Love Story escrita por Lady Rogers Stark


Capítulo 57
Capítulo 57 (depois edito o título)




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Me aproximo e aviso que estou indo para casa discretamente. Ele me libera com poucas e secas palavras e já estou caminhando para a saída. Pego o primeiro táxi que me deixa na porta de casa. Subo as escadas cansada e doída. Retiro os saltos no meu andar e abro a porta de casa. Está tudo escuro, por isso ligo as luzes. A casa cheia de móveis, mas tão vazia de gente.

A porta dele continua fechada. Sem sinal dele, nenhum. Até seu tapete está para dentro de casa dessa vez. Suspiro melancólica e fecho a porta num empurrão. Me sento no sofá retirando os brincos e os grampos do cabelo. Os cachos formados caem sobre a minha nuca e eu suspiro aliviada. O penteado puxava muito o meu cabelo, que continua ralo.

A televisão permanecia desligada, e isso me estranhava, pois ela permanecia quase o tempo todo ligada. Eu queria ligar para tirar esse silêncio perturbador da minha casa, mas não há nada que eu queria assistir além do teto do meu quarto.

Andrew avisou que ele estava voltando algumas horas atrás, deve estar descendo do avião agora e pegando um táxi. A volta do meu amigo consegue me animar um pouco, mas não o suficiente. Não consigo pensar em uma coisa para tirar esse torpor de mim, nada que seja forte o suficiente.

Mas decido esperar pelo Andrew. Retiro a maquiagem elaborada no salão, o vestido volta para o guarda-roupa para amanhã ser devolvido a loja de aluguel de vestidos, arranjo um lugar para guardar os saltos novinhos, visto o pijama e volto para a sala assistindo um filme qualquer. E quando a porta é destrancada e Andrew entra cheio de malas e bastante atrapalhado, dou um pequeno sorriso, o melhor que eu conseguia.

Porém algo me faz fixar os olhos e me distrair. A sua camisa é com a estampa do escudo dele, o escudo vermelho e azul com uma estrela branca no meio. Algo tão simples e fútil que consegue roubar toda a minha atenção e lembrar do que eu fiz.

Claro que não fiz de proposito, mas se eu tivesse sido mais atenta, tivesse prestado mais atenção, e até mesmo pensado mais nele, eu não teria perdido o nosso jantar. Me odeio por ter perdido, me odeio ter me despedido de forma tão simples ontem de manhã. Me odeio por ter ficado com mais medo de perder o emprego a ele não me perdoar.

Sim, por mais que eu tenha ficado tão nem aí ontem de manhã sobre faltar quando Jhones me chamou, eu senti medo de ser demitida caso eu faltasse. E nem me passou pela cabeça na hora perder o jantar, nem um pouco. Na verdade, imaginei que eu fosse pedir para ser liberada mais cedo, mas não pedi e nem me lembrei de pedir.

E só de imaginar Steve ouvindo tudo isso, me dá um aperto no coração massacrador. Meu peito se fecha e dói respirar, só sinto as lágrimas vindo e Andrew não entendendo porque estou chorando feito uma garotinha.

O moreno solta as malas e se aninha para perto de mim, me abraça de modo protetor enquanto sei que ele está preocupado. Me agarro na sua camisa e fecho os olhos molhando seu ombro. Ele me abraça mais forte, muito mais forte. Coloco as pernas para cima do sofá e apenas coloco para fora tudo aquilo que me segurei durante a festa e quando pensei que fosse ele.

—Só espero que esse choro seja de felicidade por eu ter chegado, e não o que eu estou pensando – escuto suas palavras com um toque de brincadeira, para me fazer rir. Mas não consegue. Enxugo os olhos com pressa e com um pouco de vergonha por ter chorado tanto. Mas ele sabe o que é, apenas quer confirmar.

—Eu estava trabalhando quando ele teve que ir – conto fungando e limpando mais os olhos e as lágrimas. Por mais que Andrew vá reclamar e continuar a dizer que Steve está mentindo para mim, é bom contar para alguém. E sei que ele não vai me julgar como eu estou fazendo comigo mesma – Nem sequer lembrei do nosso aniversário o dia inteiro.

—Eita... – ele murmura e sabe que o motivo é grave. Esquecer o aniversário de alguma coisa não é exclusividade apenas dos homens, mulheres também esquecem – E ele viajou por isso? – Andrew pergunta preocupado e assustado. Mas nego com a cabeça. É o que Andrew achava que Steve poderia fazer. Ele tem uma imagem bastante errada do meu namorado.

—Ele teve que viajar quando eu estava atrasada umas duas horas – expliquei e sei que não é o suficiente para ele acreditar na desculpa do Steve de ter que trabalhar e viagens inesperadas – Ele tinha feito um jantar só para a gente, Andrew. Aposto que ele se esforçou. Pediu ajuda para a Peggy – conto e ouço seu suspiro triste com as minhas palavras, mas solidário.

