Love Story escrita por Lady Rogers Stark


Capítulo 53
Capítulo 53 (depois edito o título)




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Minhas próximas três semanas se tornaram uma bagunça que não tenho como colocar em palavras o quanto estou exausta.

Para começar eu visitei tantos lugares para locação de festa que acho que não restou nenhum sequer em Nova Iorque sem que eu não tenha visto e achado alguma coisa errada. Um não tinha avara de segurança, outro era num péssimo lugar, outro a cozinha era pequena demais, e outro simplesmente porque Jhones não gostou.

Isso só na primeira semana durante o expediente de trabalho e gastando todo o dinheiro com táxi para ir de um lugar a outro. Mas fora do expediente o problema era outro, mais leve, mas não deixava de ser.

Primeiro eu queria uma folga com Jhones na véspera, ele estava quase aceitando. Ótimo. Mas planejar todo o dia é difícil com tantas opções, ainda bem que Steve e eu temos um gosto parecido.

Imaginei fazermos um passeio com pedalinhos na lagoa do Central Park, muito clichê e tedioso, descartei. Depois Andrew deu a ideia de cinema à tarde, mas Steve e eu assistimos filmes o tempo todo em casa, descartei também. Alicia deu uma ideia de irmos dançar com a Peggy e aproveitar e levar ela para ir também. Mas aí outra coisa aconteceu.

Eu soube por meio do Steve que ficou sabendo pela Peggy que Marta caiu e quebrou o quadril. Ela está bem, está se recuperando bem, mas mesmo que ela aja feito uma menininha de vinte anos, ela já tem idade e terá que ficar de repouso por um bom tempo. E sem Marta a festa não tem graça e foi cancelada até ela se recuperar.

Podíamos ir ver uma peça de teatro que sempre tem no Central Park, acho que ele ia gostar. Depois podíamos almoçar em San Francisco de novo, como alguns meses atrás. E como falta muito pouco tempo até o nosso aniversário, é o melhor plano que eu tenho até agora.

Mas aí Jhones disse que eu não estava me esforçando o suficiente e disse que eu tinha que fechar logo o acordo com o dono do salão que iriamos usar. Mas o problema era que ele não queria concordar com o preço combinado porque estava muito barato. Explique ao Jhones e liberou um pouco mais a carteira e fechei o acordo meia hora depois.

Depois veio as flores. Levei Jhones para a melhor floricultura da cidade e por sorte foi fácil. Lindos arranjos de lírios coloridos como principais, com lavandas ao redor e mais margaridas para preencher todo o espaço vazio do vaso. Era lindo, e caro também.

Jhones voltou para o trabalho e almocei um cachorro quente, estava um calor digno do Rio de Janeiro no verão, terei dor de barriga depois. Principalmente depois de experimentar tantas sobremesas num bufê. O meu chefe não era alérgico a muita coisa, mas o que ele era dificultava muito. Intolerante a lactose. Mais dor de cabeça para mim.

E como Jhones se aquietou um pouco por causa da festa, pude relaxar e me concentrar no meu aniversário de namoro. O jantar. Achei que arranjar salão de festas com os gostos de Jhones fosse difícil, experimenta tentar reservar com três dias de antecedência? Nenhum daqueles bons de verdade estava com mesa vaga, até alguns riam de mim.

Pedi ajuda a Pepper, ela foi a luz da salvação do meu stress sufocante. Ela me indicou um ótimo restaurante, no qual Tony é dono e poderia arranjar uma mesa linda e perfeita para a gente. Mas aí descobri que foi o mesmo restaurante que a gente foi depois do jogo de futebol. E quando eu fui pedir outra indicação, ela viajou para o outro lado do mundo à trabalho.

Eu estava desesperada! Até que olhei para o meu celular e lembrei de uma certa pessoa que cozinha muito bem e no qual é muito gentil. Andrew! Conversei com ele e concordou na hora em fazer um lindo jantar para a gente. Mas aí a sorte não gosta de mim de novo e decide deixar o azar prevalecer.

