Love Story escrita por Lady Rogers Stark


Capítulo 59
Capítulo 59 (depois edito o título)




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Cheguei cedo dessa vez. Meu horário é nove horas, o relógio da recepção diz que são oito e meia. As moças da recepção me cumprimentam com acenos de mão simples e sorrisos no rosto. Adoro elas, são tão simpáticas comigo. Um estagiário cruza comigo a caminho e diz que aquele restaurante brasileiro que recomendei tem o melhor rosbife da vida dele. Rio e vou para a sala.

Clark avisa que o papel acabou da máquina e tem que pedir para ao almoxarifado por mais. Mas ele está ocupado demais para isso, e como sabe que uso bastante, fez esse favor em me avisar. Agradeço mas também fico com raiva. As máquinas avisam ao almoxarifado quando estão sem papel ou tinta, poderia mandar alguém trocar ao em vez de outro funcionário ter que fazer isso.

Colocaram plantas desse corredor, ainda bem. Me lembro do corredor do terceiro andar, bastante decorado e o nosso era sempre tão sem graça. Acho que aquela festa do Jhones deu resultados além dos que ele esperava, como a atenção da empresa para cá.

A porta está fechada com as persianas cobrindo a porta de vidro por dentro, mas sei que Jhones está aqui porque o vi na janela no computador bastante atarefado. Parecia estressado, por isso não hesitei em bater na porta e abrir em seguida. Mas acho que ele não me esperava ver aqui.

—Está aqui para eu assinar a transferência? – perguntou já pegando uma caneta e a deixando em posição. Mas eu não carregava nenhum papel para assinar, nem tinha esse objetivo mais. Pensei bastante ontem e Andrew me disse para pensar mais, então por enquanto não quero a transferência, por enquanto.

—Não – nego fechando a porta e levantando as persianas da porta e jogando minha bolsa da minha cadeira enquanto abro o livro de registro de cobranças da festa. Ainda tinha algumas coisas para quitar – Mudei de ideia – aviso deixando o livro aberto na sua frente na página que eu queria que ele visse. Estava ali o acréscimo de 30% de aumento no meu salário como despesa da festa. Ele sorriu achando graça e assinou seu nome como fez com as outras despesas.

—Sabia que você iria voltar – ele brinca fechando o livro e me entregando. Sorrio o devolvendo para a estante e me sentando na cadeira e jogando a bolsa no chão. Eu voltei mesmo, tem seus altos e baixos, mas é legal. Jhones é uma boa pessoa no final das contas, com seus defeitos que incomodam, mas não deixa de ser uma boa pessoa.

—Não fica todo alegrinho, não – aviso em tom de brincadeira enquanto levanto a manga da camisa e mostro para ele que virou sua cadeira para trás para ver – Deixa meu pai ver essas marquinhas legais para ver o que acontece. Não haverá mochila antibullying no mundo para te salvar – brinco consertando a manga e ouvindo sua fraca risada.

E então comecei o trabalho. Jhones estava respondendo os e-mails de várias pessoas de todo o mundo, já que as Indústrias Stark revelaram o lançamento em rede mundial. Muitas pessoas queriam reservar uma, outras condenavam e outras simplesmente amaram a ideia e a defendiam. Avisei que eu ficaria responsável por responder os e-mails negativos.

Fiquei uma hora e meia respondendo. Depois Jhones me mandou para o setor de produção entregar algo para alguém. Aquele esquema dele não explicar muito bem e depois fico que nem barata tonta procurando. Pedi por mais detalhes, mas nem ele podia responder pois não o conhecia também.

Parece que ele queria aumentar a produção de duzentas mochilas para duzentas e cinquenta até semana que vem. Muitas pessoas pediram, mais do que ele imaginava. Era empolgante, mesmo que eu tenha uma parcela mínima de participação no projeto.

E então trabalhamos duro, por três longas e duras semanas. Duras para ele pois havia mais trabalho do que ele estava acostumado, muito mais. E duras semanas pois eu só poderia contar com o Steve pelo telefone a cada três dias, às vezes dois dias, mas era difícil.

A cada telefonema era uma angustia ainda maior e mais forte quando desligávamos. Eu não sabia onde ele estava, ele não podia me falar, só disse que era longe. Eu não sabia o que ele fazia, mas que desgastava ele cada vez mais, isso eu tinha certeza.

