mentirosa.

Droga. E agora inteligência rara, que desculpa você vai inventar? Soltei um longo suspiro. Quando não há mais desculpas para serem inventadas, a verdade é a única solução. Mas uma mentira boa me veio à cabeça.

– Todas as minhas roupas estão para lavar. - disse por fim e fitei o chão.

– Sério?!- Luke perguntou incrédulo.

– Porque eu mentiria?- o encarei.

– Nossa Sophie. Nem as suas próprias roupas você tem capacidade de lavar. – Luke disse gargalhando de mim. Onde estava a gentileza dele agora? Eu queria socá-lo. Queria muito socá-lo. Espera... Não tinha absolutamente nada me impedindo de socá-lo.

– Cale a boca, Luke. Eu não tive tempo. – menti gritando e levantando do sofá com os punhos cerrados. Ah, sim. Eu iria socá-lo.

– Sophie. – ele chamou paciente e me encarou. – Vem me fazer calar. – ele provocou em tom brincalhão.

Argh. Parabéns para ele. Eu estava irritada. Muito irritada. Extremamente irritada. E quando eu estou irritada, não meço meus atos. Fiz a única coisa que poderia ser feita no momento. Ou ao menos a única coisa que minha mente irritada via como opção. Sai correndo atrás dele para socá-lo, só que, como eu estava mancando, ficava um pouquinho difícil. Quando ele percebeu que eu havia levado a sério, e estava indo calá-lo, ele saiu correndo em volta do sofá.

Comecei a persegui-lo, de maneira que ficamos correndo em volta do sofá, parecendo duas criancinhas. Estávamos assim a mais ou menos 10 minutos, quando o Luke desistiu.

– Trégua. – ele pediu ofegante, sentando no braço do sofá. – Perdoe o que eu disse, e eu lhe trago café da manhã. - ele estendeu a mão como se fossemos selar um acordo.

Fingi pensar por um momento. Mas é claro que eu já o havia perdoado, em troca de comida eu perdoaria até meus pais. Ok, isso foi exagero, eu nunca perdoaria meus pais.

– Cappuccino de chocolate e roscas. – disse por fim, apertando a mão dele.

– Cappuccino e rosca. – ele apertou minha mão. – Volto em um instante.

– Cappuccino de chocolate e roscas. - corrigi e cruzei os braços de maneira emburrada.

– Certo - Luke riu. - Cappuccino de chocolate e roscas.

Dito isso, ele pegou as chaves do carro, que estava em cima da bancada de granito, e saiu do apartamento. Eu, por minha vez, sentei em frente à TV e tentei prestar atenção no que a âncora simpática do jornal dizia, em vão, porque a imagem perfeita dos músculos do Luke não saia da minha mente.

Droga, Sophie, e as flores? Onde foram parar?

______

– Finalmente. - ergui as mãos para o céu ao ver Luke entrando no apartamento - Achei que você estivesse fabricando as roscas.

– Eu trago café da manhã pra você. – ele me encarou com raiva. – E você ainda reclama?

Dei de ombros. Ele caminhou até a sala, onde eu ainda estava sentada, só que agora assistindo um programa de culinária e não o jornal. Entregou-me uma sacola marrom e um copo branco. Abri o pacote da rosca com tanta pressa, que o Luke me olhou assustado.

– Hey Sophie, se eu soubesse que você era tão esfomeada, teria comprado mais roscas. – Provocou ele.

– Hey Luke, agora que você já sabe o quão esfomeada eu sou, da próxima vez traga mais roscas. – sorri. Quanto mais roscas melhor. Isso foi estranho, mas tudo bem.

– Seu desejo é uma ordem, senhora. – Luke falou brincando e piscou para mim.

Eu comecei a rir. Senhora... Talvez em um passado distante eu fosse uma riquinha mimada, consumista e desejada pela maioria dos ricaços de Nova York, mas hoje em dia a realidade era outra; sou pobre e esfomeada. O que não é algo que eu me orgulhe, mas ao menos não dependo do dinheiro dos meus pais, e disso eu me orgulho.

Olhei para Luke, ele estava olhando fixamente para a mulher do programa de culinária, que estava fazendo uma receita de lasanha de carne moída. Ele quase babou no sanduíche que estava comendo quando a mulher mostrou a receita pronta. Ele me encarou com um olhar de cachorro que caiu da mudança. Percebi na mesma hora que iria me pedir para fazer lasanha de carne moída no jantar.

– Sabe... – começou ele. – Eu não trabalho nas quartas...

Revirei os olhos. Odiava quando alguém enrolava para me pedir favores.

– E eu com isso? – perguntei com a boca cheia de rosca.

– Hoje é quarta... E podíamos ir ao supermercado, já que sua despensa está mais vazia que o pólo sul. – ele disse pacientemente. – E podíamos comprar os ingredientes para fazer lasanha. Mas, como eu não sei fazer lasanha... Você poderia fazer a lasanha para o jantar.

