Money Make Her Smile escrita por Clarawr


Capítulo 34
I won’t stop until that boy is mine


Notas iniciais do capítulo

Hoje eu recebi uma ligação muito importante. Sabem quem era? Era a Ludmilla. E sabe o que ela me pediu para avisar a todos vocês?
QUE É HOJE
É HOJE
É HOJE
É HOJEEEEeeEeEeEeEeE
DOIS ANOS. 24 MESES. NÃO SEI EXATAMENTE QUANTAS SEMANAS PERAÍ VOU PEGAR A CALCULADORA PRA FAZER AS CONTAS AH SIM FIZ AQUI: 104 SEMANAS.
É, gente, vocês acharam mesmo que eu ia aprontar a presepada de não postar nadinha nesse dia tão especial? Fala sério. Eu amo vocês, e eu não maltrato quem eu amo.
Enfim, os planos eram de postar 2 capítulos hoje (afinal, são DOIS anos, né?), mas não consegui. Quem me acompanha na rede social dos 140 caracteres (twitter: @ifimoonshine) (no momento tá trancado, mas pode seguir e daqui a pouco eu deixo os tweets públicos novamente) viu que eu tava LOCA das ideias porque tinha muita coisa pra resolver pro meu baile de formatura (que foi na quarta feira) e pra minha formatura mesmo, que eu vou ser oradora (LACREI) e tenho um TEXTÃO profundo e choroso para criar. De qualquer maneira, esse capítulo é marcante o suficiente para um aniversário de dois anos, acho que ele vai dar conta de fazer vocês arrancarem os cabelos kkkkkk
Bom, meus amores, dedicatórias chorosas estarão nas notas finais. Posso dizer que com esse capítulo estou dando a largada na reta final de Money Make Her Smile? QUE????? É isso mesmo que vocês leram. A essa altura, imagino que vocês pensassem que essa fic é eterna, mas não é. Não é que faltem poucos capítulos para acabar (ainda temos mais 11 capítulos, se tudo ficar exatamente segundo meu planejamento), mas é que agora tudo vai convergir para o GRAND FINALE. Não teremos mais capítulos "enche linguiça", nem espaço para aquelas ideias locas e aleatórias que eu costumava encaixar aqui. Começamos o plot final de MMHS, e eu espero de todo o meu coração que vocês gostem, porque eu estou animadíssima com o que tô planejando daqui para frente.
Ahhh, sim!!!!!!!! Música do título e do capítulo: Paparazzi - Lady Gaga (hino).



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“We are the crowd, we're co-coming out

Got my flash on, it's true

Need that picture of you

It's so magical, we'd be so fantastical

(…)

I'm your biggest fan

I'll follow you until you love me

Papa-paparazzi

Baby there's no other superstar

You know that I'll be your

Papa-paparazzi

Promise I'll be kind

But I won't stop until that boy is mine

Baby you'll be famous, chase you down until you love me

Papa-paparazzi”

Finnick chegou ao estúdio onde rolava o ensaio fotográfico que Annie, Katniss e Johanna protagonizariam para a campanha de Cherry sem ter ideia do que esperar. Ele obviamente nunca tinha estado em um ambiente como aquele, então estava aberto a qualquer possibilidade. Aliás, ele só estava ali porque Annie insistira muito para ter sua companhia para seu primeiro trabalho como modelo, e ele, como um bom namorado, jamais negaria o apoio que ele sabia que ela precisava naquele momento tão especial.

Annie tentava agir como se aquilo não fosse grande coisa, mas Finnick sabia que ela estava escondendo a empolgação. Sempre que o ensaio era mencionado, ele via aquele brilho de entusiasmo iluminar o olhar de Annie e ela dava aquele sorriso que ele tanto amava, aquele leve esticar dos lábios que ela logo se apressava em conter para se fazer de durona e não dar bandeira do quanto as coisas a afetavam. Ele sabia que no fundo ela estava animada e orgulhosíssima de ser a nova cara da Cherry junto com suas melhores amigas, e ele, como o bobo apaixonado por Annie que se tornara desde o dia que a conhecera, não perderia jamais a oportunidade de vê-la com aquele sorriso.

