Aquele momento foi um dos piores de sua vida, acabara de ver sua amada partir, mas não para uma cidade perto com poucos quilômetros de distância e sim outro país em outro continente, para ser mais exato, França.

Ele podia ter feito algo para impedir se não tivesse tanto orgulho e medo. Então a única coisa que fez foi se despedir com um beijo na bochecha, talvez o último beijo entre eles. Ela entrou no taxi e a única coisa que Germán pensava era no quanto tinha sido idiota com ela, se não tivesse namorado Esmeralda ou inventado tudo aquilo sobre Jeremias, ela poderia estar ali ainda com seus brilhantes olhos verdes, seus belos cabelos loiros e seu sorriso que era capaz de iluminar o dia de qualquer um.

O melhor que Germán poderia fazer naquele momento era voltar para casa, ir para seu quarto e quem sabe se afogar em lágrimas se lembrando de todos os momentos maravilhosos vividos com Angeles e perceber que ela já estaria no aeroporto esperando seu voo para a França. Foi exatamente isso que aconteceu, mal chegou em casa e lembranças já veio a sua mente ao olhar para o piano, foi aquela vez quando Angeles estava cantando e acidentalmente deixou a tampa do piano cair em sua mão, ele deu um breve sorriso ao se lembrar daquilo. Lembrou-se da noite anterior, quando Angeles e Violetta cantavam “Algo Se Enciende” enquanto ele tocava piano.

Na esperança de afastar um pouco aquelas lembranças, ele resolveu ir para seu quarto, mas antes mesmo de chegar lá, mais exatamente nas escadas, ele se lembrou de Angeles as descendo e cantarolando “Algo Suena Em Mi”.

Já que ir para seu quarto não adiantaria nada, ele resolveu sair um pouco, mas foi só olhar para a porta que veio a sua cabeça, um dos momentos em que ele mais se arrependeu de toda a sua vida. O dia de seu casamento com Jade, onde ele partira o coração de Angeles e sem saber, seu próprio coração. Já que negou tudo o que sentia ela apenas se machucando e dizendo um simples “não” quando ela acabara de falar que o amava. Por mais que depois eles fizeram as pazes, se ele tivesse dito “sim” tudo teria mudado. Quem sabe hoje eles estariam juntos? Mas só foi capaz de perceber isso naquele momento quase um ano depois, quando ela estava partindo para outro país e ele não poderia fazer nada. Ou poderia? Germán decidiu tentar, então ele pegou a chave do carro em seu escritório e voltou correndo para a sala e acabou encontrando com Violetta.

–O que aconteceu?- A menina disse com os olhos inchados e um pouco molhados. Aparentemente estava chorando por causa da ida da tia.

–Voos atrasam, não atrasam?- Germán disse ignorando completamente a pergunta da filha e um pouco esperançoso.

–Algumas vezes, mas por quê?- Violetta disse passando a mão em seu rosto na tentativa de seca-lo.

–Eu preciso fazer uma coisa- O homem disse e saiu da casa de uma forma desesperada deixando a garota sem resposta.

Germán entrou no carro rápido, colocou a chave, ligou o carro e começou a dirigir. Ele ultrapassava vários carros, passava em alguns sinais vermelhos sem ligar para nada, nem ninguém, porque a única coisa que importava naquele momento era impedir Angeles de embarcar naquele avião. Mas como sempre tem algo para atrapalhar, um tempo depois de dirigir acabou tendo de parar em um congestionamento. Então ele decidiu terminar de chegar ao aeroporto a pé, seria mais rápido do que esperar o trânsito fluir.

Ele estacionou o carro em uma vaga, que por sorte apareceu ali perto e logo depois desceu do carro e começou a correr na direção do aeroporto, que novamente por sorte, não estava muito longe.

Correndo ele finalmente chegou, mas depois de tanto sorte, teve seu momento de azar, o aeroporto estava incrivelmente cheio. Mas como Germán nem pensava em desisitir, saiu empurrando qualquer um que estivesse na sua frente.

Depois de ser xingado por várias pessoas por terem sido empurradas Germán finalmente tinha chegado perto do check-in de segurança, mas não havia visto Angeles por ali.

–Com licença- Germán dizia ansioso, precisa saber se ela já teria ido, mas a mulher que estava lá nem tinha escutado, estava muito focada em atender primeiro as outras pessoas- Com licença- Germán repetiu e novamente ficou sem resposta - Com licença?- Germán disse e daquela vez finalmente tinha sido escutado, mas pelo simples fato de ter passado a mão na frente da mulher.

–Sim?- A mulher disse um tanto nervosa, já que tinha sido interrompida do seu trabalho- O que o senhor deseja?- Ela tinha uma voz incrivelmente fina, o que a tornava irritante, principalmente estando brava.

–O voo 253, França- Germán disse um pouco nervoso, seu estomago se revirava de tanta ansiedade, ele poderia ver Angeles novamente?

–Não tenho certeza, mas posso olhar- A mulher disse e se levantou para ir a algum lugar, a voz irritante dela deixava Germán cada vez mais ansioso, sem saber exatamente o porquê. Assim que a mulher voltou, ela se sentou novamente- Me desculpe senhor, mas esse avião acabou de partir- Quando a mulher acabou de dizer, parecia que o mundo tinha desabado em cima de Germán, a partir daquele momento ele tinha perdido de vez seu amor.