– E quem te garante que sei fazer lasanha? – perguntei com a boca ainda cheia de rosca.

– Você sabe fazer lasanha?- ele perguntou e eu revirei os olhos.

– Sei. – disse por fim, bebericando meu cappuccino.

– Viu? Eu sabia que você sabia fazer lasanha. Faz lasanha pra janta?- Luke juntou as mãos e me olhou com os olhos do gatinho do Shrek.

– Não. - respondi, me sentindo a Cruella De Vil em pessoa, por resistir aos olhinhos pidões dele. – Você mal se mudou para o meu apartamento e já está me pedindo as coisas?

Ele deu de ombros.

– Então vamos ao menos fazer as compras. É sério, sua despensa está mais vazia que os pólos.

– Não. – respondi, mas antes que ele fizesse algum comentário sobre os meus “nãos” seguidos, eu expliquei o motivo. – Estou meio sem grana essa semana para poder ir ao supermercado.

– E se eu pagasse as compras deste mês? – sugeriu com um olhar de pilantra que deixou até as raízes do meu cabelo desconfiadas.

– Deixe-me ver se entendi. - parei para raciocinar. - Quer pagar as compras do mês, para que eu me sinta mal e faça lasanha no jantar, não é?- sorri vitoriosa para minha capacidade dedutiva.

– Mas é claro que não. – ele disse enquanto pegava o copo de cappuccino da um gole do meu cappuccino.

– É. – respondi tentando pegar meu copo de volta, só que ele desviou a mão.

– Quero que você cozinhe para mim o mês inteiro. O que eu quiser. Sem reclamar. Em troca, eu pago as compras desse mês. – assim que terminou de falar, ele me devolveu o copo.

– Ah, quer que eu seja sua escrava culinária, em troca das compras do mês?- perguntei para saber se eu tinha entendido certo o que ele queria.

– Exatamente- respondeu afagando meu cabelo de maneira irritante. - Como você é esperta, Sophie.

– Adoro seu sarcasmo, Luke. – ironizei enquanto tirava a mão dele de cima do meu cabelo.

– Vai aceitar a oferta ou não?- perguntou impaciente.

Uma coisa que acabara de descobrir sobre o Luke, é que ele tinha uma mania irritante de fazer ofertas e acordos o tempo todo. Nessas poucas horas de convívio que tivemos, eu havia recebido duas propostas dele. Mas propostas que, de certa maneira, me proporcionavam vantagens. Que mal teria em cozinhar durante um mês, tudo que ele quisesse? Os gostos dele não poderiam ser tão peculiares a ponto de eu não saber cozinhar. Além disso, o simples fato de encher minha despensa de comida estava me chamando bastante atenção.

– Vou aceitar sua oferta. Mas quero acrescentar algo. – pronunciei isso como se estivesse negociando milhões de dólares. Ou a vida de alguém.

– Diga Sophie.

– Quero que compre umas roupas para mim. – eu que não iria ficar andando pelo trabalho com minhas roupas customizadas que estavam ficar gastas de tanto usar.

– Não mesmo. – respondeu exaltado. Não entendi a principio o motivo da exaltação dele, mas resolvi não comentar.

– Porque não mesmo?- perguntei incrédula. – Prometo escolher umas roupas baratas.

– Sophie querida, se eu comprar roupas para você, vou perder a visão privilegiada de você vestindo essas roupas rasgadas onde dá para ver quase tudo. E isso não tem preço.

– Você é um idiota. – gritei jogando o resto da rosca que estava no pacote em cima dele. Ah, agora eu entendi o motivo dele. – Pervertido.

Luke desviou com uma facilidade incrível das minhas rosquinhas, e eu logo percebi a burrada que tinha feito; eu havia desperdiçado rosquinhas só porque fiquei irritada com ele. Desgraçado. Fez-me desperdiçar rosquinhas.

– Você me fez desperdiçar rosquinhas, seu cafajeste pervertido. – cruzei os braços e fiquei emburrada, fitando a TV.

–Não fique brava. Eu estava brincando, vou comprar umas roupas para você, pode ser? – disse isso de maneira contrariada e eu percebi que ele não estava brincando quando disse que não compraria roupas por causa da visão privilegiada do “sei lá o que ele queria ver”.

– Vai mesmo? – perguntei intrigada.

– Vou sim. – respondeu a contra gosto.

– Acho que temos um acordo, senhor Daggehorn. - estendi minha mão

– Acho que temos um acordo, senhorita Buckhard. – ele apertou minha mão.

– É necessário mesmo apertar minha mão todas as vezes que fizermos um acordo? Sabe, porque você parece ser um cara que faz muitos acordos... – brinquei e Luke riu de maneira divertida do meu comentário.


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Notas finais do capítulo

Eu sou responsável pela revisão do capítulo, mas caso existam erros avisem, eu posso cometer erros assim como todos os outros seres humanos. Reviews são bem-vindas.



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