Isabella:

O que eu ia dizer? Que Ariel era o garoto que eu tive um caso? Comecei a sentir um medo. Medo de contar. Medo da reação dele. Medo de estragar tudo...

– Edu, s-sua mãe tá em casa. Endoidou?

– Eu te perguntei quem é Ariel. - Ele continuava sério. Muito sério.

– Edu. Vem aqui!– Ouvi a Tereza chamá-lo. Obrigada céus, Deus, anjos...

– Eu ainda quero saber quem é esse cara. - Acabando de falar, ele sai do meu quarto. O que eu ia fazer agora?

Resolvo tomar logo banho, visto um short de renda preto e uma blusa folgada de manga comprida branca. Olhei o relógio já eram 13:45, liguei pra Lia mas ia direto pra caixa postal. Em 25 minutos recebi uma mensagem do Edu.

"Vai na frente que daqui a pouco te alcanço."

Respondi logo em seguida:

"Já vou descer."

Assim que terminei de digitar, desci.

– Tereza, já vou indo.

– Mas não vai levar nada?

– Não. Na casa da Lia já tem cartolina, lápis e papel ofício. - Minto.

– Então tá. 17:30 hein?

– Ok.

Saí e fiquei esperando ele perto de um supermercado. Em 5 minutos ele chegou.

– Demorei? - Pergunta pegando em minha mão.

– Não.

Durante o caminho não trocamos uma palavra. Ele estava lindo, com uma camisa que mostrava seus braços atléticos, ele não era igual ao Ariel, mas tinha um atlético perfeito. Quando chegamos, ele perguntou o que eu queria.

– O que você quiser. - Falei.

– Pode ser um açaí?

– Amo açaí.

Enquanto ele fazia o pedido ao garçom, orei pra que ele se esquecesse do nome "Ariel".

– Quem tocou lá?

– Lá aonde?

– Em Eldorado do Sul.

– Ah... o Saulo.

– E foi legal?

– Foi sim, tirando a parte de uma briga que rolou.

– E você se machucou? - Ele perguntou parecendo preocupado.

– Não, não...

– Ainda bem! - Eu sorri.

Comecei a brincar com a pulseira que o Ariel me deu, então, o Edu colocou a mão na pulseira.

– Nunca vi você com ela.

Gelei. Ele pareceu ver que eu estava nervosa.

– O que foi? - Perguntou.

– Nada.

– Quem te deu?

– Quem me deu o quê? - Tentei disfarçar.

– A pulseira, Isa. Quando você viajou não estava com ela.

Ele era do FBI ou o quê?

– Eu reparo tudo em você. - Ele pareceu ler meus pensamentos, enquanto eu corei com o que ele disse.

– Foi... foi... um amigo quem me deu.

– Amigo? - Ele perguntou irônico.

– Sim.

– Ok. - Ele suspirou. - Quem é Ariel? O que você tem com ele?

– Edu...

– Fala Isa!

– Edu... o Ariel é um amigo que conheci lá em Eldorado do Sul. Eu estava magoada com você porque me pediu pra esquecer do dia da festa, eu achava que você só tinha brincado comigo, então, eu dei uma chance ao Ariel. Eu fiquei com ele, mas não foi nada sério. - Falei de uma vez.

Ele não deu uma palavra, continuou tomando o açaí. Eu fiquei totalmente envergonhada, eu queria sair dali o mais rápido possível. Depois de 3 minutos horríveis ele falou algo:

– Não vai terminar de tomar, não? Tá uma delícia! - Ele disse me surpreendendo.

Como assim ele não ia questionar nada? Não ia fechar a cara? Não ia terminar comigo?

– Vou sim. - Respondi

Quando terminei ele pediu a conta.

– Que horas são? - Ele perguntou.

– 15:04

– Ótimo, ainda tenho duas horas com você. Pra onde vamos? - Ele fala pegando na minha mão.

– Pode ser no parque?

– Claro.

No parque tinha alguns adolescentes da nossa idade andando de bicicleta e outros de skate. A gente ficou num banco em uma árvore mais isolada da movimentação, não trocamos uma palavra, mas ainda estávamos de mãos dadas.

– Desculpa... - Eu pedi baixinho.

Ele sorriu e me deu um beijo. Um beijo calmo, intenso, carinhoso.

– Pelo o quê tenho que te desculpar, senhorita Isabella?

Eu ri e dei outro beijo nele.

– Você sabia que é o melhor namorado do mundo?

– Tô sabendo agora. - Nós dois rimos e voltamos a nos beijar.

17:25 voltamos para casa. Eu entrei primeiro e ele 10 minutos depois. Assim que entrei no quarto, guardei a pulseira que o Ariel me deu na minha caixinha de jóias, apesar dela ser linda eu não queria usá-la tão cedo...

Edu:

Eu preferi não ouvir mais nada desse tal Ariel. Quando ela falou que ficou com ele e que ele que deu a pulseira a ela, só fez aumentar a minha raiva por esse tal que eu nem conhecia. Eu jamais ficaria chateado com ela por causa disso, eu errei, fui fraco. Se eu tivesse contado a ela antes, eu não iria precisar passar por isso. Mas eu tenho certeza de que se o visse pessoalmente eu não ia ter essa calma toda. Não mesmo...