Finnick chegou à Quinta da Boa Vista, local onde a primeira parte do ensaio seria feita, sem saber como acharia Annie, porque a Quinta nada mais era do que um parque gigantesco no meio do bairro de São Cristóvão, na Zona Norte do Rio. A Quinta abrigava o Zoológico da cidade, o museu Nacional de Arqueologia e Antropologia, e mais umas centenas de metros quadrados de áreas verdes que serviam como paisagem para passeios e piqueniques de quem não quisesse ir a nenhum dos dois lugares citados anteriormente.

Annie havia lhe mandado uma mensagem dizendo que eles estavam logo na entrada, perto do aviário. Fazia muito tempo mesmo que ele não andava por aquela área, mas se lembrou vagamente de como chegar até lá, e, entre algumas entradas em passagens erradas e pausas para pedir informações, avistou uma movimentação que parecia extremamente fora de lugar, então soube que havia chegado no lugar certo.

A entrada do parque estava completamente ocupada por um trailer, algumas cadeiras, holofotes, câmeras e iluminadores, bloqueando qualquer um que quisesse acessar o zoológico pela entrada principal. Não que isso fosse um problema, porque Mags havia sido esperta o bastante para marcar a sessão para uma segunda feira, dia em que o zoô estava fechado para a visitação.

Se bem que com o nome de Mags e Coin por trás desse ensaio, Finnick duvidava que a administração do lugar fosse negar emprestar o espaço, fosse qual dia fosse. Mags só havia tido consideração o suficiente para escolher o dia que fosse causar o mínimo de transtornos possível.

A medida que Finnick se aproximava da aglomeração, Annie correu em sua direção com um sorriso enorme estampado no rosto. Quando ela se aproximou, ele pode perceber que ela usava um short de cintura alta manchado em furta cor e uma blusa acobreada no estilo cigana, com mangas bufantes e uma delicada alça que se amarrava na altura dos ombros. Seus cabelos estavam jogados para o lado e presos em um elegante rabo de cavalo baixo, e seus pés calçavam uma despretensiosa sapatilha de um laranja pálido.

– Oi. – Ele cumprimentou, enquanto ela atirava os braços ao redor de seu pescoço e colava os lábios dos dois, sem parecer se importar se iria estragar o batom avermelhado que coloria seus lábios.

Ela sorriu enquanto o enchia de suaves beijos e Finnick sentiu os dedos de Annie se enrolarem preguiçosamente nos fios da barba por fazer que cobria seu rosto.

– Desisti de fingir que não estou ligando. – Ela anunciou, ainda pendurada em seu pescoço. – Isso aqui é muito bom. Nunca me senti tão glamourosa.

Ele gargalhou.

– Achei que você fosse manter a pose até o final. – Ele comentou, abraçando firme a cintura fina da morena.

– Esse aqui é o meu look taurina. – Ela se soltou do abraço de Finnick e esticou a blusa no corpo, dando uma volta para que Finnick a olhasse melhor. – Ninguém sabe exatamente qual é o meu signo, você sabe, mas disseram pra minha tia que eu tinha menos de um mês quando me deixaram na vila, dentro daquela cesta. Um mês antes do dia 16 de maio é 16 de abril, e aí eu seria ariana, mas as chances de eu ser de Touro são bem maiores, então eu me considero taurina. – Ela tagarelou. – Nunca liguei muito pra isso, mas agora eu morro de curiosidade pra saber qual é o meu signo de verdade.

Finnick gargalhou mais uma vez. Annie podia ser muito hábil para esconder sua animação para não passar por idiota, mas quando soltava tudo que tinha dentro de si, parecia um furacão. Talvez essa fosse uma característica que a ajudasse a descobrir seu signo verdadeiro, mas como ele não sabia absolutamente nada sobre essas coisas, preferiu não arriscar.

– Ei, casal 20! – Os dois foram capaz de ouvir a voz de Johanna chamar, mesmo que extremamente distante. Só então Annie percebeu o quão longe eles estavam do cenário das fotos, e o quanto ela havia corrido para se atirar em cima de Finnick. – A gente precisa da modelo.

