Who's loving you escrita por Kaori


Capítulo 12
Capítulo IX - "I am fine".




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Então aquele era o lugar. Uma casa velha, no final de uma rua sem saída, uma rua sem qualquer movimentação de pessoas ou veículos, um ótimo lugar para esconder algo. Mike estacionou o carro ali devagar, estava junto de Tina, Brittany, Kurt e Rachel, que encontraram quando saiam do prédio onde as garotas moravam. Eles insistiram para irem junto, e já que estavam com pressa, não discutiram.
– Tá na cara que é aqui. - disse Tina, olhando para a casa assustadora.
Todos concordaram silenciosamente, até Rachel avistar algo estranho e arregalar os olhos.
– Deena também acha isso. - afirmou, deixando todos confusos, e então, ela apontou para a garota que saía de trás da casa e caminhava até a porta.
Todos ficaram chocados, ela tinha mesmo ido ali. Estava aparentemente abatida, as roupas amassadas e desajeitadas, parecia que tinha se vestido em poucos segundos. Claro, afinal, ela estava em fuga.
Sicronizadamente, eles abriram as portas e saíram do carro, no mesmo instante em que Deena colocava a mão na maçaneta da porta para abrí-la.
– Deena, não! - gritou Mike, para impedí-la. O susto a fez recolher seu braço para junto de seu corpo e se virar para ver aquelas pessoas assustadas.
– Vocês chegaram. - ela disse, estava com a respiração ofegante, muito nervosa.
– Deena, você enlouqueceu? - perguntou Mike, enquanto se aproximava dela, seu tom de voz era mais baixo. Ele colocou suas mãos nos ombros da garota e a olhou por inteiro, certificando-se de que ela estava bem.
– Acho que sim. - ela deu um pequeno sorriso, notando a preocupação de Mike. - Mas eu tinha que fazer isso. Eles estão aí, tenho certeza. Ouvi vozes.
– Mas e agora? - perguntou Tina, se aproximando com Kurt, Rachel e Brittany, que já começava a chorar.
– Eu vou convencê-lo a desistir disso. - disse Deena, olhando para eles.
– Não mesmo. - Mike arqueou as sobrancelhas, desprezando a sugestão da namorada.
– Eu sou a única chance da Santana e vocês sabem. Eu sou a única pessoa que pode conversar com Jerry em paz agora. Por favor.
O único menos convencido era Mike, não queria, de jeito nenhum, que Deena corresse qualquer perigo. Ele abaixou o olhar e pensou um pouco. Não havia mesmo outra opção? Ele olhou para trás e viu Britt se acomodar no ombro de Tina para chorar. Tina ergueu seu outro ombro, junto de uma das sobrancelhas, dizendo para ele dar uma chance. Rachel e Kurt também pareciam achar aquilo.
– Tudo bem. - disse, após dar um longo suspiro. - Mas tome muito, muito cuidado. - ele segurou o rosto de Deena e selou seus lábios rapidamente.
Ela segurou suas mãos e concordou com a cabeça. Em seguida, abaixou as mãos do rapaz e respirou fundo, se virando e recolocando a mão na maçaneta da porta.
– Se afastem. - ela sussurrou, e assim eles fizeram, dando alguns passos para trás.
Ela respirou fundo mais algumas vezes antes de girar a maçaneta, com cuidado, para que Jerry não percebesse a presença de alguém naquele momento. Se bem que a garota já achava que Jerry suspeitava que havia alguem ali, pelo grito que Mike deu ao chegar.
Devagar, ela empurrou a porta, alguns milimitros, e nada aconteceu, ela se assegurou e fechou os olhos.
– Jerry? - ela chamou, ainda atrás da porta. Parou de respirar por alguns segundos, esperando por uma resposta.
– Deena? - sua voz era distante. - Deena? É você?