O pai de Andrew, Bob, sofreu uma batida de carro meio feia. Ele se machucou pouco, ralou o cotovelo, quebrou a perna direita e deslocou o ombro esquerdo. E por consequência, Andrew teve que viajar às pressas para Wisconsin visitar o pai e não vai estar a tempo aqui para me fazer companhia na festa. Socorro.

E faltando dois dias para a festa a banda que iria tocar, avisa que o baterista está com infecção urinária grave e não vai poder comparecer. Pelo menos devolveram o dinheiro. E desesperada, de novo, combinei com alguns conhecidos que também participam do concurso e aceitaram tocar na festa.

E faltando um dia para o aniversário, descubro que Steve também estava planejando alguma coisa. Ele mesmo me contou. E sem Andrew aqui por um tempinho, tínhamos a liberdade de ficar na sala até duas da manhã no sofá-cama na sala assistindo séries. Que mesmo eu fugindo disso para o aniversário, sei que seria perfeito.

A festa estava pronta. Os convites foram enviados, pessoas confirmaram presença, o bufê confirmou que estava tudo certo, a florista, o salão, os violinistas, tudo certinho, e só assim eu pude reparar o quanto eu estava esgotada.

Eu não dormia direito há dias. Não comia direito, não conversava direito, eu estava um bagaço. Meu cabelo estava caindo muito, minha pele estava pálida e seca e eu estava sempre muito cansada para qualquer coisa. Deve ser porque eu desde três dias atrás eu volto para casa só às nove.

Steve estava muito preocupado, estava chateado comigo por não revelar o motivo e estava sempre ameaçando conversar com Tony para conversar com o meu chefe e aliviar as coisas para mim. Ele só queria o meu bem, mas ele não sabia que não era só por causa do meu chefe que eu estava daquele jeito, era por nós também.

Me dava uma pena direto no coração vê-lo tão preocupado e carinhoso comigo e eu escondendo uma coisa daquele tamanho dele, mas aí, quando eu não aguentava mais e vi o estado que eu estava no banheiro da casa dele, desabei e contei a verdade.

Tudo, três semanas atrás, desde o começo, desde que Jhones avisou da festa e da conclusão do projeto dele até agora com um tujo pequeno de cabelo meu na mão. Contei da bagunça que foi para fazer a festa e o stress para um aniversário romântico e decente. E então, como ele sempre ele faz, fez tudo parecer bem mais leve só em abrir a boca para falar.

—Deixa comigo – ele avisou com um sorriso carinhoso no rosto e me abraçando forte –Eu faço tudo. Não se preocupe com nada. Você já fez demais – a primeira coisa que me veio à cabeça foi um grande e enorme “obrigada”, mas em seguida a realidade, é amanhã, como ele vai planejar tudo faltando tão poucas horas? – Porque você tem a mania de esconder as coisas de mim?

Aquilo doeu, muito. Porque tudo o que ele fazia era se importar comigo, me amar, ficar preocupado quando via que eu não estava bem. Ele já sabia que eu não estava e perguntava quase todos os dias o que estava acontecendo e eu sempre respondia a mesma coisa sempre: “nada, ué”.

—Eu apenas não queria te preocupar. E eu te conheço, não ia deixar eu fazer metade do que eu fiz até agora – conto com um pequeno sorriso, mas ele não sabe que é um sorriso envergonhado. Sinto vergonha de esconder coisas dele, mas eu só faço isso para o bem dele, já que com o trabalho faz com que tenha muita coisa já para se preocupar.

—Pelo contrário – ele se aproxima ainda mais encarando os meus olhos e dividindo o olhar entre os meus lábios. Sinto meu coração batendo mais forte agora –Eu iria te apoiar e te ajudar no que fosse necessário... – suas palavras viram sussurros baixos, que me fazem fechar os olhos e sentir seus lábios sobre os meus, como eu tanto queria.

Acordei na sua cama com sussurros no meu ouvido que me faziam cócegas. Steve sussurrava um bom dia e palavras carinhosas. Acordei hoje mais do que sorrindo, acordei quase rindo. Me joguei em cima dele e o beijando pela primeira vez nesse dia tão especial. Não conta ontem à noite, não considero depois da meia-noite como nosso aniversário. Só a partir de agora.