Os dois caminharam abraçados, Annie protetoramente enfiada entre o corpo de Finnick e seu braço, sua cabeça encostada em seu ombro. Quando chegou perto o bastante, Finnick percebeu que Johanna estava vestida com uma calça preta justa e um top cropped roxo batata. Apesar da obscuridade das cores, o corte das peças trazia um tom mais leve à produção, que a princípio poderia parecer um tanto inadequada por ser dark demais para aquele ambiente ensolarado cheio de verde e gaivotas voando alegremente pelo céu.

– Dá licença, Finnick. – Johanna disse, agarrando o braço de Annie e arrancando-a do abraço protetor do loiro. – Eu já falo com você, só não quero me mexer muito para não estragar esse cabelo. – Ela disse, seus olhos se erguendo como se ela fosse capaz de ver o próprio penteado, um alto e volumoso rabo de cavalo, amarrado bem no topo de sua cabeça. Seus cabelos, no entanto, eram curtos demais para que o penteado ficasse dramático, e o rabo ficava meio espetado para cima de um jeito adoravelmente jovial, suavizando ainda mais o ar gótico das cores fortes das roupas.

Finnick assentiu, sorrindo para a amiga. Um pouco mais distante, ele pode ver Katniss sentada em uma cadeira alta e sendo maquiada por dois profissionais, que vez ou outra paravam para encarar o reflexo de sua modelo no espelho fixado na estrutura improvisada que havia sido montada ali ao lado do trailer. Alguns segundos depois, os maquiadores se afastaram e Katniss abriu os olhos, encarando seu reflexo e agradecendo entusiasmadamente aos dois, um sorriso largo iluminando seu rosto. Enquanto se olhava no espelho, ela virou o rosto e seus olhos se encontraram com o de Finnick. Os dois sorriram um para o outro e ela jogou um beijo no ar para cumprimentar o amigo. Finnick alargou o sorriso e retribui o beijo, pensando no quão bem Katniss parecia, e em como cada vez mais ela parecia uma estrela de cinema nos gestos, no sorriso e até no jeito de olhar.

E ele não conseguiu deixar de pensar que, se isso estivesse acontecendo há algumas semanas, Peeta estaria com ele para acompanhar Katniss, assim como ele estava lá para acompanhar Annie. E enquanto ele apertava os olhos e observava Katniss se levantar da cadeira para se analisar de corpo inteiro no espelho, não conseguiu deixar de achar a coisa toda meio triste, porque pensou em como Peeta ficaria maravilhado ao ver Katniss assim.

– Isso, vamos, meninas! – Um homem de camisa vinho em gola V e uma calça que parecia apertada demais gritou para o trio. – Duas taurinas e uma escorpiana, isso aqui vai ficar maravilhoso. – Ele comentou, um sorriso no rosto.

Finnick caminhou alguns passos, se sentindo como aquele móvel fora do lugar no qual a gente sempre bate o dedinho. Ele queria achar um lugar onde pudesse acompanhar a sessão, mas não atrapalhar a movimentação dos fotógrafos e do pessoal da produção, que carregava aquelas coisas prateadas enormes para direcionar a luz, que Finnick não sabia o nome.

– Você sabia que Touro e Escorpião são signos complementares? – Finnick ouviu aquela voz suave e despretensiosa atrás de si e antes mesmo que ele se virasse para confirmar a identidade de sua interlocutora, sentiu um frio lhe descer pela espinha. Porque, por algum motivo, ele não se sentia bem na presença de Coin. – O que falta em um, tem no outro. Dá certo no amor, na amizade, na família... A relação é sempre intensa, as brigas são feias, e parece que eles nunca mais vão se falar. Mas quando tudo volta ao normal, ficam mais unidos do que antes.

– Por isso que elas não se largam de jeito nenhum. – Finnick rebateu, tentando manter a postura brincalhona, apesar de não fazer nenhuma questão de estender assunto com Coin.

– Qual é o seu signo, Finnick? – Ela perguntou.

Ele precisou pensar duas vezes antes de responder a pergunta, porque não se lembrava.

