Getting Closer escrita por GayBerry


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Qualquer crítica, boa ou ruim, ou algum erro que perceberam que fiz, por favor postem reviews ♥



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- Não vai entrar não? Eles já vão começar. – Sem nem mesmo esperar pela resposta de Kitty, Jake voltou pra dentro do auditório.

A Head Cheerio respirou fundo, desencostou-se da parede e foi em direção à porta do auditório. Ela estava fazendo um esforço gigante para não imaginar a Marley de biquíni, como ela a veria dali a poucos minutos. Kitty já havia se acostumado com o fato de sentir um calor na barriga, brando e inusitado, ao ver a morena, também havia se acostumado ao pequeno e sincero sorriso automático que se abria em seu rosto toda vez que via a outra sorrir, e até mesmo à sensação de felicidade extrema nas poucas vezes que elas haviam se abraçado. Mas essas coisas eram básicas. Ver Marley de biquíni, pulando no palco... só de imaginar, aquele calor que antes era brando, tornava-se mais quente e enlouquecedor, focando-se no meio das pernas da loira.

Kitty sentiu-se um pouco aliviada por sentir essas coisas apenas pela Marley. Desde que conhecera a garota e viu o início de todos aqueles sentimentos confusos, ela veio se monitorando. Tentando perceber se olhava pra outras garotas do jeito que olhava para Marley, se sonhava com alguma garota na mesma frequência que a morena aparecia em seus sonhos. No final de dois meses, se viu feliz ao constatar que não, ela não se sentia assim por mais nenhuma garota. Não olhava para seus corpos, nem mesmo para os das Cheerios, que estavam sempre à mostra. Não sentia vontade de beijá-las como sentia com Marley. Não sentia nada comparado com o que sentia por aquela garota.

Mas essa constatação não foi tão boa quanto imaginava. Já que não se sentia assim por outras garotas, ela foi meio que obrigada a aceitar: ela estava apaixonada. Ou se apaixonando. E, quando a garota que você gosta está com dois pretendentes bem insistentes, o que você pode fazer? Torcer? Rezar?

Kitty não se permitia rezar mais. No fundo, ela achava que Jesus não iria mandá-la pro inferno só porque estava apaixonada (mesmo sendo por uma garota), mas ela não queria pensar nisso tão cedo. Sua fé era importante para ela, então ela continuou seguindo todo o resto, mas rezar ela não conseguia mais.

Mas, quanto a Marley, ela não sabia o que fazer. Ryder e Jake estavam em cima da garota o tempo todo. Kitty, por fim, acabou tentando reprimir o sentimento por um tempo. É como se ela regredisse: tudo que ela havia aceitado naqueles dois primeiros meses foram por água abaixo. O caso das roupas de Grease foi na época que Kitty estava reprimida. Mas ela nem conseguiu ficar por muito tempo assim. O sentimento era forte demais para ser ignorado.

E então, Kitty teve que aguentar todo aquele namoro meloso da Marley com o Jake. Eles juntos na sala do coral, eles cantando duetos, se abraçando no meio das performances grupais. Tudo isso, ela teve que aguentar o ano todo. Agora que o ano acabava, a paciência dela já havia se esgotado. Antes, ela desviava o olhar quando este parava nas pernas de Marley. Evitava falar com ela, não querendo dar bandeira. Ela nunca achou que faria isso, mas ela estava tirando o time de quadra. Respeitando o namoro da garota que ela estava apaixonada. Afinal, a morena parecia realmente feliz com Jake. Porém, depois de algum tempo restringindo os olhares, as conversas, ela tava quase explodindo.

Portanto, Kitty mudou a tática. Nos últimos três meses, ela fez tudo que queria. Havia se aproximado da garota, tendo até dormido na casa dela uma vez (o que, infelizmente, não levou a nada). Ela olhava descaradamente, tanto para as pernas quando para os peitos da garota. Ela sonhava, tanto acordada quanto dormindo, com Marley em todo tipo de roupa, e, claro, sem roupa também. Kitty libertou-se naqueles três meses.

