Money Make Her Smile escrita por Clarawr


Capítulo 19
I just wanna break the rules!


Notas iniciais do capítulo

CHEGUEI NO PISTÃOOOOO DEIXA EU FALAR DEIXA EU FALAR CHEGUEI NO PISTÃO E VI LEITORES LINDOS SÓ OS PARCEIROS COMENTANDO E OS CHEIROSOS CURTINDO TCHU TCHA TCHA TCHU TCHU TCHA
Tá eu sei que eu já fiz essa piada (só reescrevi a minha paródia desse clássico do funk "Cheguei no Pistão", do monstro talentoso Nego do Borel), mas foi no capítulo 4, então finjam que é piada nova e riam comigo HAHAHA. Ok.
MANOS E MANASS, COMO FORAM DE NATAL? Espero que tenham comido bastante, se divertido muito com os parentes (kk) e feito vocês mesmos a piada do Pavê ou Pacumê para ver a cara de tacho dos tios e SE VINGAR DE TODAS AS VEZES QUE VOCÊS JÁ FORAM AGREDIDOS COM ESSA MERDA DESSA PIADA ESCROTA E REVOLTANTE.
Enfim, gente! Capítulo novo! Eu falei para vocês que não deixá-los esperando muito, não falei? Pelo menos não durante as férias. E aqui estou eu! Na verdade, 10 dias para mim ainda é bastante, mas diminui meu hábito de postar uma vez por mês então já estou mais feliz. Esse capítulo, na verdade, está sendo feito desde o dia que eu postei o último, mas como ele é bem top eu demorei bastante até deixá-lo o mais engraçado possível para vocês.
Sem mais delongas: Música do título: Break the Rules - Charli XCX e a música do capítulo é Young, Wild and Free, dos (reis da maconha) - Wiz Khalifa & Snnop Dogg ft. Bruno Mars.
Eu amei DEMAIS escrever esse capítulo. Espero de coração que vocês se divirtam lendo o tanto (ou mais!) que eu me diverti escrevendo.



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“So what we get drunk?

So what we smoke weed?

We're just having fun

We don't care who sees

So what we go out?

That's how it's supposed to be

Living young and wild and free"

Era um desses momentos de fim de ano em que, supostamente, Finnick e Peeta deveriam estar desesperados para fechar seus respectivos semestres na faculdade com as melhores notas possíveis. Mas, por outro lado, exatamente por ser fim de ano, eles haviam atingido aquele ponto de descaso em que você simplesmente não tem mais força para se dedicar a nada direito, que somado a uma sensação de que ninguém (leia-se: professores) merece seu esforço ou seu empenho, gera uma combinação letal que atende pelo nome de “jogar a toalha.”.

Todo mundo tem esse momento em alguma fase de sua vida acadêmica, você não precisa estar nem na faculdade nem no fim do ano; entretanto, a incidência desse momento é mais comum nessas duas épocas. Mas você passa o ano inteirinho se esforçando e fritando seus miolos, tirando notas altas e sorrateiramente preparando terreno para poder chegar ao fim do ano bem perante os seus professores e totalmente livre para exercer sua preguiça típica do momento “joguei a toalha” sem nenhum peso na consciência.

Era uma típica manhã pré-verão no Rio de Janeiro. O céu absolutamente azul ciano, limpinho, completamente iluminado pela luz amarelada do sol que ardia lá no alto, do lado de fora do apartamento – uma observação que pode parecer idiota a princípio, mas o calor era tanto que não era tão difícil acreditar que o sol estava brilhando, com toda sua potência e esplendor, de dentro do apartamento dos dois. -. A brisa que soprava trazia o ar quente para dentro do apartamento, e Finnick tinha tudo para estar irritado com o clima abafado que fazia o suor grudar em seu corpo e torná-lo pegajoso, mas ele não estava. Na verdade, ele estava até bastante feliz, se levarmos em conta o fundo do poço onde seu humor parecia residir nos últimos dias. Ele adorava o verão, mesmo com todos os motivos perfeitamente plausíveis que existiam para que essa fosse a estação mais odiada do ano. Ele adorava o cheiro do ar aquecido pelos raios de sol que entrava pela janela, os dias claros e ensolarados pareciam exercer um efeito revigorante sobre seu estado de espírito. Então mesmo que o suor e a sensação de estar constantemente melecado o irritasse, ele fazia questão de não deixar nenhuma reclamação escapar de sua boca.