Depois de ouvir aquilo, Germán só se sentiu mais idiota ainda, parecia que estava sustentando o peso do céu. Ele encarou aquele tanto de gente que estava no aeroporto de novo, mas dessa vez ele estava derrotado e não ligava para o caminha, ia por onde desse sem empurrar ninguém.

Enfim ele tinha saído daquele lugar, depois de um bom tempo. Ele andou mais um pouco e avistou seu carro, entrou nele, colocou a chave e assim o ligou. Dirigiu sem prestar atenção no trânsito, ouvia barulhos de buzina, outros motoristas gritando, mas não estava nem aí. A única coisa que importava no momento era o quanto ele tinha sido besta com Angeles e que talvez nunca mais tivesse a chance de falar com ela, nunca mais receberia um beijo seu e talvez nunca mais a veria.

Chegou à porta da mansão, parou o carro ali em frente, se debruçou sobre o volante e começou a chorar. Ele pensava que poderia parecer uma coisa besta, mas as lágrimas não paravam de cair e ele não conseguia parar de pensar: E se naquele dia tivesse dito sim? Ele não estaria chorando por Angeles, ela não teria ido para França, nada disso teria acontecido, mas ele disse não. O que mudou completamente tudo.

Germán continuava a chorar no carro, mas estava decido a esquecê-la ou pelo menos tentar. Então ele limpou todas as lágrimas, desceu do carro, pegou sua chave, mas antes de entrar olhou a mansão por completo, foi ali onde aconteceu a maioria de seus momentos com ela. Foi ali que ele percebeu o que sentia, ali que eles tiveram sua primeira troca de olhares e foi ali onde aconteceu o beijo, apesar de ter sido o segundo foi o mais especial. Foi inevitável deixar cair mais uma lágrima, que logo foi limpa já que ele não poderia aparecer chorando para sua filha.

Depois de pensar naquilo tudo ele finalmente abriu a porta e a primeira coisa que viu foram algumas malas em frente à porta do escritório, foi estranho, mas não tanto quanto ver Violetta alegre conversando com uma pessoa, para ser mais exato, uma mulher loira.

–Papai! Ela não foi- Violetta disse alegre. Ela não foi? Seria quem ele estava pensando? Então a mulher se virou e sim, era ela, Angeles Carrara. Germán a olhou a de cima abaixo e depois esfregou os olhos, incrédulo. Seria apenas um sonho ou ela estava mesmo ali?

–Angie... –Germán disse não acreditando, ela estava mesmo ali, na sua frente.

–Eu não podia... Não podia deixar vocês sozinhos... Não podia deixar tudo assim... Não podia- Angie disse com certa dificuldade e Germán ainda não conseguia acreditar que ela estava ali, seu coração pulava de alegria.

–E eu não podia ter deixado você ir- Germán disse e por impulso lhe deu um abraço, ela logo retribuiu. Depois de ver aquilo Violetta achou melhor sair de lá- Me desculpe- Germán disse meio sem graça se retirando do abraço.

–Não foi nada... – Angeles disse envergonhada- O que quis dizer com “não poderia ter deixado você ir”?- A loira perguntou.

–Eu percebi o quanto fui idiota, não deveria ter feito o que fiz com você. Me desculpe- Germán disse segurando algumas lágrimas, ele sabia que ela poderia dizer um simples não como ele fez, mas não custava tentar.

–Eu sei que você não pretendia fazer nada disso, você tinha encontrado Esmeralda, a mulher igual à Maria, mas ela não passava de uma impostora. Não tenho porque ficar brava. Estava sendo enganado- Angeles disse e Germán ficou surpreso com a atitude da loira- Quanto ao Jeremias, estava apenas querendo a proteção da Violetta. Eu entendo.

–Mas e quanto ao que eu fiz ano passado? Eu te ignorei e ainda tentei tirar a Violetta de você- Germán disse com certa vergonha pelo o que fez.

–Eu menti para você e além do mais, no final você acabou deixando a Violetta ficar para cantar. Eu que fui uma tonta por tentar viajar apenas para esquecer tudo isso- A loira disse e deixou uma lágrima cair- Principalmente tentar me convencer de que estava viajando apenas por ser uma boa oportunidade- Angeles disse com um tom de voz mais baixo, mas Germán escutou, e logo em seguida ela abaixou a cabeça.

–Não, o único tonto fui eu. Nunca deveria ter namorado a Esmeralda apenas por ela me lembrar da Maria, nunca deveria ter te menosprezado- Germán disse e foi se aproximando cada vez mais de Angie até colocar uma das mãos na ponta de seu queixo e levantar sua cabeça levemente.

–Não tem como eu te esquecer. Não consegui entrar no avião, por tudo que vivemos. Não posso negar. Eu te amo- A loira disse e Germán não se aguentou e a beijou. Um beijo doce, calmo e simples, mas foi de grande importância para ambos.

–Eu nunca neguei, mas sempre tentei evitar. Eu também te amo Angeles- Disse Germán após finalizar o beijo e ambos sorriram, perceberam que não conseguiam viver um sem o outro e que a partir daquele momento nem precisariam pensar nessa hipótese.