Mas uma coisa é imaginar a garota sem roupa. Outra é vê-la de biquíni. Até mesmo quando houve a festa do pijama na sua casa, Marley fez questão de se trancar no banheiro e se trocar lá. Quando Kitty dormiu em sua casa, a morena saiu do quarto para a Cheerio se trocar, e também voltou já com um pijama comprido, mesmo não estando frio. As duas grandes oportunidades para pelo menos vislumbrar algo foram falhas.

E agora, lá vai estar ela, com tudo à mostra – ok, quase nada, mas ainda assim era mais do que qualquer um já tinha visto, inclusive seu namorado. Kitty estava literalmente enlouquecendo.

Ao ouvir Jake chamando-a de novo, agora com um grito de dentro do auditório, a loira entrou no auditório e desceu as escadas, não se preocupando em se apressar. Até enrolou um pouco. Se preparando para o que ela iria ver.

A performance passou sem maiores surpresas. O único realmente estranho era o Blaine, e, claro, a Becky, mas como ela estava na plateia provavelmente não contava. Sam estava bem (Kitty não estava ligando muito pro tanquinho dele), Ryder e o Artie estavam até que normais. E aí apareceu a Marley.

Mesmo com toda a paranoia de Kitty, pensando em como reagiria ao vê-la de biquíni, ela estava ansiosa por isso. Ela queria ver a garota. Então nem se pode imaginar a decepção que foi ao vê-la com uma roupa cobrindo quase tudo. Depois do choque inicial, Kitty voltou ao seu comum: observou as pernas da Marley pelo resto da performance.

No fim da apresentação, com as luzes apagadas por apenas dois segundos, Kitty respirou fundo. Quando as luzes acenderam, ela começou a se levantar para ir falar com Marley, dizer como ela estava espetacular, como a voz dela era linda, e como não tinha problema por ela não ter usado biquíni (mesmo a loira tendo ficado um pouco desapontada). Mas pensou em como Jake deveria ser a pessoa que Marley queria ouvir falar tudo isso, então voltou a sentar-se.

E nesse momento começou a confusão.

Kitty não ouviu direito o que cada um falou. Era fácil de ouvir por causa da acústica do auditório, mas, ela não sabe como, as vozes ficaram como um borrão. Um ruído apenas, até mesmo as respostas de Marley. Ela só sabia que as coisas que eles estavam falando eram erradas. Sua mente gritava: estúpidos, estúpidos, estúpidos!

Mas, quando Mr. Schue falou, foi claro. A Head Cheerio lembrava cada maldita palavra que saiu da boca daquele professor que supostamente era amigo dos alunos.

- Sinto muito, mas... você está suspensa pelo resto da semana.

Foi a gota d’água.

A loira se levantou como um raio. Mr. Schue estava se preparando para falar algo mais, mas engasgou ao ver a expressão no rosto da Head Cheerio. Disso ela se orgulhava. Depois de tanto tempo idolatrando a Rainha Quinn Fabray, agora estava chegando perto da expressão de surpresa e medo a que todos a olhavam quando ela queria.

Porém, Kitty só olhou para o professor para fazê-lo calar a boca. Ela virou-se para cada um dos participantes do Glee Club que haviam acabado de se apresentar. Instantaneamente, as palavras que cada um havia falado ficaram claras em sua mente, e ela apontou enfaticamente para Sam.