—Ok, o que você planejou para hoje? – pergunto curiosa e apoiando minha cabeça no meu braço para vê-lo melhor. Seu sorriso é preguiçoso e bastante sonolento. Mas estava... Lindo. E mesmo com a minha visão meio embaçada ainda, tenho a certeza que estou quase sonhando.

—Estava pensando em fazer panquecas de chocolate, tanto para comemorar o nosso aniversário, como também toda a organização que você teve nas últimas três semanas no seu trabalho – ele sugere e não posso deixar de sorrir. Uma sugestão simples, mas muito mais a nossa cara do que eu estava planejando.

—Tudo bem, me mostre o caminho senhor Rogers – brinco me aproximando e o beijando por míseros segundos, um pequenino beijo porque sei que vai ter muito mais depois. Deixo um sorriso em seus lábios e ele saí da cama se vestindo no banheiro e volta e já me vê vestida também.

Na cozinha, fizemos em parceria, fizemos uma linda montanha de panquecas. E como eu vi uma máquina de waffles, fizemos também. Claro que eu sei que só vamos comer a metade, mas que ficou muito bonito.

Fomos para a sala comer enquanto assistíamos televisão. Estava passando Friends em um dos canais, Steve estava rindo quando meu celular tremeu no bolso da calça. Achei que fosse Andrew, mas murmurei um “droga” muito alto ao ver quem é. Steve pausou a televisão enquanto me via fitar o celular incrédula.

—O que foi? – ele pergunta preocupado e agora sei o meu motivo de estar assim. Jhones quer que eu volte e trabalhe quando ele me deu folga hoje. Ele está doido. Ele tem noção que eu também tenho a minha vida, não é?

—Jhones quer que eu vá trabalhar hoje – conto e desligo o celular guardando no bolso de novo e tirando a pausa da televisão – Mas eu não vou, não hoje – completo me aninhando em seu braço e comendo uma garfada da panqueca.

—Você tem que ir, Laura – ele insiste, mas eu sei que ele queria que eu ficasse, só está fazendo o que é certo – Você pode pedir para voltar mais cedo hoje e a gente pode ir jantar fora – uma sugestão que gosto, adoro, mas não vai acontecer. Jhones deve estar com fogo na bunda de tão ansioso. E eu também fiquei, mesmo não sendo um projeto meu.

—Prefiro respirar fundo e esquecer o celular e meu chefe por um dia, apenas um dia. Amanhã eu vou ter que ir nessa festa mesmo – explico olhando em seus lindos olhos e torcendo para ele se derreter com os meus tanto quanto me derreto com os seus – E eu levaria você, mas vai ser um tédio absoluto lá – deixo mais um selinho em seus lábios enquanto eu via aquele olhar dele, querendo fazer o que é certo, mas ao mesmo tempo não quer.

—Se você faltar um dia antes de um grande compromisso, você não acha que seu chefe vai te achar muito descompromissada com o trabalho? – é sempre carinhosa a maneira como ele me esclarece as coisas, principalmente agora que está sugerindo que eu possa ser demitida se eu faltar hoje.

Eu não quero ser demitida, não hoje. Então, contrariando o meu bom senso e o meu querer, me levanto enquanto beijo seus lábios e reclamo dele de brincadeira. Ele ri e volto ao meu apartamento me arrumando bem rapidamente. Steve me deixa no trabalho e vai embora depois de alguns beijos.

Cumprimento as moças da secretária com sorrisos e acenos de mão. Caminho para a sala e passo por vários colegas de trabalho, cumprimento-os também, todos eles. Mas quando vejo Jhones sentado em sua cadeira jogando no celular como se fosse um outro dia qualquer, nunca tive tão perto de matar alguém. Mas ao invés de gritar, respiro fundo e entro na sala.