Os dois estavam em casa esperando Gale – que compartilhava do momento “jogar a toalha” -, simplesmente para ficar sentados em casa olhando para o nada. Sim, os três deveriam estar estudando, lendo ou fazendo qualquer merda de útil para sua formação acadêmica, mas era fim do ano e os efeitos colaterais de jogar a toalha – preguiça aguda, sensação permanente de enfado e ansiedade obsessiva para o recesso de fim de período. – pareciam atingi-los com uma força maior que o normal.

– Cara... – Peeta começou, hesitante. – Eu estou nervoso demais.

– Por quê? – Finnick perguntou, sem entender de onde uma afirmação como aquela havia saído.

– Eu... – Peeta se atrapalhou com as palavras. Ele vinha pensando naquilo há muito tempo, e cada vez que o pensamento voltava à sua mente ele ficava mais nervoso e via menos soluções para erradicar o sentimento ruim que apertava. – Eu vou sair com a Katniss hoje. E eu sei que é hoje, cara.

– É hoje o quê? – Finnick sacudiu a cabeça, sem entender uma palavra que o amigo dizia.

– É hoje que a gente vai... – Peeta se interrompeu sugestivamente.

Finnick franziu o cenho e arregalou os olhos ao mesmo tempo, o que gerou uma hilariante expressão de surpresa misturada com incredulidade em seu rosto.

– E você está com medo de transar? – Finnick perguntou, a gargalhada saindo discreta, misturada com as palavras, mas explodindo no final da pergunta. Ele passou um bom tempo rindo, como não ria há um bom número de dias. – Até parece que nunca fez isso antes.

– Não é medo de transar, seu animal. – Peeta grunhiu, sentindo uma pontada de irritação com o descaso do amigo, mesmo que compreendesse que sua situação era absolutamente risível. – É que... É a Katniss. Eu tenho medo de fazer algo que ela não goste, de ela se decepcionar, eu não sei. Eu não quero estragar tudo que eu venho fazendo até agora.

Finnick tombou a cabeça para o lado e olhou ironicamente para o amigo.

– Você está falando exatamente como um virgem. É exatamente o mesmo discurso que você deu no dia do nosso churrasco de formatura e que você estava se tremendo todinho porque ia transar com a Glimmer pela primeira vez. – Finnick apontou, referindo-se à primeira namorada de Peeta.

– É diferente. – Peeta rebateu, mas o amigo não lhe deu tempo para desenvolver seu argumento.

– Tem razão. É umas dezessete mil vezes pior, porque agora nem você nem ela são virgens.

Peeta suspirou. Ele sabia que o amigo não estava no clima para dar conselhos nem qualquer tipo de dica para melhorar a vida de um casal, então não sabia nem porque se dera ao trabalho de abrir essa angústia para Finnick se já estava ciente que ele não ia entender.

Ele sabia perfeitamente que estava sendo ridículo, mas não podia se conter. Ele tinha tanto medo de não agradar Katniss, de não ser e fazer exatamente o que ela sonhava que ele seria ou faria. Ele não queria ser o tipo de cara que ela se lembraria como bonitinho, mas ruim de cama.

Eles ouviram a campainha tocar, anunciando a presença de Gale.

– Está aberta! – Finnick berrou alto o suficiente para que o amigo pudesse ouvi-lo do lado de fora do apartamento.

Logo em seguida, foi possível escutar o clique da maçaneta, o suave ranger da porta da frente e o estrondo quando ela bateu, fechando a casa novamente.

– E aí? – Gale cumprimentou os amigos e sentou no chão da sala. Pelo menos estava gelado.

– O Peeta está com medo de transar com a Katniss. – Finnick anunciou, como se anunciasse que pretendia ir à praia naquela convidativa tarde ensolarada.

Peeta lançou um olhar exasperado para o amigo, que parecia mais imperturbável do que nunca. Gale, por sua vez, lançou para Peeta um olhar que misturava constrangimento e compreensão. Gale não era o melhor conselheiro do mundo, mas talvez entendesse melhor o conflito de Peeta do que Finnick.