– Peixes. – Ele respondeu, ainda sem olhar diretamente para Coin, os braços cruzados contra o peito e o olhar perdido onde as meninas se abraçavam para tirar uma foto em grupo. – Não sei exatamente o que isso quer dizer.

– Que você é muito sensível. Você sente as coisas ao seu redor, a dor dos outros também é a sua dor.

Finnick ergueu uma sobrancelha, ainda sem olhar para Coin. Fazia um pouco de sentido. Do trio, ele era sempre o que primeiro percebia que havia algo errado, ou que algo errado estava prestes a acontecer. Quando era necessário alguma percepção que fosse além do físico e das ações concretas, pode ter certeza que era Finnick quem se manifestava. Era sempre ele quem percebia as coisas que ficavam no ar, as indiretas, as entrelinhas.

Talvez por isso ele não conseguia se sentir bem na presença de Coin.

– Acabei tendo que aprender um pouco sobre astrologia para poder fazer meu trabalho direito. – Ela ergueu um sorriso cintilante para Finnick, daqueles que esticam tanto o rosto que até os olhos enrugam nos cantos. – Acabei me viciando em fazer mapas astrais. A Katniss, por exemplo, é taurina com ascendente em câncer. – Ela apontou na direção onde as meninas estavam. - Por isso ela é tão carinhosa e faz as pessoas se sentirem bem, não importa a situação. A Johanna é escorpiana com ascendente em peixes, ou seja, dois signos de água muito fortes no mapa, por isso ela é tão sentimental. A Annie... – Ela fez uma pausa para que Finnick pudesse sentir no ar o quanto ela estava pesarosa, mas ele só conseguiu se sentir irritado com o quão falsa aquela expressão parecia. Como se ela se importasse mesmo com o quão dura a infância de Annie tinha sido. – Infelizmente não dá pra saber.

Finnick não soube o que responder depois daquele monólogo astrológico, mas sentiu que devia tentar manter a conversa por uma questão de educação. Ele tinha a sensação que Coin era um daqueles monstros capazes de torturar das maneiras mais horríveis, mas só quem fosse contra o que ela acreditava. Se fosse bem tratada, ela não parecia empenhada em estragar a vida de ninguém. Só em parecer um tanto ameaçadora, mas ele sabia que tinha a ver com seu trabalho. Ela precisava parecer durona para ser respeitada naquela indústria. Finnick sentia que, se dialogasse com Coin fingindo não perceber todo o seu esforço para parecer intragável, ela não seria intragável com ele.

– E você? – Ele prosseguiu a conversa. – Qual é o seu signo?

– Capricórnio, ascendente Escorpião. Lua em Virgem. – Ela abriu um meio sorriso, metade sádico e metade orgulhoso. Ela parecia saber que até seu mapa astral era de assustar, e gostava disso. Até o céu na hora que ela nascera era intimidador. – Que bom que você não entende nada de astrologia, porque se não teria saído daqui correndo agora mesmo.

Finnick finalmente voltou os olhos na direção de Coin, encarando-a atentamente. Por que ele tinha a sensação que a todo momento que ela lhe dizia algo, ela na verdade estava jogando uma indireta?

– Segundo o meu mapa – Ela continuou. – eu sou muito focada e responsável; trabalhadora e pé no chão, o que é verdade. – Ela admitiu, o sorriso ainda iluminando seu rosto. – Não meço esforços para conseguir o que eu quero, o que também é verdade. – Ela não mudou a expressão, mas de alguma maneira sinistra, Finnick pode perceber uma sutil mudança na atmosfera, como se a mensagem que ela estivesse querendo passar fosse além da simples interpretação da posição dos astros no dia de seu nascimento. – Mesmo que os meios sejam um pouco questionáveis. – Ela acrescentou, agora ela mesma virando para frente e focando nas meninas mais a frente, quebrando o contato visual com Finnick. – Mas não acho que isso tenha a ver só com astrologia. Trabalhando com o que eu trabalho, precisei a prender a ser assim para que ninguém pisasse em mim.

– E aí você pisa nos outros? – Ele atirou, levemente impaciente. Por que diabos ela não falava o que queria logo de uma vez? Ele detestava ter que ficar abusando de sua intuição pisciana para tentar alcançar onde as pessoas queriam chegar.