– Eu quero entrar. - ela falou, sem mover um músculo. - Confie em mim, eu estou sozinha.
– Não mesmo. - e então, se confirmou o que Deena achava. - Eu ouvi voz de homem.
– Ok... Mike está comigo, mas só ele, e não faremos nada. Só me deixe te ver, por favor.
Tudo ficou quieto por alguns segundos. A agonia era quase descontrolante, Brittany tinha que se segurar para não soltar o choro, ou abrir aquela porta e recuperar sua amada.
Quando Deena começou a ouvir passos, cada vez mais altos, se virou para o pessoal ali e com a mão, indicou que eles se escondessem, exceto Mike.
Rachel, Kurt, Tina e Brittany deram passos cautelosos, porém apressados para os fundos da casa. Mike não se moveu, cruzou os braços e tentou manter-se calmo. E então, ele apareceu, abrindo a porta. Os punhos de Mike se fecharam com força, e ele começou a se controlar para não acabar com tudo aquilo naquele momento. Jerry o encarava desconfiado, mas logo, olhou para Deena.
– Fique calmo, não faremos nada. Me deixe entrar e conversar com você, só alguns minutos. - pediu Deena, com a voz firme.
– Tudo bem. - ele murmurou, voltando a olhar para Mike. - Mas se eu notar algo estranho...
– Não vai notar nada, fique calmo. - assegurou Deena. - Mike, fique aqui.
– Deen...
– Por favor, confie em mim. - pediu, olhando para o rapaz.
Ele resistiu, mas logo assentiu com a cabeça. Deena então, entrou com Jerry e ele fechou a porta. Mike apertou os olhos e passou suas mãos por eles, caminhando até os fundos da casa, para encontrar seus amigos.
– E então? - perguntou Tina, assim que viu o garoto se aproximar.
– Ela entrou. Eles estão mesmo aí.
Embora fosse aliviante encontrar Santana, ainda era desesperador. O choro de Brittany nunca cessava.
– Não acham que devemos chamar a polícia? - perguntou Rachel.
– Não. Se ele ouvir qualquer som estranho, vai fazer alguma besteira. - explicou Mike.
– Acha que ele faria algo com Deena? - questionou Rachel, cruzando os braços.
– Não, mas não lembra que Santana lá dentro? - respondeu Brittany, fazendo uma pergunta retórica ao mesmo tempo.
– Acho que Rachel tem razão. Se Deena conseguir convencê-lo a soltar Santana, vão deixar ele fugir? Quem é psicopata uma vez, sempre tenta de novo no futuro. - defendeu Kurt.
– Vamos deixar tudo como está por enquanto, tá legal? - pediu Mike.
Todos ficaram em silencio, apenas esperando por algum sinal. Brittany foi para um canto, chorar em paz. Kurt e Rachel também se afastaram, indo para o lado da casa.
– O que acha que ela vai dizer? - perguntou Tina, cruzando os braços.
– Eu não sei... Só espero que ela fique bem. E Tina, me desculpe por...
– Esse com certeza não é o melhor momento nem lugar para falar sobre isso, Mike. - ela o cortou, antes que começasse a falar sobre aquilo.
– Desculpe, está certa.
– Chamamos a polícia. - afirmou Kurt, voltando para perto deles junto de Rachel. Aquilo chamou a atenção de Brittany, que também se aproximou.
Todos ficaram indignados. Mesmo com tantos riscos e o pedido de Mike para deixarem tudo quieto, eles ainda fizeram justamente o que não deviam ter feito.
– Vocês o que?! - mesmo nervosa, Tina manteu seu tom baixo.
– Gente, com certeza é o melhor, se Jerry desistir de tudo, vai ser preso! - explicou Kurt, quase sussurrando.
– Se a Santana morrer, a culpa é de vocês. - foi tudo o que Brittany disse, e o bastante para pesar a culpa em Kurt e Rachel, que levaram a mão ao peito, chocados com o que a loira dissera.