Peeta fechou os olhos e soltou um suspiro derrotado, desistindo de ralhar com Finnick. Não era como se ele estivesse pretendendo esconder sua situação de Gale, então não fazia diferença.

– Não é de transar em si. – Peeta começou a se explicar. – É de decepcioná-la. Não sei, dar uma mancada. É a minha cara fazer uma dessas.

Gale precisou de um momento para organizar as coisas em sua cabeça. Peeta e Katniss. Sim, eles eram um casal. As imagens do rosto de Katniss da última vez que eles haviam se encontrado começaram a saltitar em sua mente e ele teve de se forçar a voltar para a realidade. E, pior de tudo, ele precisou se esforçar para conter a descabida e assustadora centelha do incômodo que involuntariamente golpeou seu peito quando Peeta mencionou o fato de que iria para cama com a morena. Não era tão intenso quanto ciúme, nem tão destrutivo quanto inveja, mas desconfortável como uma decepção. Uma sensação de frustração, porque por mais que ele soubesse que era inevitável, ainda havia uma esperança tola e surreal de que no último segundo alguma intervenção divina impediria a razão de seu incomodo de acontecer e virar parte da vida real.

– Ah, cara... – Gale começou, o semblante absolutamente imperturbável, nada transparecendo em seu rosto além da educada solidariedade que ele deveria demonstrar ao amigo em uma situação como essa. – Você sabe que isso é idiotice, não sabe.

– Claro que eu sei, eu sei! – Peeta exclamou, exasperado. –Não adianta. Vocês não vão entender. E não vão conseguir falar nada para me acalmar.

– Tá. – Disse Finnick. – A gente pode até não conseguir te animar, mas você sabe que só tem um jeito de acabar com essa insegurança.

– Indo lá e fazendo. – Completou Gale. – E não esquecendo a camisinha, claro. Você não vai querer acabar com um desespero para começar outro. – Ele disse, arrancando uma risada dos amigos.

~~~~~~~~~~~~

Katniss se olhava atentamente no espelho enquanto penteava os cabelos molhados. Ela tinha a irritante sensação de que todos os seus defeitos corporais ficavam realçados logo assim que ele saía do banho. A discreta sombra roxa embaixo de seus olhos, os pequenos cravos no nariz, a falta de cor dos lábios que lhe atribuíam uma eterna aparência pálida...

A morena se irritou e esfregou com força a toalha no rosto, atirando-a em algum canto do banheiro de sua suíte. Saiu do banheiro e foi caçar alguma coisa para vestir, já totalmente sem paciência para ao menos se esforçar para melhorar a aparência. Era Peeta, afinal de contas. Pelo menos vou descobrir se ele gosta de mim mesmo se eu estiver parecendo um espantalho. Ela pensou.

Katniss também havia jogado a toalha, mas em outro departamento de sua vida.

Ela encarou afetuosamente seu vestido longo, de fundo azul e padrão étnico em tons que variavam do laranja ao marrom. Era, de longe, sua roupa preferida e parecia perfeita para a ocasião, mas Katniss pensou que ele talvez dificultasse as coisas quando estivesse a sós com Peeta. Sua barra arrastando no chão e o excesso de pano certamente trariam a Peeta certa dificuldade na hora de retirá-lo. Vestidos longos nunca são opções acertadas quando você tem planos maliciosos para o fim da noite.

Seus olhos escorregaram para sua recém comprada blusa amarela, que se destacava no armário devido à intensidade de sua cor. Alcinhas de amarrar. Pareciam bem simples de serem retiradas. Ela tocou o cabide o retirou cuidadosamente a peça do armário, pensando em combiná-la com seu short branco. Saiu fuçando o guarda roupa, torcendo para que o dito cujo não estivesse para lavar e suspirou aliviada quando suas mãos tocaram o grosso tecido branco.

Todo esse cuidado em escolher um figurino estratégico se fazia necessário porque Katniss queria aproveitar para dar o bote em Peeta já que seus pais estariam fora de casa naquela noite. Ela se sentia como uma adolescente tendo que esperar os pais saírem para levar um cara em casa, mas como Peeta havia prometido deixá-la no comando da relação até segunda ordem, ela sabia que a iniciativa não partiria dele. Ela, tampouco, tinha a intenção de sugerir que eles fossem para o apartamento de Peeta, não sabendo que um Finnick recém traumatizado amorosamente estaria lá. Como ela jamais se sujeitaria a entrar em um motel, sua única opção era atraí-lo para sua casa.

– Prim! – Ela berrou,a medida que saía do quarto e ia procurando a irmã pela casa. – Me empresta seu delineador novo?

– Estou aqui. – Katniss ouviu a voz da menina sair de dentro do quarto da mesma, duas portas ao lado do seu. – Pode pegar.

Katniss pegou o produto e começou a espalhá-lo pela pálpebra diante do espelho do quarto da irmã, sentindo o líquido frio e grosso fazer cócegas em seus olhos. Ela terminou o processo e pôs o tubinho em cima da escrivaninha, incomodada com o silêncio da irmã. Prim geralmente não perdia uma única oportunidade de implicar com a irmã quando ela aparecia com seus casinhos, mas a garota parecia distante e indiferente, lendo uma revista qualquer ali sentada em sua cama.

Katniss olhou para Prim através do reflexo que se formava no espelho, sem saber exatamente o que estava esperando. Por fim, ergueu as sobrancelhas e deu de ombros, saindo do cômodo e agradecendo pelo empréstimo.

