Respiro fundo e continuo mais calma:
– Por favor, não deixe-a mais triste do que já esta. Por favor. - falo olhando nos olhos dele.
Ele pega as minhas mão e as segura bem forte, olha pra mim e volta a olhar para as nossas mãos:
– O que eu faço?!
Poxa, eu não esperava isso de você Paulo Guerra.

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Isso realmente foi muito estranho, mas ele quase nunca expressa seus sentimentos então eu respondi:
– Diz pra Marce que você aceita o namoro dela com o Koki.
– Isso não basta. Ela com certeza não vai dar o braço a torcer, ela não vai conseguir dizer que estava fingindo esse tempo todo. - responde ele soltando minha mão - Eu conheço a Marcelina, não vai ser tão fácil assim.
– E se... - falo colocando a mão no queixo - Nós darmos uma ajudinha?!
– Hm, já estou entendendo.
– Ok. Nos falamos no recreio.
Entro dentro da escola toda feliz, avisto Valéria num banco e vou até ela:
– Você anda sumida em amiga? Quase nem te vejo mais na escola.
– É que eu tenho uns assuntos pra resolver. - falo dando um leve sorriso.
– E esses assuntos incluem o Paulo?
– Como você sabe? - pergunto.
– Você não desgruda dele, já estou até pensando que...
– Você não está pensando nada. - falo rapidamente - É melhor a gente ir pra sala que já vai bater.
Depois de uma aula chatíssima de Química, e outra mais chata ainda de Física, fomos pro recreio e finalmente pude bolar um plano. O sinal tocou e a Valéria foi me seguindo, até que eu disse:
– Val, não me leve a mal, mas, você pode me deixar sozinha.
– Hmm, vai esperar o Paulo, né?! Ok, então com licença "Sra. Guerra"!!
Ela sai dando risada e antes que eu possa me defender o Paulo aparece e me puxa pelo braço, e praticamente me arrastando ele vai em direção ao laboratório de Ciências, entra e fecha a porta:
– Está ficando maluco, é?! O que foi isso?
– É só pra garantir que ninguém nos veja. - diz ele fechando as janelas.
– Por quê? Você... - respiro fundo e continuo - Não gosta de ser visto comigo?
– Nada disso, é que ninguém pode saber do nosso plano.
Fico olhando para aquele esqueleto, ele me parece tão ingênuo, não sei como a Valéria morre de arrepios quando está perto dele. Do uma olhada em volta, para ver se tenho alguma ideia para o plano, não me vem nada à cabeça:
– Paulo, você cuida pra não nos deixar trancados dentro desse lugar. - falo tendo calafrios.
– Relaxa, você está falando com o... - ele pensa por alguns segundos e grita eufórico - É isso, vamos trancar a Marcelina e o Japonês aqui dentro.
Que ideia mais óbvia, por que não pensei isso antes? Bom o importante é que ele pensou, e agora a Marce vai voltar a sorrir. Nos abraçamos e corremos para fora do laboratório chamar os pombinhos.

Cena Paulo e Kokimoto:

– Japonês! - grita Paulo. - A Professora Matilde está trancada no laboratório, é muito engraçado ,vem ver!
O Kokimoto vem correndo e diz:
– Tô indo.
O Paulo abre a porta e o Koki diz:
– Ué, não tem ninguém. Mas espera aí, a Professora Matilde nem da mais aula aqui.
O Paulo empurra o Kokimoto pra dentro da sala e tranca.

Cena Alicia e Marcelina:

– Marcelina, você não vai acreditar no que aconteceu. O Paulo caiu lá no laboratório de Ciências.
– Ai, maninho! - nossa, ela corre como uma flecha.

Cenas off

Marcelina chega correndo e avista Paulo escorado na parede do laboratório:
– Ué, você não tinha caído?
– Eu escorreguei naquela coisa verde.
– Coisa verde?
Paulo abre a porta e empurra Marcelina lá pra dentro.
O resto do recreio eles ficaram trancados, e quando já estava quase batendo nós abrimos a porta e vimos eles lá dentro:
– E você quer negar que foi mais que um beijo?
– Mas foi só um beijo!
– Ai Marcelina para de ser teimosa, eu gosto de você.
– Me esquece Kokimoto, seu baixinho mal educado!
– Baixinha é você, e eu não vou desistir tão fácil.
Marcelina corre para a porta, mas Paulo impede sua passagem:
– Sai da minha frente, Paulo.
– Não enquanto você não se acertar com o Koki.
A menina cruza os braços e diz:
– Mas você disse que não queria me ver namorando ele.
– Marcelina escuta. - Paulo segura os braços dela e diz - Eu não devia ter dito aquilo, afinal, você tem a sua própria vida e sabe muito bem o que quer ou não quer. Ainda não me convenci que você cresceu e não é mais aquela menininha que eu deveria tomar conta. Faça o que quiser, eu não vou impedir!
Ela abre um sorriso enorme e abraça o irmão, depois corre e vai abraçar Koki também. Bateu e nós fomos pra aula.
Na saída o Paulo e procurou pra dizer:
– Obrigado Alicia, obrigado mesmo por fazer isso. Acho que eu precisava de um choque de realidade!
Ele segura a minha mão e vai se aproximando de mim, vai chegando perto do meu rosto. Posso sentir ele soltando a minha mão e colocando na minha cintura, consigo sentir sua respiração, ele fecha os olhos e eu dou um leve sorriso, ele estava pronto pra me beijar mas:
– Não esperava isso de você Paulo Guerra! - estrago o clima e dou risada.
– Deixa de ser tonta! - diz ele nervoso e vai embora.
Acho que não foi muito legal da minha parte, mas eu nunca pensaria que o Paulo pudesse me ver "dessa maneira”, será que não era só ali, no momento?
Fui para casa com essa dúvida.