Tributos escrita por Mateus Brites


Capítulo 2
Respostas... Respostas?


Notas iniciais do capítulo

"The Truth never set me free so I did it myself"



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Entro no shopping acompanhando Lucas. Queria respostas para perguntas que explodiam na minha cabeça. Nada do que fiz antes era destaque e agora, bem, acho que havia feito algo que talvez me deixasse com vergonha. Meu fone de ouvido toca algo psicodélico, nada que me tranquilize ou me altere emocionalmente. Chegamos a praça de alimentação do shopping, nos sentamos a mesa, suja pelos últimos clientes. Olho fixamente para Lucas, olho tão profundamente que chego a causar um certo desconforto. Continuo a olhar até que ele quebra o silêncio - pelo menos na nossa mesa.

– Bem, não me lembro muito da noite passada.

– Me conte o que lembra - sugiro a ele num tom sádico

– Bem, você nunca havia usado drogas certo? - a dúvida paira sobre nós

– Então, eu nunca havia usado nada do tipo - É claro que nunca havia usado nada disso. Ana me odiaria como está agora. Além do mais, não é comum um adolescente de 16 anos e meio usar drogas, pelo menos não aqui.

– Eu percebi - ele ri de lado

– Bem, estou curioso para saber sobre o que de tão épico fiz ontem.

– Então, isso não posso falar. Você terá de descobrir sozinho, ou te contarei no momento certo. - Ele ri ironicamente para mim

Como assim? Ele me arrasta até aqui para me contar e resolve fazer silêncio? Queria saber sobre tudo, mas pelo visto, Lucas quer jogar comigo, então vamos ao jogo.

Nossas bebidas chegam. Lucas escolhe um suco e eu vou de uma Diet Coke. Nada falamos por um bom tempo. Observo seu olhar, uma pessoa que não dorme a algum tempo. O rosto branco com olhos ligeiramente vermelhos sugere que ele não foi em casa desde a tal festa. Seu perfume, bem, era perceptível. Seu cabelo liso bagunçado com a roupa rasgada, Lucas seria aquele tipo de menino que as meninas da escola morreriam para ter. Bem, Lucas é sim um menino bonito, não que eu curta meninos, mas ele é o tipo de garotos que os garotos comuns gostariam se ser.

O meu telefone toca. No visor aparece "ANA", decido não atender, até que o silêncio se quebra novamente, com Lucas me fazendo um convite.

– Nick, você me parece um menino legal - Ele dá um sorriso calmo

– Obrigado - respondo num tom duvidoso

– Você tem algo para fazer hoje? - sugere ele

– Bem, na verdade não. - Bem, tinha que encontrar Ana em sua casa, mas a essa altura, Ana não importava tanto.

– Então, essa noite, estarei no campo de pouso, quero ficar um tempo longe da bagunça da cidade, gostaria de ir?

– Claro, preciso de um tempo pra pensar também.

Mal dou conta do horário, já eram 16:00. Minha mãe logo voltara do trabalho e como sempre, me perturbaria novamente. Me despeço de Lucas mais uma vez. Dessa vez sem abraços. Lucas sorri num olha convidativo, mas para que? Fico confuso e saio.

Chego em casa. Minha mãe ainda não chegou do trabalho. Vou para o meu quarto, troco de roupa e desço para a cozinha. Estou mais magro que o costume. Procuro algo para comer. Uma pizza antiga me desperta o apetite. Tiro um pedaço e coloco ao microondas. Assim que o beep diz que a minha pizza estava pronta, ouço o barulho da porta do carro. Minha mãe chegava em casa.

– Nick, você está ai?

– Sim mãe, na cozinha - digo num tom mais alto

Ela joga as chaves na mesa. O cabelo louro desbotado mostra uma mulher ocupada o bastante para se cuidar. Ela caminha em direção ao armário de bebidas. Apanha um copo e a garrafa de wiski. Logo franzi o senho.

– Mãe, você sabe que não pode beber - Minha mãe já teve problemas com álcool.

– Nick, não se meta em minha vida - diz ela num tom grosseiro

– Sim, me meto, sabe que não tem capacidade física e mental para saber controlar seu vicio - como um pedaço da minha pizza requentada.

– Não se meta Nícolas, preciso de um momento para pensar - me lembro do convite de Lucas.

– Sobre isso mãe, irei passar a noite fora. Vou sair com um amigo

– Claro- dispara ela num tom irônico- você só sabe fazer isso. Não tem casa, não tem mãe, não tem família.

– Que família? - disparo em respostas - você foi fraca o suficiente para não se controlar e deixar o meu pai ir embora!

Ela me olha com um olhar de raiva e ao mesmo tempo tristeza. Bebe o ultimo gole de wiski e sobe as escadas em direção ao quarto. O clima tira meu apetite. Jogo o resto de pizza na lixeira.

Subo as escadas em direção a meu quarto. A porta entreaberta do quarto de minha mãe revela a delicadeza da arrumação de seu quarto. A beira da cabeceira, minha mãe fuma seu tão amado cigarro, chorando. Talvez pelo que disse na cozinha. Não me arrependo.

Me jogo na minha cama. Recebo um sms de Ana:

– Onde vc está?

– Estou em meu quarto - respondo

– Vem mais tarde a minha casa? :) - responde ela num tom feliz

– Sobre isso, não posso. Sairei logo mais :c.

– Tudo bem, xau - responde ela

Ligo o rádio ao lado. Algo como indie rock toca. A vibração da canção me deixa relaxado. Viajo em meus pensamentos: O que será que eu fiz? Lucas está querendo o que? Percebo que já são 20:00 - a hora está passando mais rápido que o normal - procuro algo para vestir - Camisa xadrez, calça skinny e converse preto - vou em direção ao banheiro. Minha mãe está deitada na cama, dormindo. Entro no banheiro. Tiro minhas roupas. Me vejo no espelho. Algumas marcas roxas na minha pele branca me intrigam, vou em direção ao chuveiro. Termino meu banho, já são 21:00. Lucas me liga.

– Oi Lucas

– Nick, me encontre no campo de pouso em meia hora.

– Tudo bem, já estou indo

Desligo o telefone. Termino de me arrumar. Meu cabelo liso castanho claro ainda molhado está bagunçado. Escolho ir assim mesmo. Minha mãe ainda dorme. Pego meu celular e saio de casa.

Apanho minha bicicleta e vou até o campo de pouso. Pelo caminho, a noite revela o lixo que meu bairro é. Prostitutas e mendigos ocupam a calçada. Minha casa, que é num condomínio fechado me livra de presenciar cenas desse tipo. Chego ao campo de pouso. O escuro revela que seria um ótimo momento para pensar. Lucas está em pé a minha espera. Ele com um casaco GAP cinza, calça skinny preta e converse preto com seu cigarro. Essa noite seria diferente.


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