Sua voz era cada vez mais cansada, sendo que ele me ligava de manhã para ele e noite para mim, sinal que era mais distante do que imaginei. Eu pensava que ele dormisse pouco durante à noite, mas simplesmente não dormia. E por mais que ele seja o Capitão América! O herói da segunda guerra mundial, ele ainda é um ser humano.

Falávamos de tudo, mas quase nada dele, só dizia o quanto estava cansado e doido para voltar para mim. Eu sorria perdidamente a cada vez que ele dizia isso, quase três vezes por ligação. Conversávamos por quinze minutos, no máximo, ele não queria abusar da sorte que tivemos.

Porém, algo me deixou em pânico. Steve por essas três semanas, sempre ligou de três em três dias, as vezes dois, mas sempre três, no mesmo horário. Eu me sentava na cama esperando sua ligação ansiosa. Até carregava o celular antes para ter certeza que não iria descarregar. Mas ele não ligou por mais uma semana, nem mensagem. Nada. Absolutamente nada.

O meu desespero chegou até Tony, implorei para ele ver se Steve estava bem, e bom... Ele fez o que pode, mas seu sistema, que ele chama de J.A.R.V.I.S, encontrou a missão que Steve estava fazendo. Quase morri quando ele disse que Steve estava internado por ter se machucado em combate e estava indo para casa.

Morri de preocupação, mas o alivio foi em pé de igualdade. Tony sorriu com a minha reação, achando graça que eu tivesse preocupada com feridinhas no Capitão América. Não era nada tão grave como na minha cabeça, mas quando eu vi ele subindo as escadas com apoio do Sam, meu coração morreu de novo.

Seu olho esquerdo estava com um hematoma verde que se espalhava desde a olheira até o supercilio. Havia um corte no lado esquerdo também na sua boca, pequeno, mas que com certeza eu reparei. E a maneira como ele andava, doído, mancando, só me deixava cada vez mais sem chão.

Eu estava indo ao trabalho quando encontrei ele. Abriu um enorme sorriso e parou de subir para me ver. Meu coração foi ao céu e voltou esmagado quando percebi a gravidade. Demorei um pouco para acreditar e logo desci as escadas até ele e agarrando seu lado direito para ajuda-lo a subir, mas ele gemeu de dor e percebi a tipoia do seu braço.

—Desculpa! – o soltei como se eu levasse um choque, um pulo para trás e assustada. Steve sorriu e soltou Sam para me puxar para um abraço, o fiz com um cuidado como se cada osso de seu corpo estivesse quebrado.

—Só cuidado com a costela também – avisou Sam e afrouxei ainda mais os meus braços em volta do seu corpo. Por mais que eu quisesse abraça-lo o mais forte que eu pudesse, eu não podia fazer isso sem faze-lo sentir dor.

—Meu deus, Steve... – sussurro abafado ao encostar de leve minha testa no seu ombro direito. Eu queria deixar meu rosto perto do seu pescoço, mas eu tinha medo de doer ali também. O que aconteceu para ele ficar desse jeito? E só de pensar as possibilidades, meu coração se aperta e quero chorar.

Sam percebeu isso, queria nos dar privacidade. Por isso, o ajudou a subir o resto das escadas com cuidado, o deixou no seu apartamento confortável no sofá e foi embora com uma pressa inigualável. Disse que há uma fêmea felina bastante chateada pela demora o esperando em casa. Eu poderia rir, mas Steve gemeu quando foi acomodar o seu braço mobilizado.

Nunca cuidei de alguém doente ou ferido antes, era sempre minha mãe que fazia isso com os meus amigos machucados que eu trazia para casa para ela cuidar por ser mais perto. Mas quando Steve precisou de mim, me virei para ajudá-lo. Afofei a almofada e acomodei seu braço melhor do que ele.

Seu rosto era calmo, um sorriso simples e pequeno no rosto enquanto me observava acomodar seu braço e depois seu pescoço. Não deixou de me encarar um segundo sequer. Não fiquei constrangida, apenas terminei e o olhei de volta, tentando fazer desaparecer aqueles ferimentos e ver apenas o meu namorado na minha frente, finalmente em casa.

—Desculpa a demora – ele sorriu feliz e risonho, acho que havia uma ironia ali. Se tiver, não entendi. Mas sorri de qualquer maneira. Deitei minha cabeça no seu ombro saudável e continuei a encará-lo.

