Vingardion High escrita por Patch, Luna Bizuquinha


Capítulo 22
O princípio do Fim




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Acordei numa sala enorme, toda revestida de madeira, onde a maca estava. Parecia uma cabana, ou um chalé abandonado. Haviam teias de aranha no teto, um sofá velho próximo a uma lareira e alguns móveis de madeira pela sala. Só haviam duas portas na sala onde eu estava. Como eu conseguia ver por todas as janelas a paisagem lá fora, imaginei que poderia se tratar de uma cabana.

Quando olhei para as amarras de couro que me prendiam, notei que elas não brilhavam mais, o que significava que o feitiço fora retirado. Tentei manipular o ar para me desprender, mas eu só consegui abrir todas as janelas com uma rajada de vento que entrou pela chaminé trazendo uma nuvem de fuligem para dentro do cômodo.

Fiquei com muita raiva por não conseguir me desamarrar e vi que a raiva fazia com que um fogo acendesse na lareira e que as amarras estavam ficando enrugadas com o calor que minha pele apresentava. Logo estava liberado, mas me senti fraco quando pus os pés no chão. Achei que poderia ser devido a quantidade indefinida de sangue que fora retirado de mim.

Acheguei-me para perto da lareira, onde eu conseguia ter uma ampla visão das duas portas, por onde alguém poderia entrar. Logo uma menina que vestia preto, de estatura média, 1, 70 aproximadamente, magra, cabelos longos, lisos e negros, pele branca e olhos negros entrou por uma das portas. Reconheci seu rosto da batalha que tivemos com o grupo de Pietro. Recordei-me que ela era tão ágil quanto Tábata.

– Andrew, como você está? Te procurei por toda parte! – disse a menina parecendo surpresa.

– Eu estou bem, mas não me leve a mal, como pode ter me procurado se não nos conhecemos? Te vi uma única vez!

– Tem razão, eu não sei mentir – sorriu a menina de forma estranha – Queria brincar um pouco com a comida antes da refeição! – disse a menina arregalando os olhos, enquanto os mesmos ficavam castanhos avermelhados e depois vermelhos. Abriu a boca e seus caninos cresciam ameaçadoramente afiados.

Dei um passo para trás com o susto. Me sentia fraco, mas confiante. A garota começou a vir para cima de mim caminhando e passando a língua pelos lábios.

– Saia de perto de mim, ou eu...

– Ou o que? Vai cair no choro chamando por um de seus amigos? Precisará de teletransporte para isso, queridinho! E sei que apesar de guardião, não domina este poder ainda! – disse a vampira gargalhando.

– Eu avisei! – lancei as mãos para frente dominando a terra, fazendo surgirem raízes debaixo da casa e fiz com que elas perfurassem o chão de madeira escura atacando a vampira, que se esquivava com agilidade.

– É só isso que tem?! – dizia enquanto se esquivava das raízes.

– Vejamos! – disse firme, tentando mascarar meu medo.

Com uma das mãos, comecei a fazer movimentos de dominação de água e criei uma bolha d'água na face da vampira, que ainda se esquivava das raízes que a perseguiam.

– Você prende a respiração por bastante tempo, mas vejamos por quanto! Considere-se uma vampira morta! – disse com raiva.

A vampira caiu no chão após engasgar-se com a água. Quando ela caiu, perdi o controle sobre a bolha d'água, pois eu precisava controlar a forma da água e o ar para mantê-la suspensa, além de controlar a terra e minhas emoções.

A infeliz levantou-se sorrindo, com seus cabelos molhados e seus olhos voltaram a ser pretos, mas logo estavam vermelhos novamente e se esquivava das raízes, com as quais eu tentava prendê-la em uma.

– Terá de pensar em algo a mais que afogamento! Vampiros não morrem afogados, mas ganhou um ponto pela frieza! – dizia ela se esquivando rapidamente das raízes e se aproximando mais de mim.

Com uma mão, criei uma bola de fogo e lancei nela, mas ela conseguia se esquivar de todos os meus movimentos.

Nem terra, nem água, nem fogo, não consigo pegá-la com nada. Só tenho mais uma opção. – pensei lançando a mesma mão da bola de fogo para frente, mas agora dominando o ar daquele lugar. Com uma rajada de vento que eu criei manipulando correntes de ar, lancei-a na parede e a mantive ali, com a ventania segurando-a.

– Para quem você trabalha, desgraçada? Você é o homem encapuzado?!

– Homem encapuzado? Eu? Eu tenho cara de homem? – dizia sorrindo e me encarando sinistramente ao mesmo tempo.

– Diga o que quer de mim!

