Acordei com uma batida na porta, deveria ser cedo.

–Quem é?-perguntei.

–Sou eu, Roby!

–Pode entrar!-falei me levantando da cama meio sonolenta.

–Boa dia, Abby!

–Bom dia, Roby!

–A Katie estava chamando você para o café da manhã...

–Mas já? Ainda são 7:00!

–Ela disse que o café da manhã é servido neste horário.

–Tá bom. Diga para ela que eu estou indo me arrumar.

–Ok!-ele falou saindo da cabine. Tomei um banho quente e procurei no “fabuloso” armário uma roupa decente. Trajei um vestido amarelo com bolinhas brancas até os joelhos e sapatilhas brancas. Todos me esperavam para o desjejum.

–Bom dia, Abby!-disse papai passando geléia em seu pão.

–Bom dia!-me sentei ao lado de Katie e comi algumas uvas, o suficiente para começar o meu dia.

–Chegaremos na Capital em poucas horas!-comentou Katie animada.

–Que bom...-comentou Roby com desinteresse.

–E é mesmo! Vocês vão adorar lá! Depois da reconstrução, ela está melhor ainda! Muito mais bonita!-ela continuou.

–Do que adinta nós gostarmos da Capital se nós podemos morrer nas mãos dela?!-gritou Roby se levantando da mesa e indo para a sua cabine.

–Menino mal educado! Devia ter sido criado com bons modos! E você? Que educação seus pais lhe deram, Abigail?-zombou Katie. Papai arqueou uma sobrancelha para ela.

–Ah! Sim! Desculpe-me, Peeta! Por um momento eu tinha esquecido de que ela era a sua filha!-ela continuou, mas desta vez em um mais incocente o possível.

–Katie, eu vou chamar o Roby! E ele está certo!-respondeu papai indo até a sua cabine. Alguns segundos depois ele voltaram e foram para a sala.

–Abby e Roby, a próxima lição que passarei a vocês é: formas de não ser morto.

“Nem pensem em sair antes da hora do pedestal, eles vão lhes explodir! Jamais acendam fogo durante a noite e ao ar livre, até mesmo durante o dia é um perigo! Se for pra acender, apenas para cozinhar o alimento, depois apague de imediato. É importante pegar uma mochila na cornucópia para sobreviver, mas evitem entrar nela e pegar qualquer tipo de arma! É um banho de sangue! Assim que o gongo soar, corram para a cornucópia, peguem as mochilas! Nem fiquem parados feitos bobões observando o massacre! Corram para as ruínas, ou floresta, montanhas, qualquer coisa no interior da arena! Se escondam e encontrem água, água será sua nova melhor amiga! Sempre estejam em movimento, nem fiquem em esconderijo fixo, só parem num lugar para dormir ou descansar.”

–E essa foi a lição de hoje, o básico de sobrevivência, não ignorem tudo que digo, pois na arena vocês podem se arrepender! É importante prestar atenção em cada palavra que falo!

–Ok, ok! Chega de lição por hoje! Crianças, bem vindas à Capital!-anuciou Katie. Olhei para a janela, ela era muito bonita, muito populosa, muito rica. De repente, algumas pessoas tentaram espiar pela janela do trem. Acenei simpaticamente para eles, Roby me seguiu e fez o mesmo.

–Você sabem que fazer!-disse Peeta.

–Vamos! Vamos! Temos de descer!-murmurou Katie apressada. Descemos e as pessoas acenavam e aplaudiam para nós, acenavamos de volta. Caminhamos até um edifícil, acho que era onde os tributos ficariam, enfim, pacificadores nos rodearam e nos revistaram antes de entrar no edifícil.

–Bem, minhas crianças, cá estamos! Não é maravilhoso?!-admirei abismada a sala. Tinha um grande lustre de cristal no teto, paredes com papel de parede de estampa delicada, piso de porcelanato e tudo era lindo.

Fui levada separadamente de Roby, pelos pacificadores, até uma sala, tinham camas de ferro, luzes de led e chuveiros, além de vários istrumentos de beleza. Olhei para o lado, os tributos femininos estavam lá, todas enfileiradas cochichando. Aí, uma menina, acho que da minha idade foi até mim, ela tinha os olhos e cabelos claros e era de estatura média.

–Oi, você que é a filha de Katniss Everdeen e Peeta Mellark?

–É, sou eu!

–Meninas, é ela!-todas me rodearam.-Eu sou a Daphne, Distrito 5!

–Prazer em conhecê-la, Daphne! Eu sou a Abigail, mas me chame de Abby!