—Bom dia – digo fingindo um bom humor que eu não tenho, nadinha. Estou explodindo por dentro de uma raiva descontrolada. Eu poderia estar no sofá rindo de Friends com o Steve, mas estou nessa saia apertada e desconfortável vendo um chefe preguiçoso agir como se não tivesse acontecendo nada, o que para mim não estava devido a sua face serena.

—Entregue para Betty, secretária da senhorita Potts – ele “pede educadamente” enquanto joga um bloco de papel e uma pasta de plástico na minha frente de qualquer jeito, fazendo um barulho desnecessário e voltando ao celular enquanto eu pegava o material. Respiro sem paciência e saio da sala no momento seguinte.

Então toda a “emergência” que achei que tivéssemos passando era apenas fogo do bumbum? Falta do que fazer? Falta de compaixão e gratidão? Eu literalmente dei minhas horas de sono e tufos de cabelo meu para essa festa acontecer com perfeição e é assim que ele me agradece? Se eu pedir transferência ao Tony, ele aceita? Eu não aguento mais.

Percorro todos aqueles corredores tão assustadores no início, mas agora bastante familiares e chego a mesa da Betty, secretária da Pepper e uma senhora bastante gentil. Todo mundo adora ela.

—Bom dia, Betty. Como estão os netinhos? – pergunto educada lhe entregando os documentos pesados. Ela sorri gentilmente enquanto pega das minhas mãos e deixa em cima da sua mesa com um pouco de esforço para não fazer barulho desnecessário.

—Andando para lá e para cá. Agora que deram andadores a eles, não se passa cinco minutos sem ouvir as rodinhas de plástico no azulejo – ela conta e já posso imaginar a cena de gêmeos com andadores rodando pela sala de um apartamento de dois quartos. Ainda bem que a minha tia morava numa casa linear, sem andares e sem vizinhos por perto.

Rio baixinho enquanto ela foleia o documento. Foleando e foleando e eu fico a observar os quadros de arte na parede atrás dela, de arte abstrata, eu acho. Não entendo nada e nem gosto tanto assim, mesmo que a música se misture sempre com a arte de pintura.

Mas fico curiosa ao ver duas portas. Sempre me perguntei o que tinha nessas portas. Eram brancas, assim como todo o resto. Uma de cada lado e a mesa da senhora no meio. Imagino que seja duas portas para uma mesma sala, a da Pepper, é claro.

—Betty, o que tem nessas portas? – pergunto curiosa e ela levanta o pescoço vendo para onde eu apontava, a porta esquerda. A direita eu tenho certeza que é a da Pepper. Não sei porque, mas sei que é.

—A esquerda é da senhorita Potts e a da direita é do senhor Stark – ela explica rapidamente e voltando a ler o documento de papel que entreguei. E pelo seu tom de voz, acho que é algo secreto. E já lembro de algo que pode ser.

—É a sala das armaduras do Tony, não é? – pergunto animada e apontando para a sala e imaginando a maravilha que lá esconde. Todos aqueles trajes brilhantes e lindos, sendo guardados a sete chaves pela cara que Betty me olha.

—Laura... – ela me adverte e sei que fui longe demais. Mas assim eu só tenho a minha confirmação que é isso mesmo. Porém, escondo o meu entusiasmo e espero pacientemente ela terminar com os documentos e fazer o que tiver que fazer.

—Está tudo bem, Betty – ouço a voz do próprio vindo do corredor e sorrio cumprimentando Tony enquanto Betty sorria e concordava com ele voltando ao trabalho – Todos são muito curiosos para essa sala – Tony comenta e concordo claramente. Não tem nenhuma placa e nem nada, nunca vi ninguém entrando e nem saindo. Dá uma curiosidade...

—Então é isso que eu estou pensando? – pergunto baixinho e curiosa. Pergunto porque a curiosidade arrombou a porta do meu bom senso e preciso de algo para distrair a raiva latente que está dentro de mim.

—E muito mais – ele sussurra e bato o pé no chão de tanta curiosidade. Mas é claro que eu não vou pedir para ele abrir a porta para mim, não sou tão intrometida assim. Bom, espero que não. Espero que perguntar não seja intromissão demais.


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