Só não me levantei pra dar um tapa na cara dele porque eu não tinha forças, ele acha que pode me trocar pela Sarah e depois falar que gosta de mim de novo?!
Não pude responder, minha mãe entrou no quarto:
– Filha? O que houve?
Senti minha pele esquentar com aquilo, se ela chegasse segundos antes me veria com Ricardo na cama:
– Ela passou mal, só isso.
Ricardo respondeu por mim:
– Ela não estava chorando?
– Sim...É, eu acho melhor chamar um médico e deixar ela descansando aqui em cima.
– Ah, uma ideia boa desde que engravidou minha filha.
Sorriu sarcasticamente:
– Vou chamar agora o médico agora.
Completou e saiu do quarto, nos deixando num silêncio total:
– Eu...Vou lá pra fora.
– Não terminamos de conversar.
– Sim, nós terminamos. Esse estresse não está sendo bom, nem pra você, nem pra ela.
– Eu disse que nós não terminamos de conversar, rs. Não me venha com essa de pai preocupado, okay Ricardo? Você é só mais um garoto que numa aventura boba engravidou a namorada...Você não é nada desse bebê.
Eu falei bobagem, eu sei, mas a raiva de ainda gostar dele era muita:
– O que?
Se ajoelhou do meu lado:
– Emanuelly, eu deixei de ser um garoto quando uma menina chamada Sarah me chamou na hora da entrada da minha escola pra me dizer Você vai ser pai...Aí eu me toquei que tinha feito merda...E foi uma merda das grandes! Tentei planejar uma vida toda com você, e com o bebê. Mas eu me toquei que tenho dezesseis anos, e por causa da merda que eu fiz, eu tinha que crescer...A vida não seria um mar de rosas como eu planejei, todos os meus planos iam acabar mal. Quando eu terminei com você pelo telefone, é porque...Eu queria um tempo, para pensar entende? Comecei a ficar desesperado! Pensava na minha reputação, nas meninas que iam deixar de correr atrás de mim, naquele dia eu pensei que eu ia poder conviver com isso sem problemas, enquanto meus pais te mandassem uma grana, ninguém nunca ia saber que eu tinha um filho e tudo correria bem...
Seis olhos estavam cheios de lágrimas, ele me olhava como um cachorro logo após receber uma bronca.
Dessa vez eu já tinha um pouco de força, lhe dei um tapa, ele não se assustou, é como se já estivesse esperando por algum tempo:
– É, eu mereci.
– Mereceu mesmo!
Gritei chorando, enquanto ele me deitava de novo na cama:
– Acontece que quando eu desisti da Sarah...Vi você e o Victor, sabe? Vi você continuando sua vida. Percebi que você não ia precisar de mim pra mais nada, o seu bebê...Digo, o nosso bebê...Seria apenas mais...Um ganho na sua vida. Acontece que pra mim o bebê era um obstáculo, e eu só passei a perceber que ele era um presente quando me vi chorando no meu quarto uma semana depois de você viajar pra longe.
Agora ele deixou as lágrimas escaparem:
– Estava chorando porque senti a sua falta Emanuelly. Eu te amo.
Um olhava desesperado para o outro, eu chorava mais que ele:
– Eu amo o Victor! Você não podia ter feito isso...
– Isso o que?
– Não podia ter despertado esse desejo seu filho da...
Puxou meu queixo e me deu o beijo mais gostoso que eu já recebi, cheio de vontade, todo o nosso desejo escondido a meses:
– Gente...?
Era a voz da mãe dele, mas nós não paramos de nos beijar, ele me pegou pelo pescoço, me puxou com mais vontade, e eu devolvi agarrando a cabeça dele:
– Ricardo...
Nós paramos, não sei depois de quanto tempo. Mas tinha muito mais pessoas além da mãe dele, podia ver todos os meus primos, meus avós, minha mãe, alguns convidados, e bem escondidos ao fundo, Sarah, Priscila e Victor.
Não me lembro de mais nada, fiquei muito tonta e acho que desmaiei, acordei algumas vezes, em uma delas eu vi o Doutor Daniel sentado do meu lado, me dando remédios e conversando com a minha mãe.

Domingo

Acordei em outro quarto, o antigo quarto da minha mãe, tinha alguém deitado em um colchão de ar ao lado da cama, não dava pra ver quem era pois estava com o cobertor cobrindo o rosto:
– Ei!
Tentei chama-la, mas ela simplesmente ignorou:
– Ei!
Dessa vez foi mais alto, a pessoa se levantou revelando sua identidade:
– Mãe?
– Sim, o que foi Manú?
– Porque eu estou aqui?
– Victor te trouxe depois da cena...
– Que cena?!
Falei em um tom um pouco mais alto, pois estava assustada:
– Manú...O beijo, a conversa, o Ricardo...
– Deus...
– Ele ficou chateado Emanuelly, muito chateado.
– Estavam vendo tudo?
– Tudo.
– Desde que parte?
– Desde a frase Você não é nada desse bebê até os beijos cheios de vontade.
– Ai meu Deus! Mãe...Eu sinto muito!
– Emanuelly...- Se sentou ao meu lado e pôs o braço em volta de meu pescoço- Você querendo ou não, é uma criança, e está tudo confuso, eu sei, mas você tem que escolher entre esses dois, não faz esse rapaz de otário...O Victor é bom pra você.
– Mãe,eu amo o Victor!- Gritei histericamente, e com lágrimas nos olhos- Eu amo!
– Eu sei meu anjo, eu sei.
– Não me pede pra escolher entre os dois.
– Porque?
– Mãe...
As lágrimas caíram e eu me deitei em seu colo:
– Mãe, eu gosto do Victor.
– Gosta dele, mas não ama.
– Mãe eu...
Era verdade, me assustei com meus sentimentos de novo:
– Eu tô confusa, eu sinto que não posso terminar com Victor, pois ele foi bom pra mim, ele foi um anjo! Mas tenho que admitir...Mãe, eu amo o Ricardo.
– É isso que eu queria ouvir.
Deu um beijo na minha testa.