~~~~~~~~~~~~

– Eu já te falei que você está muito linda mesmo hoje? – Peeta perguntou. Os cabelos pretos de Katniss reluziam soltos por sobre seus ombros, seus olhos cinzentos marcantes e penetrantes devido a maquiagem, sua pele realçada pelo amarelo ouro da blusa. Ela estava brilhando. Peeta era constantemente assaltado pela sensação que Katniss estava envolta por uma aura cintilante, mas hoje isso parecia especialmente perceptível.

Ela riu adoravelmente, jogando a cabeça para traz e sacudindo seus cabelos.

– Só disse que eu estou muito linda. Não muito linda mesmo. – Ela esclareceu, rindo. E dessa vez nem tentara negar ou chama-lo de mentiroso. Ela vinha aprendendo a aceitar um elogio, e de tanto que Peeta falava, até a acreditar neles.

Eles andavam abraçados pela rua, Peeta se preparando para deixá-la na porta de seu prédio.

– Eu estava pensando... – Ela hesitou, um nervosismo súbito e fulminante formigando na boca de seu estômago. – Você não está a fim de subir comigo, não? – Ela sugeriu inocentemente.

Agora foi a vez do estômago de Peeta formigar. Ele sabia,sabia!

Peeta mirou atentamente o rosto de Katniss, procurando algum sinal de nervosismo ou de expectativa. Não encontrou nada além de um doce sorriso com um que quase imperceptível – tão imperceptível que Peeta achou que poderia tê-lo imaginado – de perversão.

Obviamente ele estava errado. Por baixo de toda a despreocupação que a expressão de Katniss exalava, a morena sabia que se relaxasse um instante ia tornar-se incapaz de controlar o tremor no fundo de seu estômago que já dava sinais de que queria se espalhar para o resto do corpo.

– Claro. – Ele respondeu, ativando o modo sedutor e abrindo seu sorriso de canto de boca que costumava a derreter o coração das representantes do sexo feminino que se arriscavam em uma aventura com ele.

Eles entraram no prédio, deram boa noite ao porteiro e adentraram o elevador. Katniss abraçou Peeta pelo pescoço, tirando um momento para admirar seu rosto. Os olhos azuis elétricos, os cabelos loiros com algumas mechas mais claras devido ao sol, o nariz reto. Enquanto o olhava, passava os braços por suas costas, sentindo a textura lisa da camisa recobrir os músculos definidos, já imaginando as linhas que os músculos formariam quando estivessem contraídos ao abraça-la. Katniss tinha uma paixão especial por costas masculinas.