Ela abriu um sorriso duro, como se esperasse exatamente aquela resposta dele.

– Não parece, mas nesse mundo, é matar ou morrer. As pessoas são bem ruins. Elas não hesitam em roubar as suas ideias, fazer intriga para que o seu chefe te demita, rasgar o seu vestido no dia do desfile mais importante da sua carreira. – Ela enumerou, e por algum motivo, Finnick entendeu que ela estava enumerando situações pelas quais ela própria passara. Ou fizera alguém passar. – Mas vamos deixar isso para lá, afinal, esse assunto não tem nada a ver com você. – Ela suavizou a expressão. – Sabe, Finnick, eu comecei a puxar assunto com você sobre essas baboseiras de astrologia, mas na verdade a minha conversa com você é outra. – Ela anunciou despreocupadamente e passou as mãos pelos cabelos acinzentados, hoje totalmente soltos e lisos, retos até os ombros. – Eu tenho uma proposta para te fazer.

Finnick não respondeu, esperando que ela continuasse. Já sabia o que ela ia dizer, e não conseguia acreditar que ela seria capaz de obriga-lo a recusar novamente o convite para bancar o modelo e fotografar para alguma marca famosa que ela agenciava. Ou ele tinha sido muito pouco convincente em sua negação, ou ela era insistente ao ponto de beirar a inconveniência.

– Eu pensei bastante no que você disse, sobre não levar jeito para as câmeras. – Ela começou, e Finnick estreitou os olhos nos cantos para demonstrar desagrado. – E eu acho que isso é uma tremenda mentira. Você não sabe, mas tem uma força incrível para as câmeras. Eu trabalho com isso e consigo ver no seu rosto – Ela se aproximou dele, erguendo suavemente os braços, as mãos espalmadas como se fosse uma moldura em volta do rosto de Finnick. – que você ia ser sucesso. Ia não, vai. – Ela se corrigiu. – Porque eu não vou perder a oportunidade de ter na minha lista de feitos para a moda o lançamento do rosto de Finnick Odair nos outdoors.

Finnick ergueu uma sobrancelha, o que, combinado com os olhos estreitos nos cantos e a boca franzida em desagrado, compunham sua melhor expressão de desprezo. Mas, na verdade, agora ele estava começando a ficar com raiva. Ela falava como se ele fosse um manequim, um escravo sem vontades próprias. Como se dependesse só dela transformá-lo na estrela que ela acreditava tão firmemente que ele seria, sem nem se preocupar se ele queria ou não ocupar o posto.

– Você tem potencial para passarela, mas eu fico satisfeita em te iniciar na fotografia, pelo menos por enquanto. Você é a cara da Calvin Klein, aliás. – Ela disse em um tom meio sonhador, mas para si mesma do que para Finnick, como se, enquanto ela falava, sua cabeça trabalhasse firmemente em como lançar Finnick da melhor maneira possível para que sua estreia fosse um estouro. – Mas isso é para mais tarde.

– Acho que você esqueceu que eu ainda não aceitei. – Ele a cortou, os lindos olhos verdes lhe lançando um olhar gelado que assustaria outras pessoas que não fossem Alma Coin. Mas ela estava acostumada com olhares piores que aquele.

– Ah, mas você vai aceitar. – Ela desdenhou, e o vento suave que começou a soprar balançando delicadamente as pontas grisalhas de seus cabelos. Agora Finnick reparou que ela usava uma saia branca com bordados em fios negros que se estendiam da barra até a metade da peça. Uma blusa vermelha de botões completava a produção, amarrada na altura da cintura surpreendentemente fina de Coin, onde a saia terminava. Mais elegante impossível. Até suas roupas pareciam cuidadosamente escolhidas para intimidar, para coloca-la em um pedestal que a distanciava de todos aqueles com quem ela trabalhava. Ela era a chefe, mas queria fazer parecer que era mais que isso. Queria parecer dona de todas aquelas pessoas. – Porque se você não aceitar, a Cherry vai ter alguns probleminhas para lançar essa campanha que a sua namoradinha está fotografando nesse exato momento. – Ela sentenciou.

