Dia dos namorados à Romione escrita por Analu Granger


Capítulo 1
A carta


Notas iniciais do capítulo

O plano era este ser um dia dos namorados comemorado como qualquer outro casal, a não ser por um assombro do passado que insiste em atrapalhar os planos.



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O sol refletia fracamente na grama ainda úmida pela chuva de horas atrás. Não era o que se considera um dia perfeitamente perfeito, mas um dia normalmente normal, a não ser pelo fato de ser o dia dos namorados.

— Estou muito atrasada? – perguntou Hermione no hall da Toca, ainda ofegante.

— De maneira alguma querida. – respondeu a Sra. Weasley imediatamente se encaminhando até a morena que acabara de chegar – Chegar alguns minutinhos depois faz parte do charme de uma namorada, sempre digo a Gina.

Hermione sorriu para a senhora e aceitou sua ajuda para retirar o casaco e colocá-lo no cabideiro amadeirado ao lado da porta.

— Está tão linda neste vestido.

— Obrigada. – respondeu Hermione um pouco corada – Foi presente do Rony.

— Meu Rony que escolheu? – perguntou surpresa, recebendo um aceno afirmativo de Hermione –Merlin, você realmente o mudou.

Era o que mais escutava da família de seu namorado desde o inicio, quando admitiram e oficializaram o namoro.

— Falando nisso, cadê ele? – perguntou.

— Já deve estar saindo do banho. – a informou – Teve um imprevisto no quartel e acabou se atrasando também, mas não deve demorar muito.

— Tudo bem, temos tempo de sobra até a hora marcada da reserva. – disse Hermione compreensiva.

— Bom querida, estou terminando o jantar, então, se quiser, pode subir e espera-lo lá em cima. – disse a Sra. Weasley.

— A senhora não precisa de ajuda?

— A não, não. – respondeu convicta – É dia dos namorados, mas o meu vai chegar um pouco tarde do trabalho, então é melhor eu ter alguma coisa para distrair.

— Tem certeza? – insistiu a morena.

— Absoluta. – afirmou à senhora.

Sem mais rodeios, Hermione subiu até o quarto de Rony e encontrou a porta ligeiramente aberta. O som do chuveiro na porta ao lado indicava que o ruivo ainda não terminara o banho, mesmo assim, empurrou cautelosa a porta do cômodo. A luz de fora invadiu o local para a certeza de que o quarto estava vazio e Hermione se apressou a acender a luz e entrar tranquilizada.

Pode ver algumas roupas repousadas cuidadosamente sobre a cama e o uniforme de auror parcialmente ensopado jogado em um canto entre a cama e o guarda-roupa. Aproximou-se e conferiu a calça jeans escolhida pelo namorado próximo a camisa polo que ela dera a ele em seu aniversário.

— Vai sentir frio se for apenas com esta camisa amor, apesar de ficar lindo com ela. – sussurrou mais para si mesma.

Procurou alguma jaqueta por perto, mas como não encontrou, abriu o guarda-roupa na tentativa de localizar alguma no emaranhado de roupas ali dispostas. A desorganização era tamanha que Hermione de repente se viu sustentando um dos lados da madeira que amparava os cabides. Parte dos objetos escorregou diretamente para o chão, arrastando papeis, colecionáveis e todo tipo de entulho que pode-se imaginar oculto entre as roupas agora esparramadas.

— Droga! – disparou Hermione se apressando a pegar as roupas.

Consertou a madeira fragilizada com um floreio da varinha e tratou de depositar os cabides cheios de volta a seus lugares. Por fim, a montanha de papeis e revistas de quadribol espalhadas em seus pés. Encontrou algumas figurinhas da época em que Rony ainda era de Hogwarts e vários deveres escolares inacabados ainda entocados ali.

— Como alguém pode ser tão desorganizado? – resmungou antes de encontrar a foto de um menino de cabelos avermelhados, as redondas bochechas sardentas e dois dentes lhe faltando no largo sorriso.