– Ia apenas beber um pouco do sangue dos guardiões... Ninguém provou um vivo ainda! Seria ótimo! Mas isso pode esperar, pois tenho de te levar a um ritual ainda, antes que a lua suba! Achei que estaria mais fraco, mas você até que é resistente. Agora chega de brincar! – disse a vampira em um tom sério, conseguindo andar com dificuldade contra todo o vendaval que eu lançava sobre ela.

De repente minha magia acabou e um vulto apareceu atrás de mim. Era ela que agora levantava seu braço me prendendo em sua mão, levantada no alto. Sua força era inacreditável. Minha magia acabou e eu estava exausto.

– Até que demorou para entrar em exaustidão... Achei que com todo o sangue que foi retirado de você, não conseguiria fazer o que fez! Até que me surpreendeu. Agora precisamos ir!

A vampira olhou dentro de meus olhos com seus olhos vermelhos e vi uma luzinha amarelada saindo de dentro deles.

– Você ficará parado até que eu te solte no local para onde iremos. – disse a garota.

Meu corpo obedecia aquilo que ela dizia. Eu tentava me mexer, mas o meu corpo não respondia. Ela me pegou no colo e levou-me em tamanha velocidade até uma clareira em meio a mata.

– Agora já pode se mexer! – disse olhando dentro de meus olhos. Agora seus olhos já estavam negros novamente.

– Porque me trouxe até aqui?

– Precisaremos de você para uma coisa.

– Precisaremos?

No meio da clareira, havia uma estrela desenhada no chão, com uma fogueira no meio. Uma névoa roxa se aproximou da clareira, vindo da floresta e se concentrando próxima à fogueira. Quando se dissipou, um cara encapuzado surgira ali com uma taça em cada ponta da estrela. Em suas mãos havia um barril pequeno que devia conter uns cinco litros de algo, provavelmente vinho ou não sei o que.

– Você! – vociferei.

Me sentia mais forte e queria acabar com a raça daquele cara, por tudo o que ele tinha feito à Margot e a todos os outros a quem havia matado. Notei que ele tinha consigo uma vela negra derretida na superfície de sua luva, o que não me deixava ver sua face ou escutar sua verdadeira voz.

Corri em sua direção, mas ele apenas fez um sinal de pare com uma das mãos e imobilizou meu corpo, que agora brilhava de roxo abaixo do pescoço como as presilhas que ele utilizou para que eu ficasse imobilizado enquanto ele tirava meu sangue.

– Você foi bastante útil, senhor Owteman! – disse o indivíduo com aquela voz oculta.

– Como assim! Não te ajudei em nada, desgraçado! Agora solte-me para que eu te faça sofrer!

Abaixo do capuz alguém gargalhava com aquela voz oculta.

– Você é o ingrediente que faltava para meu feitiço ser completo. Agora você vai ficar aí quietinho, sem a opção de fugir, para que eu possa completar minha tarefa! – disse ele.

A lua estava em seu ápice, iluminando bem o centro da clareira, onde estavam a estrela desenhada e a fogueira em seu centro.

– Mystica ignem qui consumit omnia, et ferre et reducite amet consectetuer. Cuncta, quae caesa sunt, ut ea, et omnes, qui regnaturus est super hic iso – recitava o indivíduo encapuzado enquanto passava as mãos sobre o fogo, que agora se transformava em um fogo roxo. – Magicae ostium, quod interdictum est in conspectu meo, ad me, et omnia, amisi. – enquanto recitou a segunda parte, o cara do capuz se afastava da fogueira e a chama roxa subia tão alto que parecia tocar a lua.

Eu estava temendo o que ele faria com aquele ritual, se me mataria ou mataria toda Vingardion. Temi por todos nós.

Enquanto a chama crescia, o bruxo foi até o barril e abriu-o, revelando que haviam várias repartições lá dentro, que separavam um líquido de outro. Ele caminhava até as taças e despejava em cada uma delas, um tipo de líquido. Cinco no total.

– Adoro esse cheiro de sangue enfeitiçado! Me dá certa fome! – disse a vampira ao meu lado, ficando com os olhos vermelhos.

Sangue? É claro, como pude ser tão burro! Claro que queriam meu sangue para algum ritual... Vão me matar, ou roubar meus poderes... E agora? – pensei temendo o que estava para acontecer.

– Sacrificia eripuit mihi praemium atque aperiri liberabit maledicum – recitava em continuação.

Agora ele fez surgir uma névoa roxa em suas mãos, revelando uma grande jarra de sangue após a névoa se dissipar.