(...)


– Eu lembro muito bem desse lugar. - disse Deena, andando pelo comodo. Era uma sala, mais como um depósito, com prateleiras e ferramentas por todos os lados. O pó deixava a madeira cinza, e o cheiro do mofo incomodava a garota. - Brincávamos aqui sempre. - As lembranças vinham à mente de Deena e ela não hesitou um sorriso, que logo se cessou quando ela viu um balde de alumínio no chão, o mesmo que caiu naquele dia, quando eram crianças, e o mesmo que ela ouviu no telefone. - O que aconteceu com você, amigo?
– Deena, não comece. Eu nem devia ter te deixado entrar. - disse Jerry, parado ao lado de Santana, que por sua vez, estava com pés e mãos amarrados, sentada em uma cadeira, amordaçada e com o olhar de medo. Ela chupou o nariz, por conta do choro, que nunca havia parado desde que ela fora pega por Jerry, e aquilo o Jerry. - Dá pra parar com isso? - ele mandou, a olhando. Ela tentou se controlar no mesmo instante, ela nunca pensou que um dia alguém lhe intimidaria tanto.
– Desculpe, mas eu tenho que falar. - Deena juntou as duas mãos e engoliu em seco, olhando o sofrimento de Santana, e em seguida, a pessoa em que seu amigo de infância havia se tornado. - Jerry... Isso não é amor. Quando você ama alguém, você espera que essa pessoa seja feliz, mesmo que não seja você. Eu... Eu vivo isso, entende? Eu amo o Mike, mas ele não me ama da mesma forma, e eu não vou obrigá-lo a ficar comigo, bem, talvez só por por um tempo, enquanto ainda tenho folego...
– Oh my God. - Jerry havia se lembrado do que Deena o contara pelo telefone. - Deena, você não estava internada? Você... Você melhorou? - ele começava a se aproximar da garota.
– Não chegue perto de mim com isso. - ela apontou para a mão dele, que segurava um revolver.
Jerry relutou, ficando parado por alguns instantes. Mas logo, se distanciou e foi para outro canto, deixando o revolver em cima de uma mesa, ele confiava muito em Deena. E então, Deena deu o sinal para que ele se aproximasse.
– E não. Eu não melhorei. - disse, respondendo sua pergunta anterior.
– E o que faz aqui? - ele estava a um metro dela, a olhando com mais cuidado, até perceber suas roupas desarrumadas, suas olheiras e sua expressão cansada.
– Se eu não posso salvar a minha vida, eu vou salvar de quem eu posso! Jerry, não pode obrigar Brittany a ficar com você. Eu sei que de qualquer forma você a ama. Mas conseguiria conviver com ela te rejeitando sempre? Te odiando? Triste? Isso não te traria felicidade nenhuma, e se não há felicidade em um "relacionamento" - ela usou as aspas, pois o que Jerry e Britt teriam não seria bem um relacionamento. - não há amor.
– Deena, eu não vou mudar de ideia. - ele balançou a cabeça.
Ela começava a se desesperar. Será que Jerry havia mudado tanto a ponto de não ouví-la mais? Mas toda vez que ela olhava Santana, por cima do ombro do rapaz, sentia-se determinada. A latina estava apavorada. Ela conseguia sentir o gosto salgado das lágrimas que escorriam por seu gosto e eram absorvidas pelo pedaço de pano velho que a amordaçava fortemente; se apertasse os dentes era até capaz que pingassem.