Sorriu por alguns instantes observando o retrato. Ela realmente amava aquele ruivo, até mesmo se ainda lhe faltasse àqueles dentes. O colocou bem visível em um lado do guarda-roupa e voltou sua atenção a bagunça no chão, porém mais alguma coisa chamou sua atenção.

Logo abaixo do retrato que acabara de guardar havia um envelope rosado e caprichosamente decorado. Podia sentir um perfume muito adocicado exalando do mesmo.

Para o rei Weasley.

Leu Hermione no cabeçalho do envelope. Dentro, uma carta escrita à mão com letras caprichosamente arredondadas e particularmente grandes.

Querido Ronald,

Soube que conseguiu entrar para o quartel general de aurores do ministério e queria parabeniza-lo. Não que duvidasse que conseguiria, é perfeito em tudo.

Lembro-me da época de Hogwarts, foi o melhor goleiro dos últimos tempos em minha opinião.

A verdade é que tenho saudades dessa época. Você também não tem?!

Sinto saudades do seu cheiro depois dos treinos, seus músculos e beijos, dos nossos amassos nos corredores escuros da escola. Sinto falta disso desde quando nos separamos.

Eu sei que depois da guerra aquela sua amiga conseguiu ficar com você, mas eu só queria dizer que, mesmo assim, ainda estou aqui.

Tenho um trabalho na nova loja de poções do Beco Diagonal, então se algum dia quiser aparecer por lá será muito bem recebido.

Beijos de sua Lilá.

Era como se alguém a tivesse estuporado, ou pior, era como se estivesse sob o efeito da maldição cruciatus a cada linha lida. Seu rosto queimava e suas mãos tremiam com todo ressentimento que as lembranças lhe traziam e insatisfeita, mesmo estando a quase dois anos com Rony, ela tinha que revelar tudo novamente e lhe fazer sofrer.

A porta do quarto rangeu ao abrir-se por completa tornando visível a silhueta máscula de Rony descamisado, as gotas descidas dos cabelos ainda encharcados e desalinhados, coberto apenas por uma toalha esverdeada em torno de sua cintura.

— Mione?! – disse surpreso ao vislumbra-la em pé no meio de seu quarto – Que surpresa boa amor, veio antecipar meu presente de dia dos namorados?!

Aproximou-se entusiasmado a envolvendo pela cintura, buscando seus lábios, mas Hermione o rejeitou de um modo que nunca fizera antes.

Rony a olhou pasmo, sem entender o recuo da namorada.

— O que foi Mione? – perguntou confuso – Está... está chorando?

— Rony, porque não me contou?

— Que?

— Porque não me contou antes Rony? – repetiu mais violentamente.

— Contar o que Mione? O que foi? – exasperou-se – Amor, porque está chorando?

— Você só precisava ter me dito que recebeu uma carta dela, não precisava mostrar, eu não queria ler, apenas falar. – disparou a morena quase em suplicas – Você escondeu de mim Ronald, mentiu!

Os lábios de Rony moviam-se, mas nenhum som ousava sair. Sobre sua cama, viu o envelope rosado e a carta desdobrada, revelando palavras que ele próprio havia esquecido. Voltou a encarar Hermione e um nó subiu de seu estômago para a garganta ao vê-la trêmula de decepção.

— Rony, por favor, não minta para mim. – malditas lágrimas que insistiam em preencher seu olhar – Você recebeu essa carta na época em que fora aceito no quartel, nós já estávamos juntos há meses quando isso aconteceu.

— Sim, estávamos, mas Mione...

— E porque não me contou Rony? – insistiu.

— Hermione isso já passou, não importa mais.

— Mas é claro que importa Ronald! – gritou soltando um grunhido de nervoso – Namorados não escondem cartas de amor tão apaixonadas como esta a não ser que... que...

— Não é verdade isso que está pensando Hermione, você sabe que não é, eu nunca faria isso, nunca. – disse imediatamente em desespero.