- Você era um stripper. Você não tem ideia de como é não querer ficar sem roupa. Então cale a sua maldita e gigante boca. – Virando-se, encarou cada um dos outros garotos. Artie a olhava com os olhos um pouco arregalados, Ryder estava com a testa franzida e Blaine estava com a típica cara de estar certo em tudo. – E vocês estão vestindo apenas roupas estranhas. Apenas isso! Blaine está com as pernocas de fora, grande coisa. Ryder, você gosta de mostrar seus ombros. Agora vocês não tem a capacidade mental para achar que uma garota tem direito de não usar um biquíni na frente de um bando de garotos? – Nesse momento, Kitty olhou pra Marley, pensando no que falaria em seguida. A morena estava com a boca um pouco aberta, como se estivesse surpresa pela Cheerio estar a defendendo. A loira respirou fundo, tentando falar com mais calma. – Vocês sabem o que a Marley passou nos últimos tempos. Ela nem comia, por Deus. Todo mundo aqui sabe que ela é gostosa, mas ela não sabe. – E foi um esforço tremendo para ela não gaguejar ao dizer isso. Ao olhar de relance para a morena, viu que ela estava corada. Kitty então virou-se para o Mr. Schue, que continuava com uma cara surpresa, o que a irritou profundamente. Resolveu usar seu trunfo. – Finn nos falou de quando vocês fizeram Rocky Horror. Depois de tudo que aconteceu, com ele até quase sendo suspenso por querer ter coragem pra vestir uma bermuda num palco, você não aprendeu nada? Não entra na sua cabeça que não é pra pressionar alunos a ficarem sem roupa? Parece até que gosta de ver essas coisas, Jesus Cristo!

O silêncio que havia durado desde o momento que ela levantou de sua cadeira parou naquele momento. Quase todo mundo começou a cochichar uns com os outros, tentando prever a reação do professor. Kitty tinha que admitir que sentiu uma pontada de remorso ao perceber o que havia dito, mas aquele homem havia passado dos limites. Ela ainda queria acrescentar que mesmo Sam, o stripper, havia ficado com vergonha de usar apenas uma bermuda dourada, mas ela preferiu acabar suas acusações por ali.

Mr. Schue precisou de alguns momentos para resolver o que falaria. Com um suspiro de resignação, parou de olhar feio para Kitty e voltou seu olhar para Marley.

- Em um ponto, ela está certa. Se você não queria usar o biquíni de concha, não tem problema. Esse é um clube que vocês podem ser vocês mesmos, e se você não se sente confortável com a pouca roupa, está certa em não usar. Você não está suspensa. – Virou-se novamente para Kitty, e ela podia jurar que nunca havia visto aquele olhar nos olhos do seu professor. Havia raiva, óbvio, mas tinha uma pontada de orgulho, e até respeito. – Mas você não deveria ter dito isso ao final. Você sabe disso.

Mesmo realmente sabendo disso, Kitty não deu o braço a torcer. Cruzou os braços em frente ao peito e forçou mais sua cara de superioridade e raiva, querendo saber que nota ganharia de Quinn Fabray por isso.