Ela não conseguiu se conter, um fogo lento e ardente começou a se apoderar de seus membros e a única maneira de aliviar aquele calor era descontando-o em alguma coisa, e os lábios de Peeta pareciam pedir para exercer essa função. E a coisa chegou até a ser engraçada, porque no momento em que a morena encostou seus lábios nos de Peeta, fez-se ouvir em alto em bom som umamúsica, que claramente vinha de fora do elevador, de alguma das casas. “Algum vizinho deve estar dando alguma festa.”. Katniss pensou e riu enquanto beijava-o, separando seus corpos para dançar no compasso dos acordes animados do que ela em segundos reconheceu como “Talk Dirty”. Katniss se divertiu pensando em como seria dançar uma música sensual para Peeta, imaginando sua reação. Ela era boa dançarina, só não gostava de se exibir. Não em público. Mas talvez se exibir só para Peeta trouxesse alguns efeitos interessantes. Iria surpreendê-lo, isso ela tinha certeza.

A medida que o elevador subia, a música tornava-se mais alta, e Katniss concluiu que a festa estaria acontecendo na cobertura acima da sua, o que a deixou irritada. Não seria nada excitante transar com Peeta ao som de músicas animadas assim. E quando começasse a tocar funk? Katniss, como toda a boa menina festeira, sabia que o auge de toda a festa é quando o DJ solta a playlist de funk, e que essa geralmente é a parte mais longa da comemoração. Corta tesão na certa.

Katniss beijou Peeta novamente para esconder sua irritação, abrindo a porta do elevador com as costas e arrastando-o consigo para o corredor sem interromper o beijo.

Peeta levantou o rosto rapidamente – por mais que isso lhe custasse uma determinação tremenda. – e encarou por trás da cabeça de Katniss, fazendo a morena olhar para trás e confirmar o temor que já se fazia presente em sua cabeça.

A porta de seu apartamento encontrava-se aberta, e – para seu pavor. – a música ensurdecedora saía de lá de dentro. Katniss paralisou em frente a porta, seu braço ainda pendurado no ombros de Peeta.

Katniss entrou cautelosamente em casa, tão estupefata e confusa que ainda considerava a possibilidade de estar entrando no apartamento errado, e foi imediatamente bombardeada por luzes giratórias de néon e um doce cheiro de gelo seco. Gelo seco!

Após atravessar o corredor de entrada, Katniss deu de cara com o sofá de sua sala lotado de adolescentes se beijando voluptuosamente. Após se chocar com a imagem por alguns instantes, ela ergueu a cabeça, tentando enxergar a varanda. Sim, exatamente como ela temia, a varanda havia se transformado em uma pista de dança improvisada e era de lá que vinha o solo de saxofone do fim da música de Jason Derulo.

Pela primeira vez desde que entrara em casa, Katniss trocou um olhar com Peeta. Um olhar assustado de sua parte, confuso da parte dele, porque na verdade nenhum dos dois tinha ideia do que estava acontecendo ali.

Bom, havia algumas opções. A casa poderia ter sido invadida por um bando de adolescentes desordeiros que buscavam alguma casa bacana na Zona Sul para tirar onda e dar uma festinha. Nesse caso, Prim estaria sozinha em casa no momento da invasão, e certamente teria sido coagida e ameaçada pelos invasores a permitir aquela bagunça, e consequentemente agora estaria trancafiada sozinha e amedrontada na despensa enquanto os arruaceiros destruíam sua casa.

Ou então Prim simplesmente decidira juntar toda a sua insuportável turminha do colégio para aproveitar a ausência de adultos em casa dando uma inesquecível festa de arromba.

Conhecendo a índole bagunceira da irmã, Katniss achava a segunda opção a mais provável. E mesmo que a casa realmente tivesse sido invadida, Katniss apostava seus sapatos Christian Loubotin que Prim estaria curtindo a festa junto com os desconhecidos, ao invés de ficar presa na despensa esperando alguém resgatá-la.

– Meu Deus do céu. – Katniss balbuciou, quase inaudível devido ao volume da música (que, vale destacar, no momento era “Dom Dom Dom”, sim, aquela mesmo, do MC Pedrinho). – Quando eu colocar minhas mãos na Prim... – Ela se interrompeu, incapaz de pensar em algo ruim o bastante para punir a irmã pelo desatino.

Corajosamente, Katniss avançou para a sala, que era um cômodo antes da varanda. Lá, além de encontrar vários adolescentes claramente alterados dançando loucamente, Katniss achou um bocado deles fumando tranquilamente e usando o vaso que decorava a mesa de centro como cinzeiro.