—Steve te ligou alguma vez? – pergunta ele e eu quero dizer que sim, que ele me ligou e explicou tudo, mentir para que meu amigo não desconfie mais. Mas já minto demais para ele, e estou longe de qualquer responsabilidade que eu tenha. Por isso nego com a cabeça –E você acha que ele está bravo com você por ter esquecido? Por isso não te liga?

Há uma voz insistente na minha cabeça querendo empurrar esse corpo mole e frágil que estou no momento para frente, para arranjar uma mentira e fazer Andrew parar de perguntar, não quero que ele pergunte mais nada. E essa voz implora para eu mentir agora.

—Sim – murmuro baixinho e sentindo meu peito se fechar mais ao ver seu olhar, ele apenas queria me ajudar e me fazer parar de me sentir triste, mas eu minto para ele. Sou uma mentirosa. Me tornei algo que odeio.

—E como você sabe que a Peggy o ajudou? Ela te falou? – ele está desconfiado, por isso perguntou. Se ele não me ligou, como eu sei disso?

—Ele me mandou mensagens, sete, e não respondi nenhuma. Dizia que estava preocupado com a minha demora, mas que entendia, mas aos poucos ficou mais preocupado, muito mais – eu até mostraria as mensagens para ele, mas o celular está no quarto, não aqui. E além do mais, lá ele falou que saiu em missão.

Ele respira fundo, bem fundo. Sei que ele quer acreditar em mim, e tenta, mas é tanta desconfiança que a sua mente não deixa ele fazer isso. Não o culpo e nem acho ruim, acho compreensível para alguém que é tão misterioso como o Steve é para os meus amigos.

—Tá – ele concorda e sei que só está terminando com as perguntas por hora, mas sei que vai tentar depois quando eu não estiver tão triste e chorosa – Tudo bem – um sorriso pequeno surge em seus lábios e um abraço apertado. Sorrio aconchegada e confortável em seus braços, mas tenho que montar a armadura de novo se eu quiser proteger o segredo do Steve. É o mínimo que eu posso fazer.

Logo em seguida ele contou da viagem, disse que o seu pai era ainda pior quando nem conseguia sair da cama do hospital, nem para ir ao banheiro. Contou que a sua mãe até tentou ser mais boazinha, mas que devido as circunstancias, não foi lá essas grandes coisas. E seus tios apenas pioravam tudo com as piadas sobre o seu pai.

Contei sobre como foi a festa e também contei sobre ontem. Andrew achou tão absurdo quanto eu e até me apoiou na minha decisão de me transferir, mas quando eu disse que eu estava tentada a mudar de ideia, ele respirou fundo e foi tão compreensível quanto antes. Ele não sabe os meus motivos para isso, e também não contei.

Suas costas doíam de ter ficado tanto tempo no avião apertado entre dois caras bem maiores do que ele, então ofereci o meu quarto, ele insistiu que o sofá-cama estava bom, mas eu ganhei e levei apenas o meu travesseiro para a sala. Demorei a dormir, mas foi um alivio quando isso aconteceu, pois eu não conseguia parar de pensar no Steve.

Era sábado, Jhones, obviamente por pressão de Barbara, me liberou hoje. Nem Andrew tinha que ir trabalhar. E como meu colega de apartamento estava convencido que conseguiria me fazer sentir melhor saindo de casa, chamamos a melhor pessoa para isso: Alicia! Que aceitou o convite com uma grande e longa comemoração. Ela estava ansiosa por um show de uma banda que ela gosta.

Passamos toda a tarde e grande parte da noite na rua, no show e numa festa após o show, com a banda. Alicia parece que conhecia alguém bem próximo deles e fomos convidados a ir. Eu fui contra, disse que estava cansada e doida para ir para casa, mas os dois foram firmes em dizer que não e que seria divertido. E foi. Todo mundo voltou para a minha casa bêbado.

Mas uma coisa engraçada é que quando você mais tenta parar de pensar na pessoa especial, mais ela vem a sua mente. É uma coisa engraçada de psicologia reversa, ou é só azar mesmo. Mas você sabe que nem se quisesse, ou usando a psicologia reversa, nem se não quisesse, a pessoa não sairia da sua cabeça nem na décima dose de vodca.

Quando estou bêbada, Alicia e Steve sabem disso, fico mais risonha, mais divertida, muito mais solta, e sempre deixo algumas verdades escapulirem. Mas fiquei triste, depressiva, muito para baixo. Devo ter chorado umas três vezes ao ver aquele cara loirinho da banda, que toca o baixo. Ele achou que fosse maconha, mas era só drinques mesmo.

No dia seguinte eu estava bastante preparada para a ressaca, mas eu não sentia, os meus sentimentos incomodavam e doíam mais. E como todo mundo estava também de ressaca, nem tentaram me tirar da cama a manhã inteira de domingo. É bom e ruim ao mesmo tempo.