– Jerry, você simplesmente não pode fazer isso! - seu tom de voz aumentou, ela estava praticamente dando uma bronca no rapaz. Mas logo, ela sentiu um leve desconforto e em seguida, uma tontura. Ela fechou seus olhos e levou a mão a cabeça, dando pequenos passos para trás, quase perdendo o equilíbrio.
– De-Deena! - Jerry segurou o braço da menina, que já tinha voltado ao normal, mas permaneceu com os olhos fechados e a mão na cabeça.
– Eu... Eu estou bem. - ela falava com dificuldade, apertando os olhos cada vez mais. - Jerry... - ela sentia que ia cair a qualquer momento. - Jerry, não faça isso. - conforme ela terminava a frase, sua voz ficava mais falha, até parar de vez e ela sentir seu corpo amolecer.
Ela ia caindo, quando Jerry a segurou, ele não teve tempo para pensar, já que no mesmo instante, ouviu o estrondo da porta sendo arrombada. Polícia, foi o que ele pensou quando viu aqueles homens de uniforme preto entrando e apontando armas para ele.
– Solte a garota e coloque as mãos atrás da cabeça! - ordenou um policial, com autoridade.
Estava tudo acabado. Jerry não poderia fazer qualquer movimento estranho, ou seria baleado ali mesmo. Devagar, ele se abaixou e deixou Deena no chão, o que ele odiou fazer, e então, voltou a ficar com a postura reta e fez o que o policial mandou.
Um dos policiais guardou a arma e se aproximou de Jerry, pegando suas mãos e as prendendo com algemas. Outros policiais davam sinal para que paramédicos entrassem no local, eles haviam chamado a ambulância, já que tiveram a ideia de que Santana estivesse ferida.
Mike, Tina, Brittany, Rachel e Kurt esperavam do lado de fora, ansiosos. Quando eles viram os paramédicos entrando com uma maca, começaram a ficar preocupados, talvez fosse um procedimento normal, colocar Santana na maca, ela estava sem comer e beber. Mas ao verem que na verdade, quem estava deitada na maca era Deena, seus corações, principalmente o de Mike, pararam por alguns segundos.
– Deena! Deena! - ele segurou a maca, andando ao lado dela, olhando a garota desacordada.
– Não há ferimentos, o que pode ter acontecido? - perguntava um paramédico para outro, enquanto empurravam a maca.
– Ela tem leucemia, ela estava internada e fugiu do hospital! Vocês tem que levá-la rápido! - avisou Mike à eles, completamente desesperado.
Os paramédicos se entreolharam, assustados, e apressaram o passo até a ambulância. Não permitiram que Mike entrasse com ela.
Enquanto isso, Santana era solta, antes que respondesse qualquer coisa para os policiais, ela avistou Brittany na porta, e mesmo sem forças, correu para dar um abraço na namorada. Elas choravam juntas, aliviadas, mas ainda assustadas. Foi trabalhoso separar as duas para levá-las à delegacia, elas precisavam depor. Então, foram junto com a polícia.
Tina, Rachel e Kurt se aproximaram de Mike, que estava parado no meio da rua, vendo a ambulância sumir quando virou uma esquina.
– Vamos para o hospital. - disse Tina, colocando a mão no ombro de Mike.