- Você vem para a diretoria comigo, Kitty – o professor finalizou.

~~~

Kitty saiu da sala da treinadora e diretora Sylvester, segurando o sorrisinho ao ouvir os dois professores aos gritos ainda lá dentro. Sue não havia perdido a oportunidade para zombar mais uma vez de Will Schuester, e havia dispensado a Cheerio sem pensar duas vezes, com apenas uma advertência.

A loira virou no corredor, caminhando para o estacionamento. Ela queria ver Marley e ver se a garota estava bem, também queria ver Sam, Artie e Ryder, para fazê-los pedir desculpa para a morena. E queria matar o Jake, por não ter levantado um dedo contra nenhum dos garotos.

Mas já estava tarde e não tinha mais ninguém na escola. Seu carro era o único no estacionamento, e ela foi direto pra ele. Jogou seu material pela porta que havia aberto e sentou-se no banco do motorista. Esperou alguns segundos, pensando em como o dia não havia sido do jeito que ela esperava.

Ela esperava apenas ver Marley com um biquíni de concha, depois ir pra casa e ficar pensando o resto do dia naquela apresentação. Depois, claro, sonhar com isso. Porém, ela não tinha visto nada, havia gritado com todo mundo, havia citado Finn, o que ninguém havia feito desde que ele se foi, praticamente chamou seu professor de pedófilo e ainda levara uma advertência. Bem, que ótimo.

Ela ouviu uma batida no vidro da janela e saiu do seu transe. E lá estava o calor em sua barriga ao ver que Marley sorria pra ela, meio sem jeito, do outro lado da janela.

Tentando se acalmar pra não correr, abriu a porta do seu carro e saiu, parando do lado da outra garota. Cruzou os braços e encostou o ombro no carro, sorrindo de lado para a morena. Uma advertência bem que parecia valer a pena por ela.

- Eu queria te agradecer. Por ter, hm, me defendido lá no auditório. – Marley disse, indecisa entre olhar para Kitty ou para o chão. A Cheerio riu levemente em resposta.

- Eles mereceram aqueles gritos, não é? E, sério, estou começando a ter suspeitas do Mr. Schue.

Marley sorriu abertamente e olhou a outra garota nos olhos, mas não respondeu. Ela não sabia o que falar. Ainda estava surpresa por ter sido defendida por ela. Tudo bem que nos últimos tempos elas haviam se aproximado, mas Kitty havia ficado realmente brava com todo mundo que havia brigado com Marley. Foi tão estranho... mas a morena não conseguia segurar o sorriso quando pensava na garota a defendendo.

- Quer uma carona pra casa? – Kitty ofereceu, fazendo algo bem parecido do rezar em sua cabeça.

- Claro. Minha mãe já foi, eu fiquei esperando você pra agradecer, então...

Dando um sorriso ainda maior, Kitty foi até o outro lado do carro, sendo acompanhada de perto por Marley, e abriu a porta pra ela. Bem, ela era um cavalheiro, afinal de contas.

Com um sorriso tímido, a morena entrou no carro, e logo elas saíam do estacionamento, em um silêncio confortável.

A casa de Marley era perto da escola, fato de que Kitty não gostava muito, pois ela teve que andar a quase 25km/h para demorar no mínimo quinze minutos pra chegar no seu destino. Ela queria passar mais tempo com a garota, e a conversa estava fluindo tão facilmente.

Mas logo elas chegaram, e Kitty estacionou o carro na frente de uma casa simples de dois andares, com uma porta branca que a loira lembrava que, do lado de dentro, havia alguns desenhos no canto baixo esquerdo, que Marley havia dito que ela havia feito quando era pequena. Era tão bom saber essas coisas simples da garota por quem estava apaixonada.

- Me deu até arrepio na parte do “touch, touch” que você cantou. Sua voz estava ótima. – Pra não dizer perfeita, Kitty completou em sua mente.

Marley sorriu, e a loira percebeu que ela ainda não havia feito nenhum movimento para sair do carro.

- Obrigada. Estou ansiosa pra ver a apresentação de vocês. O que vocês vão cantar? – Os olhos azuis da garota brilharam um pouco, e Kitty teve que se segurar para não contar. As garotas (e Jake) haviam combinado de não dizerem que música seria. Talvez porque não sabiam que música cantariam ainda.

- Surpresa. Vai saber na hora só. – Ela respondeu, e viu quando Marley assentiu com a cabeça e moveu sua mão para a tranca do carro. Teve que segurar um suspiro. Pelo menos havia passado um tempo com ela.

Marley se despediu rapidamente e já ia saindo do carro quando algo a fez parar. Foi num impulso, mas ela se inclinou para perto da Cheerio e beijou-lhe o rosto, saindo às pressas do carro em seguida. Bateu a porta para fechar e acenou, já caminhando para entrar em sua casa, e viu apenas de relance o sorriso gigante que estava estampado no rosto de sua amiga.


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Notas finais do capítulo

Deixem reviews u.u SHAUHSUA