O cara do capuz jogou a jarra dentro da fogueira e aquilo fez minha pele ferver. Gritei de dor e meu corpo começou a levitar, mas eu ainda estava sobre o efeito da do feitiço que me imobilizou. Dois raios de magia roxa saíram de minhas mãos, em direção à fogueira. A lua ficou avermelhada nesta hora. Em meio ao fogo, a imagem começou a se distorcer, fazendo aparecer uma sala com três pessoas. Um era o homem dos meus sonhos, o segundo era um menino, parecia ser um adolescente idêntico a Pietro, exceto pelo cabelo ser negro e ao lado deste, uma mulher alta, com cabelos negros e cacheados.

Após o homem dos meus sonhos passar pela fogueira, os outros dois também vieram junto a ele. Depois disso, a lua voltou a ser normal e o fogo voltou a ser um fogo normal.

– Bem vindo de volta, mestre! Já era hora da família real voltar a reinar em Vingardion. – disse o homem com o capuz.

– Oh, eu não poderia querer algo melhor que isso. Agora é hora de descanso! Amanhã Vingardion temerá o meu poder! – disse o homem que aparentava uns quarenta anos, com corpo atlético e uma gargalhada malígna.

A magia que me prendia acabou e fui lançado no chão.

– Oh, e quem é esse?

– Um guardião, senhor! Foi o sangue deste que te trouxe através do véu. – disse o cara do capuz.

– Esperava pela velha, mas este serve! Meu primeiro ato será matar um destes insetos, que tiveram grande participação no meu banimento. – disse direcionando uma das mãos para mim. – Hinc tibi pulvis, ut in pulverem reverterentur!

Enquanto recitava aquela magia, eu fechei os olhos e pensei na única coisa que me daria conforto naquela hora, antes de morrer.

Sempre te amarei Margot Tenebrarum, além da vida!

Quando abri os olhos, a floresta ao meu redor havia sido destruída, e os três novos habitantes de Vingardion, junto aos dois servos, estavam olhando em minha direção, pois nada acontecera comigo.

– Sua velha, o que está fazendo!?

– Bom vê-lo novamente, senhor Tenebrarum! Espero que desta vez sua destruição aconteça! – disse uma senhora bastante velha, com seu rosto todo enrugado, baixa, de um metro e cinquenta, que estava de braços abertos bloqueando o poder que o senhor Tenebrarum lançou em mim.

– Velha, sabe que não é pário para mim! – gritou o homem.

– Não pretendo ser. Sabe que minha função não é nada além de equilibrar esta terra. Sua derrota virá, mas não por mim!

A vampira correu em direção a velha, mas a mesma apenas olhou em direção dela e ela ficou imobilizada. Os outros integrantes do grupo tentaram fazer algo mas a velha parecia ter dominado todos eles com seus poderes misteriosos. Nem feitiço havia recitado.

– Então o dia temido chegou! – disse Eleonor aparecendo por trás da senhora, saindo de um portal. – Acabarei com isto aqui mesmo!

– Pode vir, velhota!

– Não Eleonor! Ainda não é tempo, pois aqui está em desvantagem! Morrer por uma causa justa só é válido, quando é feita a justiça! – disse a velha.

Tia Eleonor juntou as mãos, abrindo um portal que nos sugou para dentro dele. A velha veio conosco e o portal se fechou. A próxima coisa que me lembro é de estar em uma vila, onde tudo parecia ser bom, uma sensação de leveza estava ali naquele lugar e pessoas felizes trabalhavam para o funcionamento da vila.

– Onde estamos? – perguntei.

– Este é o refúgio! Criei este lugar quando soube da profecia! Aqui, nem os cristais são capazes de nos encontrar. – disse a velha.

– E o que faremos sobre aquele cara?

– Nós vamos nos organizar contra ele. Ele tem muito poder, o que não pode ser derrotado facilmente!

– Mas a senhora o imobilizou! – falei com firmeza – Poderia tê-lo detido, ou matado.

– Meu poder vem dos espíritos, jovem! Eu estou aqui para ajudar no equilíbrio! Não sou uma bruxa, sou uma anciã da terra!

– A senhora é um espírito como as ninfas?

– Não, sou viva como vocês, mas tenho poderes para ajudar os espíritos a manter a ordem! Posso evitar algumas coisas, mas não posso ferir nada, ou meus poderes se vão!

– E como vamos detê-lo?

– Teremos de formar um exército contra ele! Basta saber se ele não tem de volta seus aliados nesta batalha!

– E nós? Temos?

– Descobriremos isso amanhã! – disse tia Eleonor se metendo na conversa.

– E como venceremos essa guerra?

– Vencerá o melhor! – afirmou.


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Notas finais do capítulo

Merecemos comentários? Obrigado por lerem Vingardion High! Postaremos mais em breve! ;D



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