– Meu Deus do céu. – Katniss repetiu, imaginando que essa seria a frase que ela mais repetiria durante sua inspeção pela casa que havia se transformado em uma boate noturna. - Peeta, eu preciso achar a Prim. – Ela disse, dirigindo-se diretamente ao loiro pela primeira vez.

– Vamos lá para fora. – Ele sugeriu, diante de uma Katniss que parecia em estado de choque. – Ela deve estar lá.

Katniss assentiu e os dois andaram em um passo rápido até a varanda absolutamente lotada de corpos que se contorciam e rebolavam ao som do funk que estourava as caixas de som.

– Fica aqui. – Katniss pediu a Peeta. – Se uma loira de cabelo comprido, olhos claros, mais ou menos da minha altura e gostosa demais para uma garota de 16 anos passar aqui, agarra o braço dela porque é a Prim. – Katniss ordenou e se meteu no meio da massa humana, quase como alguém prestes a mergulhar em uma piscina de água muito gelada.

Katniss parecia paralisada na pista. Ela tentava seguir o fluxo da multidão para facilitar o movimento, mas acabava perdendo-se e andando em círculos sempre que seguia algum vulto de cabelos dourados.

– Eu vou arrebentar essa garota. – Katniss sussurrava entredentes, a voz deformada pelo ódio que se apoderava de seu corpo a cada segundo que passava e ela não encontrava a irmã. – Eu vou dar uma surra nessa imbecil. – E ela se distraía tentando imaginar castigos severos o suficiente para dar uma lição em Prim, fossem eles físicos ou psicológicos. – É só eu botar o pé para fora de casa... Não dá mais para ter paz. – Katniss balbuciava frases entrecortadas, andando cada vez mais rápido pela multidão.

Depois de reparar que havia passado pelo mesmo casal que se agarrava no cantinho do recinto pelo menos três vezes, Katniss admitiu seu fracasso e desistiu de procurar pela loira ali. Ela obviamente não estava na pista, e Katniss tinha medo de encontrá-la em um lugar ainda pior, fazendo coisas ainda piores. Ou, pior ainda, não encontrá-la.

A morena conseguiu pular para fora da pequena multidão e demorou um tempo até se localizar e achar Peeta novamente. Dentro de sua própria casa.

– Achou? – Ela perguntou, uma esperança ínfima colorindo seu tom de voz.

– Ninguém nem parecido com ela passou por aqui. – Peeta respondeu.

Katniss soltou um suspiro derrotado e fechou os olhos, tentando não perder o rumo. A ira e a frustração subiram por seu ser e pareceram atingir aquele ponto máximo onde tudo que você se vê capaz de fazer é quebrar um vaso na parede ou soltar um berro bem alto, mas ela não o fez. Ela engoliu tudo aquilo que parecia ter colocado seu peito dentro de uma panela de pressão prestes a explodir devido ao aperto e abriu os olhos, obrigando seu corpo a voltar aos eixos lentamente e não ceder ao surto de ódio.

Por fim, a morena agarrou a mão de Peeta e voltou para a parte interna do apartamento, passando pela sala novamente e entrando no corredor que levava aos quartos, na intenção de continuar as buscas.

No meio do caminho para o banheiro, Katniss esbarrou com uma loira que se agarrava a parede para manter o equilíbrio.

– Kat! – Prim berrou, usando a parede para se apoiar e erguer seu corpo à posição ereta novamente. – Oi, Kat!! – A menina repetiu, e a morena pôde perceber pela voz arrastada da menina que seu estado alcoólico já estava para lá de crítico.

– Puta que pariu, Primrose. – Katniss disse, agarrando a irmã pelo braço e arrastando-a corredor a dentro. – Como que eu saio de casa e você me apronta uma merda dessas? – Katniss perguntou, olhando nos olhos da irmã, que pareciam prestes a se fechar a qualquer momento.