As palavras pareceram pairar no ar, e Finnick perdeu um momento pensando se as tinha de fato escutado, ou se aquilo era imaginação sua.

– O que você disse? – Ele perguntou, pensando que se ouvisse as palavras novamente, ou talvez organizadas de outra maneira, não parecesse que ele estava sendo ameaçado pela estilista da loja da mãe da sua namorada.

– Se você não aceitar minha proposta, a Cherry não vai ter alguns probleminhas para lançar essa campanha que a sua namoradinha está fotografando nesse exato momento. – Ela repetiu. Depois de uma pausa em que Finnick parecia extremamente incrédulo, Coin relaxou os ombros e soltou um suspiro pesado. – Olha, eu não queria que fosse assim. – Ela começou, a voz agora mais suave, quase pesarosa das coisas terem tomado aquele rumo. – Eu estou soando como uma sádica. Não era a intenção. Mas você é valioso demais para eu te deixar ir, Finnick. Imagina só, seu nome nas revistas, eu sendo chamada para dar entrevista por ter descoberto esse seu rostinho... – Ela devaneou, e seus olhos se iluminaram esplendorosamente por um instante. – Eu e você seremos fantásticos. Você, principalmente, mas eu vou acabar ganhando com isso tudo também. E daqui a alguns anos, quando você estiver estourado pelo mundo, vai me agradecer. Vai perceber que esse era mesmo o seu destino, e que eu te empurrei no caminho que seria melhor para você. Ou você quer continuar dividindo um apartamentinho no centro da cidade com seu amigo pro resto da vida?

Finnick franziu o cenho, a mistura de sentimentos dentro de si borbulhando tão intensamente que ele não sabia nem qual expressar primeiro. Revolta, por estar sendo tratado como um brinquedo, uma mercadoria. Raiva, por aquela mulher se achar superior o bastante para ameaça-lo daquele jeito. Nojo, por ela o chantagear usando a felicidade de Mags e Annie como moeda de troca. Um milhão de coisas lhe passaram pela cabeça, e as palavras se embolaram em sua garganta de tal forma que ele não conseguiu fazer nada além de encarar Coin com um olhar perplexo e enojado.

– Eu vou ser mais clara, porque estou vendo que você ainda está em dúvida. – Ela começou, pausadamente. – Se você não aceitar fotografar para a marca que eu escolher, eu destruo a Cherry no mercado da moda nacional. – As palavras saíram cortantes, e Finnick se sentiu zonzo. Que situação era aquela que ele estava passando, meu Deus?! Ele se sentiu em um filme, incapaz de organizar os pensamentos e compreender aquilo como algo da vida real, que se desenrolava a sua frente com toda a crueldade e dureza com a qual a realidade podia nos arranhar algumas vezes. – Eu sou influente o bastante para elevar essa lojinha à glória, ou para afundá-la tão feio que nem toda a boa vontade da sua namorada e da mãe adotiva dela vão reergue-la da lama. Eu posso fazer coisa pior, na verdade, mas não vejo nenhum motivo para dizer o que, já que eu sei que você vai aceitar ser a minha estrelinha e nós vamos nos dar muito bem. – Ela concluiu, e Finnick percebeu que sua visão estava ficando levemente escurecida nos cantos, uma pressão esquisita no fundo dos ouvidos. Os sintomas lhe indicavam que ele havia parado de respirar, o ar preso na garganta a meio caminho de completar a rota para o pulmão, porém interrompido pela tensão que as palavras de Coin depositaram em suas costas.

– Você está me chantageando? – Ele perguntou, incapaz de verbalizar algo além daquela pergunta. Até mesmo porque as coisas ainda não tinham ficado claras para ele.

