Alguns dias depois

Letícia narrando- Hoje acordei um pouco indisposta e com febre, pelo menos foi o que o meu pai disse, além disso estou um pouco triste, hoje faz 1 semana que a Helena não vem me ver, ela sempre me diz que eu sou uma filha que ela não teve, mas uma mãe de verdade não passaria 1 semana sem dar notícias a sua filha, não é? A Helena é minha melhor amiga, ela sabe tudo que acontece comigo, coisas que nem meu pai desconfia. Será que ela vai me deixar de lado?

–- Pai, liga pra Helena, trás ela aqui pai, eu quero vê-la.- Disse com lágrimas nos olhos, me esforcei para não piscar, e deixar que elas caíssem.

–- Meu amor, eu tô tentando ligar pra ela, mas só cai na caixa postal.- Meu pai falou como se me pedisse desculpas, e as temíveis lágrimas que eu estava segurando finalmente caíram. - A sua febre tá aumentando, eu vou ligar pro meu amigo vir aqui te examinar, já volto.

Renê narrando- A Helena tá brincando com os sentimentos da minha filha, eu não vou deixar isso barato. O que ela tá pensando? Arrumou um namorado e esquece que a Letícia existe? Liguei pro Marcos e pedi pra ele vir examinar a Lê, e depois liguei pra D. Cristina, mãe da Helena, talvez ela soubesse onde a filha está, e advinha? Viajando. Isso mesmo, foi conhecer a família do namorado. Isso só pode ser piada. Depois de algum tempo a D. Cristina retornou a ligação, disse que conseguiu entrar em contato com a Helena, e que ela já está voltando. Ao menos ainda resta um pouco de consideração. Ela chegou aqui por volta das 17:00h e foi direto no quarto da Letícia.

–- Ei Lê, como você tá se sentindo?- Helena perguntou abraçando minha princesa que tinha um sorriso de orelha a orelha.

–- Helena você veio me ver! Achei que não gostasse mais de mim, que fosse me deixar. Promete que não vai embora?- A Helena me olhou preocupada e eu sai do quarto.

–- Como você pode pensar uma coisa dessas Lê? Eu não vou te deixar nem se você mandar. Vou ficar aqui do seu lado a noite todinha.

–- Você é minha mãe. E não quero te ter longe de mim, mamãe.

Helena narrando- Abracei a pequena e derramei uma lágrima escondida, ela me chamou de mãe pela primeira vez. ficamos conversando besteiras por algumas horas, até ela dormir, depois desci e fui procurar o Renê, ele estava no sofá da sala, pensativo, parecia irritado com alguma coisa, talvez até comigo.

–- Ela dormiu. - Falei e ganhei a atenção dele, por alguns instantes, depois ele voltou a mirar o nada.

–- Sabe o que o médico disse? -Fiquei de pé ao lado dele e ele me encarou.- Que ela tá deprimida. Que depois de guardar o que sentia, e não falar nada a ninguém, acabou adoecendo.- Engoli em seco. Então a culpa dela está assim é toda minha?- Olha Helena, eu não me importo com o fato de você está namorando, não me importo se você quer viajar, ou sei lá o quê, mas eu me importo profundamente com a minha filha, ela é minha única família, se tem uma coisa que eu não aguento ver, é ela triste.- Ele estava com os olhos cheios lágrimas, meu coração ficou partido.- Me sinto impotente, não sei como agir. Por isso te peço, não se afasta dela, ela não suportaria te perder.

–- Renê, me perdoa, eu tentei te ligar essa semana toda, mas o sinal lá era péssimo. Eu não sei se deveria falar, mas ela também é minha filha, eu sinto isso. Ela me chamou de mãe.- Ri um pouco sem graça, e ele me olhou com cara de bobo.- Isso nunca mais vai voltar a acontecer, eu prometo. Posso te pedir uma coisa?- Ele assentiu e eu sorri.- Posso dormir aqui com a Lê essa noite?

–- Claro, sem sombra de dúvidas.- Voltei pro quarto e me deitei ao lado dela, fazendo carinho em seu cabelo, até adormecer.