– Ai. – Prim protestou contra o aperto da irmã em seus braço. – Relaxa, Kaaaat. – A menina exagerou na vogal do apelido da irmã e riu debilmente em seguida. – Dã? Por que você acha? Você esqueceu que meu aniversário foi há tipo três dias? É que eu tinha prometido pro pessoal que ia fazer uma festinha para comemorar meu birthday. Como mommy e daddy iam ralar esse finde, não dava para deixar passar, né? - A menina explicou.

– E aí você decide me esperar sair para destruir a casa? – Katniss sibilou, sacudindo a irmã pelos ombros.

– Aie. – A loira gemeu. – Não me sacode assim que eu fico tonta. – A menina observou. – Que destruir o quê? Você está vendo alguém destruir alguma coisa aqui? Meus amigos não destroem nada, não. Pode deixar que eu falei para todo mundo ficar calminho. Eu tomei cuidado.

Katniss gargalhou ferozmente.

– Estou vendo o cuidado que você tomou. Com aquele monte de menina engravidando no sofá da sala, aquele outro monte fazendo o vasinho da mamãe de cinzeiro... – Katniss enumerou. – Você vai mandar todo mundo embora daqui nesse min... – Katniss se interrompeu quando um cheiro doce e enjoativo de mato queimado atingiu seu nariz. Não. Não. Não, não, não, não! Ela olhou desesperada para Peeta. – Me diz pelo amor de Deus que isso não é cheiro de maconha. – Ela pediu.

Peeta a olhou como se pedisse desculpas, mas assentiu com a cabeça. Katniss esfregou as mãos no rosto e cobriu os olhos por um tempo.

– Que é? – Prim perguntou. – A Rue deve ter acendido algum incenso lá no meu quarto. – A loira se referiu à sua melhor amiga, que com certeza estaria presente naquela festa. – Ela tava passando meio mal e tal.

– Incenso. Incenso. Incenso. – Katniss repetiu. – Quantos anos você acha que eu tenho, sua idiota?!

– Ai, Katniss, o que é que tem? Os meninos devem ter acendido um beck lá na cozinha. Você sabia que cigarro faz mais mal do que maconha? – Prim perguntou, tentando manter um olhar sério no rosto relaxado por conta da bebida.

– Só que os vizinhos vão chamar a polícia por causa do cheiro de maconha, não de cigarro! – A morena berrou, cedendo ao desespero.

– Calma, Kat. – A voz de Peeta se fez ouvir pela primeira vez. – Ninguém vai chamar a polícia.

– Isso. Isso mesmo... Peeta. – Prim concordou. – Peeta, não é? O namoradinho da minha irmã? Olha, desculpa se eu interrompi os planos de vocês transarem hoje, desculpa mesmo. Mas fica a vontade, eu tranquei o quarto dos meus pais, não deve ter ninguém lá, você vão ter bastante privacidade.

Katniss explodiu em uma confusão de sentimentos, mas o mais imediato foi alívio porque pelo menos uma parte da casa estaria a salvo. Mas...

– Você não trancou o meu quarto?! – Katniss perguntou, desesperada, correndo pelo corredor e empurrando para baixo a maçaneta de seus aposentos. E, para coroar o derrame que ela estava prestes a ter, deu de cara com uma garota apenas de lingerie atracada com um garoto a meio caminho de ficar seminu em cima de sua cama.

Sai! - Katniss berrou, sua voz soando gutural como a de um demônio. – Sai todo mundo daqui, antes que eu ligue pros pais de vocês! – Ela gritou, assustando o casal que saiu atrapalhado pelo quarto procurando suas roupas.

– Para, Katniss! – A voz de Prim se fez ouvir a medida que a garota corria pelo corredor. A loira tropeçou em seus próprios pés e Peeta se apressou para segurá-la. Naquele instante, Prim olhou atentamente para os olhos do acompanhante da irmã e tudo que sua cabeça confusa registrou foi que ele era fodidamente gostoso. Ela sorriu abertamente para o loiro e se reergueu, apertando uma de suas bochechas. – Minha irmã te escolheu direitinho. – Ela comentou, ainda sorrindo, mas virando-se novamente na direção do quarto de onde Katniss expulsava os salientes. – Qual é a sua, hein? Você quer estragar meu aniversário? – Prim perguntou.