– Chantagear não é a palavra. – Ela sacudiu a cabeça com os olhos fechados e as sobrancelhas dramaticamente franzidas, como se usar aquele termo para qualificar o que ela acabar de dizer lhe causasse um desgosto tremendo. – Não, não, não, está vendo? – Ela esfregou a testa com os dedos. – Não era isso que eu queria que você pensasse de mim. Não é chantagem. É uma troca. Você me dá o que eu quero, e a felicidade e o sucesso da sua namorada e da tia dela estão garantidos. – Ela simplificou. – Olha bem para ela, Finnick. – Coin se aproximou dele e ergueu o braço, apontando para o enorme caminho entremeado de árvores onde Annie fotografava sozinha, fazendo uma careta adorável enquanto perseguia uma borboleta intrusa que vagava bobamente pelo cenário. “Isso, corre atrás dela, tenta coloca-la no seu dedo!”, ele podia ouvir o fotógrafo gritar. – Olha como ela está feliz por finalmente significar alguma coisa para a Cherry. Como ela e a Mags se esforçaram para fazer dessa a melhor campanha da história da loja. – A voz de Coin parecia sobrevoar vagamente sobre a cabeça de Finnick, como a voz de um narrador acompanha suavemente as cenas de um filme. Ou talvez, como a voz do diabo no ouvido de um pobre sujeito no dia do juízo final. – Está nas suas mãos, Finnick.

Finnick sentiu algo se agitar dentro de si, e em poucos segundo reconheceu aquilo que crescia em seu íntimo, saturando seu peito. Raiva. A mais pura, mais simples, mais animal raiva se apoderou de seu peito, porque se tinha algo que ele não suportava era ser subjugado. Ele era orgulhoso o bastante para se enfurecer sempre que alguém tentava diminuí-lo ou se achava no direito de usá-lo de alguma maneira. A raiva foi crescendo, crescendo, ardendo por dentro a tal ponto que Finnick achou que seria capaz de arrancar uma árvore pela raiz e tacá-la em cima de Coin, só para que ela calasse aquela boca maldita.

– Não. – Ele respondeu, os lábios contraídos na tentativa de não começar a gritar, ou fazer algo mais drástico.

– Não o quê? – Coin perguntou, muito calmamente.

– Não aceito ser seu modelo. – Finnick respondeu, olhando friamente nos olhos cinzentos de Coin. – E eu não acredito em você. – Ele acrescentou, porque sabia que a fonte primária de raiva para alguém como Coin era duvidar de suas palavras. – Você não vai fazer nada com a Cherry, porque o seu nome está nessa coleção. Se você afundar a loja, se afunda também.

Os olhos de Coin se agitaram por um breve segundo, e foi assim que Finnick soube que tinha despertado nela pelo menos 1% da raiva que ela despertara nele, o que lhe deixou satisfeito por um breve segundo, cortando a raiva que ainda fervia dentro de si. Logo, porém, ela se recompôs, a expressão fria, os lábios apertados.

– Essa é sua palavra final? – Ela perguntou. – Eu de você pensaria melhor. E não duvidaria de mim, Finnick. Eu posso perfeitamente destruir a Cherry e ainda sair ilesa. Você não faz ideia de quem eu sou, e do quanto o que eu digo dita regra nessa indústria. – Ela ameaçou novamente, e suas palavras agora saíam mais lentas, como se ela estivesse controlando um animalesco fluxo de ódio que a negativa de Finnick lhe ocasionara. Ela não estava acostumada a ter que cumprir suas ameaças. Normalmente, ela já amedrontava seus oponentes o suficiente para não ter nem que se preocupar com a vingança.

– Que bom para você. – Ele respondeu. – Você pode ser quem for, Coin, mas eu não estou à venda. E não vou abaixar a cabeça para você.

O cinza dos olhos de Coin, geralmente plácido e morto, parecia ter ganhado um fogo fenomenal. Ainda olhando Finnick nos olhos, a boca levemente franzida e os cabelos balançando ao sabor do vento, ela deu sua cartada final.

– Achei que a Annie significasse mais para você. – Ela atirou, e Finnick soltou uma gargalhada.

– Para alguém tão influente, você precisou começar com a apelação rápido demais, não acha? – Ele disse, sustentando o olhar mortífero que ela lhe direcionava. Dava quase para ver a fumaça saindo da cabeça de Coin com o deboche de Finnick. – A Annie significa muito pra mim, sim, mas não acho que devo te dar satisfações disso. Não é entrando nesse seu jogo que eu vou provar meu amor por ela.

