Os dois lados da mesma moeda. escrita por Lolana23


Capítulo 2
Teste de Aptidão


Notas iniciais do capítulo

~nothing to say



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Ali,sentada na cadeira dura do Teste de Aptidão,Alice sentia como se cada nervo de seu corpo gritasse. Ela observava a sala enquanto uma mulher corpulenta e bem mal humorada havia ido pegar mais um estoque de soro de simulação. A sala não era muito grande,mas como estava completamente vazia tirando a cadeira e um computador que ligava diversos fios coloridos à pessoa,parecia maior. Os azulejos brancos do chão cintilavam com a luz que entrava por uma janela grande na parede direita. Alice tentou relaxar. O que poderia dar errado,afinal?

Ela havia entrado antes de Jeffrey,que havia dado um beijo de encorajamento,o que pareceu chamar atenção das outras pessoas aguardando,principalmente dos Caretas,já que pra eles mostrar afeto em público é uma coisa vulgar.

A mulher voltou,tirando Alice de seus pensamentos.

– Afaste o cabelo – ordenou ela. Ela trazia nas mãos gorduchas uma seringa enorme,com uma substância verde que parecia viscosa.

Alice ficou parada,encarando a seringa. Lentamente,ela afastou os cabelos ruivos que já estavam úmidos devido ao suor. Sem cerimônia nenhuma,a mulher injetou-lhe o líquido.

Na simulação...

Alice abriu os olhos e quando uma luz quase a cegou,fechou-os novamente. Lentamente sua visão foi se acostumando,e ela se viu em uma praia.Alice olhou para os lados,e viu uma parte do mar mais a leste,onde as ondas batiam violentamente nas rochas,produzindo espuma e espirrando água para todos os lados.Mais acima,haviam um tipo de colina,um precipício,tão alto que parecia tocar as nuvens onde dava vista para o mar,bem acima das rochas. Algumas gaivotas sobrevoavam o céu. Alice,franzindo o cenho,olhou em volta. Tudo estava perfeitamente calmo. Qual era o propósito desse maldito teste? Como se alguém lesse seus pensamentos,a paisagem mudou. Ou melhor,o ângulo da paisagem mudou.

Agora,Alice se via no topo de uma das colinas,olhando para as rochas. Ela sentia-se mais pesada,e percebeu que usava um macacão horroroso e pesado,com somente uma fina roupa por baixo. Ela se inclinou para tentar ter uma visão mais dinâmica das rochas,e então percebeu.

Perto de umas das maiores rochas,havia uma cabecinha loura,se debatendo. Cada vez que uma onda batia,a silhueta perdia mais força. Alice arregalou os olhos justamente quando a criança parou de balançar os braços.

Sem pensar duas vezes,Alice despiu-se do macacão e atirou-se do precipício. No meio da queda,pensou em uma recomendação que seu pai lhe dera quando era menor. Dependendo da força e da velocidade,cair na água tem o mesmo impacto do que cair no cimento. Alice posicionou os braços na frente do corpo e fechou os olhos.

Quando estava a milímetros de mergulhar de cabeça,a paisagem mudou.

Alice ajustou os olhos a escuridão,e estremeceu. Ela se encontrava no topo de um prédio alto,na esquina de um beco escuro e úmido,sendo a única iluminação a lua enorme no céu. O cenário dos seus piores pesadelos.

Alice estava na beirada do prédio,quando sentiu algo rígido e frio em sua nuca. Uma arma.

–Pule – uma voz grave e abafada ordenou.

Alice não se mexeu.

– Pule. – a voz repetiu,desta vez mais lentamente,separando as sílabas.

Ela ouviu um clique e soube que a arma estava engatilhada.

Lentamente,Alice foi se virando até ficar frente a frente com a pessoa. A pessoa estava usando uma máscara preta,que cobria o rosto todo,menos os olhos. Ela não precisava que a pessoa tirasse a máscara para saber quem era. Alice piscou os olhos para afastar as lágrimas e sussurrou:

– Jeffrey.

Alice deu um pulo na cadeira,arrancando metade dos fios presos a sua cabeça e machucando seus punhos presos no encosto.

Ela chorava descontroladamente,tentando arrancar qualquer coisa que a ligasse àquela máquina.

– Pare! – a voz da mulher que aplicava o teste ordenou. Vendo que não surtiu efeito,ele levantou de sua cadeira na frente do computador e agarrou a garota em prantos pelos ombros,chacoalhando-a – Eu disse para PARAR!

Ainda tremendo,Alice se aquietou e a mulher voltou para o computador. Alice mordia o lábio para seu queixo parar de tremer,sem sucesso.

A mulher fez uma cara confusa.

– Como você... – ela balbuciou algo que Alice não entendeu,mas ela não dava a mínima.

A mulher começou a digitar tão rapidamente que Alice ficou tonta ao tentar acompanhar com os olhos.

– Isso vai demorar? – Alice tentou não parecer nervosa,mas sua voz saiu como um fio e tremida.

A mulher a ignorou completamente.

– SERÁ QUE VOCÊ PODE ME DAR O RESULTADO DESSA MERDA? – Alice gritou,surpreendentemente com a voz firme.

A mulher olhou para ela,impassível.

– Audácia.

Sua mãe a mataria,mas sem agradecer,nem esperar nenhuma outra resposta,Alice saiu,batendo a porta atrás de si.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem,me deixem saber o que acharam ;)



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