(...)


A espera era a pior parte. Deena já estava em um quarto, do outro lado da porta que separava os pacientes dos visitantes na recepção, que também era uma sala de espera.
Mike já havia andando de um lado para o outro, sentado em todos os lugares disponíveis, cadeiras, poltronas, no sofá. Rachel, Kurt e Tina ficaram sentados o tempo todo, também preocupados.
– Familiares de Deena McGee? - anunciava um doutor, com a voz grossa e firme.
Todos se levantaram no mesmo instante, mas Mike já estava adiantado, e se aproximava do homem.
– Como ela está? - ele perguntou.
– Está acordada... Mas não sei se passará de hoje.
– ... O que? - perguntou Tina, se aproximando também.
– O estado dela é muito grave. - completou o médico, reparando em todos aqueles olhares tristes.
– Podemos vê-la? - perguntou Rachel, logo atrás de Tina.
– Um por vez.
– Eu vou primeiro. - manifestou-se Mike.
O médico assentiu e pediu que o seguissem. Eles assim fizeram, passando pela porta e então, estavam no corredor dos quartos. Mas apenas Mike entrou no quarto para ver Deena.


(...)


Ela estava tão diferente. Pálida, com os olhos cansados, aquele brilho natural que ela tinha simplesmente se apagou. Parecia que era outra pessoa ali deitada naquela cama desconfortável. Admito que me assustei ao vê-la naquele estado, meu peito se apertou de uma forma que não consigo descrever. Deena estava realmente mal, e isso acabou comigo.
– Dear... - eu a chamei, um tanto baixo. Ela observava a janela, não notara minha presença ali até eu chamá-la.
Um pequeno sorriso se formou em seu rosto enquanto ela ainda mantinha seu olhar fixo na janela. Ela fechou os olhos e respirou fundo.
– Eu realmente não queria que me visse assim. - ela disse, sua voz estava fraca, meio rouca.
– Não fale assim. - eu pedi, enquanto me aproximava. Ela abriu os olhos, mas ainda assim, não me olhou. Eu comecei a me aproximar e percebi que, ao lado de sua cama, havia um pequeno banquinho. Eu me sentei ali, e então, meus olhos ficaram na altura dos dela, não tinha mais como fugir. - Como se sente?
–... Estranha. - respondeu, me olhando.
– Deena, o que fez foi loucura.
– Mas deu tudo certo. - ela levantou um pouco os ombros, mas logo, ficou confusa e abaixou as sobrancelhas. - Deu tudo certo, não é?
– Sim... Santana está a salvo e Jerry foi preso.
– Então eu estou feliz, era tudo o que eu queria antes de ir. - ela respirou fundo novamente, eu não a entendia.
– Ir para onde? - eu perguntei, ainda a olhando.
– Você sabe, Mike. - novamente, ela desviou seu olhar, observando a janela novamente, por cima de meu ombro. - Eu poderia fazer alguns tratamentos mais pesados e viver uns dois anos... Mas eu não vou.
– Não fale assim, Deena. - aquilo estava acabando de vez comigo, claro que eu sabia, o médico tinha me contato, mas quando ela dizia, era quase inaceitável.
– Mike, eu sei que seu professor do coral davam esperanças de que tudo ficaria bem e até poderia dar certo, mas não é o caso agora, infelizmente. - ela me olhou novamente, por alguns segundos. Aqueles olhos grandes e azuis fixados em mim de uma forma estranha. Ela ergueu sua mão e a colocou em meu rosto. - Mas eu estou bem com isso, sabe? Eu me sinto realizada. Eu cresci feliz, eu tive bons momentos, eu não me arrependo de nada. Só me arrependo de ter te prendido até aqui.
Tudo aquilo era muito confuso. Me prendido? Do que ela estava falando? Eu não precisei dizer nada para que ela percebesse que eu não havia entendido.
– Você não me ama, Mike.
– É claro que eu amo. - tudo bem, ela estava, na verdade, me assustando.
– Não do jeito que você queria amar... Olhe, você já disse mil vezes e já deu vários sinais de que quem você ama, é a Tina. Você não quis terminar comigo e tentar conquistá-la, porque talvez você sentisse culpa. Mas agora você vai ficar com ela. Eu continuei com você mesmo assim porque... Porque você me fazia bem.
Eu não sabia se ela dizia aquilo de forma boa ou ruim. Era como se ela dissesse que eu ia me livrar dela, e só de pensar isso, meu coração se apertou ainda mais.
– Deena, você não sabe o que está falando. - eu só queria que ela parasse com aquilo e dissesse algo com algum sentido.
– Eu sei sim. - ela colocou suas mãos junto ao seu corpo e virou a cabeça, passando a olhar o teto.- Eu tenho cancer, não um problema psicológico.
E então, ficamos quietos. Eu não sabia o que dizer. Claro que eu amava Deena, mas não como eu amava Tina. Droga, por que eu tinha que sentir aquelas coisas? Por que eu beijei Tina sabendo que minha namorada estava naquela situação? Aquilo estava me consumindo, aquele peso, aquela culpa. E agora, ela estava dizendo tudo aquilo e me deixando pior.
– Eu não quero que você pense que te usei, Mike. Porque a verdade é que eu te amo... Te amo e te conheço tanto que sei que você não me ama. Você ama a Tina, e, amor - ela me olhou novamente. - não tem problema. Você foi a luz da minha vida. - então, ela segurou uma de minhas mãos, eu a segurei com força, observando aquele gesto. - Mas eu sei quando abrir mão das coisas. Eu só quero que me faça companhia, pelo menos nos próximos dias... Ou horas... Tudo bem? - eu não respondi, mas claro que eu ficaria ali, quanto tempo fosse necessário, eu não a deixaria enquanto ela não me dissesse que estava tudo bem. - Ah, e volte com a Tina. Ela te ama bem como eu te amo. - seu tom voltava ao normal, aquele senso de humor nunca acabava. Mas eu não tinha qualquer senso de humor naquele momento.
Eu não pude dizer nada, eu apenas fiquei ali, segurando sua mão. Não estava pronto para soltá-la. Encarando a verdade, não estava pronto para ver Deena morrendo. Eu a amava, muito. Deena foi muito importante em minha vida. Claro que me apaixonei por ela, e eu ainda me sentia culpado por não ter mantido esse amor, mesmo ela dizendo que estava tudo bem. Era inacreditável ver tudo aquilo acontecendo.
– Você pode chamar a Tina? - ela falou, com os olhos pidosos. - Narrado por Mike Chang.


(...)