– Claro que não. – Coin respondeu, e um sorriso irônico surgiu em seu rosto. – Tenho certeza que ela vai adorar saber que você foi o responsável pela destruição da loja que proporciona a ela todo o dinheiro que ela ama gastar em todas as futilidades que aquela cabecinha vazia que ela tem pode inventar. – Coin ironizou, e novamente Finnick pode sentir o ódio borbulhando seu sangue com o ataque à Annie.

– Pelo menos ela me tem. – Ele respondeu, um sorriso deliciosamente diabólico e nada comum na expressão de Finnick se espalhando por seus lábios. – E você?

Com essa, Finnick se afastou de Coin, caminhando serenamente até atingir uma distância segura de onde Johanna posava alegremente. Ele reparou que Annie havia sumido, e sua cabeça virou de um lado pro outro a procura da namorada, até que a morena saiu de dentro do trailer com os cabelos soltos e um vestido laranja decotado com discretos brilhinhos dourados nas alças. Ela andou suavemente até ele, parecendo deslizar no gramado. Aquele sorriso aberto ainda decorava seu rosto, e agora os olhos estavam magnificamente destacados por uma sombra marrom. O contraste com as íris esverdeadas era de cair o queixo, fazendo parecer que Annie carregava o segredo da paz mundial naqueles olhos.

Finnick por outro lado, apesar de ter feito uma saída triunfal, sentia seus músculos rígidos com a tensão da conversa recém encerrada.

– O que você estava conversando com a Coin? – Annie perguntou, assim que ele chegou perto o bastante.

Ele tomou a mão de Annie e entrelaçou seus dedos no dela, forçando um sorriso tranquilo.

– Umas coisas de signo. – Ele respondeu. – Me deixa adivinhar, pra ver se eu aprendi alguma coisa... – Ele pediu, observando a produção de Annie. Aproveitou que estava com a mão grudada á dela e ergueu seus braços, indicando que ela deveria dar uma volta para ele analisar a roupa inteira. – Áries? – Ele chutou qualquer um, sabendo que tinha 1/12 de probabilidade de acertar.

Ela riu.

– Quase. Leão. – Ela respondeu, um adorável sorriso no rosto.

Ele não conseguiu evitar sorrir também, a calma e a alegria que Annie exibia enchendo-o por dentro. Ele a trouxe mais para perto e beijou sua mão.

– Eu te amo muito, sabia? – Ele disse, olhando em seus olhos.

O sorriso dela se alargou e seus olhos pareceram ficar imensos, como se toda a felicidade do mundo tivesse sido roubada e colocada em suas íris verdes, e o trabalho de Annie no mundo fosse distribuí-la para aqueles que estivessem ao seu redor.

– Eu também te amo. – Ela respondeu.

Finnick sabia. E isso bastava.

Porque isso era algo que Coin jamais poderia lhe roubar.


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Notas finais do capítulo

EITA NOIS QUE A COIN DESCARALHOU A POR** TODA AGORA!!!!!!!!!!!!!!
QUEM CURTIU ESSE PLOT TWIST COIN LOUQUÍSSIMA CHANTAGEANDO O FINNICK??? Podem ter certeza que isso vai gerar muitas loucurinhas para que essa fic tão especial termine do jeito mais surpreendente possível. Afinal, não é qualquer fic que dura dois anos, né, gente?? Mesmo que essa duração enorme na verdade se deva muito mais às minhas demoras e eu não me orgulhe disso, acabamos criando uma ligação muito especial justamente por conta disso. Tenho vários leitores amigos aqui, e vocês sempre entendem minhas demoras e minha vida atribulada, e acho que eu não encontraria isso em outro lugar. Muito obrigada por tudo, por não terem me deixado desistir da fic quando eu quis, pelos comentários que eu sempre fico ansiosa para ler assim que posto, enfim, por tudo. Vocês me colocam pra cima com uma das coisas que eu mais amo fazer (que é escrever), e eu não vou poder nunca agradecer o tanto que vocês merecem.
Enfim, chega de baboseiras. Muito obrigada por esses dois anos. Vocês são muito especiais para mim.
AMO CADA UM DE VOCÊS!!!
UM BEIJO NO CORAÇÃO E UM APERTÃOZINHO NA BUNDA.