– E você quer estragar a minha vida? – Katniss devolveu. – Puta merda, Prim. Quando nossos pais saem, você e a casa estão sob minha responsabilidade. Imagina se eles voltam e encontram tudo fedendo a maconha e vodka? Ou pior, imagina se algum vizinho liga para a polícia para reclamar do som e encontram um monte de menores bebendo e ficando chapados? A dignidade dos nossos pais vai para onde? E a minha?

– Para de falar merda! – Prim gritou de volta. – Você só não suporta ver que eu me divirto muito mais do que você quando tinha a minha idade. Até hoje, na verdade. – Ela olhou sugestivamente para Peeta. – Já que você não tem competência nem para terminar seus planos de dar para o seu namorado!

Katniss arregalou os olhos, e por um segundo seu ser se esvaziou completamente, o choque impedindo-a de esboçar qualquer reação.

– Cala essa sua boca, porque você está bêbada e não vai querer lembrar de ter me dito isso quando essa ressaca passar. – Katniss disse, calmamente, destacando cada sílaba de cada palavra, na tentativa de evitar pegar a irmã pelos cabelos e arrastar sua cara no chão da sala, na frente de todos os convidados.

– Você não aguenta, não é? Não aguenta o fato de que eu devo ter dado para mais caras só durante a minha viagem do que você deu a vida toda! – Prim berrou. - E agora que dar uma de puritana santinha e estragar minha festa por isso!

– Cala essa boca! – Katniss berrou. – Você vai mandar todo mundo embora agora nesse instante! Ou você prefere me dar a honra? – Katniss perguntou. – Pode ter certeza que eu vou te fazer passar a maior vergonha da sua vida se você deixar isso na minha mão.

Katniss viu os adoráveis olhos azuis da irmã encararem-na com uma fúria capaz de causar um terremoto. Mas a única coisa que Katniss conseguiu fazer foi sustentar o olhar da garota. “Ela não quer jogar esse jogo?“ Katniss pensou. “Vamos ver quem vai arregar primeiro.”

– E assim que a casa estiver vazia, você vai limpar cada cômodo até esse cheiro de bebida, cigarro e maconha sair.

– Quero ver você me obrigar.

– Você vai limpar, Primrose!

– Não vou. Eu vou derrubar Smirnoff e soprar fumaça de cigarro em cada um dos móveis aqui dentro para o cheiro grudar bem e eu ter que assistir você explicando o que aconteceu para a mamãe e para o papai. – A garota anunciou diabolicamente, quase como se estivesse rogando uma praga na morena. Logo depois, saiu marchando pelo corredor, dando as costas para uma Katniss derrotada que agora escorregava lentamente pela parede do corredor até sentar-se no chão.

Katniss esfregou o rosto com as mãos novamente, sentindo seu corpo cada vez mais próximo novamente daquele ponto de explosão de raiva.

– Calma. – Ela ouviu a voz de Peeta em algum ponto acima de sua cabeça e sentiu seus cabelos sendo acariciados pelas mãos fortes do rapaz. – Calma.

“Eu só queria transar com o meu namorado.” Ela pensou, dobrando os joelhos e posicionando sua cabeça entre eles.

No fim das contas, Katniss acabou percebendo, talvez a melhor opção fosse mesmo a porcaria do motel.


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Notas finais do capítulo

EU DISSE QUE A PRIM IA TOCAR O TERROR, NÃO DISSE? AH, EU AVISEI! kkkkkkkkkkkkkkkkksdoiuserijd
Gostaram? Porque eu ADOREI E NÃO FOI POUCO IADUFISOEHJKJLG
Aproveito para deixar aqui meu feliz ano novo para vocês, meus chuchus. Eu duvido que consigo escrever um novo capítulo e postar até dia 31, então acho que essa será a última postagem de 2014. Desejo que a virada de vocês seja a melhor possível, com toda a sorte e diversão que eu espero que o ano que vem traga para nós! Todos os melhores desejos para vocês, essas pessoas tão lindas que mantém meu sonho de escrever vivo. Espero que 2015 seja O ANO. Repetindo aqui o que falei para vocês na virada de 2013 para 2014: Muita sorte no jogo & no amor, além de muitas flores no mar, romã, lentilha, uvas, sete ondinhas e todas essas merdas supersticiosas que melhorem a nossa vida no ano que vem.