–Claro!-ela respondeu apertando a minha mão com o sorriso ainda estampado na face. As carreiristas do 1 e do 2 nos observavam com um sorriso metido e de braços cruzados, demonstrando-se superiores. Então, os avox apareceram, pegaram uma por uma e levaram para as camas de ferro, eles me lavaram, me depilaram e me higienizaram de vez.

Então, eu fui levada até uma grande sala, tinha a cama de ferro, pisso de ferro, teto de ferro, diversos tecidos, fantasias, maquiagens, tudo bem profissional, a porta se abriu, um homem alto, moreno, de cabelo e olhos negros, terno cintilante e brincos de ouro entrou. Meu estilista, eu imagino.

–Olá, Abigail!

–Abby. Só Abby.-o corrigi cabisbaixa.

–Eu sou o Mark, e vou ser o seu estilista! Agora deixe-me ver seu rostinho!-ergui a cabeça.-Seus olhos são lindo! Verdes, não?-assenti.-E esse cabelo deslumbrante! Idêntico ao de seu pai!-ele começou a remexer o meu cabelo.-Liso perfeito! Rostinho de boneca! Posso jurar que você é a mais bonita dos tributos!

–Obrigada!-agradeci dando um meio sorriso.

–Agora, Distrito 13 é física, não?

–Sim.

–Tive uma ótima ideia para a sua fantasia! Venha comigo!-ele começou a me vestir, só quando estava pronta percebi meu estado. O meu vestido era roxo fluorescente tomara que caia logo, com curtos circuitos saindo dele, então vi Roby, ele estava com um terno roxo fluorescente com curtos circuitos também saindo dele, os outros tributos nos encaravam com desprezo, menos Daphne, que foi lá comigo.

–Você está linda, Abby!-ela falou levando as mãos até a boca.

–Obrigada! Você também está!

–Imagina! Você está deslumbrante!

–Nada!

–E quem é esse baixinho?

–Eu sou o Roby!

–Que fofo!

Todos subimos nas carruagens e elas começaram a entrar em um grande salão. A nossa foi a última, quando nos viram, a plateia explodiu em um aplauso. Agradecemos e erguemos nossas mãos no ar. Aquele tinha sido o desfile dos tributos! No alto, estava o presidente John Lexington, ele deu um longo discurso sobre a nossa presença e participaçãos nos Jogos Vorazes. Até que nossas carruagens voltaram.

–Foram muito bem!-anunciou Katie. Agradecemos o elogio.

–Eu concordo com ela! Você foram incríveis!-reconheci naquele exato momento a voz. Haymitch.

–Haymitch?-perguntei surpresa.

–E aí, Abby? Quanto tempo!-ele falou me dando um abraço.

–Haymitch! Que fazes aqui?-perguntou papai dando-lhe um tapinha em suas costas.

–Mentor dos tributos do 12!-ele respondeu.

–Como vão as coisas no Distrito 12?-ele perguntou apressadamente.

–Vão bem, desde a invasão americana, a pobreza diminuiu em um grau mínimo, mas é alguma coisa!-ele respondeu. Papai deu um sorriso torto.

–Bom, está na hora do jantar!-disse Katie nos conduzindo até o último andar. Ele era acomodável e bonito.-Cada tributo fica no andar de acordo co o seu número de Distrito, como são do 13, ficam com a cobertura!-ela falou se sentando no sofá azul marinho.-Por que não tomam um banho e se preparam para o jantar?-ela perguntou.

Tomei um banho no meu banheiro, vesti uma das roupas do armário, calça jeans e blusa de cetim verde esmeralda, calcei um par de sapatilhas marrons e me encontrei com os outros na sala de jantar. Comi um filé mignon ao molho de champgnons. Peeta começou a falar:

–Abby, verdade que fez amizade com um outro tributo, de outro Distrito?-perguntou papai arqueando a sobrancelha.

–Sim, é verdade!-assenti.

–Não me diga que é um carreirista...

–Não! Imagine! É a Daphne, Distrito 5!

–Hum...nada ruim!

–Como?

–Já pensou em uma aliança?-perguntou Katie.

–Só com Roby!-respondi.

–Tentem vocês três!-respondeu papai.

–Vou pensar...-respondi. Terminei minha refeição e fui dormir.

Despertei ao nascer do Sol, tomei um banho e achei no meu armário o uniforme de treinamento. Hoje era o dia! Eu iria mostrar aos patrocinadores quem eu era! Mostraria aos carreiristas que sou tão letal quanto eles!