Ela bateu na porta e a abriu em seguida, encontrando Deena deitada na cama, olhando a janela, mas desviando seu olhar para ela.
– Hey Hay Lin - disse, com a voz fraca.
– Na verdade... Hay Lin é chinesa, eu sou coreana. - respondeu, com um sorriso discreto, fazendo Deena rir um pouco. - Posso...?
– Claro, entre. - Deena tentou se ajeitar na cama, pondo-se sentada, com as pernas esticadas, enquanto Fina fechava a porta. - Como você está?
– Bem... Mais ou menos, eu preciso falar com você.
– Eu também! Sente. - pediu, olhando para o banco ao lado de sua cama. - Você fala primeiro.
– Obrigada... - sussurrou, quando se sentava. Ela pôs as mãos juntas em seu colo e respirou fundo. Deena a olhava com seu grandes olhos curiosos, intimidando Tina. - Deena...
– Let me guess... É sobre o Mike.
– É. - ela balançou a cabeça. - Eu queria dizer... Desculpas. - ela abaixou a cabeça e pôs os cabelos pesados atrás da orelha, erguendo-se em seguida, vendo o olhar confuso de Deena.
– Desculpas por o que? - franziu o cenho.
– Are you kidding? Desculpa por... Tudo!
– Eu ainda não entendi. Vai ter que explicar.
– Deena, por favor, está me matando vir aqui falar com você, não me faça explicar. - disse, balançando a cabeça.
– Não. Eu estou morrendo. - ela fez ênfase no "eu", e arqueou as sobrancelhas.
– Oh my God. Me desculpe. - disse, mais séria.
– Vamos, pare de se desculpar tanto e me responda: Pelo o que se desculpa tanto? - apesar de sua aparência, ela parecia bem e de bom humor.
– Tudo bem... Hm... Deena. - ela a olhou. - Eu me desculpo por tudo o que aconteceu entre Mike e eu quando você mais precisava dele. Eu não sabia que você estava doente... Eu me sinto culpada. Mike é uma ótima pessoa, um ótimo garoto e estava te fazendo feliz. - ela ficou em silencio por um tempo e abaixou a cabeça, respirando fundo. Quando voltou a olhar para Deena, seus olhos rasgados estavam cheios de lágrimas. - Se eu soubesse que você estava assim, eu nunca, nunca teria deixado aquelas situações acontecerem.
– Você tem pena de mim.
– W-what? N-não! Eu, eu s-só...
– Tina - disse, fazendo-a para de falar. - Você não tem gagueira. - sorriu, deixando Tina completamente confusa. - Mike me contou tudo sobre você. Desde o colegial até agora. Nós namoramos, mas sempre fomos mais como... Amigos. Eu sabia que ele te amava antes dele me contar, e sei que ele ainda te ama muito, você também sabe disso. E quer saber? O amor dele é a coisa mais linda que já vi. Ele cuida, protege... E por alguns meses, eu tive esse amor pra mim, amor que não era meu, mas seu. Sempre foi. Mesmo que doesse, eu sabia que o coração dele não era completamente meu. E eu fiquei bem com isso e ainda estou, acredite. Estou morrendo, mas... Eu tive tudo o que eu queria. Eu só preciso de mais uma coisa para morrer em paz. Você vai me prometer que vai sair daqui, procurar por Michael Robert Chang, dizer que o ama e então, vão ficar juntos, ok?
– Não posso. - negou com a cabeça. - Deena, não estávamos mais namorando! Ele estava com você e eu com meus sentimentos estúpidos acabaram com isso. Como não sente raiva de mim?
– Como você não sente raiva de mim? Oh, eu sei porque. Porque você é uma ótima pessoa também. Você se importou comigo, mas mesmo assim acabou dando no que deu. Sabe o que isso é?
– Errado?
– Destino! - a corrigiu. - Você e Mike estão destinados a ficarem juntos! Tina, eu estou bem, acredite! E se eu estiver mentindo, eu vou para o inferno. - ela arqueou as sobrancelhas. - E eu não vou pro inferno, porque eu sou de Deus. E Deus vai me contar se você cumpriu sua promessa ou não, e se você não tiver cumprido... Bem... Vou pedir que ele deixe eu te assombrar por umas noites. - ela começou um riso, mas logo parou quando percebeu que Tina não estava rindo. - Eu espero de todo coração que você cumpra isso.
– Eu não posso te dar certeza. - ela passou as mãos pelos olhos por alguns segundos e respirou fundo.
Mas quando voltou a olhar para Deena, ela estava desmaiando. O coração de Tina gelou naquele momento, o aparelho de frequência cardíaca começava a apitar descontroladamente, até o som ficar sem pausas. Tina ficou em estado de choque.
Vários enfermeiros entraram no quarto. Dois tiraram Tina da sala. Ela ficou olhando Deena a todo momento, até fecharem a porta.
– O que houve? - perguntou Mike, se aproximando de Tina.
– Eu... Eu não sei. - ela começava um choro, estava desesperada.
Todos ali começavam a ficar muito preocupados, pois ninguém saia do quarto. Ficaram ali por 10, 20, 30 minutos, e nada. Nem ao menos podiam ouvir algo, a porta impedia que qualquer som passasse. 40, 50 minutos... Até que um médico entrou na sala, eles tentaram ver algo, mas não conseguiram. 1 hora...
Depois de 20 minutos, alguém finalmente abriu a porta. Era o médico que havia entrado.
– Ela está bem? - Mike perguntou.
Olhando aquelas quatro pessoas ali, esperando por alguma notícia esperançosa, o médico não aguentou, apenas abaixou um pouco a cabeça, e aquilo já significava algo.


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