—Deveria pedir desculpas pelo susto – avisei, brincando, mas deveria apenas para precaver. Quase que chegou a afetar o meu trabalho, algo que não poderia acontecer. Ele riu e enlaçou sua mão na minha. Me aninhei melhor e fechei os olhos saboreando sua presença novamente –Tony quase chamou a Betty para ajudar a me acalmar.

—Sério? – ele perguntou preocupado e sério, assustado com a gravidade da coisa. O bisbilhotei apenas abrindo um dos olhos, sorri sapeca e abracei mais apertado seu braço, colocando as pernas para cima do sofá.

—Não, só quase morri quando vi que você estava voltando para casa ferido. Imaginei uma perna quebrada, ou ombro deslocado, mas não... Isso... – ele sabia do que eu estava falando. Ele estava mancando, e a sua calça escondia a tipoia para a sua perna esquerda. Toquei seu joelho e desci para a lateral, ela estava ali, escondida, mas estava.

—Eu vou melhorar rapidinho, você vai ver – ele avisou animado e confiante, pegando na minha mão e depositando um beijo carinhoso nela. Sorri querendo confiar nele, mas não acredito que ele esteja melhor amanhã de manhã – Mas espera aí! Como você sabia que eu estava voltando? – perguntou desconfiado e surpreso, e gemendo de dor ao mexer o pescoço muito depressa.  

—Pedi ao Tony para olhar para mim na S.H.I.E.L.D – expliquei sabendo da gravidade do meu pedido e na reação dele. Ajeitei novamente sua almofada no pescoço e voltei a encostar a minha cabeça em seu ombro, agora olhando para a televisão recém adquirida por ele semanas atrás. Eu não queria olhá-lo, não queria justificar o que eu fiz, eu sei que ele não gostou.

—Você fez o quê?! – ele perguntou bravo, muito bravo. Eu não pensei na gravidade do meu pedido no momento em que o fiz. Ele não me ligava fazia uma semana, achei que tivesse... Mas Steve não entende o meu desespero na hora. Ele sabia que estava vivo, mas eu não! Ele estava apenas bastante machucado e sem o celular dele por perto para me avisar.

—Você não entende, né? – pergunto irônica e descrendo em que ele não possa entender porque eu fiz aquilo, não acreditar nos meus motivos. Eu senti a pior sensação de toda a minha vida em quinze segundos assim que se passaram cinco dias sem ele me ligar, sem avisar que estava vivo na pior missão que eu já vi ele ir.

—Não entendo o quê? – pergunta querendo saber o que eu me referia. Estava bravo, muito bravo. Suas sobrancelhas unidas e fechadas. Sua boca numa linha fina. Ele tirou seu braço e o deixou ao lado do corpo sem me deixar abraça-lo. Não acredito que ele não possa entender. Não deve estar nem pensando e muito menos se esforçando.

—Que eu não consiga viver sem você – admito olhando para ele, que virou o rosto surpreso e talvez diminuindo sua raiva de mim. Suas feições diminuíram e ficaram mais calmas, mas eu não estava. Eu estava com medo de novo. Com medo do Fury bater na minha porta e me prender e na sensação de perder ele para sempre.

—Laura... – ele tenta pegar na minha mão, mas recuo e me coloco de pé amarrando o cabelo solto em um coque. Aqui não tem ventilador e a sua casa está toda fechada. Abro a janela da sala e depois a da cozinha. O ar fresco entra e só consigo me concentrar no ar saindo da janela. Até nem ouço o gemido de esforço dele, só sinto seu braço e sua boca no meu pescoço me abraçando por trás –Eu... Eu também não consigo viver sem você.

Seguro o seu braço segurando meu corpo e sinto sua respiração no meu pescoço. Como senti saudade do seu toque. Sorrio mesmo querendo chorar. Seguro sua mão esquerda e a da direita com cuidado. Me viro de frente para ele com a pia da cozinha agora me servindo de banquinho para alcançar seus lábios finalmente.

Passar três semanas longe de alguém com quem você não fica um dia sequer sem falar é a verdadeira prova de resistência. Depois de tantas missões que ele já teve que ir e de todas as sensações mais loucas que já senti com ele longe, o medo foi a pior delas. Já senti angustia, ansiedade, raiva, aceitação e acomodação, medo é a pior. Pois com ele, você só pensa nas coisas ruins que podem acontecer.

Seu beijo, mesmo que cuidadoso por causa do machucado no canto da sua boca, é a prova de paciência vale à pena. Mas eu sei que prefiro mil beijos normais a ter que passar um dia sem ele para um beijo especial. Não vivo sem ele.


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