— Então, por favor, me explica Ron. – implorou com a voz sufocada.

— Estávamos tão bem Mione, você com a proposta do ministério, eu ainda sem acreditar que havia conseguido entrar para o quartel, o inicio dos nossos planos dando certo e você estava tão entusiasmada. Estava te amando ainda mais Mione, amava te ver tão feliz, simplesmente não podia estragar tudo aquilo. – disse Rony quase sem pausas, angustiado e desesperado.

— Você não iria estragar tudo isso me contando.

— Como iria saber? – disse Rony – Eu não podia arriscar.

— Você arriscou mentindo para mim, dizendo que estava tudo bem quando, na verdade, não estava.

— Mione, uma carta não merece tudo isso.

— Não é uma simples carta Rony, você sabe e por isso a escondeu de mim.

— Inferno de carta, eu te amo Hermione! – disparou aflito, seu peito arfava sem ar nos pulmões.

— Rony eu preciso saber. – disse Hermione tentando limpar a garganta antes de continuar – Você respondeu essa carta?

— Mas é claro que não Mione, não, eu não respondi. – respondeu prontamente – Essa carta foi a coisa mais ridícula que recebi dela, depois de tanto tempo e tudo que passamos, jamais responderia.

— Ela queria te ver na loja de poções. – continuou a morena, precisava saber.

— Não, eu não fui lá e nem sei que loja é essa. – afirmou atribulado – Mione, acredita em mim!

— Não estou duvidando de você é que preciso saber. – respondeu – Rony, você sabe que não lhe impediria de ir lá ou de respondê-la, mas se isso acontecesse eu tinha o direito de saber.

— Eu não faria isso, não é ela que eu amo.

— Mas é você que ela ama.

— Hermione...

— Chega Ron, eu quero ir embora. – cortou-o e limpou o rosto marcado pelas lágrimas que ainda desciam.

— Eu não vou deixar. – disse convicto tentando se aproximar, mas Hermione se afastou ainda mais – Amor, por favor.

— Eu não quero mais ouvir Rony.

— Mas você precisa, eu não vou deixar que uma carta boba de uma maluca estrague meu dia dos namorados com você.

— Já estragou, você não percebeu? – devolveu Hermione sem suportar continuar reprimindo seu choro, necessitava sair imediatamente dali.

— Não faz isso conosco...

— Foi você quem fez Ronald Weasley. – gritou impaciente.

— Você insistiu em revirar algo já esquecido. – revidou no mesmo tom.

— Esquecido para você, porque para mim, se dependesse de você, jamais saberia que a ex do meu namorado anda mandando cartas de amor para ele.

— Por mim, jamais saberia mesmo, olha ai no que deu.

— Não seria assim se você tivesse me dito. – revidou ainda mais alto – Eu tive que descobrir para me dizer.

— Porque não tinha importância alguma para mim. – também gritava Rony.

— Mas para mim sim! –gritou antes de se desvencilhar do ruivo para esconder as lágrimas que não suportavam mais.

— Hermione, por favor... – pediu Rony tentando segurar seu braço, mas Hermione conseguiu se soltar.

— Me deixa Ronald, me deixa.

Sem conseguir fazer mais nada, Rony viu Hermione chorar e sair correndo pela porta de seu quarto. Tentou alcança-la nas escadas, mas só pode apenas ver a porta da frente se fechando bruscamente e sem satisfações.

— Ué, e o restaurante, desistiram? É dia dos namorados. – disse a Sra. Weasley sem entender o que se passava ali – O que aconteceu Rony? Não acredito que brigaram hoje.

— Não vai ter mais restaurante, reserva, dia dos namorados, presente, nada. – bufou Rony voltando a subir as escadas fortemente – Nem namorada tenho hoje.


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Notas finais do capítulo

Aguardem o desfecho no próximo e último capítulo da fic. Espero que tenham curtido >