Eu estava pensando em como vou conseguir sair da cama amanhã, já que é segunda e não tem como fugir, quando Alicia abriu a porta do meu quarto com força e a porta bateu na parede fazendo um enorme barulho. Reclamei, é claro.

—Vamos sair! – ela avisou com um sorriso enorme e entusiasmado no rosto. É claro que ela estava, mas quem é sã consciência vai querer sair num domingo à noite? O momento mais depressivo da semana? Quando tudo o que você pensa é: Amanhã é segunda, droga.

—Vai vocês dois. Eu não quero – neguei me virando e criando um casulo com os cobertores. Não estava frio, o aquecedor estava ligado e tinha que estar, lá fora que está um gelo. Mas acho que nem um frio de dez graus é capaz de esfriar o entusiasmo da Alicia.

—Vamos, Laura. Mel voltou de viagem com uma surpresa – Andrew avisou logo atrás de Alicia. É claro que ele também estava bastante entusiasmado, sua namorada estava voltando de Miami, onde estava visitando a família, mas trabalhando que eu sei. Ela me contou.

—Vão vocês, não estou no clima e vou estragar tudo – confesso e eles reviram os olhos, os dois. Uma reação clássica a uma frescura, para eles. Os dois sabem que quando Steve viaja, eu nunca fico 100% bem.

—Mas você vai gostar. Prometo – Alicia insiste e vejo no seu olhar confiante que ela tinha certeza. E Andrew também estava, sorriu para mim e soltei o ar pelo nariz me decidindo se eu tinha bons ou ótimos amigos. Não tive outra escolha além de concordar e assistir os dois comemorando, de novo.

Eles me disseram que era para eu me vestir bem, muito bem. Era um evento formal, então presumi que fosse uma peça de teatro da Broadway. Comentei com Andrew ontem sobre o quanto eu queria assistir uma, acho que foi mais uma enorme coincidência. Uma pena que tive que devolver aquele vestido da festa ontem.

Me arrumei no quarto, vesti um vestido bonito e emprestei um outro para Alicia, que se arrumava no banheiro. Fiz um penteado bonito e uma boa maquiagem marcante. Peguei os saltos da festa e o vestido não era exatamente o que eu queria, mas iria servir.

Todo mundo estava pronto, eu sabia disso. Demorei tanto porque errei o delineador três vezes por falta de um apoio ou uma pia. Mas saí do quarto com a bolsa debaixo do braço e colocando o último brinco, o que faltava para eu estar 100% pronta, e claro, calçar os saltos. Mas ouvi a conversa dos dois, bem baixinha e estranhei.

—Ela não tem shows nem hoje, nem amanhã e nem daqui a duas semanas – Andrew usava um tom de voz de estranheza, como se fosse estranho. Algo me dizia que eu não iria gostar do que eu iria ouvir.

—Temos que fazer alguma coisa. Esse cara mente para ela desde que ela chegou aqui, desde que começaram a namorar! – Alicia avisou claramente estressada e preocupada, comigo. Estavam falando de mim. E vendo a agenda de shows da Taylor Swift, que eles achavam que Steve era segurança durante os shows dela no computador da Alicia.

—Porque vocês têm que sempre desconfiar dele? – pergunto magoada e fazendo eles perceberem que eu estava aqui, que eu ouvi a conversa e sei do que eles estavam falando. Os dois se viram no sofá e Andrew é o primeiro a se levantar para vir falar comigo. E novamente, fico mais triste por mentir para eles do que eles desconfiarem de alguém que eu amo.

—Só vou fazer apenas uma pergunta, Laura – Alicia é dura e raivosa, se colocando de pé e se aproximando com passos pesados – Até quando você vai se colocar a baixo dele? Achar que você merece lixo? – eu não esperava algo assim dela, então não tive nada a dizer por um momento até conseguir engolir, e que ela entendeu como se eu concordasse com ela.

—Alicia, deixa só eu... – Andrew pediu para que ela parasse, pois ele sabia que eu não respondi pois não conseguia, não porque eu não tinha o que dizer – Ele mente para você, para mim, para a Alicia. Para todo mundo. Não é um cara merecedor de confiança, Laura – suas palavras são tão carinhosas e gentis que é como se eu tivesse ouvindo do próprio Steve. O que é irônico porque ele estaria dizendo que ele mesmo não era confiável.

—Gente... Eu só... – tento começar a dizer, mas minha cabeça se torna uma bagunça e as palavras se tornam difíceis de sair. Vomitar palavras como eu faço geralmente não é tão normal agora – Apenas parem, por favor – jogo a minha bolsa no sofá e os saltos caem no chão porque os deixei cair. Volto para o quarto e ignoro os dois me chamando, e tranco antes que Alicia me impedisse.


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